Savior escrita por Juhhjulevisck


Capítulo 1
Capítulo único




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As memórias que Dean tinham do Natal eram horríveis. Seu pai sempre estava bêbado e só que restava para ele e Sam era ficar trancado dentro de motéis imundos. Realmente, não eram as melhores memórias que Dean tinha.

Era véspera de Natal, e Sam decidira ficar no motel que estavam hospedados. Dean não suportaria ficar parado vendo a alegria alheia enquanto toda alegria que tinha sido arrancada dele. Por isso continuava dirigindo, dirigindo sem um rumo definido, talvez sempre procurando por algo que nem sequer existia, algo que ele nem sequer tinha consciência que procurava.

No rádio, uma mulher previa a temperatura, e Dean prestava atenção nas informações.

”Para o Natal, devemos esperar mais neve no centro e no leste do país. Tempestades devem acontecer isoladamente e com baixa intensidade. Mas é Natal, então podemos ter esperança de que a neve não nos atinja.”

Dean desligou o rádio. Não aguentava mais ouvir aquela baboseira de esperança. A ouvira pela vida inteira, e não importava o quanto esperasse, o quanto acreditasse, nada acontecia como ele desejava, ou então as pessoas simplesmente lhe desapontavam.

Como Cas. De todos os desapontamentos que tivera, o de Cas era o que provavelmente mais lhe atingia. Todas as outras vezes, conseguira seguir em frente. Mas não daquela vez.

Jamais conseguiria superar Castiel. Jamais conseguiria superar a perda que ele lhe causara, mesmo após o esforço sobre-humano que fizera para tirá-lo do Purgatório. Aquilo o deixara perdido. Era como se uma parte dele jamais tivesse saído daquele mundo de monstros.

Continuou dirigindo, tentando afastar aqueles pensamentos da cabeça. Não precisava pensar em Cas mais do que já pensava. Ligou o rádio novamente, na tentativa de inundar sua mente com outras informações.

”E como vão as festividades aí em Nevada, Jenna?”

“Neste momento, um coral de crianças canta na catedral de Carson City, é como se centenas de anjos estivessem cantando ao mesmo tempo.”

Dean desligou o rádio novamente, irritado. Não, anjos não eram assim. Eles nem sequer cantavam – não que já tivesse visto.

Eu podia muito bem ter um neste momento.

 Parou em um posto aparentemente abandonado de gasolina para abastecer o tanque quase vazio do Impala. A loja de conveniências estava fechada e não havia um mísero atendente por perto. Estava distraído abastecendo o tanque que mal percebeu um familiar farfalhar de asas nas proximidades.

— Olá, Dean. — O Winchester jamais estaria distraído o suficiente para confundir aquela voz, embora duvidasse de sua procedência. Cas não tinha saído. Ele se lembrava muito bem. Flashbacks daquele momento ainda o assombravam todas as noites. Mas ali estava ele. São e salvo na sua frente. O bom e velho Cas do qual se lembrava.

— Cas? — perguntou ainda sem acreditar no que via. O anjo assentiu um pouco confuso, sem saber como deveria reagir.

Dean caminhou na direção dele e o tomou nos braços, sem pensar muito no que fazia. Estava tão feliz por ver Cas vivo novamente que não tinha tempo para refletir em que tipo de ações deveria tomar. Apenas sentiu o corpo dele envolto nos seus braços, o que já era bom o suficiente. Não precisava de racionalidade, não precisava de ações ensaiadas; apenas precisava de Cas.

O abraço foi desajeitadamente retribuído por Cas, que não sabia como reagir. Algum tempo depois se separou dele e deu um sorriso alegre, enquanto ao mesmo tempo seus ombros pareciam liberar a tensão por tanto tempo acumulada devido à falta que Cas lhe causava.

— Dean... — ele começou, mas foi interrompido.

— Cale a boca, Cas — Dean então pressionou seus lábios contra os do anjo, que novamente parecia não saber como reagir àquela situação. Mas essa ele aprendeu rápido. Pouco tempo depois, suas línguas se entrelaçavam urgente e apaixonadamente, resultado de um beijo que, sinceramente, demorou para acontecer.

Quando Dean precisou de ar, se separou de Cas e encostou sua testa na dele, sorrindo como uma pré-adolescente apaixonada – o que era como ele de fato se sentia; pela primeira vez, estava tendo um Natal que era realmente feliz.

Feliz porque finalmente havia encontrado o que procurara por tanto tempo.

Seu anjo, que continuava o salvando de novo e de novo.

Sem que ele sequer soubesse disso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)



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