Subtle escrita por Juhhjulevisck


Capítulo 1
Capítulo único




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Os Natais da família Weasley eram sempre muito animados. Afinal, era uma das únicas épocas do ano em que a família toda estava reunida. Tudo era muito alegre, recheado de presentes e do aroma gostoso que só as comidas natalinas têm. Eles costumavam sentar todos em volta da mesa, conversar sobre assuntos triviais, com o calor aconchegante da fogueira.

E era incrível que até numa época daquelas, de guerra, eles eram capazes de se esquecer de tudo, nem que apenas por um ou dois dias, para comemorar essa data tão linda que era o Natal. Até mesmo as aprontações de Fred e George eram aceitas nesta época.

Naquele Natal, apesar de tudo, todos estavam muito animados – embora fosse clara a certa apreensão entre todos os membros da família. Já haviam jantado e Molly acabara de servir a sobremesa, e a família Weasley saboreava os doces divinos que ela fizera. Fred já estava mais do que satisfeito e já havia feito piadinhas suficientes pelo ano inteiro. Lançou um olhar para George, que entendeu imediatamente o que irmão queria; eles tinham isso, essa sintonia.

Levantaram-se silenciosamente da mesa e se dirigiram para fora da Toca, caminhando alguns bons metros até chegarem a uma colina próxima, onde eles adoravam ficar. Sentaram-se um ao lado do outro e ficaram em silêncio por um bom tempo. Era assim, ultimamente. Eles já não conversavam tanto ou faziam tanta piada; a guerra os estava afetando, e muito. Eles estavam assustados.

Assustados porque sabiam que aquela guerra podia ser o fim para um deles. Aquela guerra vinha matando muitos, e podia matar um dos dois. E era horrível, porque eles não conseguiam sequer suportar a ideia de viverem separados.

— Hey, Fred, adivinha o que eu trouxe — George disse com um sorriso divertido no rosto. Fred não sabia o que era, mas tinha quase certeza que sua procedência era ilegal. Certeza que foi confirmada quando o irmão tirou uma garrafa cheia de um líquido amarelado. Gemada.

Aquela era a bebida preferida de Fred, e era uma tristeza que eles só tomassem isso no Natal. Animado, pegou sua varinha e conjurou dois copos, um para si e outro para George. Tomou a garrafa da mão do irmão e encheu os copos, entregando um deles a George.

Fred tomou um longo gole, deliciando-se em seguida.

— Cara, a mamãe vai te matar — ele comentou rindo, sendo acompanhado pelo irmão.

— Eu já estou acostumado à esta sensação, Freddie — George disse e ergueu seu copo, como quem queria fazer um brinde. — À viver a vida perigosamente — e eles então chocaram seus copos e tomaram mais um gole da gemada.

— É, nós sabemos bem como é viver perigosamente nesses dias — Fred comentou mais para si mesmo do que para o irmão. De repente, a animação do Natal pareceu cair completamente. George já não parecia orgulhoso de ter roubado uma garrafa de gemada de sua casa e seu semblante assumiu uma expressão triste, cansada.

— Fred... A gente já falou sobre isso, essa guerra não é o fim.

— Mas pode ser, George! E é horrível pensar nisso o tempo todo e saber que é uma possibilidade! — Fred estava triste, mais triste do que George suportava ver. Era horrível ver seu irmão gêmeo daquele jeito, era uma parte do seu coração que se partia junto. Colocou sua mão delicadamente sobre a do irmão e deu-lhe um sorriso reconfortante.

— Hey, maninho, se acalme. Você não vai me perder. Não ache que você vai se livrar de mim tão fácil assim.

— Ah, droga, eu pensei que eu finalmente ia me livrar de você. — Ambos riram fracamente ao comentário de Fred.

Ficaram em silêncio, então. Tomaram o que restava da gemada e, em algum momento, que nenhum dos dois soube exatamente qual era, Fred se aninhou nos braços de George e ali ficou, sentindo a mão do irmão brincando com o seu cabelo. Após alguns minutos, ouviram fogos à distância.

— Olhe, é Natal — Fred comentou, endireitando o corpo e desvencilhando-se do aconchego dos braços do irmão. Olharam os fogos mágicos que vinham da casa dos Weasley, maravilhados. Sentiam que um pouquinho da esperança que a guerra lhes tirava era restaurada, e seus corações eram aquecidos enquanto pensavam que talvez nada desse errado no final daquilo tudo.

George procurou pela mão do irmão e entrelaçou seus dedos nos dele. Eles tinham todo aquele contato, todo aquele amor que superava a fraternidade, e eles sabiam que aquilo era errado, ah, como sabiam. Jamais se atreveram a falar uma palavra de qualquer coisa que tinham para alguém. Só não conseguiam compreender o que era tão errado em amar alguém tão especial.

— Hey, George — Fred chamou conforme os fogos iam se apagando.

— O quê? — o irmão perguntou quando percebeu que Fred não havia completado seu pensamento.

Fred não sabia o que iria dizer; tinha tanta coisa para falar, e de repente elas sumiram de sua mente. Apenas ficou olhando dentro dos olhos do irmão gêmeo em silêncio, e percebeu que ali todas as palavras que queria dizer foram ditas. Não precisava de discursos ou poemas ou canções para dizer qualquer coisa para George. Um olhar deles era o que bastava.

Sentiu os dedos de George se enroscarem no seu pescoço e o puxarem para perto, e em seguida seus lábios se pressionarem contra os dele. E ali, naquele beijo com gosto de gemada, eles não precisavam de olhares ou palavras.

Tudo o que precisava ser dito estava sendo dito da forma mais sutil que conheciam.

Era o amor deles simplesmente falando, sem precisar de muitos gestos ou enfeites.

Era o amor deles falando na sutilidade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)



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