Amor Na Bagagem escrita por gabi13


Capítulo 25
Capítulo 24- Clube


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Acordo torcendo para que os acontecimentos do dia anterior houvessem sido apenas um sonho ruim, mas como eu já esperava, não foram. Becky puxa meus lençóis e me joga um vestido, animada como somente ela poderia estar naquele momento. Ou talvez eu também pudesse, se não estivesse com o pior dos meus humores. Ela sai correndo e avisa que estou atrasada e que irá me esperar no carro. Visto-me desajeitadamente e pego minha bolsa. Penso em parar para o café da manhã, mas simplesmente pego uma barra de cereais e a abocanho, correndo para a garagem. Tia Lourdes leva a mim, Becky e Guto até a entrada do clube, onde assinamos papeis e mostramos nossa identidade para provar que estamos apenas de visita e somos de outra cidade, possibilitando nossa entrada grátis.

-Amor, aí está você! – Grita Thiago, correndo em minha direção. Tenta me beijar mas viro o rosto, fingindo que vou conversar com Becky. O beijo acerta minha bochecha. É realmente uma pena que Becky já tenha ido em direção às piscinas com Guto. Ele finge não perceber que foi proposital e puxa-me pela mão em direção a um pequeno quiosque que havia alugado.

Nicholas está lá dentro. E Juliana também. O que diabos eles estão fazendo juntos? Eles não haviam terminado? Ao chegar mais perto, percebo que os dois mal se olham, o que é um bom sinal. Quer dizer, não para mim, para o Nick. Ele não tem que sofrer. Cumprimenta-me com um sorriso de orelha a orelha, até baixar os olhos para minhas mãos, entrelaçadas com as de Thiago. Sua expressão se fecha totalmente. Ele estaria com... Ciúmes? Em segundos, ele volta ao normal. Eu devo estar ficando louca.

-Amor? – Thiago chama minha atenção, e só então percebo que estava perdida em meus pensamentos.

-Sim? – Respondo, percebendo que essa é a primeira palavra que proferi desde que cheguei ao clube.

-Acho que eu vou buscar um sorvete, você quer um?

-Não, obrigada. Vou ficar por aqui mesmo.

Ele dá de ombros e sai assobiando do quiosque, me deixando sozinha com Juliana e Nicholas.

-E então, o que vocês planejam para hoje? – Peço.

-Se o tempo abrir mais tarde, vou pegar um sol. Por enquanto, vou dar umas voltas por aqui. – Juliana responde, aparentemente feliz pela quebra de gelo no ambiente.

-Eu estava planejando dar uma volta de skate... Vem comigo? – Nicholas me olha, e sinto arrepios pelo meu corpo todo. Sinto-me culpada por minha resposta, mas não consigo evitar.

-Claro.

Saímos do quiosque e descemos um pequeno morro até a pista. Olho para baixo sem parar, apenas sentindo o pavimento contra meus tênis e pensando no que falar. Engraçado. Quando eu tinha certeza de que não sentia nada por ele, conversava diretamente e sem parar, e quando uma pontinha de dúvida aparece, me sinto uma idiota parada ao lado dele. Felizmente, ele resolve acabar com o silêncio.

-E então, como você está?

-Bem, e você? – Droga, eu poderia ter falado algo produtivo, para variar.

- Tudo bem. – Ele responde, e percebo que parece um pouco desapontado. Ele queria que eu estivesse mal, é isso? Ou será que ele queria que eu e o Thiago tivéssemos terminado? Certo, eu realmente tenho que parar com isso. Ele está sendo educado e eu estou parecendo uma idiota. Ele vai perceber.

-Alice, tem certeza de que está tudo bem? Você está muito quieta. – Eu sabia.

-Geralmente eu falo demais? – Isso, aja como uma namorada neurótica, muito bem, Alice.

- Pra falar a verdade, fala sim. – Ele ri, e eu me surpreendo com a sinceridade dele. Ao perceber minha cara, tenta desfazer a brincadeira. – Eu não me importo.

Fico quieta até chegarmos à pista. De repente, ele bate a mão na testa e me olha rindo.

-Não acredito, eu vim até aqui e esqueci os skates. Eu tinha até trazido um pra você, desculpa!

-Tudo bem, eu não me importo...

-Vou até lá buscar, e não tente me impedir. – O tom de voz que ele usa me faz rir, então concordo.

-Você podia trazer um copo de suco para mim? – Pergunto, estendendo uma nota de dinheiro para ele. Eu estava precisando me acalmar.

-Claro que sim, senhorita. Eu vou pagar.

-Nem pensar, pegue o dinheiro!  - Eu protesto.

Nick simplesmente ignora, me mostra a língua e sai correndo morro acima. Reviro os olhos e fico sentada, observando alguns garotos fazerem manobras. Um deles, alto e ruivo, aproxima-se de mim.

-E aí, gata? A fim de dar uma volta?

-Não, obrigada. – Sempre tentei dar foras com a máxima educação. Não que eu receba muitas cantadas, mas as que recebo respondo cuidadosamente.

-Ah, claro que quer! – Ele passa o braço pela minha cintura, e eu tento me livrar.  

-Me solte! Não quero nada com você!

Ele ignora meu protesto e, rindo, puxa meu rosto em direção ao dele. Nesse momento, alguma coisa puxa-o para trás. Nicholas.

-Acho melhor você nunca mais encostar um dedo nela, ou vai se ver comigo. – Ele diz, e pela primeira vez, gosto da sensação de ser uma donzela em apuros.

O garoto simplesmente se afasta, provocando.

-Ué, você não me avisou que tinha um namoradinho! Eu já devia ter imaginado, gatas como você não ficam sozinhas.

-Eu não tenho namorado! Quer dizer, eu tenho, mas...

Nick me interrompe.

-Ela não te deve explicações. - Vira o rosto para mim. – Tudo bem?

Assinto com a cabeça.

-Venha, vamos sair daqui. Deixei seu suco ali, e acabei me esquecendo novamente dos skates. – Ele ri. – Acho que não vamos precisar deles hoje.

Descemos em direção a algumas mesas, próximas a um canteiro de flores, e nos sentamos. Ele me estende o suco.

-Não sabia qual seu sabor preferido, então peguei o de maracujá.

-Você acertou! – Eu sorrio. Minha vó sempre me diz que suco de maracujá deixa as pessoas calmas. Espero que ela esteja certa.

Bebo meu suco em silêncio, sentindo correntes elétricas passarem entre nossas pernas encostadas no banco. Fico tão concentrada nisso que pulo para trás quando alguns garotos passam por nós andando de bicicleta e gritando.  Como se não bastasse o susto, derrubo todo o resto do meu suco na blusa de Nick, ficando paralisada. Ele começa a rir, o que me deixa mais tranquila, mas ainda totalmente sem jeito. Vou em direção a uma construção perto dali, o lugar onde ficam os faxineiros, para ver se consigo um pano. A porta está fechada. Forço um pouco a maçaneta e quase não acredito no que vejo.

 Thiago. E Juliana. Dessa vez, eles não estão apenas conversando. Está mais para um intercâmbio bucal. Apesar de todas as dúvidas dos últimos dias, percebo que, mesmo que um pouco, ainda gosto de Thiago. Chocada, apenas corro para o outro lado do clube, em direção ao lago, e sento-me na borda. Só percebo que as lágrimas estão caindo quando estou encharcada, e não faço ideia de quanto tempo passo lá até alguém sentar-se do meu lado. Nicholas.

-Você estava tentando me falar, né? E eu não te deixei. – Eu falo, entre as lágrimas.

-É, eu estava, mas você não tinha como adivinhar.

-Eu sou uma idiota. Como eu não percebi?

-Quem não percebeu foi ele.

Olho para ele confusa, parando de chorar.

-Ele não percebeu o que perdeu. – Ele sorri e me abraça.

Apoio a cabeça no seu ombro e fico quieta por alguns instantes, sentindo o conforto que só o abraço dele poderia me dar naquele instante. Se eu estava confusa antes, tudo piorou. Eu achava que gostava do Nick, e agora acho que gosto do Thiago. Por que eu tenho essa mania de dar valor para as coisas depois que as perco? Eu sou cega. Se tivesse prestado mais atenção no Thiago, talvez ele não tivesse me traído, mas eu fiquei olhando para o Nick, que é só meu amigo.

-Vem. – Nicholas me puxa pelo braço até a portaria do clube, onde Becky já me espera.

-Obrigada por avisar, Nick. Já chamei a tia dela.

Ele assente com a cabeça e vira-se para ir embora, mas decido que ele não pode ir sem que eu lhe diga algo.

-Nick!

Ele se vira.

-Obrigada. – Sorrio.

-Não tem de que. – Ele sorri de volta e vira-se novamente, descendo o morro.

-Vem, Alice. Vamos pra casa. – Becky me chama, e entramos no carro de tia Lourdes, que já me espera pronta.

-Ele não te merecia. Você sabe disso.

-Eu sei. – Respondo, me limitando a uma resposta curta. Não tenho certeza de quanto posso falar sem cair em lágrimas.

-Vai ficar tudo bem. – Ela e Becky dizem juntas, e caem na gargalhada. Acabo rindo com elas, e torcendo para que, mesmo que em parte, elas estejam certas.


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Notas finais do capítulo

ATENÇÃO! O próximo capítulo provavelmente não vai ser postado amanhã, porque ele ainda tem que ser escrito e mandado para as minhas revisoras. É um dos capítulos mais importantes e eu preciso de um tempo para pensar bem nele! Obrigada por acompanhar, beijos!



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