Mind Clock escrita por Metal_Will


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Olá. Seja bem-vindo a mais uma original do Metal_Will.
Bom, se você leu Pesadelo do Real (outra original minha), provavelmente irá gostar dessa história. Se você gosta de discutir viagens no tempo poderá amar ou odiar essa história, bem, você só vai descobrir lendo.
Obrigado desde já por estar aqui e boa leitura! ^^



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Capítulo 01 - Quando tudo começou...

  Boné colocado virado para trás, cabelos longos e lisos, óculos na cara e espinhas não tratadas brotando. Lá estava ele, Diego Rocson, nosso herói da vez. Tudo bem, tudo bem, à primeira vista você pode não considerá-lo um herói. A primeira impressão é que aquele rapaz calado de cabelo lambido é apenas um estudante de 15 anos, enfiado nos livros, visitante assíduo de sites eróticos, viciado em games e com péssimas habilidades sociais. Bem, devo dizer que você está...certo! É, Diego não era o típico galã de telenovelas, mas, mesmo assim, ele é o protagonista de nossa história. Um protagonista um tanto atípico, é verdade, mas até mesmo garotos nada populares podem ter uma vida emocionante. E Diego não esperava o quanto sua vida se tornaria emocionante.

  E vamos começar a acompanhá-lo em sua chegada ao colégio. Aquela mesma rotina de sempre, chegar, ficar sem fazer nada em um pátio enorme e aguardar o toque do sinal. Mas a pior parte não era o tédio do início das aulas, a pior parte era sempre chegar mais cedo do que aquela pessoa. Sim, aquela pessoa que mexia com seu coração e sua mente há tantos dias (desde o começo do ano letivo). Sim, aquela pessoa por quem Diego havia se apaixonado. Sua colega de classe: Bianca Fado.

  Ah, como ela era linda. Seus cabelos castanhos e sedosos, sempre muito bem hidratados. Sua pele branca, macia e suave. Seu perfume delicado, que fazia Diego esquecer do horror de seu quarto fedorento. Ah, como aquele rostinho lindo e angelical e aquele sorriso mexiam com o rapaz. Quando Bianca chegava, ele podia esquecer de tudo. Era uma garota perfeita. Bem, quase perfeita, seria perfeita se ela soubesse que Diego existisse. Coisa que a maioria das pessoas de sua classe não sabiam. E se sabiam, não achavam que era uma informação muito importante. Diego era tão apagado, mas tão apagado, que nem mesmo bullying sofria. Você poderia até dizer que, em resumo, ele era um eterno solitário. Bem, poderia, porque na verdade havia uma pessoa que lembrava dele.

- Sonhando acordado de novo, não é?! - gritou uma garota de cabelos pintados de vermelho, roupas meio rasgadas (nada como uma escola que não exige uniforme), correntes nos pulsos e um pingente com uma figura de alienígena no pescoço. O visual era, digamos, exótico, mas Vanessa Salvi era uma garota até bem bonita. Infelizmente, era esquisita demais para ser considerada popular.

- V-Vanessa? Não chega assim de repente! - exclamou Diego, contrariado.

- Deixa eu adivinhar...sua linda e amada princesa Bianca passou por aqui, não foi? - disse Vanessa, imitando uma menininha delicada.

- E se for?

- Quando você vai dizer que está perdidamente apaixonado por ela? Já está nesse lenga-lenga desde o começo do ano!

- Não é tão fácil assim...e ela já deve ter namorado.

- Não, não tem. Ouvi ela comentando outro dia.

- Mesmo que não tenha...o que garante que ela vá querer algo comigo? Ela nem sabe que eu existo!

- E como ela vai saber que você existe se não se mostrar?! 

- Você fala isso, mas também não é nenhuma miss do colégio, é?

- Err...não gosto de seguir padrões - resmungou Vanessa.

 Aqueles dois tinham um ao outro naquela escola e só. Talvez Vanessa tenha ficado amiga de Diego por ele ser o único interessado em livros de ficção científica e revistas de ufologia que ela conhecia, mesmo que, na verdade, Diego estava apenas lendo o livro para falar alguma coisa no seu trabalho de literatura e a revista de ufologia tenha sido apenas um exemplar que sua dentista deixou ele levar por querer se livrar de revistas velhas (embora ele até tivesse um interesse naqueles assuntos). Seja como for, os dois acabaram ficando amigos...e nada mais além disso. 

- Fala sério - ralhou Diego - Admita. Você é tão apagada quanto eu.

- Nem tanto. Vários carinhas já quiseram ficar comigo - gabou-se Vanessa.

- É? Quantos?

- Bem...sempre que descobrem que eu sou menina no World of Warcraft...- balbuciou Vanessa, meio sem-graça - Mas isso não vem ao caso...acho que já está mais do que na hora de nós, excluído, começarmos a mostra nosso valor!

- Acho que já li uma história parecida com isso antes na Internet - resmungou Diego.

- O que estou dizendo é que você não pode se sentir por baixo por causa de uma garota.

- Não, é?

- Claro que não. Só porque ela é linda, charmosa, delicada, parece uma princesa, vive recebendo elogios dos professores. O que tem demais nisso?

- É...não tem mesmo nada de impressionante - ironizou Diego.

- Olha, o que estou tentando dizer é que ela é apenas uma garota. Você só precisa ir lá, com toda sua garra, sua coragem e convidá-la para sair!

 Diego abraçou o entusiasmo da amiga e, por alguns breves instantes, sentiu-se bem confiante para ir atrás dela.

- Preciso reunir mais coragem - disse ele - Juro que...ainda esse ano eu vou lá e falo pra ela tudo que eu sinto..eu...eu...

- Você? 

- Eu vou levar um fora! Já tô até vendo! - lamentou-se o pobre rapaz, com as mãos na cabeça - Não sou um cara popular, nem bom nos esportes, nem nada.

- Mas é bom em matemática - lembrou Vanessa - E isso já é uma grande coisa

- E daí? Ela também é boa em todas as matérias - lembrou Diego - Droga! Nunca vou ter nada com ela! Melhor desistir!

- Vai desistir sem tentar? - falou Vanessa - Qual é, e daí se ela te der um fora? Vale pela experiência!

- Como vou suportar olhar para ela de novo, sabendo que passei a humilhação de receber um fora? - disse Diego, de forma dramática - Ai de mim, um pobre homem apaixonado que...

- Blá, blá, blá - cortou Vanessa, em tom de descaso com os lamentos do garoto - Tá na hora de sair da concha. Já ouviu dizer que a oportunidade é cabeluda na frente e careca atrás?

- Como assim?

- Quer dizer que se você vir ela chegando, deve se preparar para agarra-lá pelos cabelos de frente. Mas se deixar ela passar, não poderá agarrá-la por trás.

- Que raio de exemplo estranho é esse?

- Oportunidades, meu amigo - disse Vanessa, apontando para Bianca, que sentou-se em um banco, sozinha, para ler alguma coisa - Ela está lá, sozinha. É sua chance!

- M-Mas...e se chegar alguém?

- Se você demorar mais pra ir, aí sim que vai chegar alguém..

- Mas, eu...

- Vai logo! - Vanessa praticamente deu um pontapé em Diego, aproximando-o do lugar onde Bianca estava. Ele ainda tentou olhar para trás, mas Vanessa só mexeu os lábios falando algo como "Chama ela pra sair logo". Vendo que não tinha ninguém por perto, Diego engoliu seco e tentou se aproximar.

- Err...bom dia - disse ele.

- Bom dia - Bianca respondeu, de forma sorridente e amigável - Você é da minha sala, né?

- Ah..s-sim - gaguejou Diego - Sou o Diego.

- E eu a Bianca-  falou ela.

- Ah, sim, eu sei.

- Hmm.

  Há um silêncio constrangedor.

- Err...será que você...

- Eu? - ela continuava a sorrir, passando uma energia positiva e uma calmaria fantástica.

- Será que você...podia mostrar que livro está lendo? Fiquei curioso - disse ele, não conseguindo reunir a coragem que precisava.

- Ah, esse livro? - disse ela - É um romance entre uma garota e um vampiro.

- É daquela...

- Não, não, não é daquela série. É um pouco diferente...tem alguns alienígenas também - ela mostrava a capa, enquanto falava. Diego acho o livro interessante (ainda mais por não ser daquela série), mas ainda não teve coragem de falar o que realmente veio falar.

- Interessante. Acho que vou me informar mais sobre ele.

- Se quiser, posso te emprestar quando acabar de ler.

- Obrigado. A gente se vê na sala.

- Tchau.

  Diego voltou cabisbaixo para perto de Vanessa, que já tinha uma ideia do que havia ocorrido.

- Nada, não é?

- Eu não consegui. A beleza e fofura dela ofuscam a minha coragem como a luz do Sol ofusca uma criatura das trevas!

- Já pensou em escrever poesias?

- Já. Mas nunca recebo comentários no site em que publico...

- Bom, mas você não descobriu mais nada sobre ela?

- Bem, descobri que ela gosta de ler.

- Não diga! - ironizou Vanessa - Eu nunca ia imaginar que ela gosta de ler, mesmo vendo ela ler um livro!

- Deixa de grosseria - reclamou Diego - Bom, além disso...descobri que ela é mais gentil do que pensava. Ela sorriu o tempo todo enquanto falava comigo.

- Viu? Viu só? Isso é um bom sinal! - apontou Vanessa - Agora você já pode conversar com ela de forma mais tranquila!

- Mas ela deve ser gentil com todo mundo - falou Diego - Não quer dizer que goste de mim, né?

- Mas você foi lá e conversou com ela. Só isso já é um começo, não acha?

- Bom, eu...

- Quer dizer que agora você não mais um simples anônimo da sala. Agora ela sabe o seu nome!

- E isso é grande coisa?

- Para quem não fala com mais ninguém da classe...diria que é uma grande coisa!

- Mas e...e se ela me der um fora?

- Ei, uma coisa de cada vez. Primeiro, tente conversar mais com ela. Depois, chame para sair. Daí, diga que gosta dela. Se levar um fora, não tem problema nenhum, tem?

- Bem, eu nunca levei um fora antes...

- Claro, você nunca tentou paquerar ninguém antes.

- Mas e se...

- E se, e se, nada! Você tem sorte de ter uma garota como amiga e pode te dizer o que realmente as meninas pensam. Você não tem nada a temer!

- Não sei, não.

  Enfim, Diego teve seu primeiro contato com a garota que gostava, mas ainda não tinha a menor confiança para convidá-la para sair ou algo do tipo. No final da aula, Diego foi para casa (tão perto da escola que dava para ir a pé tranquilamente), ainda pensando nas dificuldades dos relacionamentos. Por que os homens precisam sofrer tanto? "A vida é mesmo injusta", pensou ele, ao passar por um casal se agarrando na esquina da sua rua, "Uns com tanto e outros com tão pouco..."

  Ao chegar em casa, imediatamente sentiu um cheiro de queimado terrível. Não se surpreendeu em nada ao ver seu pai, na cozinha, correndo para tirar a panela de arroz do fogo.

- Deixou queimar o arroz de novo, pai? - perguntou Diego.

- Foi mal..hehe - disse Alberto Rocson, pai de Diego, um homem de barba por fazer, óculos e cabelo bagunçado - Eu estava ocupado montando alguns circuitos e acabei esquecendo a panela no fogo. Acho que hoje vamos pedir comida chinesa de novo.

- Ou esquentar uns hambúrgueres - disse Diego - Aquela churrasqueira com torradeira que você inventou ainda tá funcionando?

- Acho que sim...e, opa, não, espera, não, não tá não. Preciso consertar o resistor dela.

- Foi uma das suas melhores invenções - suspirou Diego.

 Sim, o pai de Diego era um inventor. Na verdade, Alberto era um físico formado e com doutorado que pesquisava na universidade. A mãe de Diego morreu cedo e o pai, viúvo, teve que tomar conta sozinho do filho. Se por um lado era difícil ser pai solteiro, por outro, Diego desenvolveu bem suas habilidades matemáticas. O garoto estava disposto a seguir alguma carreira na área de computação ou algo assim, coisa que o pai apoiava. No entanto, às vezes as invenções de Alberto davam uma certa dor de cabeça. É, como físico experimental, seu trabalho era fazer pesquisas com máquinas de radiação. Mas em casa, ele era um inventor livre. Diego já teve muita dor de cabeça com aspiradores de pó que ficavam loucos, filtros de água que às vezes esquentavam a água ao invés de gelar e desenroladores automáticos de papel higiênico que, de fato, não funcionavam e ainda deixavam o papel preso nas piores horas. Mesmo assim, Diego adorava seu pai.

- E aí? Como foi a escola? - perguntou Alberto, enquanto saboreava o yakisoba que acabara de chegar da entrega.

- Normal - disse Diego - A mesma coisa de sempre...

- Queria te colocar em um colégio particular, mas você já sabe a matéria do Ensino Médio mesmo...acho que não faria muita diferença.

- Você me fazia estudar equações diferenciais antes dos nove anos - reclamou Diego.

- E agora você não precisa nem se esforçar para passar nas provas. Foi ou não foi bom?

- É...de certa forma.

- E tem alguma coisa te incomodando?

- Bom, consegui conversar com uma menina hoje e..

- A Vanessa?

- Além da Vanessa...

- Sério? Já tá namorando? Vocês crescem tão depressa!

- Não, não, não tô namorando! - reclamou Diego - Só...consegui falar com ela.

- Entendo...ei, acho que posso inventar alguma poção do amor ou algo assim e..

- Pai, menos pai - disse Diego, sabendo que o pai se empolgava com assuntos científicos - Não acho que algo assim vá funcionar.

- É verdade, poção do amor é algo difícil de fazer - comentou Alberto - Mas não deve ser tão difícil quanto o último projeto que estava trabalhando...

- É? Estava trabalhando em quê? Lembro que o senhor falou de um projeto secreto que não queria mostrar nem pra mim e..

- Exato. Esse mesmo. Um fracasso total!

- Fracasso?

- Sim, fracasso, aquela porcaria não funciona de jeito nenhum, apesar da teoria estar toda certinha.

- E que tipo de invenção era essa? - perguntou Diego, enquanto tomava um gole de refrigerante.

- Era uma máquina do tempo.

 Diego cuspiu o refrigerante na mesma hora.

- Ei, que nojo! Toma mais cuidado! - reclamou Alberto.

- Máquina do tempo? Fala sério!

- Estou falando sério...se quiser, posso mostrá-la para você agora.

 Máquina do tempo? O pai de Diego seria capaz de construir algo assim?  Bem, esse é só o primeiro capítulo dessa história...o que poderá vir por aí?


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi só uma introdução (e, sim, eu não consigo criar protagonistas descolados, desculpe)...as bizarrices de verdade começam a partir do próximo capítulo (que espero postar em breve. No máximo, até quinta sai).
Obrigado e até o próximo! ^^