Eu me levanto, respirando fundo. Você se levantou também. Eu sabia que isso não seria fácil. Você me encarou, seus olhos brilhando. Desviei meu olhar para o chão, ajeitando a touca na minha cabeça, cruzando os braços sobre o peito. “Eu não espero que você me ouça. Na verdade, eu não me ouviria agora.” Você disse, quase sussurrando a ultima parte.  Não levantei meus olhos, apenas chutei uma pedra minúscula da direção do lago. Eu não deveria estar aqui falando com você, mas essa situação estava realmente acabando comigo. Era melhor esclarecer tudo, e pronto. Cada um seguia seu caminho e isso seria uma história idiota que eu contaria aos meus netos. Um romance qualquer que eu tive na idade deles. Nunca iria passar disso. “Eu não vou negar. Eu chamei mesmo a Rebecca para ir lá em casa.” Não sei porque, mas aquilo foi como um punhal no meu peito. Eu ainda tinha aquela estúpida esperança deque você não a tivesse chamado. De que ela fosse uma ex-namorada grudenta.  Senti meus olhos se enxerem de lágrimas, então os fixei no chão, mordendo a parte interna da bochecha. Ouvi você suspirar fundo, e fechei os olhos. “Eu a chamei porque queria fazer com que você sentisse o ciúmes que eu senti. Eu te amo demais para te perder  para outro cara, Lucy.” Senti suas mãos em meu rosto, seus dedos erguendo meu queixo enquanto seu polegar enxugava algumas lágrimas que já estavam caindo. E eu fui idiota demais pra me mexer, então eu fiquei parada. Eu não devia mais fiquei. Porque eu sentia saudades daquele toque, do seu calor. Sentia saudades do seu beijo, da sua mão da minha, de quando você me fazia rir. Da sua risada, de quando você me irritava. Eu sentia falta da gente. “Lucy, não aconteceu nada.” Você me fez encara seus olhos. Eles estavam claros, pareciam vidro. Seu cabelo havia crescido, e você aparentava ter passado noites em claro. Você estava uma bagunça. Assim como eu.  Soltei uma risada seca, tirando sua mão de meu rosto.  Você pareceu machucado. Aquilo estava me matando. “Jackson, por favor, não faça com que eu me sinta pior do que já estou.” Pedi, em um sussurro. “E é isso que eu estou tentando fazer Lucy. Nesses todos meses, é a única coisa que eu estou tentando fazer!” Você disse, aumentando um pouco o tom de voz.  Dou um passo para trás, e você passa uma das mãos pelos cabelos, respirando fundo. Você olhou para mim, seus olhos mostravam uma confusão de sentimentos. Você agarrou meu rosto, pressionando seus lábios contra os meus. Eu neguei o beijo de imediato, mas depois comecei a retribuir. Coloquei ambas as mãos apoiadas em seu peito, ficando na ponta dos pés enquanto você envolvia meu rosto com suas mãos. Me perdi em seu beijo, o universo já não existia mais. Era só eu e você novamente, como sempre foi. As borboletas em meu estomago voltaram, minha cabeça girava.  Foi então que te empurrei para longe. “Você acha que com um beijo tudo vai voltar ao normal?” Eu falo, dando passos largos para trás. “Lucy, espera...” Balanço a cabeça, fechando os olhos. “Para.” Sussurro, alto o bastante para que você ouça.  Respiro fundo e sinto meus olhos ficarem cheios D’agua novamente. Abro-os lentamente, te encarando. “Olha nos meus olhos, Lucy. Você me conhece melhor que ninguém. Eu não estou mentindo.” Você disse, dando um ênfase na palavra não.  Olhei nos seus olhos enquanto você se aproximava novamente, segurando minhas mãos. Você não estava mentindo. Eu o conhecia, e você não estava mentindo. Não. Isso só podia ser a minha mente me pregando peças. “Eu.. Eu preciso pensar.” Você solta as minhas mãos, um olhar machucado no rosto. “Você nunca vai me perdoar vai?” Você sussurrou, encarando meus olhos. Engulo em seco. “Eu te ligo quando resolver no que acreditar Jackson.” Falo, e me viro, indo direto para casa. Não olhei para trás, mas sabia que seu olhar me acompanhou até onde conseguia. Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos, dos quais eu não conseguia me livrar. E todos me levavam até uma coisa. Você.