White Lies escrita por Factory Girl


Capítulo 8
Airplanes


Notas iniciais do capítulo

Então, como eu disse, estou assombrada comigo mesma, mas ai está... Espero que gostem! Ah, e digam o que acharam da roupa da Kath nesse dois caps! Como eu sou tipo, louca por moda, acho que vou colocar as roupas nas notas finais ok?
Enjoy!!
Airplanes - B.O.B. feat. Hayley Williams



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Katerina POV
 

- O que teria feito se eu tivesse recusado? – perguntei, dando uma mordida em um pedaço de bolo depois de alguns poucos minutos de um silêncio confortável.

- Você não teria recusado – respondeu, e franzi o nariz para sua confiança.

- Você não podia saber. Eu podia estar de mau humor – insisti, e ele revirou os olhos em um gesto cansado que me fez rir.

- Você pode ser bem teimosa quando quer... Mas, tirando por tudo que eu ouvi, você realmente não teria recusado. Todo mundo sabe que você não recusa um convite para diversão – falou, e me segurei para não soltar um suspiro frustrado. Chase não podia andar por ai se baseando no que as pessoas diziam. Principalmente á meu respeito. Eu insistia em agir como se não soubesse, mas tinha completo conhecimento de todas as fofocas que corriam ao meu respeito, e  não eram poucas. A maioria delas não era verdade, mas algumas eram, e eram essas as que mais me assustavam.

- Estão errados. Todos eles – me apressei em dizer, terminando de engolir. – Eu não sou a vadia festeira que todos pensam que eu sou...

- Não, você é uma garota doce e amável – disse ele, eu me permiti rir, apenas por que seu tom não era de deboche. Era sério, como se ele realmente acreditasse no que estava dizendo, e isso ara mais do que engraçado pra mim.

- Ta legal, não é pra tanto – falei, levantando as sobrancelhas e tomando um gole de suco. – Não precisa exagerar, eu também não sou nenhuma garotinha adorável que sai por ai distribuindo beijos e abraços. Eu estou mais perto de ser a vadia que todos dizem que eu sou do que essa garota, se formos ser mesmo sinceros – admiti, sem me importar em demonstrar vergonha sobre esse fato. Como eu disse, era um fato. Era quem eu era, e não tinha por que ter vergonha. Afinal, eu gostava de ser a vadia malvada.

- Não é verdade, você também é legal quando quer – me defendeu, e eu sorri. Chase estava me defendendo quando nem eu mesma me dava ao trabalho, e aquilo sim era surpreendente.

- Exatamente. São raros os momentos em que eu quero ser legal, o que faz de mim...

- A vadia sem coração, já entendi, já entendi. Só acho que não devia pensar assim de si mesma – insistiu, e não me importei em responder. Não era o que eu pensava, era a verdade, seria hipocrisia negá-la como ele fazia agora. Mas eu não faria isso virar uma discussão, e deixei apenas que o assunto morresse.

- A cidade é muito mais incrível vista daqui de cima – falei depois de mais algum tempo em silêncio.

- É... – foi só o que ele me respondeu, e me perguntei se eu teria dito ou feito algo errado.

- Sabe... Quando eu era bem pequena, minha mãe costumava dizer que, se fizéssemos um desejo á uma estrela, ele se realizaria... – falei, apoiando minhas mãos espalmadas atrás de mim, fitando a imensidão negra e os pontinhos brilhantes de luz sobre nós. – Acho que não custa tentar – falei, fechando meus olhos.

Eu não sabia o que pedir, pra ser sincera. Podia desejar descobrir a verdade sobre o assassinato na floresta, mais isso seria muito pouco. Podia pedir para que Chase me beijasse, mas isso seria muito patético. O que eu pediria então? Será que era possível guardar um desejo, no estilo gênio da lâmpada? Não, não faria sentido então... Ah, eu podia pedir ajuda com o meu autocontrole! Seria algo útil, sem dúvida, e era algo de que eu precisava, minha vida dependia disso... E com a minha ascensão assim tão próxima...

Seria isso então. Eu queria autocontrole o suficiente para lidar com tudo...

Estava feito.

Abri meus olhos, mas o que eu via ali não era mais as estrelas brilhantes ás quais eu fizera meu pedido tão necessário. Agora, tudo o que eu podia ver, tampando meu campo de visão completamente, era o rosto Chase, á não mais do que cinco centímetros do meu e se aproximando...

Sabe aquela coisa toda de “somos só amigos”? Pois é, pode esquecer aquela baboseira toda.

Seus olhos se desviaram para os meus por um instante, mas pareciam determinados de mais para voltar atrás agora, sem que realmente importasse o que ele encontraria ali. Não que ele tenha encontrado algo mais do que incentivo.

Seus lábios ficavam cada vez mais próximos, mas tudo parecia estar em um ritmo extremamente lento, como se apenas para me irritar, e se ele não ia fazer nada pra mudar isso, então eu faria.

Tirei meus braços da posição em que estavam antes, atrás de mim, e levei-os rapidamente ao seu pescoço, puxando-o para mim sem me importar com sua reação, colando meus lábios nos seus. Não era um beijo muito diferente de todos os outros que já tinha dado. Mais suave talvez. Mais carinhoso, mas cuidadoso do que costumava ser, e a textura de seus lábios nos meus era macia e acetinada. Era bom...

Sorri em meio ao beijo, e Chase pressionou meus lábios levemente, pedindo permissão para aprofundar o beijo, e dei-a de bom grado, separando-os e deixando que sua língua invadisse minha boca, explorando-a, como eu fazia.

Minhas mãos ainda seguravam sua nuca, e as suas agora apoiavam minhas costas, acariciando-as de leve.

Em um raro momento de lucidez, porém, me separei dele com uma expressão que julgava ser séria, apesar de ter certeza de que, por mais que eu tentasse segurar, meu sorriso ainda era perceptível, assim como o dele.

- Ta ficando tarde – anunciei, acenando com a cabeça como se para reforçar o que estava dizendo, e ele fez o mesmo, concordando comigo. – E nós temos aula amanha... – completei.

- É... – ele disse, aquiescendo com uma expressão debochada.

- É... – imitei, sem saber o que falar. Seus olhos continuavam grudados aos meus, e eu não queria ser a primeira a desviar. Talvez fosse só teimosia natural, ou talvez fosse algo mais, mas eu não tinha como saber. Só o que eu sabia era que não queria desgrudar meus olhos dos seus, e permanecemos assim por um tempo indeterminado por que, ambos éramos insistentes de mais para sequer pensar em desviar.

Me cansei, porém, e desviei meu olhar para meu colo, onde minhas mãos agora repousavam.

- É, a gente devia ir – falei, saindo do cerco de seus braços e me colocando de pé em um salto sorrindo, insolente, para ele, que ainda me olhava, agora de baixo, debochado. Depois de mais um par de segundos assim, ele finalmente suspirou e se pôs de pé ao meu lado.

- É, devia – concordou por fim, e nos pomos á andar de volta ao alçapão. Me ofereci para ajudar á arrumar tudo, mas ele disse que outras pessoas fariam isso, e não me importei em perguntar quem eram elas, apenas assentindo e fazendo novamente o caminho que nos trouxera até aqui.

Relutei ao passar pela porta da biblioteca, ponderando se devia ou não entrar sob o pretexto de pegar alguns livros que tinha esquecido mais cedo, mas decidi que era melhor não. Se Chase visse os livros nos quais eu estava “interessada” podia fazer perguntas, e tudo o que eu não queria era estragar a noite com meias verdades. Então continuei até a saída, e depois até o Porsche amarelo canário estacionado, agradecendo antes de entrar quando Chase abriu a porta para mim.

Respirei fundo, encarando o para-brisa antes que ele se sentasse no banco do motorista, me sentindo um pouco mal, pra ser sincera.

Chase e eu não éramos mais amigos. E o que éramos realmente não importava. O que importava pra mim, o que me deixava mal e conseguia fazer com que eu encerrasse um dia tão incrível quanto o de hoje me sentindo miserável era saber que, amigos, com benefícios ou não, eu nunca poderia ser cem por cento sincera com Chase. Sempre haveria aquela vozinha, gritando comigo, bem no findo da minha mente, dizendo que eu nunca poderia ter um relacionamento de verdade. Não como os que se vê nos filmes de TV, onde os casais se amam e não tem segredos um com o outro, por que eu sempre teria segredos. Eu sempre teria que manter o Pacto, e não tinha escolha. Eu carregaria isso para o resto da vida, durasse ela o quanto durasse, e havia de ser uma vida bem longa, por mais que durasse pouco.

Era isso que me aterrorizava, era isso que tirava meu sono á noite, e o que me mantinha alheia ás aulas, por mais que eu insistisse em mentir para mim mesma dizendo que eram minhas preocupações diárias que me mantinham dispersa.

No fundo não era nada disso. No fundo era medo. Medo de ficar sozinha. Medo de nunca poder ter uma vida que não envolvesse mentir o tempo todo sobre quem eu era.

Mas não era como se eu tivesse opção. Eu não tinha escolhido isso. Eu não quis esse Poder, mas eu o tinha, e era isso que importava. Eu teria que viver com ele, teria que fazer o que pudesse com o que me tinha sido dado, mas o que eu me perguntava era “por quê?”. Por que eu? De todas as pessoas no mundo. Todos os milhões de fãs de filmes como Harry Potter, ou coisas do gênero, dariam qualquer coisa para ter algo similar ao que eu tinha, por que eu tinha que ser a sortuda?

- Kath? – a voz de Chase me chamando me tirou de meu monólogo interno, e olhei pela janela, esperando ver a Spencer quando, na verdade, vi a porta de entrada da minha casa. Eu sequer havia percebido que já havíamos percorrido o caminho inteiro, e agora me sentia culpada por ter mantido o silêncio entre nós durante toda a viagem, mesmo sem perceber.

- Me desculpa, eu tava... Em outro lugar – me desculpei, balançando a cabeça suavemente. Chase assentiu, e entendi que era a minha deixa.

Abri a porta e sai, fechando-a e me debruçando rapidamente na janela, que só agora era abaixada. – Obrigada, foi uma noite ótima. Preciso admitir que conseguiu me surpreender de verdade, Collins – falei com um sorriso, e ele sorriu também.

 - Que bom que gostou – disse, e percebi que ele estava um pouco decepcionado. Eu devia beijá-lo antes de descer, mas não o fiz. Não sabia exatamente por que, mas acho que depois de minha, ainda interminada, discussão interna, eu sequer poderia. Eu estava em conflito, sobre se devia levar aquilo, fosse o que fosse, á diante e, quem sabe com o tempo, contar á ele, ou se devia por um fim á isso, enterrando suas esperanças agora, de uma vez por todas. Eu não queria de verdade colocar a segunda opção em prática, mas não sabia se a primeira daria certo, e isso me colocava em um impasse.

- Acho que eu devia entrar... É, eu devia entrar – conclui, e ele concordou com a cabeça, observando enquanto eu me virava e subia os dez degraus que levavam até a porta, alta, de madeira de carvalho. Me voltei para o carro mais uma vez, acenando, e depois passei pela porta, fechando-a atrás de mim. Caminhei tranquilamente, me concentrando apenas em por um pé na frente do outro, ouvindo o ronco do motor baixo ser acelerado e depois desaparecer...

Olhei no relógio na mesinha lateral no hall de entrada. Indicava meia noite vinte, todos os empregados já deviam estar dormindo. Subi a escada de mármore branca que me era tão incrivelmente familiar, sendo a mesma desde que eu me entendia por gente, me apoiando no corrimão, sentindo como se pudesse cair á qualquer momento. Eu não conseguia decidir se essa era uma sensação boa ou ruim, mas cair na escada não seria algo muito divertido, então segurei firme no mastro dourado cintilante até que estivesse á salvo, no corredor do segundo andar, caminhando lentamente para meu quarto.

Eu estava confusa, animada, feliz, triste, receosa, ansiosa, tudo ao mesmo tempo, e isso estava acabando com a minha energia.

Chutei meus sapatos longe quando entrei no quarto, me apoiando na penteadeira art-deco para tirá-los, e continuei a andar até a cama, ainda de roupa.

Eu estava exausta de mais para colocar uma camisola, então meu vestido ia ter que servir.

Deitei-me sob as cobertas e fechei os olhos, adormecendo no mesmo instante.


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Notas finais do capítulo

And sooo? Quero reviews ok? Por favor u.u



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