Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

- Heeeey! Aqui um capítulo fresquinho para vocês.
Já vou adiantando, preparem-se porque esse capítulo é tenso!
.
Leiam as notas finais.



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Depois de uns dias Mikoto me ligou. Foi gentil e formal até tocar no ponto chave da conversa, a razão de ter me ligado. Era óbvio que ela não queria ser minha amiga ou me tratar com cordialidade, só queria manter-me embaixo de suas asas de gente rica para garantir que eu não desligasse o celular assim que ouvisse sua voz.

Pessoas são assim, movidas por interesse.

Perguntou quantas pessoas sabiam além de nós, eu disse que apenas minha psicóloga e o teste de gravidez que já devia estar em algum aterro sanitário. “Ótimo!”, ela disse. Também perguntou se eu tinha certeza absoluta que o bebê era de Sasuke e eu confirmei, indignada por ainda haver dúvidas. Acrescentei de forma muito educada que estaria disposta a fazer exames caso ela exigisse, apenas por capricho, afinal, dela eu não queria nem o sacrifício de me ligar.

-Não quero nada de vocês além de ajuda para achar uma solução. É injusto deixar que eu carregue tudo nas costas sendo que não fiz nada sozinha. Tenho outros problemas para lidar. –Esclareci.

-Entenda meu lado, meu filho é muito jovem…

-Também não quero nenhum tipo de relação com seu filho, se é isto que a senhora teme. Disse e repito: só quero uma solução e estou disposta à tudo.

O natal estava chegando e tudo o que eu queria era esquecer de tudo por pelo menos uma hora, mas coisas simples do dia-a-dia me faziam lembrar o tempo todo “você está grávida”, “você está grávida”, “você está grávida”…

Era como andar para cima e para baixo com uma bomba relógio prestes a explodir.

Tinha duas coisas que eu precisava esconder, em primeiro lugar a mais evidente: os cortes recentes nos pulsos e tornozelos. Para ocultá-los usava maquiagem e pulseiras, mas gráças aos dias chuvosos de Dezembro as cacharréis e meias três-quartos tem feito esse trabalho muito bem. Mas as cacharréis trás um problema que já nos leva à segunda coisa a ser ocultada, que até então tem sido maleável: a barriga. Já apresento uma pequena saliência que as blusas de frio coladas que eu tanto amava sublinhavam mais ainda, então eu tive que abrir mão delas para casacos de moletom folgados e nos dias quentes camisetas largas.

Felizmente ninguém suspeitava e eu não dava a entender que algo estivesse acontecendo como a formação de um bebê no meu útero.

E o natal veio, o melhor, vinha, avassalador com sua glória, luzes e mesas postas. Eu sabia que não podia mais quardar aquilo a sete chaves, uma hora mamãe encontraria os pacotes de absorvente no fundo do guarda-roupa ou os refis de seio para não vazar leite. Uma hora ela ia achar os comprimidos que não tomo há mais de um mês dentro do meu cofrinho onde deveria haver moedas. Uma hora ela verá que andei me cortando. Uma hora ela vai sentir o cheiro dos cigarros. Uma hora ela irá me perguntar o que está acontecendo. O que direi?

“Estou grávida, mãe.”

Assim, cru, como se não fosse nada. Olhando tudo dessa forma eu tenho medo. As aulas acabaram e minha distração tem sido cigarros e gilete. Contei isso para Shizune na última consulta e ela me perguntou se andei pesquisando coisas prejudiciais para a gravidez, eu respondi que não e que nem iria pesquisar nada. Indignada, comecei a falar sobre minhas ações.

-Sei que em algum parágrafo vai estar escrito que o cigarro além de fazer mal para a minha saúde fará mal para a saúde do bebê, afinal, os médicos acham qualquer desculpa para as pessoas pararem de fumar porque estão cansados de atender paciêntes com problemas respiratórios ou câncer nas vias aéreas. Eu sei. É tudo preguiça dos médicos.

-Mesmo que seja, Sakura, já pensou que tudo isso é verdade? Muita gente morre por causa desse cigarro que você acha tão inofensivo.

-E vai saber se não é essa a intenção delas? –Disse particularmente. –Sabe… A vida é nossa e ao mesmo tempo não é. Não nos deixam nem nos matar.

-Veja pelo lado positivo. Talvez não deixem as pessoas se matarem porque elas se importam.

-Isso não faz sentido.

-Por que não?

-Porque são elas mesmas que fazem com que a gente chegue a esse ponto.

-De quem estamos falando afinal?

-Da sociedade e dos loucos. –Disse com vergonha.

-E você acha que eu, Shizune, faço parte de que categoria?

-Da nula. –Ela ficou uns bons minutos anotando coisas em um caderninho, depois o fechou e retomou o assunto anterior.

-Então ainda não sabe o que fazer? –Neguei. –Sabe que o tempo tá passando, não sabe? Se for tomar qualquer decisão drástica, precisa ser agora, ou mais tarde tudo se torna ainda mais difícil.

-Sobre isso eu pesquisei.

-O quê?

-Isso. –Ela já estava cansada de engolir o cinismo de Shizune. –Até os três meses não tá tudo bem. Eu não tenho nem dois ainda!

-Mas daqui a semanas terá, e dali mais algumas semanas terá três meses e vai ficar impossível um aborto, se essa é uma das suas alternativas. Portanto, terá uma saída a menos. Plano B.

-Não tem plano B!

-Então você sabe o que quer fazer, quer abortar. –Calei-me. Ela riu com desgosto e eu abaixei a cabeça envergonhada. Pela primeira vez fiquei com vontade de chorar na frente de uma médica que não é médica, que tirou diploma pra conversar com pessoas doidas. Conversar não, querer saber da vida e opinar nas decisões de gente louca. Como me senti envergonhada. –Sakura, não estou aqui para te julgar, quero te ajudar…

-Me ajudar?! Está me humilhando! –Me exaltei.

-Você está se humilhando. Em algum momento a condenei por essa decisão? Não. Sempre que vem aqui apenas pergunto o que decidiu fazer, pois o tempo está correndo. Meu conselho para você é que se for abortar, faça logo.

-Eu sei.

-Sabe. Sobre isso você pesquisou, certo? Sobre os riscos… -Assenti. –Mas você sabe que também tem outros meios.

-Nenhum deles me convem. Não quero um bebê. –Olhei para o lado, provavelmente tão rubra quanto o moletom que eu usava.

-Pode dá-lo para uma casa de adoção.

-Não quero prosseguir com a gravidez. –Disse com impertinência. Não a olhava, mas sentia seus olhos caídos sobre mim de uma forma penosa.

Vergonha, nojo de mim mesma, vontade de me punir pelos meus pensamentos e palavras…

-Está tomando os remédios? –Neguei com um nó na garganta. Se eu falasse provavelmente choraria. –Teve recaídas? –Neguei freneticamente. –Posso examiná-la? –Perguntou levantando-se de sua cadeira de couro. Imediatemente recolhi meus braços que antes estavam sobre a mesa para debaixo desta, puxando as mangas do blusão até o meio da palma da mão, negando a ela qualquer tentativa de checar meus pulsos. –Acalme-se! Só vou pesá-la!

-Não quero! –Levantei-me igual a ela e fui me encaminhando para a porta, queria correr para longe daquela sala esquisita, me trancar em algum banheiro de posto de gasolina e reabrir aquelas fendas adoráveis nos meus pulsos. Me violar, me flagelar, beber aquelas misturas de líquidos amargos como se fosse água, fumar um maço de cigarro em poucas horas.

-Sakura! –Tentou me impedir, mas abri a porta bruscamente e saí em disparada pelo corredor tão atorduada que mal me lembrava por onde eu entrei nem por onde eu deveria sair. Corria e já me desesperando naquele labirinto branco e cor de areia, tão alvo que ardia os olhos. As pessoas pareciam se camuflar nas paredes, no chão, em todos os lugares. Repugnantes. Tentavam me segurar, me impedir, eu gritada, queria pedir ajuda, mas todos eram meus inimigos. Queria sair dos braços fortes que me seguravam, queria não dar atenção para aquelas multiplas vozes me pedindo calma, me ameaçando… Vamos ter que fazer isso e aquilo caso você não coopere!.

Não, eu não sou movida a chantagens.

Continuei relutando, continuei insistindo na minha liberdade, queria meus cigarros, queria as bebidas… Por uma ou duas vezes escapei, mas creio que não fui mais longe do que dois metros de onde estava. A clinica havia parado para me deter.

-Parem de torturá-la, façam o que tem que fazer e não perca tempo insistindo em soluções pacífica! –Ouvi Tsunade dizer, bronqueear seu pessoal.

Havia descoberto que ela era diretora daquele lugar.

Enquanto eles se distrairam com Tsunade, não foi difícil num impulso bem investido eu me desvencilhar das mãos que se afrouxavam. Pela terceira vez escapei e corri, esbarrando em tudo, só queria a saída. Meus olhos brilharam ao ver a recepção, mas antes de chegar à porta, me pegaram e aplicaram algo em mim que amoleceu todos os meus músculos.

-Malditos… -Sussurrei. –Malditos!!! –Gritei. –Me deixem ir embora!!! Me deixem!!! Me soltem!!! -Me carregavam de volta para dentro. Quanto mais eu tentava gritar, minha voz ficava rouca e não me obedecia, desisti de deixar os olhos bem abertos, meu corpo tornou-se mole como pano. Ainda sentia as mãos fortes apertarem meus braços e pulsos. Sentia uma leve ardência em um deles. Com os olhos semicerrados, sonolenta por conta do calmante forte, vi um borrão vermelho na pele alva. Devo ter aberto um dos cortes enquanto me debatia.

Eles falavam coisas que eu não compreendia, me jogavam de um lado para o outro e reclamavam da demora de alguma coisa. Foi uma confusão. Não entendia nada. Posso dizer que, ali, provavelmente em uma maca, olhando para o teto, eu senti esperança. Meu pulso estava aberto, então, se tivesse atingido uma veia, isso significava que eu estava morrendo.

Não quero ser mãe, não quero continuar de olhos abertos. A única coisa que quero é que esse sangue escoe ininterrupto, continue pingando e sujando o chão alvo daquele maldito lugar.

É o preço que se paga por perguntar coisas indevidas à suicidas, Shizune.


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Notas finais do capítulo

- Não sei se alguma leitora dessa história lia "Carpre Diem". Se lia, já sabe que ela foi cancelada, se não sabia agora sabe.
"Ah tia, mas por que Carpe Diem foi cancelada?" Simples: Falta de review.
Não vou ficar horas na frente do computador escrevendo capítulos imensos que um monte de gente lê mas só duas ou três comenta, o que é o mínimo que os autores pedem, só isso, para comentar. Vou continuar escrevendo Carpe Diem porque a história dela vai virar livro, só não irei postar mais, ou pelo menos até os leitores fantasmas tomarem vergonha na cara e comentá-la.
.
Estou enfatizando isso porque Sinal Positivo corre o mesmo risco de ser cancelada.
"Nossa tia, por que?" Pelo mesmo motivo de Carpe Diem. Recebo mais comentários nessa do que na outra, mesmo assim, é muito pouco. Quer ver como não é frescura minha?
Tenho 50 leitores nessa fic. Veja quantos reviews recebi no último capítulo. Três. 1,5% dos leitores. No Disclaimer da história avisei que com menos de 50% eu cancelava. Vou abaixar esse número para no mínimo 25%.
Estou dando esse 1º aviso pra os leitores fantasmas que não comentam e gostam da fic. Já escrevi boa parte dela, acho que mais uns três capítulos estão prontos. Se até eu postar esse terceiro último essa situação não se reverter, bye bye Sinal Positivo.
"Mas tia, só por causa de review? Então você vai parar de escrever?" Não é só por causa de review, é por falta de incentivo, sou insegura u.u O que os leitores de Sinal Positivo e Carpe Diem deixam de me proporcionar, os leitores de Strokes me proporciona, então, não, não vou parar de escrever, vou me dedicar mais a minha fic que é mais valorizada. Simples.
Recado dado
beijos