POV Amy

Quando saí do aeroporto, logo embarquei em um táxi. Dei o endereço da minha nova morada para o taxista e desabei no banco traseiro. Estava muito cansada da minha longa viagem até Londres. Não demorou muito para o senhor que estava dirigindo me chamar e praticamente roubar todo o meu dinheiro, pois a corrida foi longa.

Saí do táxi e cuidei para não pisar na grama extremamente bem cortada e verdinha. Subi minha cabeça e dei de cara com um portão preto bem resistente e com um símbolo nem um pouco chamativo. Sim, eu usei sarcasmo. Parecia que meu pior pesadelo estava se tornando realidade.

Ah, não podia ser. Não, não e não. Um lindo K estava estampado em ouro puro.

Como eu tinha chegado até aqui, não poderia desistir, é claro. E também, eu nem sabia se os “Cobra” moravam aqui mesmo. Caminhei lentamente segurando minhas duas malas pesadas e mais minha bolsa azul e tomei coragem para clicar no interfone.

–Hmmm... Alô? – Falei de um modo desajeitado.

–Sim, quem está falando? – Perguntou uma voz meio conhecida.

–Sou Amy, a garota do intercâmbio! – Respondi com um grande sorriso, pois estava realmente orgulhosa de mim mesma.

–Espere um instante, por favor.

O interfone ficou mudo. O portão começou a se mover, certamente alguém lá dentro o abriu. Entrei com passos lentos, tentando conhecer melhor a nova área.

–Aqui! – Gritou a mesma voz que eu ouvi antes no interfone. Como estava longe, não consegui enxergar ninguém.

Senti um pingo cair no meu braço, e mais um mais outro e, de repente, o céu praticamente desabou. Dei uma corridinha para conseguir chegar logo embaixo de algum teto. Subi a escadinha olhando para baixo e quando ergui o olhar congelei. Não literalmente, é óbvio. Mas quase isso.

–Não acredito! – Disse por fim.

–Amy? – Ian Kabra, ou Sr. Gostoso Kabra (chame-o como quiser), estava parado me fitando. Ai me segurem! Acho que vou cair. Ele estava mais (muito mais, se é que é possível) lindo que a última vez que tinha o visto. Vestia uma bermuda jeans, sapatos importados, camisa polo branca e óculos de sol estilosos.

–Olá! – Respondi e logo corei. Ele era lindo demais.

–Entre! Você precisa de roupas secas. – Olhei para mim e eu estava realmente encharcada.

–Então... – Continuou Ian – não sabia que era a minha priminha favorita que viria! – Deu aquele sorriso de lado perfeito.

Droga. Corei de novo.

–É eu também não sabia.

–Olha Amy, eu não sei como estamos. Ou o que você acha de mim, eu não sei. Estamos de boa?

–Sssim – não acredito! Voltei a gaguejar perto dele.

Ela chegou bem perto do meu ouvido e sussurrou:

–Vai ter que parar com isso, a não ser que você queira me deixar louco!

Oh, céus! O que eu faço?

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–Natalie – ouvi Ian gritar do outro cômodo -, nossa hóspede chegou. Venha cumprimenta-la, e traga roupas secas. Ninguém esperava por essa chuva!

–Já estou indo! – A voz doce dela respondeu.

Escutei passos curtos e rápidos descerem a escada em direção ao 1° andar. Natalie tinha crescido bastante e parecia uma modelo de passarela. Estava vestindo um short justo de cintura alta preto, uma blusinha branca (que certamente custou o olho da cara) e calçava sapatilhas sem salto douradas. Seu cabelo estava liso e comprido, enquanto o meu, que tinha cortado, mal chegava aos meus peitos. Ela sorriu em minha direção.

–Amy! Que surpresa agradável – disse sinceramente. – Não sabia que era você a nossa nova hóspede! Venha, vou te mostrar o seu novo quarto.

Acenei com a cabeça e dei um “olá” timidamente enquanto seguia ela pelas escadas. Entramos em um corredor no 2° andar e ela disse:

–Então, esse quarto à direita é o meu e ali do lado é o meu closet. Aqui, do lado esquerdo à escada tem 3 portas. A última é o quarto do Ian, a do meio é um banheiro e a 1ª porta, é o seu quarto. Vamos entrar! Acho que vai gostar da decoração.

Ela abriu a porta de madeira branca e a segui para dentro do quarto. Não era o maior quarto do mundo, mas era bem grande.

–Oh, Natalie! É simplesmente maravilhoso! Lindo, lindo.

O quarto era verdinho claro e os móveis brancos. Logo que você entra no quarto, dá de cara com um espelho grande que fica pendurado no “lado” do roupeiro. Esse roupeiro tinha 4 portas e já estava cheio de roupas lindíssimas, sapatos maravilhosos e bolsas incríveis. Quase desmaiei.

Na parede oposta a da porta, ficava a janela, que por sua vez era enorme, cobrindo quase toda a parede. Uma cortina esvoaçante feita de um tecido leve dançava calmamente pelo vidro. Embaixo tinha uma escrivaninha muito fofa com um porta – lápis florido, um abajur verde, uma caderneta e um notebook. Um pufe ficava junto para eu sentar. Do lado da escrivaninha, ficava uma cadeira de aparência confortável. Na parede oposta ao roupeiro, ficava uma estante enorme e cheia de livros, incluindo livros de aprendizado, romance, mistério, comédia e aventura. E por fim, na parede da porta, ficava uma cama de casal com uma colcha florida e várias almofadas. Também tinha um tapete fofo e felpudo no chão.

Com toda essa lindeza de quarto, tinha até quase esquecido de perguntar, mas quando Natalie estava já saindo, a chamei:

–Hey Natie! – Ela se virou e esperou eu continuar. – Hum, onde eu, tipo, tomo banho?

–Ah, é claro! – Juro que vi um sorrisinho. – Neste banheiro do lado. Ele faz parte da suíte do Ian, mas tem além da porta de acesso pelo quarto dele, a porta do corredor.

–Ah, sim. Obrigada. Acho bom eu tomar um banho porque a viagem foi cansativa e eu também estou molhada pela chuva.

–Imaginei. Qualquer coisa estarei lá embaixo.

Então, ela desceu as escadas e eu fiquei sozinha em meu novo quarto. Deixei as malas embaixo da cama e abri o roupeiro tentando escolher uma roupa. Resolvi pegar um vestido florido solto e uma rasteirinha de brilhos.

Saí do quarto puxando a porta atrás de mim e abri a do banheiro. Entrei e tranquei a porta. Escutei um barulho de água caindo e me virei. Vi Ian de olhos arregalados dentro do box do banheiro, que era de vidro. Ainda bem que ele ainda estava com a toalha na cintura.