Sublimes Sonhos escrita por Jonathan Loppes


Capítulo 16
Indigestão. O veneno causa dor.




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O céu se escureceu como se previsse ao final trágico e pedante desta história. O sol não se fazia presente nas redondezas e isso realçava o lado sombrio daquela cena medonha. Não sei se foi pela movimentação a frente dos meus olhos, mas toda a floresta se aquietava, como fofoqueiros escutando a batalha. Carrapato era um típico anjinho que domina os imaginários , de pele clara, com cachos loirinhas correndo até a nuca; De pés descalços, se vestia de maneira distinta a todos naquele cenário, uma túnica lhe-cobria dos ombros aos joelhos, e sues olhos escuros me fitavam como se da mesma forma que o céu, previa o que iria eu fazer nos seguintes minutos. Verbena avançou com a espada em punho enquanto estava distraída observando os traços finos e elegantes de Carrapato, será que no céu esse nome é comum? Corri em direção ao leste, e com o desespero exalando na pele, corri mais que costumo. Ouvi Verbena grunhir algo, e olhei de relance para trás, porém em poucos instantes depois, os passos frágeis de Mona vieram correndo atrás de mim enquanto Verbena ordenava a Carrapato para apenas lutar e não machucar a Pedro. Fiquei intrigada com o porquê Verbena dera a Mona, uma garota tão simples e inocente, a responsabilidade de matar a humana deplorável. Um veado saiu inesperadamente de um dos lados e me fez perder o fôlego e em segundos a consciência da situação, cambaleei e logo depois recuperei a postura, todavia havia perdido tempos nesse breve susto, acompanhei o veado correndo ao longe e Mona passou por mim ofegante. Ao perceber que Mona não tinha a intenção de me matar e havia deixado a espada no meio do caminho, Verbena partiu em uma cena clássica deixando os rastros de seu vestido de seda pelo campo e alcançou com uma das mãos a espada que Mona deixara pelo chão.

Eu tinha certeza que a minha única salvação seria fugir, ou seja, me esconder. Me enfiei na floresta, donde provavelmente o veado saira, e ouvi Verbena dizer algo a Mona, e depois partir ao meu encontro. Fui o mais Veloz que pude com a intenção de cruzar o a floresta a dentro, sendo guiada pelos relinchos de Rex, que ao ver Pedro lutar relinchava cada vez mais e mais, dessa maneira chegaria a tempo de beijar Pedro e morrer, afinal minha morte era inevitável. Entrei na floresta e fui quase galopando em direção ao oeste, e a cada árvore que me arbusto que me impedia de correr veloz pudia ouvir os passos de caçador de Verbena. Ao perceber que era perseguida, temi não saber o que estava enfrentando, afinal ela era uma celeste e eu não sei até onde vai essa confusão dos céus; procurando dispistá-la mergulhei em meio a uns ramalhos que causavam coceira o suficiente para me incomodar a pele. Breves momentos depois Verbena dera seis passos a diante quando parou junto ao meu coração, vasculhava cada detalhe do cenário a minha caça, voltou mais alguns dez passos, e manejou a espada como se soubesse que era vigiada.

"Saia de onde estiver." Sua voz era firme, e seu tom me ordenava, como se ela a senhora e eu a serva.

Me mantive em silêncio e o ar parou, não havia animais respirando ou qualquer outro sinal de vida. Meu nariz coçou e discretamente o-futuquei. Um barulho veio de algum lugar que na hora não consegui identificar e em seguida a voz de Verbena soou com ira.

"Como você consegue ser tão minúscula!..." Tomei um susto com a repentina exaltação de ódio "...Eu dei a oportunidade perfeita pra que provasse que é capaz de ser algo a mais além de uma anjinha da guarda...E o que você faz?" Parou como se esperasse resposta.

"Eu não faço." Falou fraca e com voz fina, a tímida Mona "Eu não tenho a intenção de me tornar como você, mamãe. Se pra senhora ter poder sobre os anjos é sinônimo de felicidade, sinto muito por lhe decepcionar, pois ter viver pra mim não significa fazer o que a senhora faz. " Ela dizia calma como se tivesse medo das palavras e quando ia dizer algo um espirro me escapou junto a coceira no nariz, aquele arbusto tinha um cheiro forte e pode ser ele o causador da minha morte.

Revelei meus olhos assustados aos apreensivos de Mona, procurando não dar a Verbena o prazer de me descobrir entre os arbustos. Alguns pássaros se movimentaram, e pensei que tivessem o mesmo medo de Verbena que eu sentia, o mesmo medo que estava estampado no rosto de Mona, refletir o que é pra Mona sentir medo da própria mãe me fez lembrar de casa, da minha família. E todos esses pensamentos evocaram uma única lágrima que fizeram meu coração incomodar meus pulmões, e talvez por esse motivo estava ofegante. Ninguém se movimentava, apenas respirávamos. Creio que mesmo com os olhos em mim, Verbena não via a minha imagem, e sim o modo mais rápido de me matar. Verbena perdera alguns trapos da seda Mullberry, não obstante continuava linda e angelical, e se a aparência transmitia paz a alma era ódio radiante. Brincava com a espada como se um graveto carregasse em mãos, e por alguns instantes depois oscilou a me dizer algo, mas continuou a discutir com Mona ignorando a minha presença, o que agradeci de começo, mas isso só me fez ficar mais apreensiva.

"Eu não imponho medo a ninguém, e sim respeito. Lutei anos pra conseguir ministrar no conselho celeste e vem você me dizer que eu sou a vilã! Se a finalidade última pra esses atrozes humanos é a felicidade, pra mim é o poder. Ele é o carro chefe de qualquer felicidade, e isso eu tenho certeza de que sou. Feliz. Pois eu conquistei tudo que tenho com o meu trabalho..."

"Trabalho?..." Não relutei em questionar "Você quis dizer com a dor dos outros, né?"

"Meu trabalho é cumprir leis, garota. Você deu o azar de nascer assim..." Ela me fitou como uma cobra a presa "...Provavelmente um arcanjo incompetente deixou que sua alma caísse no ventre de sua mãe desse jeito, e agora eu tenho que consertar esse erro. Você é um equívoco!" Se aproximou de mim a cada palavra proferida atingindo o meu âmago "Meu filho é um ignóbil para sua família, aonde alguém pode se apaixonar por algo tão...Insolente como você."

Em um salto, Verbena desviou seu olhar pérfido dos meus pândegos e saiu como se fosse a ruar pela floresta e disse palavras afiadas como a calda de uma arraia, se dirigindo a Mona que após ouvir duras palavras aparentou ser mais tênue que de costume.

"Tome-te a espada e acabe com isso." disse a belicosa.

Mona respondeu com um olhar íntimo que me alcançava por detrás de Verbena, agarrou a espada com leveza, e me lembrei do quão pesada me parecia ser a última vez que em uma dessas toquei. Mona passou pela mãe que acompanhava cada movimento com olhos de gavião, cambaleei para trás e pensei que Mona não teria coragem, ela não era como a mãe. Momentos após três passos trémulos de Mona, ela ergueu a espada ao alto e em segundos fugazes atacou a minha direita e justapôs a espada em uma árvore, o que me causou um leve susto quando Mona puxou minha mão me incitando a correr, minha última visão de Verbena antes do ataque de morfina fora sua testa se franzindo em fúria, e seu grito ouvi bradar enquanto corria. Mona fora na frente e eu a segui, como se ela fosse a estrela e eu o rei mago. Muitos segundos depois ouvi um relincho próximo e avistei Pedro com a espada relutante junto a de carrapato, Mona, agora não estava mais cercada de árvores e abriu novamente as assas revelando folhas isoladas que caiam junto a penas, resultado de tropeços dentro da mata.

Caminhei alguns passos e passei por Rex e depois Pedro, tentei passar pela luta entre Pedro e Carrapato com indiferença, era momento de raciocinar. Mona veio junto a mim e ficou a minha nas minhas costas, e disso só sabia devido ao cheiro doce de jasmim que exalava de seu pescoço. Verbena apareceu com a espada nas mãos e me avistou com tamanho ódio, e decidiu ela mesma fazer o trabalho e matar a sublime. Caminhou passos pesados e se pôs a mim com a espada em punhos, ela ia me matar. Nesse exato momento.



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Notas finais do capítulo

Comentem a vontade, estou adorando escrever os últimos capitulos;