Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 10
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Agradeço pela recomendação linda da Roquira, muito obrigada pela atitude que teve de indicar a história, me fez muito feliz. Peço desculpa pela demora, estava meio travada, meio sem tempo e meio desmotivada também. Sou um porre, você sabem! shauhsauhsua Aos reviews, agradeço também, desculpe a demora para respondê-los, prometo que tentarei responder todos o mais rápido possível, não parem de mandar, please! rsrs
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Esse capítulo é IMPORTANTÍSSIMO okay? É a parte diurna da véspera de natal, a parte noturna já está pronta e posso postá-la até dia 15. Será o ápice da fic e vocês entenderão o porquê.
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É isso. Enjoy.



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-Tem oitocentos. Este é o endereço. –Entregou o papel na minha mão com frieza. Li. Ficava nos limites da cidade, uma casa de estrada certamente. –Precisa ir com alguém. Quando decidir a data, avise, assim Mikoto ou eu iremos com você. –Assenti, ainda em choque com aquilo. Aindou não saía da minha mente e isso dificultava mais as coisas. Não sabia se Sasuke ainda me dava instruções sobre como fazer aquilo, mas qualquer coisa que tenha dito passou por trás dos meus ouvidos e se desintegrou no vento.

Mamãe engravidou do Aidou nos seus lindos 40 anos. Não queria ter mais filhos, foi um acidente e por sorte foi com meu pai mesmo. Falo isso porque a época da concepção condiz com as semanas que papai passou com a gente lá na outra cidade. Creio que mamãe não é tão corajosa ao ponto de ficar de graça com outros homens estando meu pai nos arredores. Enfim, foi uma bomba para todos nós quando no natal a notícia foi dada durante a ceia. Na hora eu pensei “mentira…”, ouvi a notícia com desdenho, pensei que era piada, só que não, não era piada. Olhei para ela, para o meu pai, para ela de novo e fiquei alternando o foco dos meus olhos entre eles por um longo tempo, imaginando eles fazendo um bebê. Reira, minha irmã feia, chorou como se tivesse levado uma surra, mas no fim foi persuadida. Mamãe prometeu que a deixaria escolher o nome do irmãozinho e no fim isso não aconteceu.

Mamãe é ótima em esconder segredos e quebrar promessas, lembre-se sempre disso.

À princípio fiquei em boiando com essa ideia de um bebê, afinal, nossa família estava completa, tinhamos todo um cronograma e um fluxograma… A chegada de um bebê mudaria tudo, inclusive nós. Não era como ter um irmão mais novo para brincar, conversar ou contar nos tempos difíceis, a diferença de idade era enorme, diferença de quinze anos! Era impossível eu não tê-lo como filho na convivência diária. Entretanto durante a gravidez da minha mãe eu não saí da bolha de vidro recheada de especulações e devaneios, ainda não acreditava que em breve teria uma bebê em casa, isso era muito estranho pra mim e eu era extremamente fria quanto a isso.

Daí ele veio. Glorioso. Lindo. Uma cópia masculinizada das minhas fotografias de recém-nascida. Quanto o vi, entendi o que significava amor de mãe, incondicional. Ele ali no colo da minha mãe, pequenino, tão delicado quanto um anjo de porcelana, vermelhinho, todo envolto num macacão azul felpudo.

Imagino onde e como eu estaria hoje se caso mamãe, em suas particularidades, abortasse a gravidez ou perdesse. Imagino se eu estaria aqui hoje para ponderar sobre o que fazer nessa situação. Hoje eu sempre penso nele antes de fazer qualquer besteira. Ele é o imã que me prende à vida com mais força. Meu filho

Meu filho.

-Então… Tá tudo certo? –Era assim então que se negociava uma vida, ou melhor, a formação dela? Como um boleto sendo pago? Um assunto já discutido?

Imagino Aidou, seus grandes olhos esverdeados e boca em formato de coração. Imagino ele não existindo. Um vácuo no mundo. Uma linha que Deus escreveu e que nós fomos lá e passamos liquidpaper.

Imagino esse bebê(não me vejo no direito de chamá-lo de filho) que carrego sendo brutalmente arrancado do mundo sem nem mesmo dar o ar de sua graça.

Dias depois comentei exatamente isso com Shizune que rebateu afiada (ela ainda está magoada por causa do caos que fiz na clínica psiquiatrica) “Esse é um pensamento muito contraditório para uma suicida, concorda?”. Mostrei-lhe o meu belíssimo dedo do meio, mas isso é outra história. O que queria dizer com tudo isso é: não sei se seria capaz.

E não fui, por sinal.

 Véspera de natal, madrugada do dia vinte e quatro, mais precisamente quatro da manhã lá estava eu, de patins e capacete, com um envelope no bolso do moletom da G.A.P e um longo caminho a percorrer. Só havia eu nas ruas o que achei extremamente melancólico para avenidas movimentadas durante o dia. Nem carro, nem gatos abandonados e nem minha sombra, só eu, o ruído dos meus patinhs e luzes, algumas de enfeites de natal, outras de casas, daquelas automáticas que quando você passa na frente se acendem sozinhas e depois se apagam, como se só quisessem mostrar que estão ali.

Falo assim como se notasse, mas não estava prestando muita atenção no caminho, estava em uma espécie de transe, estava seca e desencantada, sendo movida pelo quê mesmo? Ah, lembrei-me por um medo. Medo do que viria caso não fizesse o que iria fazer. Medo do que não viria caso eu fizesse o que não queria fazer. Confuso não é? Imagina como está minha mente. Um emaranhado vozes sussurrando coisas horríveis. Tudo o que mais quero é me deitar na maldita mesa e acabar com tudo isso, correr para os braços do Naruto e ficar lá, protegida. Tudo morreria ali, duraria menos de meia hora, segundo o Sasuke.

“É bem rápido.”

Se não fosse, grande parte das meninas que engravidam aos quinze não recorreriam à esse método. Numa gravidez, cada dia conta. Quanto mais cedo o trabalho sujo for feito, menos risco vai haver de alguém desconfiar.

O preço que se paga por tudo é a agonia de não conseguir nem ao menos chorar? Eu estava pagando caro.

Era perto da estrada que ligava a rodovia. Rua Foster Wild, número sessenta e cinco. Porta de madeira com aldaba enferrujada e maçaneta redonda que refletia as luzes da casa do outro lado da rua. Aparecia o reflexo distorcido amarelo e vermelho, depois de três segundos sumia. Reaparecia e desaparecia novamente. Não me pergunte quanto tempo fiquei nessa brincadeira, eu não saberei responder. Tirei o capacete e coloquei no chão, ao lado nos meu pés –que ainda estavam no par de patins- e olhei fixamente a aldava e bati duas vezes na superfície lisa e grudenta de tanta tinta acrílica. Uma mulher de aproximadamente cinquenta anos apareceu abrindo somente uma pequena fresta da porta e perguntando logo de cara quem eu era. “Quero fazer um aborto”, disse tentando manter minha voz firme. Não tinha certeza se estava conseguindo o que queria. Mostrei o envelope, as notas, ela inclinou metade do corpo para fora da casa e olhou ao redor.

-Onde está seu acompanhante?

-Está chegando. –Menti.

-Por que não veio mais tarde? –Falou adentrando a casa. Ela não me convidou para entrar, mas entrei e fechei a porta. Sentei onde dava deixando meu capacete do lado, estava exausta, atravessei a cidade inteira de patins. Não os tirei, a qualquer momento sairia vazada dali, se desse algo errado.

O lugar tinha cheiro de álcool e  produtos de limpeza, roupas para todos os lados e muitos livros, uma zona. Meus olhos, eu os puni de reparar muito, ou mudaria de ideia. Fato era que eu estava com medo e sozinha, qualquer coisa parecia uma ameaça. Então, de relace, vi o rosto de um bebê numa revista. Ele sorria e seus olhos claros se apertavam, pareciam ter vida própria, e tinham.

-Não vai me responder? –Perguntou estressada com a cara amassada voltando dos interiores da casa. Estava já vestida com um jaleco branco e arrumava seu rabo-de-cavalo.

-Para onde vai? –Perguntei ainda fixa na revista.

-Lugar nenhum! –Respondeu desaforada, achando que eu tava louca. Talvez eu estivesse. Por alguma razão que desconheço, ela entendeu minha pergunta e disse mais controlada:

-É seguro jogar no vaso sanitário e dar descarga. –Assim que ouvi isso, não suportei olhar para foto nenhuma de bebê, nem ficar naquele lugar. Aidou me veio em mente. Meu irmãozinho, meu filho… Sendo descartado igual escremento. Não…

Não é porque eu não provoquei essa situação que significa que tenho o direito de fazer isso. Nem se tivesse, eu simplesmente não consigo. Nem se eu conseguisse, oh Deus, como poderia viver, de que forma? Algo meu, algo que está em mim, encrustado no meu corpo como se fôssemos um só; algo delicado e sem força; algo, ou melhor, um futuro alguém que só precisa da minha decisão.

-Quanto tempo?

-Nove semanas, eu acho, não conto. –Respondi com a voz fraca.

-Ele já tem mãos. –Ela falou. –E pés. –Furiosa, levantei e tirei o envelope novamente do bolso da blusa e lhe estendi. Ela ficou me olhando sem compreender muito.

-Pega! –Esbravejei tentando segurar as lágrimas. Eu queria chorar, mas não na frente dela. –Aqui tem oitocentos reais para você dizer ao Sasuke que abortei.

-Então você que é a…

-Pegue isso pelo amor de Deus! –Disse com as mãos trêmulas, estendidas para a mulher. De muita má vontade(lê-se ironicamente) ela pegou o envelope e me fitou. –Jogue essa porcaria de dinheiro pelo vaso sanitário, meu filho você não joga. –Saí transtornada de lá, com dificuldade para respirar, ainda assim eu pegava impulso e fugia sobre meus patins, ainda só no meio da rua, eu e as luzes. Se eu ficasse para ouvir o que ela tinha para me responder eu poderia mudar de ideia e me humilhar ainda mais.

Meu Deus, o que eu estava fazendo? Ou melhor, o que vou fazer agora? Não passo de uma garota doente com os pulsos cortados correndo pela rua sozinha. Avenidas movimentadas que não sustentam nem minha sombra às cinco e meia da manhã, estão vazias e frias. Rastros de lágrimas, gotículas salgadas deixadas pelo caminho, avisando quem vinhesse atrás que um coração perturbado estava em conflito com o resto que sobrou de sua frágil estrutura. Eu praticamente sentia ele batendo dentro de mim de tão intensa que era a pulsação, o medo, a adrenalina. Não aguentaria viver com aquela culpa e Shizune e companhia não deixariam eu me matar.

Eu me mataria, acredite. Nada melhor do que mais um motivo para dar ênfase na minha depressão.

Minha casa estava ainda longe e eu não queria ir para lá, virei a esquina e fui para a do Naruto, decida a contar para ele tudo, depois de descansar do trageto enorme que fiz sobre os patins, claro. Atravessei o jardim e entrei pela porta dos fundos que eu sabia que eles deixavam sempre aberta(nossa cidade tinha um índice de criminalidade absurdamente baixo). Deixei o patins lá fora e quando levei a mão até o queixo para tirar o capacete, cadê? Esqueci na casa da bruxa. Subi silenciosamente para o quarto dele na esperança de encontrá-lo dormindo, então me deparo com o indivíduo sentado no chão picotando nossas fotografias em formato arredondado e colocando dentro de pokébolas de acrílico.

-Sakura? –Espantou-se escondendo instantaneamente o objeto atrás de si. –O que faz aqui a essa hora?!

-Feliz natal. –Disse feliz por vê-lo, de verdade.

-Ainda não é natal! –Corrigiu. –Mas…  -Levantou-se e veio em minha direção. –Você devia estar na sua casa se recuperando! –Abaixou a manga da minha blusa e examinou o curativo do mesmo jeito que seu pai fazia. A diferença era que Minato não brincava de ser médico, não fingia entender o que via, Naruto sim.

-Estou bem. –Abri mais meu sorriso sem desviar meus olhos dos dele. Como amava aqueles olhos!

-Está bem mesmo? –Perguntou duvidoso, me encarando, prendendo meu rosto entre suas mãos fortes e ásperas, fazendo carícias nos meus cabelos, nas minhas bochechas e no meu pescoço. Delicado, respeitoso.

Ele estava mudado. Eu sabia que ele mudaria quando descobrisse que a garota por quem ele se apaixonou era a versão controlada por remédios da Sakura Haruno que mamãe fez questão de apresentar.

-Tomei todos os comprimidos, tá? Antes que pergunte… -Fui direta sem alterar minha expressão de alegria.

-Hey! Eu não…

-Relaxa! –Sorri e toquei seu rosto. A barba já estava pedregosa na pele, provávelmente ele estava esperando crescer o suficientemente para depilar nesta noite. Não tinha motivo para pensar nisso, era irrelevante, eu só o queria ali naquele exato momento. Eu precisava de alguém, de um conforto. Precisava provar daquela mesma segurança absoluta que senti no hospital quanto ele me abraçou e disse que estaria ali por mim, que se fosse necessário, cortaria os pulsos também. Só que não… Agora, calma, controlada e completamente em êxtase com as mãos dele envolvendo meu cabelo, eu achava o mundo todo tão… ridículo! Achava meus cortes ridículos, meu choro ridículo, minha dor ridícula e a dor dos outros ridícula também, simplesmente porque eu estava feliz. –Só fica comigo. –Ele não me denegou, então entendi aquilo como um “sim”.

-Como conseguiu entrar? –Perguntou fechando a porta. Fechando a chave. Sentei em sua cama e olhei em volta. A luz do abajur não fazia a mínima diferença, o céu estava claro e já iluminava o quarto.

-Não entrei, me teletransportei. –Ele caminhou em minha direção. –Tipo o Goku. –Imitei o melhor personagem de Dragon Ball Z e ele riu pelo o nariz, me olhando de um jeito novo. Parou na minha frente e me fitou.

-Sabe que horas são?

-Cinco da manhã?

-Não. Seis. –Corrigiu –Sabe o que acontece na casa de um cara de dezenove anos quando se está sozinha no quarto dele? –Me olhava de forma paternal, como se me desse uma bronca.

-Sei lá, nunca tive esta agradável experiência. –Disse irônica.

-Está tendo agora! –Me deu um selinho. Rimos. Aí depois me deu outro, e mais outro e alguns em seguida. Quando vi, ele estava deitado sobre mim acariciando meus cabelos e minhas pernas.

Talvez fosse uma sensação boa, não sei, estava adormecida, tanto o corpo quanto a alma. Não era como se estivesse ciente do que estava fazendo, eu só imitava os movimentos que ele fazia em mim.

Quando percebi que ele já não estava se contento, tentei desvencilhar-me, mas sabia que não me sentiria mais segura, pois tanto ele quanto eu nos distanciaríamos de vergonha pelo que estávamos quase fazendo. Sabe, eu até pensei em contar para ele que estava grávida, só que e depois? O que eu faria? O que ele faria? Eu precisava dele. Eu precisava estar perto dele ou as coisas sairiam do controle. Se eu contasse que estava grávida de seu melhor amigo supõe que ele faria o quê? Me abraçaria e diria “Está tudo bem Danone”? Obviamente que não.

Naruto pode ser extremamente compreensivo, todos sabem, mas ele me ama demais, precisaria no mínimo de um tempo para refletir e esse tempo com certeza tem que ser o mais distante de mim o possível.

Pardais piavam quando ele notou que minha mente se dispersava pelo ambiente. Sua cama era encostada na parede, eu estava enquadrada, deitada com a cabeça na altura do seu peito nu e livre de pêlos. Pelo ritmo de suas carícias, ele estava cansado e não ia tentar nada comigo. Talvez tenha percebido que eu não estava cômoda também –mesmo se estive, os pais deles estavam no quarto em frente-.

-Naruto. –Minha voz estava rouca. –Você acha que o amor justifica tudo? –Perguntei e ele me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas.

-Não. –Eu temia essa resposta. –Tudo não. –Acrescentou. –Medo, ansiedade, euforia… São muitas emoções, muitas situações, muitas desculpas. Se puder ser mais direta…

-Talvez não agora. –Se remexeu na cama e suspirou, me olhando mais sério, preocupado. Achei que ele estivesse tentando relacionar os cortes do meu pulso com a pergunta impertinente. –Não é nada sobre o que tem acontecido nesses dias… -Menti. Os últimos cortes foram em surtos de desespero, tenho total consciência. –Eu estou bem, sabe… -Não, ele não sabia, ele não acreditava na minha sanidade. –Agora eu tô bem!

-Tudo bem, eu respeito sua decisão. –Me aconchegou em seu corpo largo e adulto. –Minha pequena… -Beijava o topo da minha cabeça e meus olhos se enchiam de lágrima. –Vamos dormir. Esse é nosso primeiro natal juntos, precisamos estar dispostos!

-É! –Ri tentando disfarçar o choro.

-O que vai dar para mim?

-Um beijo.

-Igual o beijo da Wendy*?

-Não. –Sorri. –O que vai dar para mim, Naruto?

-Uma árvore de natal.

-Uma árvore de natal?

-É. Com luzes e tudo, mas essa, diferente das outras comuns, fica acesa o ano inteiro. –Sorri.

-Eu não queria saber o que era de verdade…

-Mas você perguntou!

-Não precisa me dar ouvidos. Como você disse, uma emoção não justifica uma situação, pelo menos não pura e simplesmente.

-Estou com muito sono, não consigo pensar.

-Minha curiosidade não justifica sua atitude. Que horas são?

-Se eu ver meus olhos irão arder.

-Não importa.

-Eu sei. Nada importa, estamos juntos. –Me abraçou. –Durma ou não veremos os fogos! –Dessa vez falou mais firme, como uma ordem, “durma ou deixarei você falando com os pardais”, ele queria dizer. Dormi porque fiquei com medo de ficar acordada, os pais deles acordarem e me encontrar lá, encolhidinha ao lado do filho deles, com os olhos esbugalhados e com enormes olheiras, seria vergonhoso.

-Seu rosto está bem magro, mas seu corpo está até que bem sadio, não é mesmo querido? –Perguntou ao marido. Kushina observava-me no café-da-manhã como uma avó vendo um neto magro em demasia.

Acordamos naturalmente lá pelas onze, Naruto disse aos pais que eu tinha chegado bem cedinho lá, eles não falaram nada, pareceram até não necessitarem de satisfação, o que tinha lógica já que o filho tinha dezenove anos! Os meus, em compensação, faltaram me desmiolar pelo telefone, mas com toda razão, não é? Num dia estou no hospital, no outro desapareço no meio da madrugada… Deve ser difícil cuidar de alguém igual a mim!

-Só vai comer isso? –Frutas e café, uma combinação letal, apenas grávidas são imunes, advirto!

-Não estou com fome.

-Mas precisa comer! Acabou de sair do hospital! –Abria pacotes de pão e passava manteiga.

-Estava agora mesmo falando que ela estava gorda, mãe!

-Saudável! Disse saudável! Vai me dizer que está de dieta, querida? –Não respondi. –Não creio! –Fez drama e os homens reviraram os olhos. –Toma, come! –Me empurrou várias coisas. –E trate de comer tudo! –Por um momento pensei que ela era judia. Judeus são assim em relação a comida, mães judias, aliás.

A diferença entre mães judias e italianas é: a mãe italiana te mata se você não comer, a mãe judia se mata.

-Kushina! –Tentou repreender o marido. –Deixa a menina!

-Mas você mesmo deveria saber que não é bom para ela ficar sem…

-Se não percebeu, essa é a primeira vez que ela come conosco e já está sendo traumatizante. Se seu objetivo era causar uma boa primeira impressão, não está indo muito bem obrigando Sakura a comer mais do que ela sente vontade, concorda? –Kushina calou-se.

-Eu como pouco mesmo… -Acrescentei e ela pareceu menos tensa. Sorriu e prosseguimos, eles com o almoço, Naruto com meia dúzia de pães e eu com minhas maças verdes e ácidas. Deliciosas. Faziam crack na boca. Minato me olhou por um instante de um jeito que me deu medo, era como se ele dissesse com o olhar que sabia. Não era uma hipótese impossível.

As enfermeiras que cuidaram de mim sabiam que eu estava grávida e o médico também, pedi para que não contassem aos meus pais nem à ninguém porque eu mesma queria dar a notícia, só que eles repassam prontuários e como o Minato trabalha lá, há uma grande chance de ele ter visto. Se viu deve pensar que é do Naruto, por isso nem temo. O problema é ele comentar com o mesmo, o Naruto, ignorar toda a questão ética e agir com impertinência. Meu medo é dele perguntar ao Naruto.

A árvore de natal da sala ocupa muito espaço então mamãe mandou papai colocá-la ao lado do corrimão da escada, perto da entrada do banheiro: caiu como luva! Entretanto, não havia tomadas ali e todos sabem que árvores de natal sem pisca-pisca não são árvores de natal. Tivemos que arranjar pisca-pisca à bateria. Como eu estava com os punhos machucados eles me poupavam de muito trabalho, só cuidava de detalhes da decoração e coisas para comprar, ia e vinha de patins do armazém para casa com mais farinha, ovos, leite, óleo, isso e aquilo. Me mandaram comprar até cerejas, exigiram, daí eu tive que apelar para o Naruto me levar de carro lá no fim do mundo que fica perto da estrada para achar o mercadinho onde vendem cerejas.

E eu nem curto muito cereja, elas explodem na boca e me assustam, só servem para enfeitar bolos e tortas, nem como recheio de trufas são úteis.

Mas… Como o mundo conspira contra mim… Veja o que aconteceu só por causa das malditas cerejas.

-Olá. –Disse chegando de patins. –De novo. –Automaticamente levei minha mão à cabeça, por costume, o que o instigou a perguntar.

-Onde está seu capacete?

-Perdi. –Havia esquecido na casa da mulher.

-Como perdeu um capacete? Não é como perder uma borracha, concorda?

-Ah, deixei em algum canto, fui embora e esqueci lá, mas não me lembro onde nem quando.

-Hum. –Ele sacou que era mentira, mas não ia insistir. Era isso o que seu “hum” queria dizer.

-O Naruto tá aí? Queria pedir um favor pra ele.

-Eu também.

-Hã?

-O que você quer? Se eu puder ajudar…

-Preciso ir à algum lugar onde vendam cerejas.

-Roube dos arbustos da casa dos Uchihas.

Uchihas…

-Roubar é feio! –Lhe dei um tapa de leve.

-Eu também sou feio, qual é o preconceito mocinha? –Ri. –Agora é sério, me ajude que eu te ajudo. –Estávamos no carro quando ele disse isso. –Uma mão lava a outra, um favor por outro… -Realmente era coisa séria e provávelmente era o que eu pensava. Estremeci.

-Ok.

-Você e Naruto estão escondendo algo? –Perguntou naturalmente já com o carro em movimento.

Esse é o momento em que o coração dispara, coisas se reviram no seu estômago, você começa suar frio, suas pupilas se dilatam, sua boca fica com um gosto amargo, suas mãos e pernas tremem e tudo o que você deseja é nunca ter ouvido aquilo.

Se Naruto está escondendo algo eu não sei, só sei que eu estou e não é coisa boa, e o Dr. Minato também estava escondendo algo, algo que sabia, algo que estava óbvio para mim.

-Eu não vou mentir. Escondo sim uma coisa, eu tenho um grande segredo, Naruto eu já não sei, você deve conversar com ele. –Essa foi a melhor resposta que consegui encontrar.

-Não se ofenda, pelo amor de Deus! Todo mundo tem direito de ter segredos, sua privacidade, não há nada de errado nisso, exceto quando não envolve apenas uma pessoa.

-Eu sei.

-Eu sei que sabe. –Sorriu.

-Eu gosto de você, Sakura. Gosto muito.

-Também gosto de você, Dr. Minato.

Essa foi a última coisa que Minato me ouviu falar antes deu partir.


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Notas finais do capítulo

* = O beijo que a Wendy deu no Peter Pan não foi o ato físico em si e sim um dedal, é a esse "beijo" que Naruto se referia.
Eu avisei... rs A partir de agora vão ver o papel importante que Minato tem nessa história. Sakura conta à família, Naruto e cia que está grávida? O que vai fazer em relação ao Sasuke que pagou para ela abortar? Agora com seu pai em casa, como que as coisas vão funcionar?
Próximo capítulo até dia 15 com reviews hein!
xoxo



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