Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 22
Capítulo XXI


Notas iniciais do capítulo

Hey Ho! Era para eu ter postado antes, mas como havia postado Strokes, estava com medo de não conseguir dar conta dos reviews e resolvi esperar uns dias para atualizar Sinal Positivo. Não adiantou de muita coisa porque a Sra. Juh me bombardeou de comentário! (Linda, ela, vocês não acham?!) Ela é uma das responsáveis por fazer Sinal Positivo ultrapassar os 200 comentários! Muito obrigada à todos que fizeram parte disso!!!
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Gostaria de dizer que não é fácil escrever essa fanfic porque a todo momento tenho que estar pesquisando sobre gravidez, transtorno de personalidade e fatos da minha vida e da vida próximos (já que essa fic é baseada em fatos reais), eu me esforço, de verdade. Até vou travar Strokes para finalizar essa pelo menos até Dezembro. Espero que estejam gostando. Está meio entediante, mas prometo que vou acelerar o ritmo das coisas.
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Participem do concurso de Halloween que eu e a Coffee estamos promovendo no grupo "Coffee" do Facebook!
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Boa leitura!



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A ida para a ultrassom foi constrangedora.

Mikoto dirigia com mamãe no banco de carona, ainda tinham assunto, mesmo conversando o dia todo. Mamãe estava radiante, parecia que ela que iria fazer a ultrassom e estava toda cheia de espectativas quanto ao sexo do bebê; Mikoto a ouvia com disposição, mas não comentava muita coisa, o motivo não é difícil de deduzir.

Obviamente ela estava mais ansiosa para saber se a criança era de fato dela.

Tive uma madrugada inteira para me conformar.

Estou bem. De verdade.

Mikoto é adulta. Adultos acreditam em números, provas postas no papel; acreditam em pessoas com rótulos e funções específicas. Eu havia me conformado. Para ela, se uma médica completamente estranha disser que o bebê não é seu neto, ela irá acreditar, só porque aquela mulher estranha usa uma farda branca e sabe enxergar coisas em uma imagem borrada. Eu que gerei o bebê e tenho mais certeza do que qualquer outra pessoa nesse mundo sobre a paternidade da criança, não significo absolutamente nada. Só tenho palavras a oferecer. Essa é minha garantia. Não tenho como provar nada.

Como disse, já havia me conformado.

Talvez ela tenha o direito de sentir-se mais segura com uma médica estranha.

Sasuke ficou o caminho todo calado com os seus fones explodindo no último volume. Aidou estava dormindo no cadeirão entre nós dois. Eu o observava, sereno, crescendo, com suas bochechas rosas e cílios claros.

Como vai ser o meu bebê?

Será que será loiro como eu ou moreno como o Sasuke?

Quando chegamos à cidade eu confesso que fiquei um pouco impressionada. Parecia mais agitada do que nunca e Mikoto não parava de comentar o contrário, que estava bem calmo aquela manhã.

Calmo era onde eu morava, dava para ouvir os gatos acasalando entre as plantações a quilômetros de distância.

A clínica era de fato credenciada. Coisa de rico. As cadeiras de espera eram todas estofadas, havia opções de chá, café e água para tomar enquanto aguardamos nossa senha. Uma televisão mais fina do que uma tábua de carne transmitia uma matéria sobre a saúde capilar. Havia algumas mulheres grávidas, poucas, e todas acompanhadas por um homem, suposto marido. Eu me sentia o centro das atenções, pois mamãe já estava com um bebê no colo e eu estava buchuda (a roupa que usava evidenciava mais do que o normal). As pessoas tentavam evitar, mas nos olhavam com estranheza.

Que família é essa?

Se eu estivesse de fora daria a unha do meu dedo mindinho que Mikoto e mamãe eram um casal lésbico e o Aidou um bebê feito pela clínica e que eu era uma menina com intestino preso e Sasuke meu irmão mais velho rebelde que nos acompanhava por obrigação.

Senha 165.

A Mikoto foi comigo na recepção, forneceu os dados e trocou um papo de rica com a recepcionista que nos indicou uma sala. Entramos todos. Foi constrangedor.

-Mas que bebê lindo! Parabéns, mães! –A doutora se explodia de simpatia brincando com Aidou que ria como se a mulher fosse de fato engraçada ou considerável. Tô falando!

Até a médica-que-vê-imagem-borrada tava tirando com a nossa cara. O Sasuke, todo sem graça, já passava a mão no cabelo e agradecia o elogio da moça que ria, de vergonha ou de graça, enquanto Mikoto explicava que Sasuke que era seu filho; que Aidou era meu irmão; que a ultrassom seria comigo e não com a minha mãe.

Entenderam?

Bom, lá fomos nós.

Ela ergueu minha camiseta até o aro do bojo do sutiã deixando a minha barriga estufada exposta para ela lambusar com o gel gelado.

Era muito gelado e me deu calafrios!

Fiquei com nojo. Achei nojento. Eu sei, estou chata, mas quando uma estranha começar a espalhar um negócio grudento e gelado na sua barriga na frente de outras pessoas você vai saber o quão ruim é.

Aquele gel parecia lubrificante. E foi exatamente isso que o Sasuke comentou enquanto estávamos almoçando. Na hora perdia a fome. Mas isso é outra história.

Sasuke mascava seu chiclete e fitava o monitor com a médica que passava e repassava um apelho na minha barriga. Aquilo embrulhava meu estômago. Evitava olhar para mamãe, os olhos dela estavam brilhando. Cretina desnecessária. A menos de seis meses ela estava no meu lugar.

-Achei você… -A mulher comentou, simpática, enquanto indicava para o monitor a coisinha que se projetava. As mulheres que assistiram fizeram um coro de ‘own’ enquanto Sasuke e eu espremiamos nossos olhos tentando ver alguma coisa que não fosse borrão.

-Antes que diga alguma coisa, não quero saber o sexo e não quero que ninguém mais saiba. –Falei desviando os olhos do monitor. Mikoto e mamãe choravam. Fiquei mais enojada.

-Coisa rara é alguém me pedir isso! –A médica comentou rolando de novo com o aparelho na minha barriga branquela, lisa e esticada.

-É que essa menina é doente! –Um segundo depois Mikoto lhe deu um tapa na cabeça. –Eu sou o pai, não posso escolher saber qual é o sexo do bebê?

Não me importei em prestar atenção no restante do diálogo. Sei que houve uma breve discussão e uma Mikoto furiosa com um certo Sasuke, mas realmente não dei atenção para nada. Fiquei pensando na afirmação dele:

“Eu sou o pai.”

Isso não devia me impressionar. Claro que não devia. Ele não é o pai? Isso não é novidade. O que me deixa estática é ele admitindo isso para si mesmo e para outras pessoas.

Eu sou o pai. Essa criança é minha.

Para quem renegou até o resquício da alma essa gravidez, é um progresso tamanho vê-lo interagindo. Ele estava ansioso para saber se seria menino ou menina. No final, apesar de toda a persuasão de Mikoto, mamãe e do emo mimado, eu continuei forte na minha escolha e exigi que a médica mantivesse segredo quanto ao sexo do bebê.

Talvez nem ela soubesse porque não comentou nada se tinha dado para ver ou não.

Disse que o bebê está com o peso e a altura ideal, bem saudável levando em consideração a mãe que tem. A médica explicou tudo sobre os remédios que eu tomava, sobre drogas, doenças psicológicas e outros fatores que afetam diretamente na gravidez. Disse que éramos uma família de muita sorte, pois o bebê estava bem.

Não era a ocasião, mas eu ri. Parecia tão improvável. Eu não estava lá tão saudável, como o bebê poderia estar assim tão fantástico, melhor do que eu? Eu passei por tanta coisa nesse início de gravidez… Não sei como não sofri um aborto. Deve ter sido Deus mesmo!

A volta da ultrassom foi mais constrangedora ainda.

Sem a minha permissão nem nada, as duas moças dos bancos da frente gravaram em vídeo da ultrassonografia e fizeram questão de colocar no DVD do carro para vermos enquanto procurávamos um lugar para almoçar. Dava para ouvir os batimentos do bebê. Não que aquilo fosse interessante, eu estava constrangida e o Sasuke absorto na paisagem, mas aquele som de batida me fez devanear.

Fiz de conta que estava sozinha no carro, em silêncio total, coloquei ambas as mãos na minha barriga e fechei os olhos, tentei imaginá-lo, ele ou ela, dormindo todo encolhido no meu útero com o coração batendo naquele ritmo. Tentei ouvi-lo, sentí-lo, mas não dava. Quando abri os olhos o Sasuke me encarava com uma expressão muito engraçada, logo explodiu em gargalhada (rindo da minha cara, obviamente). Disse que eu tava parecendo uma retardada. Mostrei a língua para ele e Aidou copiou meu gesto.

-Vai ser um menino. –Ele disse, sorrindo para algo além da janela. Aidou brincava como os fones dele.

-Menina, Sasuke. Será uma menininha pelo formato da barriga dela. –Mikoto dizia. Quase a chamei de Mãe Diná, Joana Bidu ou qualquer coisa semelhante a esses caras que sabem de coisas que ninguém mais sabe. Cruzes!

-Já disse isso para ele, Mikoto. Ele não se conforma. –Sim, eu estava confiante de que ia ser uma menina.

-Será um menino e se chamará Sasuke Junior. –Falou guardando os fones de ouvido no bolso da calça.

-Ah, claro, com certeza! –Ri da convicção dele.

-E será igualzinho a mim.

-Deus é misericordioso, não deixa um infortúnio desse cair sobre meu filho. –Fiz a cruz na testa.

-Você não acha meu filho bonito, Sakura? –Mikoto não percebeu que eu percebi, mas sim, eu percebi ela piscando para minha mãe e minha mãe percebeu o que Mikoto queria que eu não percebesse.

Quando ela perguntou aquilo, não foi num tom de ofensa por eu renegar essa ‘beleza inquestionável’ do Sasuke que todo mundo vê, menos eu. Ela usou um tom provocativo, quase sarcástico.

Será que eu tinha intimidade o bastante para falar para Mikoto que não, eu não achava Sasuke bonito?

-Claro que acho ele bonito! –Exclamei. –O Sasuke é lindo! Um pitel! –Disse tentando passar o máximo de confiança para Mikoto. Sasuke me olhava com as sobrancelhas em ângulos diferentes, uma cara engraçada que não sei definir. Não sei se era medo de mim ou estranheza mesmo. Cá entre nós, eu sou meio esquisita, às vezes assusto. –Mas, porém, entretanto, todavia, ele é tudo isso para o restante das meninas do mundo, não para mim. –Pelo retrovisor eu assiti a mudança do rosto afável de Mikoto para uma expressão concentrada.

Ops! Mexi com o filhinho dela. Acho que uma Sakura vai apanhar.

Adeus, vida! Cuidem bem da minha filha (se ela sobreviver a surra) e a batizem com o nome de Natalie Portman Burton da Silva Haruno.

Partiu para o céu!

-Pois eu acho o Sasuke um garoto muito bonito...

-Eu sei disso, mãe, não precisa se orgulhar tanto. –A interrompeu somente para inflar mais seu ego obeso.

-O caráter é duvidoso –O olhou de canto de olho enquanto ele balançava a cabeça para os lados -, mas esse rostinho, não negue, atrai qualquer uma! –Qualquer vadia, você quer dizer.

-O que tenho no meio das pernas também. –Só eu o ouvi dizendo isso. Só para constar.

Mamãe nem disfarçava que estava adorando as insinuações de Mikoto. As duas tinham um plano. Queriam me casar com o canalha. Coitada de minha mãe, tão iludida com a vida... Sempre achou que tudo fosse a sua maneira, que tudo fosse como nos filmes; é uma mulher de esperanças. Do tipo que mulher que espera o homem sair de seus sonhos, a colocar nos ombros e dizer uma frase de efeito.

Mamãe.

Deve ser por isso que ele abre as pernas par ao primeiro homem que fazuma gentileza para ela.

A cabeça de papai deve estar pesando essas horas...

Poderia falar sobre o jantar, mas como mencionei um pouco antes, Sasuke começou falar nojeras sobre mulheres grávidas que me deixaram enjoada e constrangida (porque eu estava grávida e aquelas coisas nojentas aconteciam ou aconteceriam comigo mais cedo ou mais tarde). Mamãe e Mikoto riam, contando suas experiências, como se sentiram na primeira ultrassom. Claro que a atenção se voltava para mim.

-Como foi para você, Sakura? –Mikoto perguntou amavelmente, mas minha paciência já havia estourado o limite. Estava irritada com toda aquela palahaçada.

-Quer mesmo que eu responda? –O sorriso dela se desfez e mamãe largou –propositalmente- os talheres no prato fazendo mais barulho do que o convencional. Sasuke riu pelo nariz e eu pisei no seu pé por baixo da mesa.

-A primeira ultrassom é um marco na gravidez, Sakura. –Mikoto dizia, agora com seriedade. Será que ela ainda não entedeu que eu não estava curtindo essa gravidez? –Achei que você fosse gostar de ver o bebê.

-Aquele não era meu bebê. –Disse cortando a comida no prato. Eu não queria comer, estava fazendo aquilo para evitar o meu olhar no dela.

-Claro que era! –Ela disse com uma risada forçada.

-Pra mim era só um monte de borrão. –Disse. Sasuke concordou comigo.

Mamãe estava roxa de vergonha.

-Sakura, Mikoto e eu investimos muito para leva-la na clínica e...

-Mikoto sim, você não. –A corrigi. –Você só precisou escolher uma roupa e entrar no carro.

-Sakura. –Vociferou. Agora eu a havia irritado. Mikoto torcia o bico enquanto afastava o prato com comida até a metade. Também deve ter perdido o apetite.

-Me desculpe. –Pedi desculpas porque sabia que não havia mais nada a ser dito, só não sei se ela percebeu que as desculpas era para Mikoto e não para ela. Eu realmente não queria confusão, mas já estava cansada de toda aquela palhaçada. Elas estavam agindo como se estivessem mesmo felizes por essa situação.

Eu aceitei a minha condição, isso não significa que eu esteja contente por estar grávida. Não importa se eu tenho o apoio do Sasuke e da Mikoto agora, eu tenho dezesseis anos e estou grávida. Sabe o que é isso? Terei um bebê, uma pessoa, alguém que me chamará de mãe a vida toda. Nem é filho do cara que eu amo. Nem irá nascer aonde eu quero que ele ou ela nasça. Acho ótimo Mikoto estar dando toda a força, mas cá entre nós, ela foi a primeira a me sugerir aborto, deu o dinheiro na minha mãe para eu fazer o trabalho e tudo, se ofereceu para ir comigo, daí agora fica com essa palhaçada de “Oh meu Deus! Teremos um bebê! Pintamos o quarto dele de pistache ou ocre?”

Aff, me respeita!

Odiei a ultrassom, pois para mim o bebê não é nada mais do que um borrão e aqueles batimentos podem ser muito bem outra coisa do que um coraçãozinho pulsando sangue pelo corpo minúsculo do tamanho de um polegar. Lembrem-se que não confio em adultos. Sasuke age como Sasuke, nojento e sarcástico como só ele. Ele não tá nem aí. Para ele tanto faz.

No caminho de volta para casa eu só fiquei pensando “poxa vida, daqui uma semana tem mais”, será o resultado do teste de DNA e Mikoto poderá calar a boca eternamente sobre dúvidas quanto a paternidade do filho dela.

Tomara que ela não suborne nenhum médico para saber se o neto será menino ou menina.

Ela e mamãe saíram para dar uma volta da nossa cidade enquanto Sasuke e eu ficamos em casa, na varanda, olhando para o nada. O assunto surgiu tão de repente quanto o silêncio ia e voltava entre nossas falas.

-Nossas mães se deram bem mesmo. –Comentou procurando algo no bolso.

-Minha mãe se dá bem com todo mundo. –Ele tirou um isqueiro. Ia fumar. Do meu lado. Era mesmo um filho da puta.

-Minha mãe não. Por isso estou falando. –Acendeu o canudo venenoso e sorriu ao notar que eu o observava com inveja. –Só não te ofereço porque a médica lá me disse que às vezes bebês filhos de fumantes nascem sem as unhas.

-Eu que te disse isso.

-Tanto faz. –Deu os ombros e libertou a fumaça cinza de seus pulmões de araque. –Será que elas vão demorar?

-Relaxa, vai dar tempo de você terminar seu cigarro. –Estiquei minhas pernas me espreguiçando. Sem querer impinei minha barriga.

-Isso aí não incomoda? –Olhei para minha barriga e em seguida para ele.

-Um pouco. Para lavar louça, dormir, abaixar... Vai piorar. –Quase estendi a mão para pegar um trago.

-Ainda tem mais quantos meses?

-Cinco. –Ele fez um ruído de tédio. –Três se eu tiver sorte.

-Mas aí vai nascer antes do tempo. –Tragou espremendo os olhos para olhar lá longe um caminhão que vinha na estrada.

-Sim, prematuro. Não ligo. Só quero que isso acabe. –Ele riu. –Por que da risada?

-Porque você fala como se depois que parir vai ficar tudo bem, como se as coisas voltarão a ser como era antes.

-E não irão? –Ele balançou a cabeça negativamente. –Olha, mamãe e eu já temos tudo pronto. Vamos voltar para a sua cidade quando o bebê já estiver com uns três meses pelo menos, vamos fazer com que as pessoas pensem que ele é filho da mamãe, meu irmão mais novo, daí poderei ter minha vida normal. Voltarei à escola, ficarei com o Naruto...

-Olha, antes de qualquer sermão, me diga: você em algum momento pensou que eu concordaria com isso? –Quando ia falar, me calei. O que ele estava querendo dizer? Isso foi decidido bem antes dele decidir se importar. –Agora eu faço parte disso, certo? Isso quer dizer que devo tomar decisões, ou pelo menos corcordar ou discordar com o que for proposto.

-Mas isso foi decidido bem antes de você.

-Okay, mas agora estou aqui e suponha que eu diga “Não, Sakura, eu não concordo”, o que você faria?

-Mandaria você ir catar coquinho! –Bufei olhando para o lado. Ele não poderia estar falando sério.

-Não tem coquinho essa época do ano.

-Aff, Sasuke, para com esse teatrinho, okay? Sua mãe não está mais aqui para monitorar seu comportamento.

-E quem disse que estou fazendo isso pela minha mãe? –Tragou e soltou a fumança com seu melhor sorriso torto, espremendo os olhos enquanto me olhava. Será que ele tem problema de sensibilidade a luz? –Você deu o seu show de mãe preocupada com o filho porque eu disse que ajudaria financeiramente, agora que estou sendo proativo você vem com esse papo “está tudo resolvido, pode cair fora”.

-Eu não disse isso!

-Ué, acabou de me dizer que o bebê será criado como se fosse seu irmão mais novo! –Tragou.

-E será! –Afirmei. –Mas essa é a impressão que precisamos passar para as pessoas...

-Okay. –Jogou o filtro do cigarro no canteiro. –Então quem irá cuidar da criança? –Cruzou os dedos e me olhou desafiador.

-N-nós... –Respondi confusa. Ele não precisava me olhar daquele jeito.

-Tá. Se o bebê será seu “irmão”, ficará na sua casa. E se nós iremos cuidar dele, isso significa que eu terei que ir lá. –Ia falar, mas ele me interrompeu, para variar. –Você disse que as coisas vão voltar a ser como antes, o que quer dizer que você e Naruto continuarão sendo o casal Nicholas Sparks.

-Verdade. –Confirmei tolamente. Eu apostava todas as minhas fichas nisso.

-E você acha que o Naruto ia aceitar de boa que eu fosse na sua casa assim, direto, sem limites e ficasse com o seu “irmão” e com você e talz? –Eu estava entendendo o que ele queria me dizer. –Você acha que ele não ia estranhar? Que o vizinho não iriam estranhar?

-Quando decidimos isso, não sei, não me lembro, acho que não contamos com você, apenas com o dinheiro... –Expliquei olhando os dedos dos meus pés inchados.

-Pois é, precisam repensar algumas coisinhas. –Ele se levantou para entrar.

-Sasuke! –O chamei ainda em devaneio. Não havia pensando nisso. Ele parou cobre a linha que dividia a varanda de entrada e a porta. Metade do corpo para dentro de casa e metade fora, inclinado para trás esperando que eu falasse. –E agora? –Foi tudo o que minha boca disse. Ele suspirou e me olhou com tédio. Voltou alguns passos e se sentou na cerca de madeira que rodeava toda a varanda, sentou-se bem na minha frente, e me encarou. Encolheu os ombros. Aquela era sua resposta.

-Me diz o que você quer?

-Minha vida do jeito que era antes. –Respondi voltando a atenção para os dedos gordos dos meus pés.

-A solução para isso seria deixar o bebê na adoção. –Imediatamente levantei meus olhos furiosos para ele.

-Você é louco?! –Ele arqueou as sobrancelhas em descaso.

-Você pediu meu conselho, eu dei. Se você quer sua vida como era antes, é simples, “livre-se” do bebê e o o jeito mais viável agora seria a adoção.

-Esquece. –Respondi desistente. Era uma péssima ideia conversar com o Sasuke.

-Você quer o Naruto de volta, Sakura. –Me calei, olhei para o lado. –Você não sabe nem disfarçar.

-Finja que sei. –Disse sem ânimo.

-Vou facilitar para você: -Olhei para ele com desdém. Não vonfiava em nada que ele dizia. – o que você espera de mim?

-Atitude.

-Okay, atitude. –Refletiu. –O que mais?

-Presença. –Ele repetiu. –Responsabilidade. Respeito. Paciência... Dinheiro!

-Disso você não pode se esquecer! –Disse irônico.

-Não sei. Acho qeue só isso.

-Certo. Resumindo, quer que eu seja um pai. –Confirmei. –Esse é o mínimo que posso fazer, correto? –Reafirmei. –Como espera que eu faça isso a umas cinco ruas distante da sua?

-Vai se mudar para mais perto? –Perguntei zombeteira. Minha vontade era de responder “problema seu”.

-Não porque minha casa é histórica. –Respondeu rapidamente. –Como espera que ninguém suspeite de nada sendo que vou passar grande parte do tempo com o bebê?

-Como assim “grande parte do tempo”? E o trabalho, a escola?

-Larguei a escola –Respondeu sem cerimônias – e meu trabalho é de madrugada. –Acendeu outro cigarro. Eu estava perplexa. Como Sasuke havia abandonado a escola? Tentei falar algo sobre isso, para protestar, não sei, mas novamente ele me impediu. –Sakura, quero dizer que é impossível fazer tudo do jeito que você quer. –Tragou. –Ou você abre mão da sua antiga vida de uma vez por todas ou abre mão do meu apoio.

-Você não via dar para trás.

-Pago a pensão, mas não movo uma palha para te ajudar cuidar do menino. –Disse. –Meu compromisso eu estarei cumprindo em notas. –Disse com o ar mais sério. –Você está cobrando minha participação, ótimo, eu vou fazer parte dessa droga, mas se for para ser pai, que eu seja pai e que se foda o que os outros vão pensar. Vou cuidar do meu filho, não do seiu irmão mais novo. Se o Naruto gosta de você ele vai entender a situação, senão, abraços, cai fora! –Falava rude, uma palavra atrás da outra. Parecia mirar uma arma para mim e apontar o gatilho seguidas vezes. Sabia que ele estava falando a verdade, mas eu não queria ouvir que estava errada, que meu plano naõ daria certo.

-Mas eu amo...

-Não me interessa, Sakura! –Novamente me interrompeu. –Tô pouco me fodendo para quem você ama e odeia! –Tragou e soltou a fumaça tóxica, ele estava ficando nervoso. –Você tem quinze anos...

-Dezesseis. –Corrigi.

-Tá perdendo um namoradinho, eu estou perdendo meu melhor amigo de infância. Não tem como você competir com isso. –Deu seu último trago e apagou a brasa na cerca. –Acreditou mesmo que sairia ilesa disso? –Perguntou sarcástico com seu sorriso egocêntrico. –Cresça, Sakura, cresça.

E entrou para dentro de casa, me deixando sozinha na varanda, pensativa.

Eu não tinha um plano B.

A única coisa que sabia que tinha que fazer naquele momento era resolver o que estava pendente. Não demorei para me trancar no quarto e ligar o computador. Sabia que ele estava online naquele horário, não conversávamos havia dias... Eu precisava de uma resposta, de um nort. Já estava farta desse “me dê um tempo para pensar”. Ele já teve o tempo que queria. Sasuke estava certo, acredite, assumir isso em voz alta feria o meu orgulho, mas eu precisava ser justa. Aquela palhaçada já estava passando dos limites.

Precisava saber se ele esperaria por mim, nem que eu tivesse que contar sobre minha gravidez e sobre o Sasuke. Embora eu não estivesse pronta para isso eu faria se precisasse, só para que ele me dissesse de uam vez por todas o que quer de mim.

Só Deus sabe o quão difícil é para mim ligar essa webcan, olhá-lo nos olhos e mentir. Por Deus, acredite em mim, eu daria tudo para voltar atrás e não me afastar dele um minuto sequer.

Se ele finalmente me disser que se cansou, eu irei entender.

Eu só preciso do seu não, da sua recusa, da sua raiva despejada em mim. Eu só preciso que ele me diga o que quer dizer, mas não diz.

Quando digito “olá” e sou respondida antes e dar enter na mensagem eu sei que aquela conversa será mais difícil do que qualquer outra.


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Notas finais do capítulo

Cast do próximo capítulo:
Naruto
Hinata
Minato
Papai
Reira (a irmã feia da Sakura)

Beijo Beijo



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