Demetri.
— Te vejo em uma hora, não se atrase. – Fechei a porta atrás de mim e ouvi Alice suspirar. Mais uma vez estava eu do lado de fora do quarto de Alice tentando entender o porquê das minhas atitudes, tudo que eu queria era ajuda-la a se curar, ser um suporte nesse momento delicado da existência dela, mas Alice era como um imã e eu não passava de simples limalhas de ferro sendo puxado para ela sem ter o mínimo controle sobre aonde isso nos levaria. Saí do corredor do quarto de Alice e fui procurar Alec pelo castelo, entrei na sala do trono, e fui andando na direção de Alec, apenas pelo olhar sinalizei que precisava falar com ele.
— Algum problema, Demetri? – Caius perguntou percebendo a minha inquietação.
— De forma alguma, mestre, apenas muitas pessoas para ficar de olho. A propósito se não se importar gostaria de falar com Alec.
— Certo, certo, podem ir. – Caius fez sinal para que saíssemos, com ótimo humor de sempre.
— Deixe-me adivinhar... Alice.
— Sempre. – respondi enquanto andávamos em direção ao meu quarto.
— O que foi dessa vez? Vou começar a te cobrar pelos meus sábios conselhos.
— Você só me ajuda porque gosta de se meter na vida alheia. Eu chamei Alice para sair.
— Isso foi antes ou depois do beijo? – olhei incrédulo para ele.
— Como você... Esquece. Foi depois. – Alec riu e deu de ombros.
— Eu convivo com você a décadas Demetri, não se esqueça disso. Dá para ver na sua cara, inclusive por essa leve mancha de batom. – Alec falou rindo vindo tocar no meu rosto desviei da mão dele e o afastei.
— Relaxa, estou brincando, eu falei para você que daria tudo certo, você precisa se preocupar menos e deixar as coisas seguirem, estou te falando isso desde que ela chegou
— Estou seguindo seus concelhos, espero que eu não me arrependa. Só preciso que caso alguém pergunte alguma coisa, você diga que fui levar Alice pra caçar mais ao sul, ou qualquer coisa
— Você tem que tomar mais cuidado, cara. Você entrou na sala do trono e o cheiro dela estava totalmente em você, você sabe que Aro tem devoção por Alice e sabe que ele não hesitaria em mandar ela fazer companhia a Sulpicia e Athenodora.
— Por isso estou pedindo sua ajuda, só por hoje, nem sabemos como vai ser esse encontro, talvez isso nem se repita mais.
— Só não deixe as coisas tomarem outro rumo, você tem sua função aqui, Alice tem a dela, não deixe isso interferir, estou falando isso para o bem de vocês dois. – Alec tocou no meu ombro e caminhou para fora do quarto.
— Mas divirta-se, você está precisando disso, amanhã volte e siga sua vida. A propósito, compre flores, mulheres gostam dessas coisas.
Alec saiu do quarto fechando a porta atrás de si me deixando imerso em pensamentos. Ele tinha razão, se Aro notasse qualquer aproximação entre mim e Alice ele com certeza mandaria Corin intervir, e eu não poderia deixar isso acontecer, isso exigirá um esforço muito grande para controlar os pensamentos que mostro ao Aro, principalmente depois que ele me dispensou como guarda de Alice.
O sol estava quase se pondo indicando que a hora do encontro se aproximava. Corri em direção ao banheiro, tomei um banho rápido e tratei de me vestir, apesar das minhas centenas de anos, eu estava muito nervoso com esse encontro, tudo bem que eu via Alice 24h por dia, mas era diferente agora, eu me sentia diferente com relação a ela de uma forma que eu não sabia ainda explicar como.
Olhei-me no espelho antes de sair; maravilhoso como sempre.
Saí do quarto e fui caminhando pelo jardim em direção ao corredor do quarto de Alice.
Flores, lembrei. Olhei rapidamente para o relógio e olhei em volta, haviam algumas flores no jardim, delicadamente fui pegando algumas rosas, algumas margaridas e tentei improvisar um buquê. Logo após isso corri para o quarto de Alice temendo ter me atrasado.
Bati na porta apenas por educação, já que ela prontamente já sabia que eu estava ali. Só que diferente das outras vezes ela não me pediu para entrar, e sim para esperar. Contrariado encostei na parede em frente a porta do seu quarto.
Alguns minutos depois a porta do quarto se abriu, olhei para Alice de cima a baixo parando em algumas partes do seu corpo muito bem marcadas pelo vestido azul petróleo que ela usava, nunca tinha visto Alice de azul e a cor combinava muito com o tom da sua pele, notei também que ela usava lindos sapatos de salto, o que a deixava 15 centímetros mais alta. Devo ter passado um bom tempo admirando Alice, até que ela chamou minha atenção.
— Você também está muito bonito, senhor Demetri. – falou ela sorrindo abertamente para mim, retribui o sorriso e entreguei as flores para ela
— Achei que você poderia gostar, está com um pouco de terra mas é especial – falei fingindo um falso constrangimento, Alice riu e rapidamente colocou as flores em um vaso no quarto, voltou fechando a porta atrás de si, estendi o braço para ela.
— Será um prazer desfrutar da sua adorável companhia essa noite. – Falei sorrindo para ela, que segurou meu braço sorrindo para mim, cada vez que Alice sorria para mim meu coração congelado palpitava. Fomos em direção a garagem.
— vamos de carro? – Alice ergueu as sobrancelhas
— Uma parte do percurso sim. – Falei abrindo a porta do carro para ela. Alice entrou no carro e eu fechei a porta me dirigindo ao meu lado no banco do motorista
— Estou um pouco ansiosa, estou tentando bloquear todos os vislumbres da noite – Alice falou olhando para mim. Peguei a mão dela e depositei um beijo
— Estou tentando bloquear todas as minhas decisões também. Mas não irei me importar se você fingir um pouquinho de surpresa. – Dei partida no carro e saímos do castelo rumo ao píer de Volterra.
[...]
Desci rapidamente do carro e abri a porta pra Alice estendendo a mão para ela, assim que ela desceu a puxei para perto de mim, depositei um leve beijo na curvatura do seu pescoço e parei para encarar seu rosto.
— Acho que nunca vou me acostumar com o quanto você pode ser linda.
— Digo o mesmo de você. - Alice falou me dando um leve selinho.
— Vamos! Temos um belo encontro pela frente. – Segurei a mão de Alice e fui caminhando com ela até o barco que nos esperava. No caminho pude reparar que eu nunca havia caminhado de mãos dadas com ninguém em toda a minha existência, e eu não sabia o quanto que aquele contato poderia significar para Alice. Olhei de relance para ela que mantinha um leve sorriso no rosto.
Entramos no barco e eu dei as coordenadas ao piloto. Íamos rumo a ilha Maggiore , uma ilha incrível e totalmente no meio do nada. Alice seria a primeira pessoa que eu levaria para conhecer um lugar tão importante para mim.
— Achei que você mesmo pilotaria. – Alice falou se aproximando de mim
— Não, quero aproveitar cada momento que eu posso passar assim ao seu lado. – Passei meus braços ao redor da sua cintura, Alice sorriu e passou as mãos no meu rosto
— Quando a gente voltar, talvez as coisas estejam bem diferentes...
— Eu sei, mas não quero pensar sobre isso, eu sei que você é a peça que Aro mais idólatra, sei que ele pode interpretar a gente junto como uma possível ameaça, eu mais do que ninguém sei todas as coisas que ele poderia fazer. Se quisermos manter isso temos que controlar ao máximo o que nós mostramos ao Aro e o que deixamos os outros verem
— Você está me fazendo muito bem, Demetri. Desde que cheguei aqui e a gente começou a se entender, te agradeço muito por isso e por tudo que você fará por mim.
— O que você vê? – perguntei curioso com essa última frase, “tudo o que você fará por mim” o que significava que Alice já tinha previsto alguma coisa. Ela riu e desviou o olhar do meu por alguns segundos.
— Eu prefiro que você não saiba, não quero te influenciar, você sabe, o futuro é muito subjetivo – Alice me puxou para si colocando os lábios aos meus. Pelo visto a noite seria bastante animada para nós dois.