White Lies escrita por Factory Girl


Capítulo 9
I Got Up


Notas iniciais do capítulo

Então, amores, tenho uma noticia não muito boa pra vocês... Minhas aulas voltaram. Ta, até ai tudo bem, se não fosse pelo espanhol, que começa essa semana, o inglês, que volta semana que vem, os cursos de design e fotografia na outra semana, ou seja, R.I.P Eu. Eu ando tipo, sem tempo pra praticamente nada, meu FC, tadinho, está abandonado, assim como a With Me, minha outra fic, e essa aqui também, óbvio. MAS, amo de mais isso aqui pra abandonar tudo de vez, ENTÃO, estou escrevendo de dia, de noite, de madrugada, durante as aulas, no banho, sempre que dá! (A coisa do banho era brincadeira ok? A da aula, por outro lado... Deixa minha mãe descobrir) Vou tentar postar sempre que puder, mas não posso prometer datas nem nada, por causa dessas coisitas irritantes. Peço que não me abandonem, ok? Até por que, estou me esforçando por vocês, e amo cada um(a) dos(as) meus(minhas) leitores(as) ♥
Agora, sobre cap, trouxe uma coisa que quase todo mundo estava me pedindo!! Acho que já dá pra adivinharem o que é né? Bom, leiam!! Nos vemos lá embaixo.
I Got Up - Overnight Lows
P.S.: Tirei da soundtrack de PLL ;)



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Katerina POV
 

Eu corria. Não sabia de que, não sabia para onde, e não me importava. Eu só corria, impulsionada por algo extremamente forte que eu desconhecia.

Árvores me envolviam, e eu era constantemente forçada á me abaixar para desviar de galhos, ou á saltar troncos caídos, seguindo em frente como podia, desnorteada como estava. O céu sobre as copas das árvores era escuro, mas eu não podia dizer se era por conta das nuvens ou era realmente noite. E mais uma vez, não importava. Eu só continuava correndo, por que tinha que chegar ao meu destino, fosse ele qual fosse.

E então, inesperadamente, eu cheguei.

A claridade, á principio, me forçou á tampar meus olhos com o antebraço, contrariando minha impressão anterior de escuridão, me prendendo onde estava, no encontro entre a floresta densa e a areia do que parecia ser uma praia. Não era uma praia comum, porém, como aquelas que se via na Califórnia. Era uma típica praia de Massachusetts: rochosa, de areia grossa, e com milhares e milhares de pedrinhas em vários tons de bege e caramelo se estendendo por toda a extensão do encontro entre a areia e o mar, de um tom extremamente escuro de azul petróleo.

Estava vazia, e a claridade, percebi, não era amarelada, vinda do sol, como era de se esperar. Era branca, vinha de cima das nuvens nubladas e forçava-me á manter meus olhos, mesmo depois de acostumados, franzidos e estreitos.

Caminhei, surpreendentemente descansada após correr uma distância indeterminada, até a borda da areia, cruzando os braços contra o peito, observando o horizonte sem ver.

Eu não admirava, não pensava... Eu apenas me contentava em fitar o ponto exato em que o oceano tocava o céu e nada mais.

Mas quase no mesmo instante, uma sensação estranha tomou conta de mim por completo. Eu me sentia desconfortável, deslocada... Eu estava sendo observada.

- Meu Deus, é como olhar em um retrato. Só que mais velha, devo dizer... Sem ofensas – disse uma voz ao meu lado, e me virei, surpresa por alguém ter conseguido chegar até ali e se colocar ao meu lado sem se fazer notar e um tanto aliviada por saber que, quem quer que estivesse me observando, não queria me fazer mal. Se fosse assim, já teria feito não teria? Alguém que fosse me matar nunca falaria comigo antes... O que vi, porém, exterminou completamente minha tranquilidade, e pisquei repetidas vezes, como se assim minha  visão pudesse se acertar e eu pudesse ver quem realmente estava ali.

Não aconteceu, porém, e eu continuava a olhar em um espelho.

- Vo-Você – gaguejei, mas eu não conseguia concluir o que quer que tivesse pensado em perguntar, e agora já nem me lembrava mais.

A “pessoa” ao meu lado era completamente idêntica á mim... Á não ser por seu cabelo, encaracolado, mais escuro, e um bom meio palmo menor que o meu, e seus traços, que pareciam levemente mais jovens. E havia algo no formato de seus lábios também, ligeiramente mais finos... Se desconsiderássemos isso, era sim como olhar em um espelho, á não ser pelo fato de que não havia uma moldura que pudesse provar a existência de um.

- Não somos iguais, porém... Elena se parece mais comigo, acho. Mas seu cabelo é mais legal que o dela – disse, e só agora eu podia perceber o quanto sua voz se parecia com a minha. Isso se não fosse idêntica.

- Q-Quem é Elena? – perguntei enquanto ela tomava uma mecha de meu cabelo solto nos ombros, passando o cacho largo por entre os dedos, brincando com ele.

- Ah, ninguém com quem precise se preocupar, eu garanto – respondeu, soltando o cacho e cruzando os braços, como eu.

- Quem é você? – perguntei, minha voz no mesmo tom baixo e assustado de quando fiz a primeira pergunta.

- Meu nome é Katerina Petrova... A primeira! – disse com um sorriso debochado.

- Isso... Isso é impossível. A primeira Katerina viveu no século XV, e-eu sei, eu pesquisei sobre isso...

- É, é uma coisa complicada... Mas nada disso importa – disse ela, mantendo os olhos na água á sua frente.

- E o que você faz aqui? – continuei. Ela me respondia, mas com suas respostas não vinha o esclarecimento que eu esperava, vinham apenas mais dúvidas. O que era complicado? Por que não importava? Por que éramos iguais? Quem era Elena?

- Não sei... Eu andei te observando de longe e... Fiquei curiosa. Queria ver mais de perto – respondeu, dando de ombros, e continuei a fitar seu rosto, mesmo que ela não parecesse nem um pouco disposta á olhar para mim, apesar de seu pretexto. Eu mantinha meu celho franzido de modo quase inconsciente, perdida em confusão, e agora, além de confusa, eu me sentia exposta. Ela havia me observado... De longe, mas havia. Como eu podia não ter percebido?

- Como... ? Como pode me observar? Você está morta – repliquei, buscando de modo desesperado uma desculpa que explicasse minha displicência.

- Argh, você faz perguntas de mais! – exclamou, e eu me calei, sem querer vê-la irritada por algum motivo que não entendia. Katerina respirou fundo, como se tentasse se acalmar, e continuou á falar, finalmente se virando para mim. – Seu psicológico não anda muito forte, huh? Eu tentei entrar nos sonhos de Elena, mas ela resistiu melhor, conseguiu me manter de fora... Mas você, Pequena Eu... Você anda realmente mal... – disse, e dessa vez fui eu quem desviou o rosto. Eu estava vulnerável, isso com certeza, mas não esperava que alguém mais pudesse perceber isso além dos mais próximos á mim. Nem eles andavam percebendo meu estado ultimamente, então me assustava que uma estranha soubesse tanto. Ou talvez ela não fosse assim tão estranha...

- Isso não é da sua conta – repliquei, apertando ainda mais meus braços contra o peito, como se assim pudesse criar uma armadura ao meu redor, ou talvez desaparecer. Qualquer um dos dois estava bom pra mim.

- Tem razão, não é – concordou, se virando para frente como eu, mais uma vez. – Mas se quer saber, não acho que está pronta – acrescentou depois de uns poucos segundos de silêncio.

- Pronta pra que? – inquiri, querendo mais do que tudo não saber do que ela estava falando.

- Pra tanto Poder. Você não está pronta, não vai aguentar – explicou sem necessidade, e eu respirei fundo antes de conseguir pensar em uma resposta.

- Você é sempre tão boa assim em motivar as pessoas? – falei, com um pequeno sorriso sarcástico nos cantos dos lábios, contente por estar conseguindo esconder minha vulnerabilidade.

- Não era pra ser motivacional. É só a verdade, e você sabe disso – respondeu, e era verdade. Eu sabia que não era capaz, mas isso era bem diferente de admitir que não fosse aguentar, e isso eu nunca faria.

Eu não disse mais nada. Não sabia o que dizer. Não havia uma pergunta que eu não fizesse que ela não respondesse insatisfatoriamente, então não valia á pena fazê-las. Não havia nada que eu quisesse dizer á ela, nunca tinha sido muito boa em dividir minhas preocupações com as pessoas, gostava de sofrer sozinha. Então permanecia em silêncio, e assim fez Katerina.

Nós só fitávamos o horizonte e ouvíamos, tranquilamente, o canto suave dos pássaros ao fundo...
 

Em um milésimo de segundo, eu estava sentada na cama, minha mão levada á cabeça em um ato reflexo á tontura que a rapidez com que eu me levantei havia causado, e meus olhos piscando repetidas vezes seguidas enquanto eu focalizava a familiar paisagem de meu quarto.

A penteadeira, o papel de parede, e o tapete de pelos felpudos, todos brancos, substituíam o céu e o mar. A elaborada cabeceira de metal branca, e a parede atrás dela, substituíram as árvores, e meu abajur substituíra Katerina.

Eu estava ofegante e cansada, como se apenas agora pudesse sentir os efeitos da corrida no sonho, e minha testa suava um pouco, colando alguns fios de cabelo rebeldes ao rosto.

O relógio na mesa de cabeceira indicava que já passavam das sete e meia da manhã, e me pus de pé em um salto, correndo em direção ao banheiro, ansiosa por um banho para tirar o suor e relaxar a tensão repentina que se formara em minhas costas e ombros.

Tirei o vestido da noite anterior rapidamente, atirando-o em um canto qualquer, focada apenas em me entregar á água morna do chuveiro e relaxar. Não que eu tenha conseguido, é claro. Relaxar era uma palavra que eu quase desconhecia nos últimos tempos, e sai do banho no mesmo, se não pior, estado em que entrara.

Vesti-me, apressada, prendendo meu cabelo em um coque mal feito no alto da cabeça, esfumando meus olhos com sombra marrom e espalhando gloss por meus lábios, atirando-o na bolsa junto com meu celular e outras cosias importantes, descendo as escadas aos saltos.

Eu não estava atrasada, realmente, mas correr exigia atenção absoluta, ou seja, não me restava tempo para pensar, o que era o objetivo principal por trás de tudo aquilo.

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar tudo: a noite com Chase, meu sonho, o assassinato na campina... Mas não agora. Não logo de manhã cedo. Não, esses eram assuntos para serem estudados depois que eu já estivesse completamente acordada, coisa que eu não podia afirmar estar no momento.

- Nelly – chamei, correndo em direção á cozinha. Nelly estava lá, com outros dois empregados dos quais eu sequer me lembrava, e se virou, afobada, em minha direção, assim que passei pela porta. – Só me arranje um copo de café, ok? Vou tomar no caminho – falei antes que ela pudesse dizer alguma coisa.

Mais uma vez, Nelly ia protestar, mas desistiu antes mesmo de tentar, provavelmente convencida por experiências anteriores de que não adiantava tentar me convencer á sentar e tomar o café da manhã que ela insista em preparar todas as manhãs, me virando as costas e voltando meio minuto depois com um copo térmico prateado com tampa preta simples, já meio cheio de café e meio de creme, como eu gostava desde criança.

- Obrigada, você é a melhor! – falei, tomando o copo de sua mão e dando um beijo estalado em sua bochecha antes de sair, apressada, da cozinha, e em seguida da casa, entrando em meu carro, dando a partida e acelerando.

Mas dirigir, infelizmente, não era uma boa distração, e mesmo depois de ligar o rádio o mais alto que conseguia sem ficar surda, meus pensamentos continuavam á rolar soltos. Desliguei a música depois de não muito tempo e me rendi, com o primeiro gole de café com creme do dia, ao raciocínio que eu evitava com tanta voracidade.

Mas eu tinha que começar do começo, e assim, comecei pela noite com Chase.

Eu tinha me divertido. Sim, definitivamente tinha sido divertido. E surpreendente também, eu precisava admitir... E eu não era uma pessoa fácil de impressionar...
Eu gostava de Chase. Ele era um bom amigo, e eu já havia cogitado anteriormente a possibilidade de haver algo mais então, qual era o problema? Meus pensamentos pessimistas sempre me levavam para o lado ruim das coisas, como fizeram na noite passada, mas eu não precisava pensar nisso agora. Podia apenas aproveitar o momento e me preocupar depois. Se eu viria ou não á contar para Chase sobre o Poder ou qualquer outro segredo que guardasse, isso era algo a se decidir com o tempo...
Então estava decidido. Eu podia, e ia aproveitar aquilo.

Em seguida, na minha lista mental de prioridades á serem discutidas, vinha o meu sonho.

Meu Deus, tinha sido um sonho estranho! Eu me lembrava de muito, mas não conseguia ter certeza se era tudo, ou apenas uma parte do que acontecera. Essa era a coisa ruim com sonhos: você nunca se lembra completamente deles, e então fica se perguntando o que mais teria acontecido.
Nesse caso, porém, as coisas de que eu me lembrava já eram o suficiente para causar perguntas intermináveis, sem a necessidade de maiores acontecimentos.
Eu já havia visto Katerina uma vez, em um desenho, junto aos pais, no meio do único livro sobre os Petrova que eu conseguira encontrar na biblioteca, um par de anos antes. Ela era, sim, idêntica á mim, na época, mas eu nunca havia me importado com isso, e nunca pesquisara mais á fundo na história da família de minha mãe. A de meu pai já me dava trabalho o suficiente, e eu nunca havia me interessado o suficiente para me aprofundar nos estudos sobre minha linhagem materna.
Agora, porém, eu talvez fizesse isso, curiosa como estava. Por que esse sonho não fazia sentido algum! Se Katerina estava morta, como podia me observar, como dizia ter observado? E se não estava, então como?!

Ou talvez eu estivesse dando importância de mais á isso, afinal. Era apenas um sonho, por que eu estava tão intrigada?
Mas me lembraria de procurar, mesmo assim, o antigo livro dos Petrova, e ver o que conseguia encontrar.

E então, por ultimo, mas não menos importante, o assassinato do garoto na noite da festa de Boas-Vindas.

Tinha algo extremamente errado com aquele caso. Quer dizer, pessoas morriam o tempo todo, eu sabia disso, mas esse em especial, tinha algo á mais... Caleb tinha sua teoria, sobre o Poder e sobre Reid, mas eu me recusava á acreditar nela. Reid estava bem, e nunca mataria alguém, disso eu tinha certeza.

Não tocávamos naquele assunto há uma semana, mas a tensão ainda era grande quanto tínhamos todos os cinco reunidos. Era ruim, é claro, mas eu não podia fazer nada para acabar com aquilo, á não ser desvendar o mistério, e era exatamente o que eu ia fazer.

Apesar de achar a ideia de Caleb sobre Reid ter matado o garoto Austin completamente absurda, eu não achava que ele estava errado ao todo...
Eu ainda me lembrava da onda de Poder que havia sentido naquela noite, e sabia que não tinha sido nenhum dos quatro, o que me deixava confusa e ainda mais disposta á ir até o fim disso. Eu precisava descobrir quem, ou o que, havia causado aquilo, e hoje continuaria minha pesquisa nos obituários. Os livros de história, por sorte, eu tinha em casa, então não precisaria dos da biblioteca tão cedo.

Estava resolvido então. Tudo estava organizado, e eu me sentia muito mais leve ao estacionar na minha vaga habitual no estacionamento lateral do colégio, estampando um sorriso satisfeito ao descer.

Ia ser uma semana ceia, mas talvez fosse melhor assim. Pelo menos estando ocupada 24 horas por dia não me restaria tempo para pensar no pior de tudo: Oque Katerina disse, sobre mim, sobre minha capacidade de aguentar o poder que receberia... Eu não queria pensar nisso. Não queria encarar a realidade que eu tão hipocritamente insistia em negar. Eu me contentaria com minhas outras preocupações, e aquilo estaria bom de mais.


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Notas finais do capítulo

Entãaao, já que a nossa querida (notem a ironia) trouxe Titia Kath de volta, por que não fazer o mesmo por aqui?! Foi o que eu pensei, e ai está. Quero a opinião de vocês, como sempre ok? Vamos combinar uma coisa? Quero vocês comentando todos os capítulos, seja com críticas, elogios, expectativas, me digam o que vocês querem que aconteça, sei lá!! Combinado? Bom, vou tomar isso como um sim ;)
Bjss



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