Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 15
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

- Oiê minhas Positivas lindas e belas! Cá estou eu, igualmente linda e bela trazendo capítulo fresquinho pu cês e agradecendo aos reviews que recebi! Você são umas fofas!
Aviso desde já que esse é o maior capítulo postado até então e creio que tem tudo no capítulo que vocês estavam esperando. Um adiantamentozinho básico: Narutinho vem dizer 'olá', Sasuke ressurge das cinzas da fanfic e vamos conhecer mais um tequinho da Hinata. Quer mais? Leia! São mais de 4 mil palavras pros seus olhos!
Boa leitura!



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Contente.


Pela primeira vez nesses último meses eu me senti verdadeiramente contente. O primeiro dia de aula costuma ser assustador, digo isso porque já mudei de escola pelo menos umas quatro vezes, mas estranhamente este meu primeiro dia foi muito bom. Sem olhares tortos ou cochichos (pelo menos não muitos). A maioria dos alunos são realmente acanhados e Hinata era a garotinha do comitê de Boas-Vindas deles. Ela não era obrigada a ser a anciã da escola, só perderia nota caso não fizesse já que foi votada pela maioria.


–E resolveram escolher justamente eu que mal consigo olhar nos olhos de alguém sem tremer as pernas. –Contava. Ao longo do ano eu percebi que ela era realmente muito tímida, tipo, ao extremo da timidez e não levava nenhum jeito para recepcionar e apresentar alunos novos. –Só não comecei gaguejar lá na entrada porque tive horas de ensaio em frente ao espelho, literalmente.


Sim, ela era estranha, mas um amor de pessoa. Gentil e pertinente, não perguntou mais nada sobre mim, na verdade não me fez mais nenhuma pergunta ao longo do dia, só me orientou sobre tópicos básicos da escola e da cidade. Outra coisa engraçada naquele lugar era a relação dos alunos, não havia grupinhos, todo mundo parecia muito unido, uns mais do que os outros, ainda assim a classe tinha um ar amistoso. Definitivamente gostei do colégio.


Antes de sair, a professora de biologia, Kurenai, pediu para que eu ficasse. Me despedi de Hinata e sentei, esperando todos os alunos sairem.


–Então. –Ela caminhou em minha direção e sentou-se sobre uma carteira a minha frente. –A diretora me informou sobre seu estado…


–Pensei que apenas ela ficaria sabendo. –Disse alarmada.


–Calma, como seus pais solicitaram isso vai ficar restrito, por questão de ética, mas numa rede escolar também temos algumas regras e caso algum imprevisto aconteça nós professores precisamos estar cientes do seu estado.


–Todos os professores já sabem? –Perguntei.


–Não, mas saberão e lhe garanto que vão guardar segredo. –Assenti e ela sorriu. –Está de quanto tempo?


–Quatorze semanas.


–Desculpe perguntar, mas você tem contato com o pai?


–Sim.


–E ele a ajuda…?


–Não. Ele era meu amigo, entende? –Ela meneou a cabeça em sinal afirmativo e fez sua última pergunta.


–Mas é você que o impede ou…


–Ele sabe das responsabilidades dele. –Peguei minha mochila me levantei. –Com todo respeito, não me pergunte mais nada sobre isso.


–Tudo bem, me desculpe. –Assenti.


–Xau.


Sasuke…


Olhei o céu. Parecia uma tijela multicolorida virada para baixo, tinha a impressão de que podia tocá-lo, mas estava muito indisposta para sequer mover um dedo. Mamãe me esperava com o carro no acostamento, buzinou e acenou, fiz o mesmo para mostrar que a havia visto.


–E aí, como foi o primeiro dia? –Me beijou.


–Ótimo. –Falei desanimada e mamãe logo percebeu.


–Não parece… -Deu partida no carro. -Alguém percebeu que…


–Não mãe, o dia foi ótimo, mesmo. –Garanti. –Só estava pensando… Quando o Sasuke virá me ver? –Mamãe suspirou e olhou para o painel. Encolheu os ombros, fez várias caretas e enquanto dirigia o pequeno percurso da escola para casa, parecia pensar no que dizer.


–Seu pai e eu estávamos pensando se seria realmente bom tê-lo por perto.


–Por quê?


–Quando seu pai disse que não a ajudaria com a criança ele estava exaltado, ele jamais faria isso com você, Sakura.


–Mesmo assim, mesmo que ele me ajude, o Sasuke precisa estar aqui! –Me impus.


–Por que disso agora? Não queria distância dele?


–A questão não é essa, mamãe. –O carro parou, Aidou gralhou no banco traseiro do carro e um abutre fez um pouso rasante próximo da gente. –Eu não gostaria de crescer sem um pai, entende? Sasuke também faz parte disso, mesmo ele odiando e negando, ele faz e eu preciso dele aqui como o papai prometeu. –Ela suspirou e puxou o freio-de-mão.


–Vou conversar com seu pai. –Permaneci sentada no bancoenquanto ela tirava Aidou do baby confort e caminhava para casa.


Será que eu estava fazendo a escolha certa?


.o0o.

No dia que deixei marcado no e-mail eu fiz saí correndo da escola e fiz tudo cedo para poder ficar em paz no meu quarto sem interrompida. Ichiou dormia no quarto ao lado, mamãe via Friends na sala e papai estava numa viagem para outro país. Era o momento mais propício do dia. Por precaução, fechei as cortinas e tranquei o quarto. Só me deu conta do que estava fazendo quando sentei em frente ao computador e vi o símbolo verde precedendo o nickname dele. “Mr. Uzumaki”. Meu coração deu um solavanco e aquietou.


Puxei o ar e prendi nos pulmões, somente quando eles protestaram por oxigênio, expirei tudo e alterei meu status para online. Instantaneamente a luz laranja piscou.


“Está atrasada”. –Olhei de relance o relógio no canto inferior do display e vi que marcava 19:03.


“Pontualidade nunca foi o meu forte”


“Eu sei” –Respondeu em seguida. Ele estava frio.


“Precisamos conversar” –Falei enfim.


“Agora quer conversar? Você some e aparece do nada já ditando o que quer?”


“Naruto, você precisa me ouvir, precisa saber o que aconteceu!”


“Seu pai me contou tudo, se era isso que tinha para falar, poupe seu tempo e o meu”


“Naruto, para de agir assim! Poxa! Acha que não foi difícil para mim? Não sei o que meu pai te disse, mas ouça a minha versão”


“Ele disse que eu estava te sufocando e que você não se achava boa o suficiente para mim. Sabe… Eu fiquei sem chão porque nem coragem para me dizer você teve, simplesmente fugiu como sempre faz, só que dessa vez foi pra valer! Por que não me disse? Se eu não te amasse acha que colocaria um anel no seu dedo?” –A esse ponto eu já chorava.


“Esse é o problema. Você me ama” –Enquanto eu digitava, as lágrimas iam caindo em cima das teclas como se quisessem dizer algo também, mas eram leves demais para empurrar meus sentimentos para fora. Eram lágrimas doentes que não aguentavam nem a si mesmas.


“Sua versão e a do seu pai é a mesma história contada de maneiras diferentes”


“Naruto, eu não peço que acredite em mim, só quero que me escute e pare de dizer essas coisas, por favor, não me faça ouvir isso de você” –Depois de um bom tempo ele respondeu.


“Sakura, você sumiu há mais de um mês! Não deu notícias suas à ninguém! Todos ficaram preocupados com você”


“Deixa eu falar”


“Isso não vai mudar em nada” –Alertou firme em sua decisão.


“Vai.” –Garanti. “Você pode me odiar por eu ter partido, mas vai me odiar sabendo os motivos e isso pra mim será o suficiênte para eu conseguir dormir tranquila”


“Que verdade?”


Mandei uma solicitação de video, coloquei o fone e aproximei o microfone da boca. Como mamãe e papai pediram, só deixei a câmera filmar do meu busto para cima. Eu estava muito branca e com o nariz vermelho pelo choro. Quando ele aceitou e a sua imagem surgiu, eu desmoronei. Coloquei as mãos no rosto para ele não me ver chorar e fiquei só ouvindo sua respiração pesada, impaciente, ele estava tão desconfortável quanto eu.


–Sakura. –Chamou-me. Limpei as lágrimas e funguei o nariz, chorava muito, não sabia direito expressar o que eu estava sentindo. Naruto era o pilar que não me sustentava mais, agora estava a milhas de distância de mim, ainda assim tão perto. O tempo que passamos sem nos ver para mim já era tempo demais. Abençoados sejam os meios de comunicação alternativos. –Sakura. –Chamou novamente. –Olha aqui. –Envergonhada, olhei para o computador, eu estava rosa, tipo, cabelo, rosto, tudo. –Se acalma! Tem alguém aí com você? –Fiz que sim com a cabeça e escrevi que minha mãe estava na sala. –Não vai falar comigo? Vou desligar a webcan!


–Não! –Implorei tocando o sua imagem. Ele estava com os cabelos bagunçados como sempre, olheiras profundas e sem camiseta, já eu estava com uma touca indiana rosa e um moletom G.A.P também da mesma cor.


–Por que está chorando? –Sua voz era de um timbre manso e preocupado, o que me acalmou um pouco.


–Faz muito tempo que não te vejo… -Disse. –Não sabe o quanto eu desejei isso, só te ver. –Vi um sorriso singelo.


–Onde você está?


–Não posso dizer.


–Por quê? –Perguntou voltando à sua pose defensiva.


–Meus pais pediram. Saimos daí por conta de uns problemas do meu pai -Menti. –, mas talvez voltaremos ainda nesse ano, nas férias de verão ou nas de Natal, ainda é cedo pra dizer. –Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos. Aquilo não foi suficiênte.


–Se está contando para mim agora, por que não contou antes de ir? Que diferença ia fazer? Pensei que havia confiança entre a gente!


–Não só havia como ainda há! –Disse. –Eu não te disse nada porque nem mesmo eu sabia. No natal que fiquei sabendo de tudo e enquanto meus pais organizavam as coisas para partimos mais uma vez, fui obrigada a ficar reclusa. –Isso era verdade.


–Pulasse a janela! Respondesse minhas mensagens! Deixasse uma carta!


–Eu estava cercada! –Falei tentando fazer entendê-lo que não tive meios. –É complicado, não são assuntos meus, por favor, não me culpe. –Abaixei o tom por conta de Aidou e mamãe. –É injusto cobrar essas atitudes de mim, eu não tenho sua idade, Naruto, ainda sou menor e preciso abaixar a cabeça diante dos meus pais.


–Não quis dizer isso. Jamais a influenciaria de alguma forma a se voltar contra eles, só não consigo imaginar como não conseguiu achar um jeito de me dizer algo, qualquer coisa.


–Eu quis, eu juro que quis, mas não pude. –Uma silenciosa lágrima desceu. –O vi ir embora por uma pequena fresta da janela pouco antes de eu partir. Eu quis te gritar, ir até você, mas eu não podia. –Mais duas gotas salgadas descendo meu rosto rosado pelo choro. –Me entenda, eu tinha que obedecer papai. –Ele me olhava com as sobrancelhas juntas e sussurrava alheatoriamente “não chore”, “pare de chorar”. –Você sabe que eu te amo mais do que tudo. Confiei meus segredos à você, meus sentimentos, a minha vida! A aliança verdadeira e a falsa continuam aqui! –Ergui a mão até a lente da webcan mostrando o aro prateado no meu dedo anelar. –O presente de natal que me deu fica aceso vinte e quatro horas por dia porque eu te amo, Naruto! Porque eu acredito que apesar de estarmos a milhas de distância e sob meias verdades, ainda é possível haver um nós… -Por muito tempo ficamos em silêncio, ou quase, pois era nítido os ruídos do meu choro. Se ele me pressionasse mais um pouco eu contaria toda a verdade, estava disposta à tudo para ele me entender.


–Acredito em você. –Ergui os olhos para a imagem transmitida na minha tela. Ele parecia convicto do que falava, mesmo assim não me senti segura com suas palavras. –Acredito que a culpa não é sua. Eu… -Suspirou com pesar. –Eu também tenho meus assuntos de família que nunca comentei, mesmo assim você sempre respeitou meus silêncios incomuns e não exigia que eu lhe explicasse nada. Acho que devo isso à você.


–Sabe ao menos por que eu fazia isso? –Ele negou. –Sei o quanto é desconfortável ter uma pessoa sempre te lembrando que há algo errado. Vê-lo triste me entristecia, mas eu não podia fazer muito além de estar do seu lado, não queria mexer na sua dor perguntando coisas desnecessárias.


–É o que eu faço com você, não é?


–Não. –Respondi. –Você é meu namorado. Você precisa dessas respostas. O meu caso é diferente, eu desapareci da cidade sem dar satisfações, eu assumo minha falta, só queria que você soubesse do que houve.


–Olha, ainda estou muito chateado com tudo isso, Sakura. Eu… Eu gosto muito de você, sabe bem disso, mas eu preciso refletir. Essa situação não é fácil. Você aí, eu aqui. Nem sei onde você está, quando volta, se voltará… -Mais um suspiro pesado. –Deixa eu pensar um pouco, ok? –Meneei a cabeça, me obrigando a não chorar. –Preciso me posicionar, saber o que eu quero agora pra mim, embora ultimamente tudo na minha vida tenha sido feito voltado para você. Pode ao menos me garantir uma coisa?


–O quê?


–Fale comigo todos os dias. Onde está seu celular?


–Não tenho mais.


–Nem telefone de casa? –Fiz que não com a cabeça. –O jeito é por aqui mesmo. Talvez eu consiga entrar todos os dias nesse mesmo horário, a gente se fala assim, ok?


–Tá bom.


–Não chora! E não faz nenhuma besteira! –Ele se referia a cortes e intoxicações por remédio. –Lembra do que eu disse.


–Tá.


–Agora preciso ir. Te amo. –Sorriu.


–Eu também te amo, Naruto. –E então ele saiu e no monitor só ficou a minha imagem fraca e destruída fitando a tela sem ninguém.


Queria vê-lo novamente, já estava me sentindo sufocada pelo choro que eu segurava. Por que será que eu sentia como se nunca mais as coisas voltariam ser as mesmas? Eu vi a dor nos olhos azuis que ele possuía, sei que Naruto me ama muito, por que manter esse enigma de veremos se vamos continuar assim. Sei que ficar com ele à distância vai ser a coisa mais difícil que faremos, mas que outro jeito tem? Só queria ter uma prova de que ele vai mesmo pensar em mim, porque a todo momento eu estou pensando nele.


Mais tarde eu desci para comer um pouco e tomar alguns remédios, ainda estava com o rosot inchado e o nariz rosado por causa do choro, mas mamãe resolveu ignorar, pois sabia que se perguntasse não ia obter uma resposta verdadeira. O que ela menos precisava naquele momento era ouvir mais mentiras minhas. Sopa de aipim, carne cozida desfiada, quentro e pedacinhos de pão amanhecido. Eu estava tão faminta que repeti três vezes quatro conchas cheias, para alegria de minha mãe que há tempos não me via comer com vontade.


–Vai sentir mais fome a partir de agora. –Disse chamando minha atenção. A olhei de canto antes de colocar a colher na boca, ela apoiava o rosto magro no punho. –Quando estava grávida de você comia mais do que o meu pai. –Riu. –A comida de mamãe era péssima! Sem tempero e mal cozida. Foi assim que eu soube que havia algo estranho.


–Falou com papai? –Cortei a conversa assim que terminei o terceiro prato.


–Em breve ele estará em casa e podemos combinar um dia para o Sasuke vir. –Falou meio irritada pela minha mudança súbita de assunto, recolheu os pratos da mesa e eu voltei a ficar reclusa no meu quarto com um livro qualquer.


.o0o.

Era sexta da segunda semana letiva. Os estudos ainda estavam leves, mas em breve tomariam o ritmo normal do segundo ano do ensino médio. Ao longo das semans conheci melhor Hinata e vi que a primeira impressão nem sempre é a que fica, ela fez muito juz à isso. Não que ela não seja aquela menina legal, ela é, mas Hinata se mostrou bem reservada e tímida, fala pouco e é super preocupada em saber se qualquer pergunta ou comentário que faça não me afete de alguma forma. Extremamente focada nos estudos, desde que soube o que era faculdade sonha em entrar na melhor no país e estuda arduamente (até mais do que eu acho que uma garota de quinze anos deveria)para manter as boas notas e estar pronta para prestar os exames de bolsas de estudo. Seu pai era fazendeiro, do tipo de fazendeiro rico que vai pro mato vestido dos pés à cabeça de roupas com marcas de renome, mas Hinata disse que não foi e nem é mimada, estuda justamente para não ter que depender do dinheiro do pai para fazer a faculdade dos seus sonhos.


Aparentemente ela também tem problemas com pais.


Nunca mencionou a mãe, em hipótese alguma. Quando perguntei quantas pessoas havia em sua casa ela respondeu três e uma outra vez ela comentou que tinha uma irmã mais nova. Suponho que ela, a irmã e o pai sejam esses três, não cabe uma mãe no contexto. Ainda não temos intimidade para que eu possa tirar essa dúvida.


Um dia, acho que numa quarta-feira, tive vontade de me abrir um pouco com ela. Estava naqueles dias triste quando você olha uma árvore e tem vontade de chorar. Se eu não estivesse grávida diria que era TPM. O sol brilhava desde as sete da manhã e eu estava linda e bela na quadra com meu moletom enquanto todas as outras meninas da sala desfrutavam do calor que surgiu no outono, usando seus shorts na altura da coxa exibindo suas pernas depiladas. Eu continuava linda e bela com o meu moletom.


–Não está com calor? –Hinata perguntou enquanto se aquecia para dar as voltas na quadra. Eu neguei com a cabeça e minha franja balançou fazendo a morena rir. Ela era linda sorrindo com os dentes, mas geralmente só fazia uma curvinha singela com os lábios e corava as bochechas, era vergonhosa até para admitir sua beleza amável. –Ainda acho que vai derreter nesse casaco enorme! –É, eu estava com calor e estava derretendo, minhas costas estavam suadas. –Sempre quis te perguntar se você pega esses casacos grandes de um irmão mais velho! –Eu ri sem graça abaixando a cabeça.


Não, Hinata, eu os comprei para que todos demorassem mais tempo para perceber que estou grávida, quis reponder.


É estranho admitir isso, ainda mais em relação à alguém que conheci há apenas duas semanas, mas Hinata até agora foi a única pessoas para que eu desejei falar sobre a minha gestação.


Antes eu falava no grupo de apoio no CAPS ou nas consultas com a Shizune, agora eu não falo mais com ninguém, as coisas ficam para mim, é meio chato. No grupo me perguntavam coisas como “você já tem um nome?”, “acha que vai ser menino ou menina?”, “Se seu bebê virar gay quando crescer, o que você vai fazer?”. As vezes era até divertido, as meninas do tratamento sabiam, com um humor negro, me distrair do pessimismo de estar esperando um filho na adolescência.


Nunca pensei que diria isso, mas sinto falta do centro psiquiátrico.


Na sexta Hinata me levou para conhecer um pouco da cidade depois da escola, havia a pedido para ser minha guia durante algumas horas porque eu queria comprar roupas novas, Sasuke viria com a mãe no sábado e faríamos um jantar formal, precisava de um vestido simples e bonito, havia engordado que os que eu tinha não me serviam.


Andamos por uns quinze minutos e chegamos no centro, sinceramente não diferenciava-se muito da outra cidade, mas era muito mais romântico, isso eu tinha que admitir. No centro literal da cidade havia uma pracinha com um gazebo onde eram apresentados os eventos, onde alguns casais se casavam e onde os namorados faziam juras eternas de amor que não se cumpriam na maior parte. Bancos de madeira,;lavandas e tulipas fazendo caminhos coloridos pelo paralelepípedo; traillers de lanches ou qualquer outra besteira gostosa para comer e artistas com suas gaitas e um chapéuzinho aos pés esperando receber algum trocadinho.


Hinata parecia orgulhosa do lugarejo e cumprimentava todos por onde passava, lá realmente todo mundo se conhecia. Andamos mais um pouco e chegamos ao centro de compras onde haviam pequenas lojinhas, uma ao lado da outra, vendendo roupas por preços acessíveis. Na primeira que entrei já vi um modelo que gostei e comprei, não provei porque sabia que se o fizesse Hinata gostaria de ver como a peça ficou no meu corpo. Comprei um vestido de azul, um pouco acima do joelho, de um modelo meio infantil e com estampas de bolinhas coloridas; gola princesa, botões até o busto e cintura alta. Sabia que não acharia outro que me agradasse mais.


Na volta passamos em frente à uma vitrine com roupas de bebê, inconscientemente eu parei e ficou um bom tempo fitando um par de sapatinhos no modelo de All Star. Roupinhas delicadas com detalhes minuciosos e frases divertidas bordadas. Eu ainda não tinha nada para o meu bebê. Logo faria quatro meses, poderia saber o sexo e tudo, mas eu nem pensava nessas coisas… Naquele momento eu pensei no que eu estava perdendo e levei a mão ao abdomêm.


–Sakura? –Olhei para Hinata aturdida. –Está tudo bem? –Olhou na direção de onde minha mão repolsava.


–Ah, sim, claro, vamos! –Saí dos devaneios e fui com ela até o ponto de táxi, nos despedimos e eu fui pra casa com a sacola no colo, pensando que poderia estar levando algo para o meu bebê também.


.o0o.

Sábado chegou com pesar, não entendia por quê, mas estava ansiosa. Papai já estava em casa desde sexta de manhã e mamãe já tinha tudo preparado para o jantar. Casa limpa e organizada, refeição pronta para ser feita e servida. Nós éramos muito minimalistas e acolhedores, apesar de pouco sociais. Não recebíamos muitas visitas, por isso quando havia a oportunidade gostávamos de caprichar. Auxiliei mamãe no que eu pude, afinal, qualquer coisa com um cheiro mais peculiar corro pro banheiro. Os enjôos aparecem às vezes.


Depois de arrumar a mesa e o Aidou, fui cuidar de mim. Me olhei no espelho já pronta, com o vestido; um cinto fino marcando a cintura e um cardigã de tricô na cor creme por cima, pois fazia frio. A trança de lado, meio bangunçada, jogada por cima da gola azul de poá me dava um ar mais inocente ainda. Não era essa a impressão que eu queria causar, eu só me sentia bem vestida assim. Achava que por conta do tecido do vestido ser um pouco pesado minha barriga não ia aparecer muito. Engano meu. Já estava com praticamente quatro meses, era nítida a saliência do abdomêm.


Uma luz forte raspou minha janela e eu olhei na direção contrária do meu reflexo. Por detrás da cortina vi um Corolla preto parando em frente de casa. Não via os rosto das pessoas da frente, mas sabia muito bem quem eram. Um tóraz desnudo com um colar exuberante e um garoto do lado com um fone pendurado.


Eh, chegou a hora.


Quando cheguei no último degrau da escada a porta já havia sido aberta e papai apertava respeitosamente a mão da Dona Mikoto. Permanesci onde eu estava, acho que prendi o ar, não sei por quê, e por um momento achei que se eu não me mexesse pudesse não ser vista. Segundo engano que tive na noite. Assim que Sasuke colocou os pés dentro de casa seus olhos voltaram-se para mim, mas ele não olhava diretamente para meus olhos, ele olhava minha barriga.


Deve ter enrubrescido ou devia estar roxa por ficar tanto tempo sem respirar, só soltei o ar comprimido nos pulmões quando papai estendeu a mão para Sasuke com mais seriedade e perguntou se ele estava bem. Este limitou apenas a assentir com a cabeça e papai fechou a porta.


–Boa noite, Sakura! –Mikoto me cumprimentou com um sorriso sem graça, parecia tão embaraçada quanto eu. Senti seu perfume incomum, provavelmente alguma colônia caríssima cujo frasco contém duzentas ml.


–Olá. –Disse.


–Como está? –Passou a mão pelas pontas da minha trança e estranhamente senti que sua pergunta fora sincera.


–Eu estou ótima. –Ela sorriu mais e voltou-se para Sasuke, que tinha os fones de ouvido pendurados em volta do pescoço e uma cara de sono. Tinha certeza de que se ficássemos todos em silêncio seria possível ouvir o ruído da música que ele ouvia.


A última vez que o vi ele estava fora do estádio de futebol da cidade trocando saliva com a Ino. Me perguntava se eles dois tinham algo fixo ou se o Sasuke só comia ela quando estava entediado.


Ele aproximou-se sem jeito de mim, depositou um beijo rápido na minha bochecha e meus pêlos eriçaram. Dei graças à Deus por estar com casaquinho e ninguém perceber, também, se estivesse sem eu acho que ninguém veria por conta dos pêlos naturalmente loiros.


–Tudo bem? –Perguntei à ele que me deu a mesma resposta que deu ao meu pai.


Ele não conseguia nem disfarçar que estava ali por obrigação.


Talvez eu estivesse muito sensível, sei lá, mas a partir daquele pequeno gesto eu fiquei irritadiça e profundamente magoada porque há semanas eu havia pedido isso aos meus pais, havíamos organizado tudo, eu estranhamente ansiava por aquela noite, para vê-lo aqui, participando, só que ele tinha que estragar tudo com sua indiferença e frieza. Nem se intimidava com a presença do meu pai, muito menos com os olhares significativos de Mikoto, parecia que sua mente gritava “anda, vamos acabar logo com isto” para ele poder voltar logo para suas atividades, para seu baseado e suas putas.


Você não entende…


De todas as coisas ruins sobre ser mãe na adolescência, a pior delas, agora eu sei, é não ter um pai que se preocupe com o filho, de que seu filho já não é amado mesmo antes de nascer.


A culpa não é minha Sasuke, será que você não entende?


Sabia que aquela noite seria muito longa.


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Notas finais do capítulo

- hehehehe O próximo capítulo promete! Já está quase pronto! Como acham que o Sasuke vai se comportar? Não deixem de comentar e recomendar!

Se não comentarem significa que vocês não são lindas e belas, daí eu só lamento porque a feiura não será minha u.ú

Ah! Curtam minha página Distímica e me adicionem do face, tá o link no meu perfil aqui no Nyah!. Não tenham medo de falar comigo, eu sou idiota! Sou uma morena sexy(nada sexy, pareço a Olivia Palito) com cara de dragão que quer pintar o cabelo de rosa-algodão-doce. É sério gente, não to brincando. Me dêem dicas, conversem comigo, sou solitária!

Beijos nas nádegas!