Já eram quatro da tarde quando o príncipe Adam finalmente voltou para casa. No pátio do palácio ouviu Teela gritando por socorro. Não pensou duas vezes, se é que pensou ao menos uma vez, ergueu a espada e pronunciou pela milionésima vez:

– Pelos poderes de Grayscull. Eu tenho a força. – ele estava um tanto cansado de ouvir tantos “nãos” o dia todo e por isso a fala épica não saiu tão animada como de costume. Mas funcionou, ele era He-man.

– Eu sabia! – a ruiva saiu vitoriosa de trás de um dos arbustos.

– O que? Mas... mas... – He-man voltou a ser Adam – Como?!

– Isso! – Ela mostrou as duas páginas que achara.

– Onde encontrou isso?

– No exato lugar onde você colocou.

– E... eu ia contar...

– Quando, Adam?! Se eu encontrasse isso na data em que achou que eu ia, como acha que eu ficaria, hein?!

– Eu só queria te proteger, eu... Você sempre achava-o melhor do que eu mesmo! Seu herói companheiro de batalha, né?!

– Puta merda, Adam! Eu fazia isso por que não ligo pra minha proteção, nem a dele, só pra sua e do meu pai. Pra mim a única diferença que faria se He-man morresse era que Eternia perderia um herói! – o loiro escutava tudo sem ação – como você imaginou isso, He-man tinha uma morte honrosa, e eu nem ligaria; aí você desaparece e eu fico louco te procurando por todas as três galáxias... – as lagrimas não paravam de brotar dos verdes olhos – Então, anos depois, eu vou à biblioteca e acho isso!!! Como pensou que seria?!

– Desculpa... – cabisbaixo, fazia a franja dourada cobria seus olhos marejados.

– Tem que me pedir mais do que desculpas! Eu não posso te perder, se idiota!

Ela se aproximou e beijou-o.

– Porque eu te amo.

Adam abraçou sua cintura.

– Eu também te amo, eu sempre te amei! Me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi.

– Mas como se éramos bebes e não temos memórias disso?

– “Eu não sei, só sei que foi assim.”

Entraram no palácio e Teela acabou deixando aquelas duas críticas folhas alí no chão do pátio para quem quisesse ver.

A página que vinha daquele grande e antigo livro era sobre as duas espadas magicas guardadas pela Feiticeira, que dariam a dois escolhidos de coração puro poderes para lutar contra as forças do mal. A outra era apenas uma carta simples, escrita num papel qualquer que o príncipe de Eternia achou logo no primeiro dia em que se tornou He-man:

Qerida Teela,

Se encontrou essa carta, provavelmente eu morri em batalha. Mas você não sabe disso (deve achar que eu estava me escondendo do perigo) e nem o verdadeiro motivo. Mas agora não há mais o que esconder. Então vou te contar: Eu sou He-man.

Desculpe não ter contado antes, era o que eu mais queria, mas precisava te proteger. Eu te amo, Teela. Jamais te poria em perigo... Só...

Eu te amo, desculpa.