Capitulo 19 – Mil Anos.

“Amor, não tenha medo. Eu te amei por mil anos, e eu te amarei por mais mil.” – Christina Perri

Naquele dia quando eu fechei os olhos, tendo como ultima visão o olhar suplico do meu Cavaleiro Zeref. Eu me senti completa.

Talvez seja por que eu sempre fui muito próxima da morte... não no sentido fictício... eu realmente conheço a Morte. Ele é um cara legal e sempre mal incompreendido, mas deixemos para lá.

Eu lembro de que depois que tudo se silenciou eu senti algo bom. Uma sensação de paz e alegria, e também me lembrei de todos aqueles bons momentos que passei acompanhada de Zeref, Weisslogia, Skiadrum, Victor, Trinrar, Raven... e todos as outras Divindades.

Eles eram meus amigos... sempre foram, e sempre serão.

Ás vezes eu tento imaginar como todos ficaram quando eu ‘morri’.

“Será que choraram por mim?”

“Será que me culparam por tudo?”

“Será que eles ainda se lembram de mim?”

“Será que eles estão felizes agora?”

“Estão bem?”

“E os Exceeds como estariam?”

Tais perguntas sempre me vêm à mente. E eu fico apenas pensando e pensando. Imaginando como seria a vida deles dali em diante...

Será que Zeref estaria bem? Ou ainda continuaria escondido em Tenrou?

E Weisslogia e Skiadrum... ou melhor, Sting Eucliffe e Rogue Cheney – preciso urgentemente decorar esses nomes -, será que eles ainda fazem parte da Sabertooth?

Minerva... será que ela se acertou com o pai e explicou o que sabia e onde estava?

Será que Jiemma parou com toda aquela sede de poder depois de ver o que Acnologia acabou tornando-se?

Erza, ela havia conseguido se acertar com Jellal?

Um dia precisarei agradecê-lo... Jellal... ele perdeu tanta coisa, isso por minha culpa...

...

Abri os olhos de súbito e respirei fundo.

As grades de metal se ergueram e tudo o que vi a minha frente foi à arena de terra seca e amarelada. Havia gritos preenchendo o estádio enquanto criaturas nojentas rosnavam e sacudiam-se, estes sendo segurados apenas por coleiras de metal.

Apertei forte o cabo de minha espada e caminhei devagar para dentro da arena.

Havia outros além de mim. Todos pecadores. Todos assassinos. Todos sedentos por vitoria... assim como por liberdade.

Mas aqui, a liberdade é algo impossível de se alcançar... ao menos enquanto somos mantidos na Arena.

Parei meus passos no centro do estádio. Havia dezenove anjos além de mim. Eram cavaleiros pecadores, traidores, corruptos de almas, caídos... a única coisa em comum entre todos nós era o fato de termos desobedecido ordens superiores.

Passei o olhar para todos enquanto eles me encaravam. Pareciam me marcar. E eu sabia o porquê disto. Dentre nos vinte. Eu era a única que havia agüentado mil anos de lutas intermináveis. Era a Campeã numero um. E aquele que me derrotasse e saísse vivo... bom... acredito que ganharia algo bem próximo da liberdade.

Respirei fundo e fechei os olhos.

O sinal de batalha ressoou e eles vieram.

Apertei o cabo da arma com força enquanto desviava de ataques de vários inimigos. Eles não se importavam uns com os outros. Queria apenas a minha cabeça.

E eu continuei a desviar mais e mais. Até que parei assim como eles.

Engoli em seco. E avancei.

Cortei o ar uma... duas... três... e quantas vezes mais foram necessárias...

Senti o impacto da lamina de minha espada contra varias armaduras. Cortei membros e vi sangue espirrar em todos, assim como em mim.

E quanto tudo acabou eu apenas respirei fundo e abaixei a espada, enquanto os gritos eufóricos de todos ecoavam pelo lugar.

Então eu dei as costas, e rumei de volta para minha cela ignorando o sangue, os membros, os órgãos, asas, olhos... enfim, ignorando tudo pelo qual pisava e passava.

- Aonde pensa que vai? – aquela voz chegou aos meus ouvidos uma voz com a qual fiquei bem familiarizada depois de todos esses anos.

Apenas apontei em direçã,o a minha cela vendo que meu premio ainda não estava disposto lá.

- Você vem comigo – afirmou-o, e quando vir-me-ei para encará-lo... eu já não mais me encontrava naquele estádio imundo.

Era uma floresta.

Arvores negras de folhas de vidro.

Chão seco e escuro refletindo o céu negro.

Senti a brisa balançar meus longos cabelos loiros. Havia se passado tanto tempo... mil anos...

Encarei o céu localizando rapidamente a constelação do Serpentário. Não sorri... afinal, aquele não era meu mundo... e tal conclusão veio quando meu olhar deparou-se com o brilho vermelho da lua a sudoeste.

Respirei fundo apertando mais o cabo da minha espada.

Abaixei o olhar para a terra.

Mil anos de lutas... e agora o que?

Respirei fundo e comecei a andar.

Eu só descobriria em que mundo estava se explorasse. E era isso que eu faria!

xXx

Nome: Lucy Heartphilia.

Idade: 1017 anos.

Posto: Ex-Guardiã.

Ano: X1791.

Localização: Confidencial.

Objetivo: Confidencial.

Amigos: Mortos.

Parceiros: Mortos.

Situação atual: Confidencial.

Esse era todo o conhecimento que tinham de mim. Mas apenas um deles sabia a verdade por trás de mim. E era por culpa desse alguém que tudo isso estava acontecendo.

Mas acho que talvez eu deva agradecê-lo. Afinal, se ele não houvesse feito isso ao invés de apagar minha existência... se ele não houvesse sido ganancioso e prepotente... eu não teria ganhado uma nova oportunidade de viver.