Capitulo 26 – Soldados.

“Trate seus soldados como filhos e eles te seguiram a qualquer lugar. Trate-os como filhos queridos e eles darão a vida por você.”

Devagar abri os olhos logo voltando-os para a figura adormecida do moreno entre meus braços.

Sorri pequeno ao constatar que ele – Rogue – mantinha o mesmo velho habito de seu Dragão, Skiadrum.

Acariciei seus cabelos negros e passei os dedos pelos traços de seu rosto já descendo para o pescoço. Ele parecia um anjo dormindo.

De canto de olho pude constatar que o sol já raiava alto. Estava na hora de voltarmos...

- Rogue-kun – chamei-o baixinho logo ouvindo um sonolento “hmm” em resposta.

Ri.

- Rogue temos que ir embora – falei, desta vez mais alto.

- Só mais cinco minutos – murmurou-o em resposta.

Suspirei cutucando-o.

Devagar vi-o abrir os olhos.

- Até que enfim – disse sorrindo pequeno.

Ele murmurou alguma coisa antes de perceber nossa posição. Claro que eu não estava nem um pouco incomodada com ele dormindo sobre mim, mas tínhamos de acordar logo.

Rapidamente afastou-se. Seu rosto brilhava em vermelho intenso.

- M-Me d-d-desculp-pe – gaguejou.

Soltei uma risada alta. Coisa que não fazia há tempos.

- Sinceramente, eu até que não me importo de você dormir em cima de mim Rogue – ri. – Mas precisamos ir, senão eu teria deixado-te dormir ainda.

Sentei-me e me estiquei para pegar a camisa dele que estava pendurada na cabeceira de madeira da cama. Vesti-a e logo pus-me de pé.

- Vá tomar banho, vou ver o que posso fazer para comermos – murmurei seguindo para fora do quarto.

A verdade é que eu não iria apenas preparar algo para comermos, eu queria apenas um tempo para mim. Havia muito o que se pensar e pouco tempo para isso.

...

- E aqui nos despedimos – murmurei para ele.

Vi-o franzir a testa.

- Como assim? – indagou-me. – Você não pode estar falando serio Lucy...

- Na verdade estou – afirmei segurando suas mãos e o olhando nos olhos. – Em breve nos veremos de novo. Na Fairy Tail, me encontre lá junto com Orga e Sting, em cinco dias.

- Mas... – interrompi-o com um beijo.

- Cinco dias. – afirmei e assim dei as costas e afastei-me seguindo em direção a floresta.

Estava na hora de reunir tropas. Se for uma guerra que meu irmão quer, é guerra que terá.

E ninguém melhor que os Lordes Libertos para me ajudar.

Comecei a correr. Minha viajem até a Lamia seria rápida, os portais ajudariam bastante, mas convencê-los seria difícil. Afinal, quem quer participar de uma guerra?

Desviei de alguns galhos e arbustos. E logo avistei meu alvo.

Parei quando já me encontrava frente à grande arvore velha ao centro da floresta.

Ela em si era negra com folhas secas. Vinhas vermelhas escorriam por seu tronco junto com uma baba esverdeada.

Toquei em seu tronco e recitei algumas palavras na língua perdida dos anjos.

Logo uma grande fenda se abriu e adentrei nesta.

O percurso dentro daquele portal era completamente negro, mas assim que avistei uma passagem estreita entre duas rochas – estas em si emitiam uma luz dourada por isso podiam ser vistas – segui até elas.

Suspirei já sabendo que teria de relembrar um dos diversos feitiços que a Guardiã dos portais me ensinou.

- Saco! – praguejei sentando-me em posição de lótus e para pensar.

...

Depois de longas três horas eu – enfim – me encontrava as portas da Lamia. Claro que trajando um capa que escondia minha armadura e com um capuz escondendo minha identidade.

Empurrei das portas e adentrei no recinto.

Apesar de ser fim de tarde havia muitos magos ali e todos tinham o olhar em minha direção.

Passei o olhar por todos, enfim encontrando meu alvo.

Chelia estava sentada em uma mesa junto a Lyon e, ninguém menos que Yukino.

Contive um sorriso já diminuindo uma pessoa da minha lista.

Segui até o pequeno grupo parando frente à God Slayer do Ar.

- Lady... – murmurei. Não queria que os outros descobrissem quem eu era... não ainda. Voltei-me para Yukino que me olhava com olhos arregalados. – Guardiã.

- N-Não pode ser... – gaguejou a albina erguendo-se e cobrindo a boca com ambas as mãos. – C-Como....

- Quem é você? – indagou Lyon de olhos cerrados.

Ignorei-o.

- Precisamos conversar garotas. É urgente. – disse. Mas o albino meteu-se em minha frente.

- Não dará uma palavra a elas enquanto não se identificar – rosnou. Franzi a testa.

Isso seria... um desafio?

- Esta me desafiando garoto? – indaguei-o.

- Lyon-sama não faça isso – disse Yukino. – Ela é...

- Estou – afirmou-o. – A não ser que queira nos dizer quem é você...

Ergui a sobrancelha permitindo-me observá-lo melhor.

Os cabelos pareciam estar um pouco mais curtos e bagunçados. Suas roupas haviam mudado. Agora este trajava uma calça jeans com botas pesadas. Uma camiseta branca de mangas curtas e mantinha um sobretudo negro pendurado sobre os ombros, como uma capa.

- Lyon... – choramingou a rosada. – Não precisa disso...

Soltei uma risada baixa.

- Se eu ganhar você ira revelar-se, mas também ira embora – afirmou-o me encarando nos olhos.

Minha risada tornou-se seca.

- Se eu ganhar sua vida pertencerá a mim – murmurei.

Ele apenas me encarou de olhos cerrados.

- Vamos para um campo de treinamento, afinal, não queremos destruir a cidade não é mesmo? – disse de forma debochada.

Ele apenas pareceu irritar-se mais ainda.

Bom... ao menos eu já tenho um soldado garantido para essa guerra.

xXx

10 de Agosto de X792.

Já havia se passado a temporada dos jogos, e sabe-se lá quem fora a Guilda campeã. Mas eu pouco ligava para isso.

Meu objetivo naquele momento era seguir entre algumas guildas a fim de reunir os Lordes e o numero possível de magos experientes.

A partir daquele dia... as horas passariam de forma mais rápida... como se o relógio estivesse contra mim. Talvez fosse isso mesmo.

Talvez o relógio estivesse ansioso para que a Guerra se iniciasse.

Talvez ele fosse mais um inimigo a se enfrentar...

Mas mesmo que o Relógio fosse um inimigo... eu devia manter a cabeça erguida... e rezar para que Caelum esteja a proteger a mim e ao restante de seus filhos...