Amor Na Bagagem escrita por gabi13


Capítulo 8
Capítulo 8 - O Quarto


Notas iniciais do capítulo

Estou adorando os reviews de vocês... Logo o "mocinho" dessa história entra na vida da Alice (não nesse capítulo, mas enfim, em breve)... E nem tudo é o que parece, hahaha. Lembrem-se disso.



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Ficamos conversando sentadas num canteiro com palmeiras artificiais. Minha tia nos pega uns quarenta minutos atrasada, e se desculpa com a justificativa de que encontrou uma ex-colega de curso no café e se distraiu com a conversa. Nós aceitamos sem problemas, entramos no carro e, antes que percebêssemos, já estávamos em casa. Abrimos a porta, pegamos nossas bolsas, pendurando-as no ombro. Passamos por um corredor acarpetado, com quadros na parede, e minha tia faz o maior suspense do mundo para subir a escadaria de mármore branco. Entramos em outro corredor igual ao primeiro, e no fim dele, se encontra uma porta de tecido toda florida, com uma maçaneta rosa e brilhante.

–Se a porta é assim, imagine o quarto – Becky sussurra para mim. Eu sorrio concordando, e começamos a dar pulinhos de ansiedade.

–Abre logo, tia! – Peço eu. Ela acata meu pedido, abrindo devagar a porta e nos dando uma visão do aposento que dividiríamos por dois meses.

O quarto é como um espelho, com dois lados iguais. Em cada um deles, se encontra uma cama king size com um cobertor na mesma estampa da porta, uma cômoda com espelho, uma poltrona cor de rosa e tapetes floridos, além de uma porta de vidro e uma de madeira, para cada uma um closet e um banheiro. Cada lado também tem uma sacada com grades brancas como as do portão, decoradas com pequenas flores de metal. Becky, encantada, corre até a cama do lado direito e se joga de costas nela, largando a bolsa e rindo.

–Essa é a minha! – Ela diz.

–Tudo bem, eu fico com a do outro canto! – Saio correndo e me jogo na minha cama também. Viro-me e sorrio ao ver que tem estrelinhas no teto, exatamente iguais a da minha casa. Tia Lourdes deita ao meu lado, explicando.

–Eu pedi para sua mãe tirar fotos de algumas partes do seu quarto e me enviar para eu ter uma ideia de como fazer você gostar.

–Não teria como não gostar, tia! A senhora é incrível! – Eu a abraço.

–Então eu acho que vou deixar vocês aproveitarem um pouco disso tudo e vou descer para orientar a cozinheira, dona Rosa. Quando for a hora do jantar chamo vocês.

–Ok, obrigada!

Ela mal sai do quarto e Becky abafa um grito no travesseiro e ri alto.

–Isso não é incrível? Vamos, vamos começar a arrumar nossas coisas!

Acabo a obedecendo e tirando tudo o que comprei das sacolas, organizando tudo no closet, de paredes beges e com armários brancos e marrons claro. Tiro meu notebook e meu celular da bolsa, percebendo que recebi uma nova mensagem de um número bem conhecido, que por mais que eu tentasse, deletasse e tentasse de novo, nunca esqueceria.

“Oi amor! Espero que sua viagem tenha sido boa, vou morrer de saudades. Ligue-me quando voltar, beijos. - Mark”.

Amor? Ok, quem ele pensa que é para me chamar assim? Ele é um estúpido, ele me enganou, ele partiu meu coração. Ele não tem direito de ser carinhoso comigo. Na verdade, ele não tem direito nem de chegar perto de mim, e me manda uma mensagem me chamando de amor? Ah, eu acho que não.

Tive que esconder rápido minha revolta, antes que Becky percebesse algo, então simplesmente digito um “está tudo bem, e ok” de volta e jogo o celular na cama. Entro no banheiro e descubro que minha tia já deixou um estoque de maquiagem e de produtos de beleza pronto, já que haviam roubado tudo o que trouxemos. Dou uma olhada ao redor, demorando meus olhos no box, no balcão de granito preto, na banheira de hidromassagem e nas toalhas florais e cor de rosa penduradas num cano de ferro. Depois de conferir tudo, volto para o quarto, deito na cama e relaxo os músculos. Becky faz o mesmo, e ouvimos a voz de minha tia nos chamando para o jantar.

Nesse momento, percebo que estou com fome, já que desde o avião não coloco um pedaço de comida na boca. Descemos correndo as escadas e nos sentamos na longa mesa de jantar onde se encontra apenas minha tia, sentada em frente a três lugares organizados com pratos e copos de porcelana branca, talheres de prata e guardanapos de colo.

–Onde está o tio? –Pergunto, estranhando a mesa vazia.

–Saiu em outra daquelas viagens malucas por causa da empresa dele... Só volta no fim da temporada. –Ela me responde, desanimada. – Mas pelo menos eu vou ter vocês para me animarem! – Seu rosto volta a se iluminar.

–Pode ter certeza! – Becky se intromete na conversa, o que faz minha tia dar um sorriso. Nesse momento, uma senhora baixinha, magrinha e morena entra na sala, e logo a identifico como sendo a tal cozinheira, dona Rosa. Ela nos serve um prato de macarronada com filé, que me parece muito boa. Comemos tudo rapidamente, e recebemos um pote de sorvete como sobremesa, servido em pratinhos de porcelana cor de rosa. Depois de acabado, ficamos na mesa apenas conversando e trocando novidades, até chegarmos a um assunto que me deixa envergonhada.

–E então Alice, como estão os namorados? – Eu previ que ela faria essa pergunta, já que é um comportamento normal de qualquer tia querer saber sobre a vida amorosa da sobrinha, mas vou confessar que devo ter algum problema, porque toda vez que me perguntam algo do gênero fico totalmente vermelha. – Ah, nada por enquanto... – Sorrio, tentando parecer convincente. – E tem algum garoto especial fazendo esse coraçãozinho bater mais rápido? – Eu coro mais ainda e Becky se engasga com o suco, tendo um ataque de risos. Lanço um olhar reprovador para ela, aproveitando a chance para mudar o assunto. – Não, nada, mas aposto que Becky tem umas histórias muito interessantes para contar, né? Como está o João? – Eu sorrio ironicamente, e sei que ela está me matando em sua mente. O foco de minha tia muda instantaneamente para Becky, que tenta disfarçar de todo modo sua paixonite por esse garoto da nossa turma, com quem ela quase havia tido seu primeiro beijo, mas desistido de última hora, alegando que não tinha certeza em relação aos seus sentimentos. Enquanto ela se esquiva das perguntas, eu deixo minha mente vagar pela mensagem que tinha recebido mais cedo, sem entender o que Mark realmente queria... Como sempre.

Depois de mais um tempo falando sobre as futilidades do dia a dia, subimos para dormir. Limpo a maquiagem do rosto, coloco uma camisola verde de bolinhas, e quando volto para o quarto, Becky já está num sono profundo. Deitada, pego meu celular e sinto um arrepio ao ver que há uma nova mensagem... Exatamente de quem eu pensava.

“Ainda bem, não gostaria que nada de errado acontecesse com você, você sabe que eu te amo, né?”

Apesar da raiva, essas palavras conseguem mexer com algo dentro de mim, algo que eu esperava que ficasse guardado lá, pegando pó para sempre. Encolho-me entre as cobertas, e quando respondo a mensagem dele, sei que infelizmente eu estou sendo sincera, e bem mais do que eu gostaria.

“Eu também te amo.”

Pego no sono.



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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Estão gostando? Deixem reviews!