Charlotte Le Fay - Herdeira De Voldemort escrita por DudaGonçalves


Capítulo 14
Problemas Em Ser Uma Le Fay


Notas iniciais do capítulo

Consegui, consegui, consegui!
Olá meus amores e amoras, como vocês estão?
Espero que tenham um ótimo Natal e, se eu não postar um novo capítulo até o final do ano, um Ano Novo também!
Eu vou dedicar este capítulo a Elle Valdez pela recomendação, esse capítulo é todinho seu minha linda!!
Tenham uma ótima leitura e que Merlin esteja com vocês.
(PS: Leiam as notas finais que eu tenho uma perguntinhas importantes!).



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–Como assim você pode aparecer agora? Tipo um fantasma? – estava conversando no meu “sonhos” com Harriet que conforme as férias passavam conseguiu fazer uma ligação mais direta a minha mente, agora ela soava como minha consciência quando estava cordada e se divertia muito vendo minha vida através dos meus pensamentos e da minha visão.

–Não, eu consigo aparecer nos seus sonhos como uma pessoa física, não uma voz mística de lugar nenhum. Olhe – e estou um vento estranho começou a soprar e do meio do branco que descobri que era névoa apareceu uma mulher de meia idade, com cabelos loiros até a cintura e um olhar maldoso.

Enquanto ela andava calmamente até onde eu estava seu vestido branco longo esvoaçava ao seu redor e em contrste com sua pele que parecia mais branca, foi quando ela chegou realmente perto que percebi porque seu olhar era maldoso e assustador, eles eram negros, realmente negros, era impossível diferenciar sua pupila da íris.

–Realmente não te imaginava assim – disse para a mulher que nada tinha parecido comigo. – Pelo menos para mim você teria muitas rugas... – ela riu.

–Quando lhe disse que morri tarde era pelo conceito da época, viver até os quarenta era muito raro naquela época. Mas poderia ter morrido mais tarde se não tivesse pegado a praga, uma doença trouxa que desolou toda a região. Entretanto meu grupo de dons sempre foi um dos melhores entre as Le Fays e foi muito bem treinada pela minha avó.

–Sua avó? – perguntei com curiosidade, ela deveria ter morrido quanto teve a mãe ou o pai dela não é mesmo?!

–Ela não foi uma bruxa qualquer, sabe? Foi ela que me assolou a depois de morta ter que viver naquela prisão. Minha avó era Morgana – ela me deu uma piscada quando meu queixo caiu no chão. – Por isso sei tudo sobre a maldição, sobre a profecia (tive uma visão dela quando ainda era viva, minha avó sabia também), eu já lhe disse que nós três somos as únicas que têm o dom da visão? – confirmei com a cabeça. – Nem ela nem eu soubemos quem seria a escolhida até o exato momento da profecia que foi quando tivemos a visão do seu nascimento. Eu não gosto da minha avó desde que tive total conhecimento da maldição, resolvi não ter filhos por culpa disso, mas meu irmão tolo resolveu que gostava de alguém e teve filhos para continuar com a tal maldição.

–Seu irmão tinha poderes?

–Não! Meu pai era o filho de Morgana, o amaldiçoado, ele teve um filho primeiramente, e quando mulheres dão luz à Le Fays homens elas não morrem, mas depois minha mãe deu luz a mim e morreu. E, portanto, meu irmão já nasceu aborto, mas príncipe e herdeiro do reino que Morgana havia ganhado na guerra contra Arthur, e eu nasci com meus dons e poderes. Minha avó tinha se isolado dentro da floresta desde que sofrera a maldição, mas quando nasceu a primeira herdeira de seus poderes ela sentiu que devia me ajudar com eles. Por isso sou mais poderosa que qualquer uma.

–Entendi. Mas então você pretende me ajudar a controlar meus poderes e meus dons? Mas não foi você mesma que disse que eles aumentam automaticamente?

–Eu pretendo fazer exatamente isso, e não foi isso que eu disse. Existem milhares de possíveis de dons para o grupo que cada Le Fay recebe, e existe grupos internos entre eles; existem dons que todos nós temos, como o dom de ver as características de qualquer ser, como peso, pureza do sangue, maior medo, maior vontade. Há os dons únicos, que são os mais interessantes, dependem unicamente da sua personalidade e dos seus desejos.

–Mas não podemos saber quais são os que fazem parte do meu grupo não é mesmo?

–Sim, ainda não consegui descobrir uma forma, mas não desisto tão fácil. Na realidade te chamei aqui apenas para te ajudar com os dons que já temos conhecimento. Começando com o dom da visão que é, até então, o único que realmente é necessário ajuda. Eu vou agora te mostrar um dom que descobri que tenho só agora, eu pode ler mentes não só pensamentos quando toco alguém, igual uma Le Fay que havia comentado. Se você me der licença...

Acenei com a cabeça, ela respirou fundo e levantou as mãos aproximando cada uma de uma das minhas têmporas, seus dedos eram gélidos igual de alguém morto, ri com aquilo, havia me esquecido que ela estava morta.

Pude sentir Harriet dentro da minha mente, ela começou a vasculhar cada memória minha, muito rapidamente vários flashes vieram a minha mente, me vi perguntando para Harriet o porquê do meu desmaio e a resposta dela, “eu tinha te avisado sobre o assunto não tinha? São os efeitos colaterais da primeira visão sobre morte, quando eu tive a minha foi disso para bem pior”; o dia anterior em que eu chegara na casa dos meus primos, o trem, Hogwarts, meus amigos, minha conversa com Lucian, a Ala Hospitalar e Madame Pomfrey, Cedrico e...

Apareceu minha visão, a memória diminuiu e novamente vi os olhos cinza e sem vida de Cedrico Diggory, mas agora cada detalhe não passava despercebido, o corpo dele estático com os braços e pernas abertos como se tivesse caído na grama verde escura, estava mesmo de noite, a boca dele estava aberta mostrando os dentes superiores, os olhos cinzentos vidrados e opacos, ele havia sido surpreendido pelo raio verde. A blusa amarela e preta dele, representando a Lufa-Lufa estava chamuscada e suja de terra, suor e sangue, a calça dele era preta e muito grande, Cedrico devia ter crescido mais de vinte centímetros, o cabelo escuro dele estava todo desgrenhado, molhado de suor e sujo de terra, mas ele ainda estava bonito, ele estava mais bonito do que da última vez que o vira, ao virar meus olhar para além de Cedrico não deixei de reparar que ele estava com a varinha em punho. De um lado dele estava aquele cálice horrível de madeira e do outro lado havia um garoto magricela que parecia ter se materializado do nada desde a última vez que tive aquela visão, vestido de vermelho e negro, estava caído olhando para frente através de seus óculos redondos negros e de aro grosso, ele tinha cabelos negros despenteados que caiam sobre a testa e olhos muito verdes que me lembrava dos de Lilian Potter dos meus sonhos, ele estava assustado e parecia estar sentindo dor... muita dor. Ao fundo dos dois haviam lápides e marcados nelas vários nomes trouxas, um cemitério, enquanto admirava as lápides li um nome em uma delas que me fez estremecer, em uma lápide cinza e normal estava escrito em letras grandes; Tom Riddle.

Voltei à meio da nevoa em um baque, Harriet tinha seus olhos negros em cima de mim, mas não parecia estar me olhando.

–Enquanto eu revirava sua memória nossos corpos continuaram fazendo o que faríamos, só que sem termos consciência disso, como um sonâmbulo – sussurrou. – As duas diferenças entre esse dom e o feitiço legilimens é exatamente isso, ao longo que exploro sua mente ninguém percebe a não ser pelo momento que tenho que te tocar, quando toco perto do cérebro é mais fácil de entrar. E a parte mais incrível é que você não tem como me barrar como os oclumentes podem parar os legilimentes de adentrar na sua mente.

–Posso tentar fazer isso com você? – perguntei, ela me olhou com certa dúvida, mas acenou e fechou os olhos.

–Lembre-se de mandar seu poder para as suas mãos.

Eu fiz o mesmo movimento que ela, colocando meus dedos bem em cima da têmpora de seu rosto, imaginei toda minha força saindo do resto do meu corpo e indo para as pontas dos meus dedos.

Pude sentir minha mente sendo preenchida com memórias que não eram minhas, muitas memórias, parei-as como se fossem cenas de um filme e escolhi uma em que Harriet cavalgava por uma trilha no meio de uma floresta, continuei admirando o caminho pela floresta, aquele era um lugar muito bonito, ela pareceu cavalgar por horas até ouvirmos um baque ao longe e um grito de uma mulher, o estranho era que eu reconhecia aquela voz no fundo da minha mente, Harriet desceu do cavalo e foi-se dirigindo até o barulho.

Parecia que tínhamos adentrado metros da floresta até que encontramos um tipo de toca num tronco de uma árvore. Vi que Harriet era curiosa como eu porque ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e se preparou para explorar aquele lugar.

Mas antes mesmo de ela dar um passo uma mulher saiu da toca, ela estava vestida pobremente comparada a Harriet que parecia uma princesa, o que ela era, naquele vestido lilás.

–Então finalmente tenho a chance de conhecer a grande Harriet Le Fay – ela disse olhando para a loira. A mulher era linda, ela parecia ter vinte e poucos anos, com seus cabelos negros muito parecidos com os meus e seus olhos verdes igual a grama... diria que éramos iguais a não ser pela cor dos nossos olhos e ela ser uns doze anos mais velha que eu.

–Quem é você? – Harriet parecia muito mais jovem do que eu já tinha visto.

–Querida, sou aquela que vai te dizer coisas sobre sua família que ninguém mais irá – levantei minhas sobrancelhas quando percebi que ela disse a mesma coisa para Harriet que Harriet disse para mim.

–Minha família? – ela pareceu se assustar, cambaleou uns passos para trás.

–Não tem nada a ver com você ser a princesa, não se importe com isso – ela riu. – Tem a ver com outra coisa sobre sua família, algo muito secreto que ninguém a não ser eu sabe.

–Como você pode saber coisas que ninguém sabe sobre minha família?

–Porque eu sou sua família, sou Morgana, sua avó – ela sorriu.

Voltei em um baque novamente aquele lugar branco em que Harriet e eu nos encontrávamos. Mas agora ela me olhava interessada enquanto eu tentava engolir minha saliva que parecia ter travado no fundo da garganta.

–Você também tem o dom então... – ela me olhou surpresa. – Talvez devêssemos tentar descobrir seus dons dessa forma, testando cada um. É mais demorado, mas com certeza assim podemos ter certeza.

–O que eu vi...? – perguntei para ela ainda tentando respirar e engolir minha saliva.

–Foi quando conheci Morgana, depois daquilo, ela me contou sobre a maldição tirando a parte da prisão e meus dons... naquela época eu já tinha as visões. Só quando ela morreu que ela me passou parte de suas memórias e fui eu que passei para minha sobrinha a história antes de eu morrer e ela foi passando para seus filhos e assim se seguiu.

–Você a odeia pelo que ela fez e pelo o que ela te escondeu?

–Não, minha avó está lá com nós... dentro do castelo ela vive e jamais sai. Quando cheguei ela me chamou para entrar, mas não quis ter que viver a eternidade que ela me condenou perto dela. Ela sofre tanto quanto nós, talvez até mais, mas o que ela fez quando humana é inaceitável, é desumano. Assim como seu pai ela buscava uma forma de viver eternamente... não, eu não consigo falar sobre o assunto. Quando o lacre se romper você saberá, me desculpe – ela parecia estar engolindo algum sentimento enquanto dizia aquelas palavras.

–Está tudo bem, talvez devêssemos deixar isso de lado por enquanto.

–Claro claro. Estou surpresa que você tenha o dom de ler mentes, vamos tentar algo melhor? Quero que você tente ler meu pensamento agora, sem contato, só me olhe e ouça meus pensamentos.

Olhei para ela muito concentrada, comecei a ouvir vozes que não estavam lá, fiz mais força e comecei a mandar na minha mente “mostre-me o que ela está pensando!”

“E não é que essa garotinha está superando Morgana, minha avó jamais conseguira controlar dois tipos de dons tão distintos como controle de mente e controle do tempo... Isso é bom, muito bom. Mas agora mais do que nunca minha avó não pode saber da existência de Charlotte e muito menos da profecia, se ela souber temo pela vida de todos.”

–E então? – ela me perguntou.

–Você estava pensando sobre dois tipos de dons distintos...? – tentei fingir que não tinha ouvido tudo. Então Morgana era perigosa para minha vida.

Harriet arregalou os olhos mais do que da outra vez e trocou de pé de apoio.

–Alguns minutos atrás sim, mas agora eu estava pensando em outra coisa... talvez você tenha o dom de ver todos os pensamentos que a pessoa já teve sem ter que tocar nela? Impressionante, muito impressionante. Mas me parece que você está tão surpresa quanto eu com esses dons, talvez seja porque você está mais para previsão do futuro do que controle da mente, já que você deveria ter começado a ouvir vozes muito tempo atrás...

–Eu escuto vozes de vez em quando – olhei para ela. – Achei que estava ficando doida.

–Você já deveria ter entendido que quando você é uma Le Fay ouvir vozes não faz de você uma doida, mas pode te deixar doida se você não conseguir controlá-las! – ela disse exasperada, mas estava rindo. – Garota, você é impressionante! Mas ainda sinto que suas visões estão merecendo mais atenção... vamos fazer assim, quando estiver comigo treinaremos esse dom, enquanto estiver acordada tente ler mentes e prever coisas bobas.

Depois disso ela começou a me ajudar a aprimorar meu dom de previsão todos os dias, ela se encontrava comigo nos meus sonhos e me deu as regras básicas para aprender previsão.

Regras de Harriet Le Fay (aprendidas por Morgana Le Fay) para Previsão do Futuro.

1º Não deixe a visão possuir você, você deve possuir a visão.

2º Quanto mais longa e vívida for a visão mais real ela é, ou seja, se ela for longa ou vívida ela é fixa no tempo. Mas só depois de muitas visões que as não fixas começam a aparecer.

3º Não tenha a mesma visão várias vezes, elas gastam muita energia e poder.

–Foi por você ter tido a mesma visão com o Diggory tantas vezes num curto período de tempo que fez você entrar em coma, isso é muito comum, também aconteceu comigo quando tive minhas primeiras visões. Quando não temos pleno controle é só tocar em alguém que tenhamos certa harmonia que acontece. Antes do início das aulas você já poderá controlar e travar visões e verá elas de verdade, cada detalhe como no momento que eu entrei na sua mente.

–Harmonia? – o que isso queria dizer?, Ele realmente se sentiu culpado ou está apaixonado por você!, a voz da Jenn ressoou na minha mente... não, não era aquilo.

–Quando você toca nas suas amigas, você não tem visões porque seus sentimentos são diferentes, elas te acham uma grande amiga, que a amizade durará para sempre enquanto você só gosta delas, mas com o Diggory é diferente, ele sente algo por você e você sente o mesmo. E me parece que ele é o único que tem seus sentimentos em harmonia com os seus.

Bom, aquilo queria dizer que o que eu sentia por ele era recíproco, mas o que eu sentia por ele mesmo?

Pensei no rosto do garoto e nenhum sinal de nada veio a minha cabeça, nenhum batimento acelerado, nenhum rubor nas bochechas, nenhuma sensação de gosto de bile no fundo da garganta, nenhuma raiva acumulada, nada.

–Eu nada sinto por ele, o que isso quer dizer? – perguntei para ela.

–Você é muito jovem para entender sentimentos.

–Tenho doze anos agora, não sou tão nova assim – Por Merlin! Eu tinha feito doze anos no dia quatro de abril, como me esqueci disso? Ah! Eu ainda estava em coma, eu tinha acordado um dia depois do meu aniversário.

–Me diga o que você sentiu da próxima vez que ver ele, ou pergunte para o garoto o que ele sente por você. Ou talvez... – ela parou me olhou pelo canto do olho e suspirou. O quê ela não queria me dizer?

–Talvez o quê? – ela não abriu a boca. – Vamos lá, talvez o quê?

Ela suspirou e voltou a sua posição normal, ereta e inexpressiva, piscou mais uma vez.

–Bem, você sabe a história do seu pai, não? – confirmei com a cabeça. – Você sabe que a mãe dele, sua avó, era apaixonada por um trouxa e que jamais poderia ficar com ele porque ele não gostava dela e porque ela era uma Gaunt – confirmei novamente.

–Mas ela amava muito ele, então decidiu fazer uma poção do amor mais poderosa do mundo bruxo, a Amortentia, e dá-la para ele. A poção funcionou, ele “amou” ela, os dois fugiram e ela acabou ficando grávida – continuei a história. – Achando que meu avô a amava de verdade minha avó parou de dar a poção para ele, mas quando o efeito da poção acabou meu avô, Tom Riddle, viu o que havia feito e não entendia porque o fez, então voltou para a família e deixou minha avó sozinha e grávida. Quando o bebê nasceu, sabendo que morreria ela entregou seu filho a um orfanato trouxa – parei para respirar. – E como último desejo ela deu ao filho, que parecia com o pai, o nome dele, Tom Riddle e o nome do pai dela, então nasceu Tom Servolo Riddle.

–Exatamente, e o que conta essa história? – ela me perguntou com as mãos cruzadas e com uma expressão diferente no rosto, ela me lembrou de Dumbledore.

–Que minha avó era uma mulher boba e apaixonada, que meu avô era um trouxa idiota que fugiu de uma responsabilidade que ele não queria e que meu pai era um pobre coitado que já sofreu antes mesmo de nascer...

–Isso também – Harriet apontou para mim como se tivesse dito algo muito bom. – Mas também que seu pai nasceu de uma relação sem amor...

–E por isso não pode ninguém – conclui. – Você acha que por ele não amar minha mãe eu também sou um fruto de uma relação sem amor e não posso amar?

Senti-me mal com aquela idéia dela, é claro que eu podia amar! Eu não era uma maníaca que odiava o mundo trouxa e desejava a morte de todo mundo, eu não era meu pai! Ela crispou os lábios e fechou os olhos.

–Eu sei que você não é seu pai, Charlotte, você é muito melhor – ela pareceu ler minha mente como sempre, e agora sabia que ela podia. - Você sofreu do mesmo jeito que ele, perdeu os pais cedo, foi criada por cretinos, mas ainda sim você não ficou maligna como ele – ela piscou e olhou para cima. – Vocês foram frutos de uma relação sem amor. Você e eu perdemos nossas mães quando nascemos porque está escrito que deve ser assim com todas as Le Fays, mas Tom teve má sorte.

Era verdade, Tom Riddle e eu éramos iguais! Um arrepio subiu pela minha espinha.

–Eu acredito que posso amar, Harri – disse para ela. – Eu não quero ser igual meu pai – admiti em voz alta pela primeira vez algo que sempre disse para mim mesma.

–Seu temperamento explosivo não vem só dele. E já falei sobre o que penso sobre você ser má, apática e gostar da morte e de magia negra... isso não te impõe um lado. Não é porque você gosta de matar alguém que você tem que ser das Trevas, existem aurores não é mesmo?! – e ela gargalhou muito com a própria piada ofensiva contra aurores que não gostariam de ouvi-la. – Ah! Morgana também nasceu de uma relação sem amor só para você saber, a mãe dela foi enganada.

“O ponto nisso tudo é que mesmo tendo um filho que continuaria com o legado de Morgana ela nunca o amou, ou amou a mim que fui a primeira a ter os dons, assim como seu pai não amou você ou a sua mãe, mesmo vocês sendo os seres mais poderosos desse século. E se você tiver seu herdeiro ou herdeira...

–... eu não o amarei – completei com um ar triste.

–Talvez sim, talvez não. Meu pai que fora o fruto de uma relação de alguém que não podia amar com outra pessoa era um dos seres mais amáveis que já conheci... lembre-se que a história diz que só alguém que foi fruto de uma relação promovida por uma poção do amor não pode amar. Você não foi fruto de uma poção do amor, só de uma relação em que um dos lados não amava, mas sua mãe pode ter amado seu pai... quem sabe?

–Isso anularia a relação sem amor – sorri com a idéia. Mas minha consciência me advertiu novamente de um pequeno problema. – Quais são as chances da minha mãe tê-lo amado?

Deixei todo essa história de amor de lado no outro dia e foquei em aprimorar meu dom. Nós começamos a treinar naquele espaço branco entre nossas linhas temporais.

–Primeiro temos que controlar em quem você quer prever e quem você não quer, por isso você tentará bloquear a visão que farei você ter. E quando conseguir revezará em ter a visão e não ter.

Tentamos por dois dias até eu finalmente conseguir não ter a visão. Depois tive que revezar entre não tê-la e tê-la, o que levou mais tempo até eu ter total comando. A segunda parte era mais difícil.

–Visões são muito complicadas, às vezes elas vêem e não podemos controlá-las e mesmo eu sendo experiente como sou às vezes não consigo controlar. Mas às vezes podemos forçá-las a acontecer, e isso é o que treinaremos agora.

Ela, uma vez, disse para eu prever a próxima vez que minha coruja, Rowan, iria enviar uma carta – eu consegui ver nitidamente as asas alaranjadas dele lançar vôo com uma carta entre as garras dele, ela estava endereçada a Narcisa Malfoy. Não entendi o porquê de eu mandar uma carta para aquela mulher, mas eu previ aquilo e isso aconteceria de qualquer jeito.

–Não foi viva e nítida a visão? – assenti. – Então irá acontecer, você pode escrever uma carta para Jennifer ou Alison, mas não a mandará antes da de Narcisa Malfoy. Quando não for nítida você me avise.

A terceira parte e última era prever coisas que não estavam nítidas, possibilidades. O que parecia ser a coisa mais difícil do mundo.

Devo ter demorado cinco dias só para ter a primeira visão não fixa, mas depois que ocorreu a primeira, as outras vieram como formigas em doces.

Em uma semana e meia eu consegui controlar o dom da previsão. Harriet parecia surpresa com isso, ela também parecia cansada, dei a idéia de ficarmos uma semana relaxando para depois aprimorarmos outro dom. A feiticeira aceitou minha idéia e voltou para a sua prisão e eu acordei e fui admirar meu quarto.

Quando realmente o olhei me senti novamente como a garotinha que vivia ali antes de ir para Hogwarts, eu nunca tinha gostado daquele quarto; bege, simples e sem graça. Por isso resolvi usar outro dom que Harriet havia descoberto que tinha.

Olhei atentamente para as paredes beges descascadas fechei meus olhos e as imaginei cor de sorvete de creme quando os abri elas estavam daquela cor, imaginei a parede que mais batia sol cor de âmbar e assim ela ficou. Aquele quarto era muito pequeno, eu queria-o maior, mas não me lembrava do feitiço que aumentava espaços, então só desejei que o quarto aumentasse e assim aconteceu. Mudei a pequena cama com um colchão duro e uma colcha remendada e velha para uma cama baixa de madeira, estilo oriental, com um colchão mais macio do que o anterior e com uma colcha verde relva lisa. Conjurei um travesseiro de penas de ganso para a cama. Imaginei uma cômoda da mesma madeira que a cama, com puxadores de prata e também imaginei uma estante de livros ao lado da cômoda, que ficava de frente para minha cama. Coloquei nas paredes alguns pôsteres de bandas trouxas e bruxas que gostava, do meu time de quadribol, Montrose Magpies, conhecidos popularmente como Pegas e de alguns filmes trouxas que amava. Depois conjurei todos os livros que gostava e que tinha e coloquei-os na estante em ordem alfabética. Mudei minha janela para uma maior de vidro transparente com cortinas verde relva como a colcha da minha cama. E, por último, coloquei uma mesinha de café aos pés da minha cama, e coloquei a gaiola de Rowan lá.

Experimentei a minha cama, dado uma passada de olho na estante de livros, admirado os pôsteres e o brilho que a luz solar dava ao raiar na parede cor de âmbar.

Aquele era um quarto ainda pequeno e sem graça, mas tinha um ar superior, digno de uma Le Fay.

Saí do quarto e desci as escadas, ouvi as vozes de Carla e Joseph vindo da sala, eles pareciam discutir sobre algo, mas eu não conseguia saber o que era já que a discussão era em outra língua, como eu conhecia um pouco de Português logo percebi algumas palavras chaves que me alertou qual era a língua que eles falavam, as palavras foram; ele, filha, cuidada, matará, servos, voltar. Elas não foram pronunciadas nessa ordem.

Não fazia sentido aquelas palavras soltas, e como eu não conseguia entender resolvi entrar logo na sala e parar com a conversa deles.

Quando entrei no cômodo os dois entraram em um estado de silêncio assustador, olhei de Joseph para Carla e percebi que eles faziam um casal muito estranho e incomum. Eu me perguntei por que Joseph não se casou com uma mulher que fosse uma Le Fay, na verdade estranhei que Joseph fosse um Le Fay, por algum motivo não batia.

–Eu fiz algumas mudanças no meu quarto – disse para eles friamente. – Recebi alguma carta? – perguntei quando vi uma pilha de cartas em cima da mesa de café em frente aos dois que estavam sentados no sofá.

–Não – Carla falou rápido demais, eu podia sentir que as cartas eram o motivo da discussão.

Dirigi-me a pilha de cartas como se não ligasse para os dois a minha frente. Se havia uma carta para mim eu a queria agora.

Podia estar parecendo um pouco estranha, e eu estava, talvez fosse os dias sem dormir direito por estar muito animada ou talvez fosse o poder me embriagando, dizem que ele muda as pessoas. Será que eu estava mudando?

Será que eu estava ficando igual meu pai? Eu realmente não ligava naquele momento, estava gostando da sensação de ter o poder.

Quando Joseph tentou me tirar de perto das cartas, eu balancei minha mão na direção dele, pude sentir o corpo dele sendo impelido de volta ao seu lugar no sofá, meus cabelos voaram com o vento produzido pelo choque do meu poder com o corpulento Joseph. Carla deu um gritinho quando ele caiu de ponta cabeça, a pequena cabeça dele sendo esmagada pela barriga gorda dele, tive vontade de rir.

Peguei a pilha e fui conferindo o nome de cada uma: Carla, Joseph, Joseph, Thomás, eu e eu.

–Você não pode fazer mágica fora da escola! – Carla gritou exasperada, me parecia que o inglês dela estava bem melhor. – Você vai ser expulsa.

A voz dela me estressou, ela era aguda demais e o inglês dela tinha um sotaque britânico muito forçado. Por que ela não falava normalmente?

–Eu sou uma Le Fay de verdade, eu posso fazer o que eu quiser sem que o Ministério jamais saiba! – estava exagerando, e muito. Eu podia fazer feitiços simples, os maiores ainda podiam ser detectados se alguém estivesse procurando por um, mas eles ainda poderiam achar que era o Thomás fazendo mágica, não eu. E meus dons Le Fay não eram bem feitiços... não acho que eles sejam detectados – Não sei o que houve com os Le Fays, mas me parece que eu carrego sozinha toda uma linhagem de bruxos poderosos, porque isso é a última coisa que vocês e o seu filho são.

Não entendi de onde todo aquele ódio estava vindo. Eu admito que não gostava deles, mas também não os odiava. Quando parei para pensar sobre isso percebi o quanto o poder que havia descoberto estava me mudando... ou talvez não fosse o poder? O que tinha mudado em uma semana?

Peguei as minhas cartas e corri escada acima até meu quarto, fechei a porta e tranquei-a da maneira trouxa, me encostei contra a porta e escorreguei até o chão, estava extremamente enjoada e tonta. Respirei fundo enquanto sentia o gosto de bile no fundo da garganta, meus olhos pareciam querer pular para fora das minhas órbitas oculares.

Sentei acocorada a porta e rasguei o envelope da primeira carta. Respirei mais um pouco e pisquei várias vezes repetidamente para lagrimejar meus olhos.

Peguei a carta e comecei a lê-la.

“Charlie, como está sendo as suas férias?

Minha família e eu resolvemos viajar para a França, e acabamos de visitar a escola que você havia comentado Beauxbatons. Os franceses têm a mania de beijar os dois lados da bochecha, estressante é a única palavra que tenho para esse gesto, aposto que você também deve tê-lo odiado quando viajou para cá.

Sabia que sua família é bem popular por aqui? Pois é, parece que três ex-diretoras dessa escola foram Le Fays! Elas eram irmãs pelo que entendi, o que faz sentido, já que todas eram extremamente loiras e bonitas, a mulher que estava nos mostrando o lugar disse que em alguma parte da história um Le Fay casou-se com uma veela e por isso todas as Le Fay depois disso eram loiras.

Eu devo ficar aqui até o meio de julho, mas espero que nós duas nos falemos depois disso.

Lance”.

A carta da Marie só me deixou mais curiosa. Como assim veela? Eu sabia que as veelas eram criaturas mágicas que tinham formas femininas humanas, elas eram capazes de enfeitiçar as pessoas, principalmente, homens com a sua beleza.

Minha mãe, Alice, tinha cabelos loiros antes de um feitiço deixá-los cor de cobre, Narcisa disse que todos os garotos eram doidos por ela ou algo do tipo, e Harrit afirmou que numa parte da história não havia mulheres Le Fay e por isso os homens Le Fay tiveram filho com “outras coisas”.

Alice tinha uma grande chance de ser um punhadinho veela, mas isso não significaria que eu também? Mas eu não tinha cabelos loiros e nem enfeitiçava homens com a minha “beleza”.

Eu sabia que havia um feitiço que podia ver nossa raça, sexo, nossas características, mas não me lembrava do nome do feitiço. Mas não havia um dom que Harriet não havia para isso?

–Informe Charlotte Le Fay – falei em voz alta.

Fechei meus olhos quando uma força estranha invadiu meu corpo. Dentro das minhas pálpebras meu rosto apareceu, mas meus cabelos eram muito loiros e muito lisos. Apareceu uma lista de dados sobre mim.

Nome: Charlotte Gaunt Le Fay Riddle.

Filiação: Tom Servolo Riddle (Mestiço) e Alice Le Fay (meio veela).

Nascida: Quatro de Abril de 1979.

Sexo: Feminino.

Sangue: Desconhecido.

Raça: Meia veela.

Pisquei algumas vezes para tirar as palavras da minha mente. Se eu fosse mesmo meia veela queria dizer que eu não era totalmente bruxa? Meu sangue não seria mestiço nem nada do tipo? Nada parecia fazer sentido para mim. Guardei na minha mente que devia falar com Harri sobre isso.

Limpei minha mente e abri a outra carta. Reconheci a caligrafia requintada de Narcisa Malfoy, ela era a última coisa que precisava agora, mas eu não tinha previsto que mandaria uma carta para ela?

Decidi ler a carta da amiga de escola de Alice.

Querida Charlotte,

Espero durante esse ano você tenha pensado em tudo que conversamos na última vez que nos vimos e não tenho certeza de como você se sente sobre mim, mas quero dizer que me importo com você e sempre me importarei mesmo que você tenha decido me odiar.

Mesmo se você não tiver se decidido e precisar conversar, sobre você, sua mãe ou qualquer coisa saiba que estou aqui por você.

Com carinho,

Narcisa Malfoy.”

Meu primeiro impulso foi de rasgar a carta e queimá-la, mas eu queria conversar com alguém sobre o meu ódio dos meus primos, queria saber mais sobre Alice e não foi ela mesma que me falou para conversar com Narcisa?

Por isso peguei um pergaminho novo, uma pena e tinta. Rabisquei nele uma breve resposta, a cada palavra meu coração batia mais lentamente e minha mão ficava mais pesada.

Uma força estranha fez minhas pernas me levarem até Rowan, que estava empoleirado na janela, o tempo pareceu diminuir a cada passo que dava.

Coloquei a carta com cuidado no bico dele, seus imensos olhos azuis não pareciam me reconhecer, fiz um cafuné na sua cabeça e sussurrei olhando em seus olhos.

–Entregue isso a Narcisa Malfoy na mansão dela – a coruja piscou lentamente e levantou vôo.

Segui-a com o olhar. Meus batimentos cardíacos acompanhavam cada batida de asas da ave, eu podia ouvir o ar entrando pelas minhas narinas e saindo pelos meus lábios entreabertos.

Em minha mente um comentário emergiu como um corpo jogado no rio que regressa a superfície; Tudo ocorrera exatamente como na minha visão.


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Notas finais do capítulo

Galera, eu recebi alguns pedidos que estou tentando ver se vai ficar bom ou não na história, e como quero agradar a todos, quero a opinião de vocês sobre isso. São duas perguntinhas, nada demais, juro!
Desde o início da fic eu fiquei imaginando a resposta para a primeira pergunta antes mesmo de alguém perguntar; Com quem a Charlie deve ficar? (Não precisa ser só um, viu?! Pode ser ao longo da história... HAHAHAHA)
Segunda perguntinha; Ela deve ficar amiga do Potter? Ou deve ser das Trevas? Ou dos dois?
Pergunta bônus; A Charlie deve, ou não, ficar com o Cedrico?
Me ajudem nesse dilema! Porque já no segundo ano tem o Potter e talvez um amor, ou talvez não... quem sabe?
Devo postar o novo capítulo depois de dez comentários.
Até a próxima! ^^