Sublimes Sonhos escrita por Jonathan Loppes


Capítulo 10
diálogo mortífero - parte 2


Notas iniciais do capítulo

A cada segundo eu o desejava mais e mais, se aquele momento fosse eternizado, não me importaria em vivÊ-lo todos os dias.



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 Pedro estava lindo como de costume, o seu sorriso era tão perfeito que não poderia imaginar viver sem assisti-lo todos os dias. Me relatando sem riqueza alguma de detalhes sobre sua vida, Pedro me contou sobre a hierarquia que existia em sua casa, onde Verbena era a rainha e seus filhos os suditos. Me contou também que a garota que parecia ter compaixão por mim no meio de anjos carregados de ódio, e que carregava um olhar meigo e assustado era Mona, sua irmã mais velha.

 Pelo que Pedro disse Mona vive a vida da mãe. Parece ter medo de não concordar com algo que a mãe apoie, e a simples presença da mãe a assusta. Quando Pedro começo a me contar sobre Verbena foi como se as nuvens parassem em frente ao sol, e a escuridão era a única coisa que nos sobrava. Verbena é uma grande líder no conselho celestial, ela faz as leis funcionarem e a vida de todos andar pra frente. Pedro disse que alguns anjos respeitam mais Verbena do que o próprio criador, e me alertou do quão perigosa Verbena pode ser, porque diferente de qualquer vilão ela prática o mal por meio do bem.

 Senti que ficamos ali por horas, não me cansaria de ver os lábios de Pedro se moverem, ouvir sua voz de deus e sorri com ele. Senti fome em algum momento, mas Pedro tocou a terra úmida e em minutos morangos brotaram, doces como aquele momento. Rex estava deitado e solitário ali por perto, e eu só voltei me lembrar dos problemas urgentes quando a noite se tornou perceptível e o olhar Pedro soltou luz.

 O silêncio. Como se fossemos acordados de um sonho bom o silêncio nos cercou. Acompanhados pela dor, o silêncio era quebrado em tempos e tempos por grunhidos dos animais. Rex relinchou algumas vezes  e Pedro sutilmente se levantou, me deixando sentada na terra na companhia do silêncio e da dor. Acompanhei cada passo de Pedro com o olhar, ele parou em frente ao Rex e o fitou. Enquanto Pedro trocava olhares com o cavalo eu sentia um pavor crescente. A noite vinha especialmente para me alertar que quando o sol se erguer de novo no céu dessa floresta, será a hora da minha morte. Sublime deve deixar de existir.

 Eu estava perigosamente distraida quando o ar se moveu depressa e Pedro revelou as assas encardidas que faciam e,e parecer mais atraente do que nunca, com o seu peito nu e suas assas como moldura de uma obra de artes. Sem me olhar, como se tivesse medo de mim Pedro me chamou interrompendo o silêncio doente.

"Pra onde vamos?" Perguntei ao me aproximar.

"Não há como fugir pra sempre!" Lágrimas começaram a rolar do seu rosto sem cessar. E ada palavra parecia arranhar sua garganta.

"Pedro, no que você está pensando?" Tremi todo o corpo e as lágrimas deles anunciavam as minhas.

"Vamos fazer o que tem que ser feito!" Ele gritou transtornado "Você não vai morrer! Não vai!" Ele me assustava com a verocidade da sua voz, as lágrimas pingavam do seu queixo e as minha brotavam na maça do rosto.

 Pedro deu as assas para mim e o silêncio se fora, deixando o soluço de um choro amargo, que doia em ambos. Minhas lágrimas caiam tímidas enquanto seu soluço fazia escândalo. Ninguém disse nada por alguns minutos, até o silêncio voltou por completo.

 Pedro voltou a me fitar com os olhos vermelhos e ao me encarar  mais uma lágrima escapou e ele a limpou imediatamente como se dela sentisse vergonha.

"Hannah..." Ele sussurrou meu nome e meu coração perdeu o ritmo "...Você vai me matar."

"O que? " Não senti minhas pernas e minha mente se esvaziou por um tempo.

 Pedro voltou a derramar um mar de lágrimas e o pânico tomou conta de mim. Eu fui do céu ao inferno em minutos. Matar Pedro seria absurdo, me despedir daquele olhar, calar aquela voz, seria surreal e minha real morte.

 "Eu não vou matar você!" Gritei "VocÊ tá maluco! Eu não vou matar você!" Gritei o mais alto que pude e comecei a chorar como Pedro.

 Rex relinchava a todo momento e Pedro se sentou ao seu lado, com os olhos cheios de mágoas. Acariciava Rx como se disesse adeus ao amigo.

 Ficamos os dois ali, calados pela dor. Pensei de novo no sofrimento que mamãe sentia ao me esperar chegar em casa, pensei em como parei aqui e no quanto desejaria nunca ter sonhado com ele. Todos tem um momento da vida para se indignar com Deus, esse era o meu momento.

  Pedro ergueu seu braço e enfiou a mão direita dentro das penas de suas assas, e na altura da nuca tirou lentamente  uma espada que brilhava como os raios do sol. Ele se movimentava com agilidade e experiência. Se aproximou de mim e me ofereceu o ouro que carregava nas mãos. Ouro afiado e mortífero.

 "Faça o que tem que fazer." Disse com sua a voz calma, mas as mãos tremulas.

 Rex relinchou e pensei que também deveria estar sofrendo; Pedro era cheio de tristeza e não havia máscara para esconder isso. Pensei na minha família e na dor que causaria, pensei no ódio que Verbena sentiria por mim e pela raça humana, e pensei se valeria a pena matar o homem que amo.

 A espada era de puro ouro, não sustentava seu peso como Pedro, e ao me erguer ela se mantinha apoiada ao chão. Fitei Pedro e sua beleza era notável mesmo ao meio de tanto dor e solidão.

"Crave esta espada no meu peito." Ordenou com sua voz de deus e eu assenti nunto as minhas lágrimas que rolavam.

 Meu coração parou e eu não consegui mais tomar ar. Eu Tinha que matar. Eu tinha que matar! Fitei Pedro mais uma vez e a minha alma doeu o corpo. Era a hora. Era a hora de fazer o que tinha que ser feito, renegar o amor para todo o sempre, e viver com essa dor. Só não sei se serei capaz. Eu tinha que matar. Eu tinha.


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Notas finais do capítulo

Comentem! E obrigado por estarem acompanhando as emoções desses dois.