POV Athena

“Tell me your secrets, and ask me your questions

Oh let's go back to the start

Running in circles, coming up tails

Heads on a silence apart”

Eu não sei oque exatamente eu tinha em mente quando aceitei o convite de Poseidon. Quando dei por mim estava, por livre e espontânea vontade, nos territórios do meu maior inimigo usando um vestidinho tubinho vermelho que obviamente não foi escolhido por mim e sim por minha linda irmã Afrodite.

Ela veio ao meu quarto pegar mais um livro que eu nunca veria novamente emprestado; o escolhido da vez era um sobre os maiores romances de todos os séculos (ela AMA esse tipo de livros...). Ela percebeu que eu estava me arrumando para sair e me obrigou a entrar nesse vestido. Ela queria fazer um penteado mirabolante à la Afrodite , mas falei que já estava mega atrasada para meu compromisso , pois já eram 19h50min e eu deveria estar no local às 20h. Ela reclamou um pouco, mas em um estalar de dedos fez aparecer o famoso quite de sobrevivência de Afrodite para iniciantes. Então ela fez uma maquiagem leve, mas que realçava meus lábios e meus olhos que no momento estava num tom de cinza que beirava o azul. Ela arrumou meu cabelo deixando meus cachos loiros caindo em cascata por minhas costas.

Depois dessa pequena loucura fui para Atlântida. Já estava atrasada, mas não estava com nenhuma pressa para encarar Poseidon novamente. O palácio do deus dos mares continuava tão espetacular como quando o projetei. Ele era todo em mármore branco com alguns detalhes em ouro; era uma construção imponente que refletia a personalidade forte de Poseidon. Eu o projetara há éons... Quando ainda éramos próximos... O palácio em si ficava dentro de uma redoma que simulava as condições de vida as quais os humanos eram submetidos e que havia sido idealizada por mim e construída por Hefesto. Após a guerra contra os titãs Atlântida também tivera de ser reconstruída. Teoricamente Annie era a responsável por todas as reformas, mas por alguma razão eu, secretamente, me incumbi de reformar o refugio do deus dos mares... E devo dizer que ficou perfeito... Uns ajustes aqui e ali, mas parecia o mesmo palácio que eu construíra há éons. Existiam dois jardins... O primeiro era na entrada principal, a qual eu me dirigia agora, e refletia o ambiente marinho. Nosso jantar deve ser nos jardins dos fundos que conservava as condições da terra firme.

Encaminhei-me até as grandiosas portas de ouro puro do palácio que eram guardadas por soldados do exército de Poseidon.

– Boa noite senhores – falei – Poseidon pediu que eu falasse com Louis ao chegar aqui.

– Boa noite, Lady Athena – falou um dos soldados – Lorde Poseidon nos avisou sobre sua possível chegada. Louis a aguarda no hall principal do palácio.

– Obrigada.

Então Poseidon duvidou que eu viria... Como se eu fosse de fugir das coisas! Eu estava andando perdida nos meus pensamentos quando ouço alguém pigarrear perto de mim. Levanto os olhos e vejo um senhor muito gentil e de olhar bondoso que era como um pai para Poseidon que o tornara imortal... Louis!

– Aah, é um prazer revê-la , Lady Athena! – Louis falou docemente – E com todo respeito, a senhorita está ainda mais linda do que podia me lembrar.

– Oh, muito obrigada Louis!- falei sorrindo e sentindo minhas bochechas corarem – Sinto sua falta, meu amigo!

– Ora, Lady Athena, eu também sinto sua falta. Adoraria recebê-la mais vezes... O palácio é grande demais para estar sempre tão vazio... Lorde Poseidon mal para aqui agora e quando para fica sozinho, pois tenho meus afazeres...

Sinto que há algo por trás das palavras ditas inocentemente (ou não) por Louis... Queria perguntar oque ele quis dizer com isso, mas já são 20h15min e eu ODEIO me atrasar.

– Vou ver oque posso fazer meu amigo – falei sorrindo – E por falar no ridículo do Poseidon, onde ele está?

Louis não teve tempo de responder à minha pergunta, pois alguém o fez por ele.

– Estou bem atrás de você, Athena- ele falou com uma voz rouca em meu ouvido que me deixou toda arrepiada, coisa que ele certamente notou, pois deu uma risadinha – E muito obrigado pelo elogio...

– Ah... – falei sem graça e corada- Não há de quê.

– Deixe que eu cuido dessa encrenqueira ,Louis... Obrigado – Poseidon falou educadamente dando a deixa para Louis sair e nos deixar sozinhos – A senhorita está atrasada.

Ok. Poseidon estava me provocando com essa voz e essa proximidade toda. Podia sentir sua respiração em meu rosto. Perto demais.

– Eu.. É... Perdi a hora – falei gaguejando um pouco e encerrando o assunto.

Poseidon estava muito elegante. Vestia uma calça jeans de lavagem preta e com um belo corte acompanhada por uma camisa social que era branca, mas meio transparente, por fora da calça e um sapato que parecia ser italiano. Como de costume, seu cabelo estava bagunçado de um jeito que só ele conseguia deixar e continuar bonito mesmo assim. Ele segurava um copo que parecia ter whisky, mas que ele logo fez desaparecer. Ok, ele não estava elegante; estava lindo... E muito cheiroso.

Fomos caminhando em um silêncio desconfortável... Ninguém parecia saber oque falar; havia muito em jogo; a tensão estava no ar. Resolvi tentar quebrar o climão.

– Então... – comecei – você disse que queria falar comigo...

– Aqui não, Athena... – ele falou olhando para os lados como se alguém pudesse nos ouvir.

– Ora, Poseidon! Poupe-me! Como se você ainda não tivesse falado para ninguém que...

– Shiiiiii! Fique quieta, Athena! Por favor – ele falou gentilmente se aproximando de mim... Demais – E eu juro pelo que você quiser que eu ninguém sabe.

Ele deu um beijo em minha testa de leve, mas que fez com que uma descarga elétrica percorresse meu corpo. Não, Afrodite não pode ter feito isso comigo! Eu senti que podia confiar no “juramento” de Poseidon.

“I was just guessing at numbers and figures

Pulling the puzzles apart.

Questions of science, science and progress

Don't speak as loud as my heart.”

– Ok... Eu devo estar louca – falei olhando em seus olhos verdes.

Voltamos a nosso silêncio constrangedor agora, pois ainda estávamos muito próximos... A ponto de nossas mãos se esbarrarem vez ou outra. Chegamos ao jardim e logo senti uma atmosfera diferente.

– Ninguém irá atrapalhar nossa noite... – ele falou

– Por favor, Poseidon – falei baixinho me virando para encará-lo – não estou para brincadeira hoje.

– Eu sei... Desculpe-me – ele falou colocando uma mecha de cabelo que havia caído em meu rosto atrás de minha orelha.

– O que está acontecendo, Poseidon? Você está... Diferente.

– Estou tentando descobrir, Athena...

Ficamos parados na entrada do jardim nos encarando por algum tempo. Eu ainda estava tensa por saber que Poseidon sabia o meu maior segredo, mas não podia fazer nada senão confiar e esperar para ver no que esse jantar vai dar...

Ele se aproximou mais ainda de mim... Seus olhos estavam grudados nos meus... E eu não desviei o olhar dessa vez... Mas ai, ele ficou próximo demais... Suas mãos firmes estavam em minha cintura e sua respiração ofegante se misturava com a minha. Aquilo estava indo longe demais. Desviei o olhar e disse:

– Onde vamos jantar?

– Ah... – ele pareceu desapontado – venha por aqui

O jardim estava lindo, as flores desabrochavam por todos os lados perfumando o ar; vagalumes passavam dançando entre s roseiras; uma música suave tocava ao longe e uma pequena mesa iluminada pela luz de velas nos aguardava em uma pequena clareira. Sentei-me de frente para Poseidon que não parava de me encarar novamente... Havia algo estranho em seu olhar.

POV Poseidon

Desejo... Era oque havia em meu olhar e que eu ao menos conseguia disfarçar. Eu preciso dessa mulher. Pena que tenha demorado tanto a perceber isso... Se tivesse dado ouvidos a Perséfone... Deuses, ela é perfeita... Afrodite que me desculpe, mas Athena é de longe a deusa mais bela do Olimpo. Se ela não tivesse fugido acho que a teria beijado alguns instantes atrás... Ela começou a me encarar também com um misto de curiosidade e apreensão em seu olhar. Infelizmente eu que ia ter que quebrar o clima agora. Olhei para as taças cheias de vinho a minha frente e falei:

– Suponho que saiba sobre oque quero conversar com você, Athena...

"Nobody said it was easy..."