“Amor só existe a dois. Amor sozinho chama-se tristeza.” — Caio Augusto Leite.

P.O.V’s Katherine.

A neve em torno da escola derreteu com a chegada de fevereiro e foi substituída por uma umidade fria e monótona. Nuvens cinza-arroxeadas pairavam à baixa altitude sobre o castelo, e uma chuva gelada contínua deixava os gramados escorregadios  e lamacentos. O resultado disso foi que a primeira aula de Aparatação do sexto ano, programada para a manhã de sábado, para os alunos não faltarem às aulas  normais, foi realizada no Salão  Principal e não ao ar livre.

Eu não podia dizer que estava tudo bem comigo.

Eu evitava o Draco e ele não queria ver a minha cara nem pintada de ouro. Eu me sentia péssima, mas no fundo eu sabia que estava certa. Do jeito que estava não poderia continuar.

A única coisa que eu queria nesses dias era ficar no meu dormitório, debaixo das cobertas, mas eu me neguei a fazer isso. Eu era Katherine Black e não me deixava entristecer por garoto nenhum.

Eu continuava indo normalmente para as aulas e conversando com meus amigos. Pessoas de fora provavelmente não notariam nada de diferente em mim, mas meus amigos notam. Eles fingem não ver, para me consolar, mas notam o quanto eu estou triste.

Porque por dentro eu estou absolutamente quebrada.

Tínhamos acabado de sair da aula de aparatação, que sinceramente foi um tedio mortal. Aquele negocio era horrível, e o Malfoy estar no mesmo lugar que eu não ajudou nada na minha concentração.

O senhor Twycross, era o nosso mestre me aparatação. Era um bruxo estranho na minha opinião e dizia que agente tinha que lembrar dos três D’s quando aparatamos. Destinação, Determinação e Deliberação.

O problema é que ninguém nunca lembrava!

A melhor parte da aula foi o estruchamento de uma aluna que eu não lembro o nome. Depois de umas duas horas de aulas eu fui a única que conseguiu passar no aro, porque eu estava me concentrando para não notar o olhar do Draco em mim. Aparatei quase estrunchando mais aparatei. O que foi um pregresso.

O Harry não parecia preocupado com isso, ele arrastava a mim, o Rony e a Mione em direção ao dormitório masculino. Ao que parece tinha algo importante a contar.

- O que esta acontecendo Harry? – a Mione perguntou ofegante enquanto subíamos as escadas para o dormitório.

- Lá em cima. – ele respondeu apenas.

Assim que chegamos no dormitório o Harry correu em direção ao seu malão, nos deixando confusos para trás.

- Malfoy está usando Crabbe e Goyle como vigias. Ele esteve brigando com Crabbe agora há pouco. Quero saber... ah-ah. – ele falou pegando o mapa do maroto.

- Espera um pouco... o que o Dra-Malfoy tem haver com isso? Do que você esta falando? – perguntei confusa.

- Eu ouvi uma conversa da doninha com os seus macacos assistentes. Ao que parece ele esta usando os dois de vigia. Kath, isso pode ter algo a ver com o que ele andava aprontando todo esse tempo. – o moreno me explicou. — Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom... ou  pelo menos é o que o Malfoy não pretende. – ele acrescentou apontando a varinha para o mapa. – Me ajudem a procura-lo. – completou para agente que corremos em sua direção.

- Ali! — exclamou Rony depois de um minuto e pouco. — Ele está na sala comunal da Sonserina, olhe... com Parkinson e Zabini e Crabbe e Goyle...

Meu estomago deu uma mexida incomodada. O Harry olhou para mim como se soubesse o que eu sentia.

- Vou ficar de olho nele de agora em diante. Ele não me escapa. – o moreno falou.

- Nós vamos ficar de olho. – o corrigi e ele sorriu para mim.

- Seu aniversario esta chegando não é? – me perguntou.

- Sim, é no final desse mês. – falei dando de ombros. Estranhamente eu não estava nem um pouco animada com isso. – O seu é em Março não é Rony? – perguntei ao ruivo.

- Sim. No mesmo final de semana vai ter uma visita a Hogsmead. – diferente de mim ele estava animado.

- Hum. – falei apenas. Eles trocaram olhares.

- Kath, você esta bem? Tipo, você normalmente esta triste desde que tudo aconteceu, mas hoje você ta ainda pior. – o Rony falou levando um tapa da Mione em seguida.

- Eu não sei. Estou com uma sensação estranha. Uma sensação ruim. E eu aprendi a confiar no meu extinto. – falei angustiada.

- Não deve ser nada Kath. – a Mione me tranquilizou.

- Tomara. – falei num sussurro.

- Então você foi a única que conseguiu aparatar. Parabéns. – a Mione falou mudando de assunto.

- Valeu. – falei.

- Droga Kath. Eu não gosto de te ver assim. Cadê a menina que jogava bomba de bosta na sala do Snape? – o Harry questionou e eu abri um fraco sorriso.

- Ela esta pensando em fazer isso de novo. – respondi e ele riu enquanto a Mione me olhava com repreensão.

- Vamos descer? – ela perguntou indo em direção a porta.

- Vamos. – falei em levantando e indo em direção a ela sendo seguida pelos dois meninos.

A castanha me abraçou de lado e fomos descendo conversando animadas, coisa que não fazíamos a alguns dias. Não olhei para trás mais sabia que o Harry estava sorrindo.

- Onde esta a Gina? – perguntei dando por falta da ruiva enquanto me sentava com os gêmeos e os outros.

- Provavelmente com o Dino. – o Fred respondeu.

- E como você esta minha pequena? – o George questionou para mim enquanto me abraçava e ficava brincando com meus cabelos.

- Bem. – menti e ele me olhou como se dissesse: “Eu sei que você esta mentindo.”. Suspirei e apoiei a minha cabeça no seu ombro.

Então o buraco da mulher gorda se abriu e a professora Minerva entrou a passos decididos. Todo mundo parou o que estava fazendo e olhou para ela.

Ela nunca vinha aqui!

- Fred, agente não fez nada de errado dessa vez não é? – o George questionou baixinho quando nós vimos ela se aproximar da gente.

- Dessa vez não. Eu acho. – o outro gêmeo respondeu.

- Senhorita Black. – me chamou. Eu olhei imediatamente para ela.

- Algum problema tia Minnie? – perguntei me colocando de pé.

- Venha comigo querida. – ela falou suavemente e me olhando com... pena? Lhe olhei desconfiada e assenti.

Caminhamos para fora do salão comunal e em silencio começamos a caminhar pelos corredores, indo em direção ao que eu pude notar a sala do tio Dumby. Eu não estava com um bom pressentimento.

- Acidinhas. – ela falou para a gárgula que deu passagem para a escada em espiral. – Eu sinto muito querida. – acrescentou para mim, ela tinha os olhos cheios de agua. Minha respiração se acelerou e eu corri escada acima.

Bati na porta e nem esperei resposta e já fui entrando. O professor Dumbledore me olhava suavemente por cima dos óculos meia lua.

- Sente-se Kath. – ele falou para mim e eu roboticamente fiz o que ele pediu lhe fitando ansiosamente.

- O que aconteceu professor? – perguntei com um nó no coração. Ele me fitava com compaixão nos seus olhos azuis.

- Eu sinto muito o que aconteceu Kath, eu sei que você já perdeu muitas pessoas... – ele começou e a minha respiração se acelerou.

- Não, não... – pronunciei num murmúrio. Não podia ser que eu estava pensando. Não podia!

- Eu sinto muito. – ele me pediu. Eu senti meus olhos se encherem e lagrimas. – Seus pais foram mortos. – completou.

Eu vi meu mundo desabar.