Where We Belong escrita por Juhhjulevisck


Capítulo 1
Capítulo único




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“Natal é época de repararmos nossos erros”, era o que Alec sempre ouvira desde criança. Jamais fora capaz de compreender aquilo até que esteve em uma determinada situação; imaginou que nunca mais teria uma chance melhor de se redimir pelo que fizera, e então resolveu agarrá-la com toda sua força.

Para falar bem a verdade, não procurava redenção. Pelo Anjo, nem mesmo ele se perdoara pelo que fizera. Não ter confiado em Magnus na época em que mais precisava o fizera perdê-lo, tudo porque achou que guardar o segredo era melhor que revelá-lo.

Demorou horas a fio ponderando se sua escolha era ruim ou péssima, sendo que um “ruim” o levaria a fazê-la. Foi só quando percebeu que não tinha nada a perder que tomou coragem para pegar a caixa contendo o presente que comprara para Magnus que estava sobre sua cabeceira e saiu, determinado, do Instituto.

A caminhada até a casa do ex-namorado fora longa. A geada naquele Natal estava castigando todo o Brooklyn, mas àquela altura não havia nada que pudesse parar Alec. Encolhia-se de frio enquanto andava contra o vento, e sua respiração saía em densas baforadas brancas.

Após um tempo que lhe parecera mais longo do que o de costume, chegou ao apartamento de Magnus. Apreensivo, bateu na porta. Lembrou-se de até pouco tempo atrás, quando tinha a chave do apartamento e não precisava bater para entrar e sentiu um nó se formar na garganta.

— Pelo amor de Deus, eu não tenho dinheiro para caridade, vão embora! — Alec ouviu a familiar voz de Magnus vinda de dentro do apartamento quando batera na porta pela segunda vez. Mas, apesar de irritado, o feiticeiro o atendeu.

— Alec? — ele parecia surpreso, mas logo após a surpresa foi substituída por um olhar que misturava tristeza e raiva. — O que você está fazendo aqui? — Sua voz era seca, como se estivesse vendo na sua frente seu pior inimigo. Alec teve que se controlar para não chorar.

— Eu... Bom, eu te comprei um presente — Alec se achou estúpido por ter ido até ali. De repente, sua ideia “ruim” se tornara em “horrível” e ele teve uma vontade gigante de sair correndo. Mas não iria embora sem cumprir seu objetivo. Ele precisava conversar com Magnus. — É Natal e tudo mais.

— Eu não quero seus presentes, Alec. — Parecia que Magnus estava usando toda sua força para falar aquilo. — Eu não queria nem te ver, pensei que tinha deixado isso bem claro da última vez que nos vimos.

— Magnus... Por favor, me deixe falar com você.

O feiticeiro pareceu relutante. Parecia seriamente inclinado a manda-lo embora, mas se afastou da porta e deu espaço para o ex-namorado entrar. Alec não sabia o que estava fazendo. Não sabia o que ia falar.

Fechou a porta atrás de si e viu Magnus o encarando da poltrona, agora bege, que estava na sala. Alec notou que a decoração estava bem mais deprimente desde quando eles terminaram.

— Ahn... Feliz Natal — Alec disse sem jeito, entregando a caixa de presente à Magnus. Ele não queria abrir o presente, mas o abriu do mesmo jeito. Tirou de lá o cachecol azul royal que o Caçador das Sombras tivera tanta dificuldade para achar. Magnus sorriu, um sorriso triste que se foi tão rápido que Alec chegou a se questionar se sequer estivera lá.

— É lindo, Alec... Só que ele não combina com os meus olhos. — Alec não ficou surpreso ao perceber que sua tentativa havia falhado terrivelmente. Era horrível com presentes. — Então, o que você queria me falar? — Magnus perguntou impaciente.

— Eu... — ele não sabia. Durante vários dias, passara ensaiando uma espécie de roteiro que deveria seguir, mas ele parecia estúpido agora. Nada que ele dissesse mudaria o que fizera ou faria Magnus perdoá-lo. — Eu não sei.

— Então você veio aqui para quê? Já não acha que é difícil o suficiente viver pensando em você o tempo inteiro e agora você me aparece, do nada, com um presente estúpido e dizendo que “não sabe o que quer falar”? Sinceramente, você acha que qualquer uma dessas coisas vai tornar a situação, ou o que você fez, menos pior? — Magnus se levantou e passou a mão nos cabelos, e Alec notou que ele parecia mais triste do que irritado. Seus olhos de gato pareciam cansados e fundas olheiras eram visíveis.

— Eu não estou aqui por redenção, Magnus — Alec começou a falar, e de repente as palavras começaram a vir até ele. Se as tivesse ensaiado, talvez nunca fosse conseguir dizê-las. — Eu não quero que você me perdoe. Eu tenho plena consciência de que o que eu fiz é imperdoável. Eu não me perdoei ainda. Mas eu só preciso que você entenda o quão arrependido eu estou e...

— Isso não muda nada — Magnus o interrompeu.

— Então você quer que eu faça o quê? — Alec estava agora gritando. Já passara do tempo em que tentava controlar as lágrimas, e elas escorriam livremente pelo seu rosto. — Que eu faça um sacrifício, que eu me jogue de um penhasco? Você não acha que eu não desejo a cada dia que se passa voltar no tempo e consertar o que eu fiz?

— Alec...

— O quê? Eu preciso de você, e eu sei que lá no fundo você também precisa de mim, só que você mascara isso debaixo da sua raiva que criou de mim por causa de um erro que eu cometi. Eu não sou perfeito, Magnus. Eu nunca fui e nunca vou ser. Eu cometi um erro e posso cometer outros. Do mesmo jeito que você também pode, mas eu não vou deixar de te amar por causa deles.

Um silêncio mortal recaiu sobre eles. Magnus estava sem reação diante das palavras que acabara de ouvir e Alec estava profundamente arrependido do que dissera. Tinha quase certeza que, naquele momento, perdera o feiticeiro de vez.

Por minutos que pareceram anos, tudo o que se ouvia era a respiração dos dois. O rosto de Magnus expressava tantos sentimentos diferentes que Alec era incapaz de identifica-los.

— Eu deveria ir embora — Alec disse finalmente com a voz embargada. Seguia para a porta, quando sentiu o ex-namorado lhe puxar pelo braço. Quando se virou para olhar para Magnus, viu que este estava com os olhos transbordando de lágrimas.

— Não. Fique — ele parecia implorar. — Está frio lá fora.

Eles se olharam por alguns momentos, até que Magnus pareceu não suportar mais a distância e o puxou para um abraço. Alec fechou os olhos, aliviado, e correspondeu ao abraço. Apesar do frio, sentia-se aquecido nos braços do feiticeiro e diferentemente de todos os meses que se passaram, sentiu-se em paz.

Sentiu-se em paz porque era ali que ele pertencia. Ali, nos braços de Magnus, nos braços daquele que Alec amara o suficiente para mudar toda a sua vida. Eles tinham problemas, cometiam erros, mas era ali que eles encontravam a paz que tanto procuravam.

Porque eles pertenciam um ao outro. 


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado! :)



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