Amor Na Bagagem escrita por gabi13


Capítulo 17
Capítulo 17 - O Jantar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora!



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Às quatro da manhã, ouço um bipe do meu celular. Não posso dizer que fui acordada pelo barulho, já que estou totalmente elétrica, me lembrando de cada segundo do dia anterior, cada momento, cada beijo, cada palavra. Clico em visualizar mensagem.

“Não vou poder te ver hoje durante o dia, tenho um jogo de futebol, mas passo aí as sete, tenho uma surpresa. Beijos, -T”.

Ao mesmo tempo em que fiquei triste e desapontada por não poder vê-lo, fiquei ansiosa para descobrir qual seria a tal surpresa... Se fosse como a gruta, seria mais do que perfeito. O cansaço me vence, e adormeço alguns minutos depois.

Pela manhã, sou acordada com um beliscão e alguns tapas, percebendo que é Becky.

-Acorda, dorminhoca. Nós estamos sem nos falar direito há uns dois dias, sendo que dormimos no mesmo quarto. Guto saiu para uma partida de futebol, então eu estava pensando em a gente sair para fazer algo e conversar. Tudo bem para você?

-Sim, o Thi também saiu.

-Beleza, então levanta daí e vai se arrumar, eu já estou pronta.

Nesse momento, percebo que ela já está com os cabelos bem penteados, um vestido verde claro e sandálias rasteirinhas. Concordo, espreguiçando-me e levantando-me, sentindo a cara um pouco amassada do travesseiro. Vou até o banheiro e jogo um pouco de água na cara, escovo os dentes, visto shorts e uma blusa azul larga e desço as escadas. Lá embaixo, Becky come uma tigela de cereais e minha tia se serve de leite. Dou bom dia e me sirvo de uma fatia de pão com goiabada. Comemos tudo e saímos para dar uma volta no centro e conversar.

-E então, Alice, como estão as coisas com o Thiago? – Becky me pergunta.

-Tudo ótimo... Ok, eu vou ter que te contar, ele me beijou ontem.

-Ele o quê?! Como você não me conta essas coisas?

-Ah, não esquece que você só me contou do Guto um dia depois, né. –Eu sorrio.

-Tá bom, tá bom, te dou um desconto. Agora, lembra do que você me prometeu?

-O que eu te prometi?

-Que ia contar cada detalhe, ué. – Ela dá uma gargalhada.

-Tá... Foi bom.

-Bom? Só isso?

-Era pra ser mais do que isso? Foi meu primeiro beijo, qual é? – Estranho.

-O meu também foi, mas não foi só “bom”... Ih, o Thiago não é tudo isso então?

-Ah, sei lá Becky. Ele pode não ter o melhor beijo do mundo, mas eu gosto muito dele, e não é isso que vai me fazer parar de gostar.

-Ok, você se acostuma e com o tempo vai ficar bom, se vocês se amam eu apoio com toda certeza.

-Ah sim, ele me mandou uma mensagem dizendo que tem uma surpresa para mim hoje à noite.

-Ai, que lindo! Eu e o Guto vamos dar uma volta no cinema, acho eu. Tem um filme incrível em cartaz!

-Não sei como não pensei em vocês dois como um casal antes, vocês são perfeitos!

-Obrigada. – Ela sorri e olha para baixo, corando. –Eu estou gostando muito dele, de verdade. Só tenho medo do que fazer quando o verão acabar.

-Também tenho esse medo... Mas existe internet, e sempre é possível uma visitinha em alguns espaços de tempo... O Guto me visita direto, aí vocês vão poder sair juntos.

-Sério? – O rosto dela se ilumina.

-Sim, sério. – Eu confirmo.

Continuamos caminhando pelas ruas lotadas, olhando vitrines e falando bobeira, quando olho meu relógio.

-Já são quase seis horas! Eu tenho que me arrumar. – Me apavoro, e Becky concorda com a cabeça.

Vamos para casa, tomo um banho rápido e coloco um vestido rosa com detalhes brancos, um salto baixinho e uma pulseirinha de prata. Thiago aparece no horário certo, e eu sorrio ao vê-lo parado na entrada, usando jeans e uma camiseta preta. Ele me dá um selinho e estende a mão, que aceito. Vamos caminhando até a esquina, onde ele me dirige a um restaurante.

Passamos pela porta. O ambiente é todo decorado à moda antiga, com um enorme balcão de linóleo, luzes baixas, cortinas xadrez e cadeiras estofadas. Os garçons todos se vestem com terno e gravata e carregam bandejas de madeira com copos de porcelana. Na parede se encontram anúncios antigos de bebidas e outros produtos, e o local está bastante lotado. Como sempre gostei de coisas antigas que permanecem com o tempo, o restaurante me encanta.

-Você é cheio de surpresas, né?

-Eu nunca vou cansar de te surpreender. – Ele sorri.

Dá o nome dele no balcão do restaurante, e um garçom com um bigode enorme nos leva até a mesa que ele havia reservado, cheia de pétalas de rosa vermelhas espalhadas e guardanapos brancos dobrados com extremo cuidado em cima dos pratos de porcelana fina.

- Você é totalmente louco. – Eu digo, depois de me sentar e depois de o garçom ter saído.

- Louco por você. – Ele diz, e me dá um beijo, logo depois se sentando na cadeira em frente a minha.

O garçom nos traz o cardápio, com um layout antigo e parecendo um pouco queimado nas pontas para fazer charme. A variedade não é muito grande, já que é uma casa de massas, mas todos os pratos me parecem muito bons. Acabamos pedindo lasanha, uma garrafa de refrigerante e, de sobremesa, Thiago pede duas trufas, fechando o pedido com uma piscadela ao garçom, que faz um sinal afirmativo com a cabeça. Enquanto o prato não vinha, conversamos.

-Eu queria entender o que seus amigos têm contra mim. – Eu falo, quando nosso assunto começa a se aproximar desse ponto.

-Que amigos?

-Nicholas e Juliana, ué.

-Ah, o Nick odeia que não olhem para ele, e principalmente que ignorem as tentativas dele de chamar a atenção. Você fez exatamente isso no primeiro dia. E a Juliana deve estar com ciúmes.

-Ciúmes de que? Ele me odeia.

- Sei lá, aquela garota é meio estranha... Mas não vamos falar dela, ela não tem nada a ver, vamos mudar de assunto. Você está muito linda hoje. – Estranho o esforço dele em mudar de assunto, mas mesmo assim sorrio e agradeço, enrubescendo. Droga, por que eu sempre fico vermelha? Eu poderia ter nascido com a pele um pouquinho mais escura, então ninguém perceberia, mas não. Eu tenho que nascer branca como a neve, e ainda numa cidade em que praticamente não há sol para me bronzear. Sou salva daquele momento embaraçante pelo garçom, que serve a lasanha. Comemos em silêncio e, apesar de a comida ser boa, nem se aproxima da do La Plata, claro.

Assim que acabamos, o garçom traz a sobremesa, duas trufas de enormes e bem enfeitadas. Fico com água na boca. Dou a primeira mordida, sentindo alguma coisa de ferro machucando minha boca.  Reclamo de dor e olho desconfiada para o doce, puxando de dentro dele uma pequena argola prata um pouco suja de chocolate, mas mesmo assim brilhando contra a luz. Uma aliança de compromisso.

- Alice, você aceita ser minha namorada? – Thiago pergunta, olhando em meus olhos, claramente divertindo-se com minha expressão assustada. – Eu estou apaixonado por você e quero que você seja minha única garota.

Meus olhos marejam e eu abro um sorriso enorme, emocionada. Sempre havia visto cenas como aquela em filmes, mas nunca, nunca, nunca, nem em um milhão de anos imaginaria que algo assim aconteceria comigo fora dos meus sonhos... E olhe para mim agora! Milhares de pensamentos passam-se pela minha cabeça até a resposta surgir, brilhando e transbordando por minha mente.

-É claro que eu aceito.

As pessoas no restaurante, que acabaram prestando atenção em nossa situação, levantam-se e aplaudem-nos, o que me deixa totalmente sem graça. Ele me abraça, me beija e coloca o anel no meu dedo, sorrindo. Pagamos a conta e vamos andando até a praça, local de nosso primeiro “encontro”. Sorrimos ao lembrar-nos de tudo naquele dia... Conversamos por uma hora e, depois de um tempo, ele me leva para casa, me dá um último selinho e vai embora.

Suspiro e corro para o quarto, acordando Becky, mostrando o anel e gritando. Ela levanta num pulo, automaticamente elétrica.

-Eu sabia que isso ia acabar acontecendo! Levanta a mão e me deixa ver isso direito!

-Calma! – Eu digo, obedecendo as ordens dela e colocando a aliança numa linha de visão decente.

-Ué, ele é usado ou é impressão minha? – Becky sabe praticamente tudo sobre joias, já que seus pais tem uma joalheria e ela trabalha duas vezes por semana nela para garantir a mesada.

-Como assim? Pode ser só porque ele a colocou dentro de uma trufa, não pode? – Pergunto.

- Sério que ele fez isso? Ai, que romântico! E não sei... Nunca analisei um anel que saiu de dentro de uma trufa, mas acho que ele deve ficar com uma aparência de usado.

 Ficamos mais alguns minutos saltitando, e eu mal posso me aguentar de emoção. Deito-me no travesseiro e fecho os olhos, imaginando se finalmente, depois de tantas noites em claro, encontrei meu príncipe encantado.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Estão gostando do Thiago como namorado? Hahaha, aguardem!



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