Seus pais tinham viajado a trabalho  aquele dia. A casa era toda nossa. Lembro-me de você ter me carregado para a sala, me jogado, de algum modo que eu não quebrasse todos os meus ossos, no sofá. Você deitou em cima de mim. “Você tá me esmagando.” Falei com uma voz sufocada.  Você riu, e beijou o meu pescoço de leve. “Essa é a intenção.” Eu sorri, e beijei seus lábios, um beijo um pouco mais intenso do que os outros. Lembro-me de termos subido as escadas sem descolarmos nossos corpos um do outro. Lembro-me de termos deitado em suja cama, eu em cima de você, de ter distribuído beijos em seu pescoço. Lembro-me de ter encarado seus olhos, e você os ter encarado de volta. E naquele momento, naqueles míseros segundos em que nos encaramos eu sabia que era você. Eu te amava. Quero dizer, eu te amo, Jack. Ah, como eu te amo...  Você tirou uma mecha de cabelo da frente de meus olhos, pousando levemente a mão na lateral do meu rosto. “Você não faz ideia do quanto eu te amo.” Você sussurrou, com um meio sorriso. Beijei a sua testa, depois a ponta do seu nariz, e finalmente seus lábios. “Me promete uma coisa?” Sussurrei. Você selou novamente nossos lábios e disse: “Qualquer coisa.” Encosto minha testa na sua, e sinto uma de suas mãos na minha cintura, a outra pousada na lateral de meu rosto novamente. “Promete que isso vai ser para sempre. Que você vai ser para sempre. Eu não quero perder você Jack.” Sussurrei. Você sorriu, e fez com que nós trocássemos de posições, você deitado em cima de mim. “Isso vai durar para sempre, Lucy. Você nunca vai me perder. Eu prometo.” Mas promessas são feitas para serem quebradas.

~*~

Acordei no outro dia com a minha cabeça pousada em seu peito, você fazendo moviementos circulares com os dedos nas minhas costas nuas. Sorri, e te abracei mais forte. “Bom dia.” Você sussurrou beijando o topo da minha cabeça. “Bom dia.” Sussurrei de volta e beijei você. Nos trocamos rapidamente. Sentei na bancada da sua cozinha, enquanto você fazia algumas panquecas já que eu era uma desgraça na cozinha.  Eu observei suas costas nuas. Seus ombros largos, descontraídos. “Sabe, você tem que me ensinar a fazer isso um dia.” Eu falo, apontando para o fogão. Você ri. “A fazer comida? Tudo pela sobrevivência. Tive que me virar já que meus pais nunca estão em casa.” Você deu de ombros enquanto colocava as panquecas em um prato. “Pega o mel, por favor?” Você perguntou e eu sorri. “Ui, só porque foi tão educado.” Vou até a geladeira e pego o mel, colocando o com um gesto exagerado no balcão. Você faz uma careta e despeja o mel por cima das panquecas. “Hmm... “ Falo, respirando fundo o odor doce e ao mesmo tempo salgado. Você fatiou um pedaço e estendeu o garfo na minha direção. Abocanhei o pedaço, o sabor do mel invadindo minha boca. “Ok, você é o melhor panqueiqueiro do mundo.” Falo ainda mastigando. Você ri, cortando um pedaço para si mesmo. “Panqueiqueiro? Essa palavra existe?” Rio, balançando a cabeça. Você estende outro pedaço para mim e eu o aceito. “Provavelmente não, mas vamos fingir que sim.” Pisco para você, que revira os olhos. “No nosso mundo, ela existe.” Eu falo, dando de ombros. Você ergueu uma sobrancelha. “E como chama o nosso mundo?” Fiz uma cara pensativa, enquanto você dava a volta no balcão para ficar do meu lado. Você colocou as mãos na minha cintura, e beijou meus lábios. Coloquei minhas mãos em seus cabelos, enrolando meus dedos em seus cachos. “Nosso mundo não precisa de um nome agora. Estando você nele, eu não preciso de nada agora.” Você disse roçando seus lábios nos meus. “Se alguém me dissesse que estaríamos aqui agora, quando eu tinha apenas 9 anos, provavelmente teria esganado a pessoa.” Você riu, abaixando um pouco a cabeça. Eu a levantei, fazendo com que você encarasse meus olhos. “Mas você não sabe o quanto eu estou grata por ter contrariado a mim mesma.” Você encostou sua testa na minha. “E você não sabe o quanto eu sou grato por você ter feito isso.” Você sussurrou.