Fazia uma semana que eles haviam voltado á Hogwarts. O choque do relacionamento dos dois acabou e tudo voltou ao normal. Hermione e Draco não poderiam estar melhor, tirando as briguinhas e provocações que eram normais e até mesmo, algumas vezes, divertidas.

Mas isso não solucionava o problema.

Luna estava ajudando Hermione na biblioteca. Gina e Daphne também estavam ali, mas elas não estavam ajudando por assim dizer.

- Quantas vezes vocês transaram na suspensão? - Perguntou Gina curiosa, rabiscando um papel.

- Do jeito que essa é santa, uma vez no máximo - Daphne respondeu por Hermione que fechou a cara.

- Isso não interessa pra vocês - Hermione disse emburrada.

As duas garotas reviraram os olhos enquanto Luna procurava um livro.

- Não é como se nós não soubessemos o que é, tipo, eu tenho o Harry e Dapnhe tem... - Gina parou - Tem quem mesmo Daphne?

- Theodore Nott, mas ele foi meu ex e parece que está tendo um namoro com Pansy, não que eu ache que vai durar - Daphne respondeu - E eu quero o ruivinho gostoso.

Gina fingiu que ia vomitar e Luna exclamou um "Ratos lunares" quando abriu um livro empoeirado.

- Não acredito que você ache meu irmão gostoso - Gina disse - Quero dizer, ele não é ao menos bonito sem contar os seus modos á mesa e a sua inteligência avançada.

Hermione suspirou, odiando o rumo que a conversa estava tomando. Daphne havia ficado com elas bastante tempinho naquela semana e Gina parecia até gostar da garota mas reprovava que ela tivesse um caso com seu irmão. As duas brigavam muitas vezes e sabia, que se a conversa continuaria assim, teria outra briga.

- Quatro - Hermione disse de repente.

- O que? - Perguntou Daphne confuda.

- Eu e Malfoy fizemos sexo quatro vezes, estão satisfeitas agora? - Hermione perguntou irritada, bufando e indo para outro livro.

- Quatro! - Gina exclamou assustada.

- Sua prostituta! - Daphne exclamou rindo.

A bibliotecária repreendeu Dapnhe que botou a mão na boa e murmurou um "desculpe". Gina revirou os olhos para a garota da Sonserina. As duas, que tinham aula, saíram correndo da biblioteca para ir para a aula de Poções, nenhuma delas queria ficar em detenção com Slughorn.

- Gina e Harry conversaram esses dias, parece que eles vão adotar mesmo Teddy - Luna disse, quase cantando, enquanto folheava um livro sobre criaturas.

- É, isso é ótimo - Hermione respondeu, distraída lendo um parágrafo.

- Acho que sim - Luna respondeu simplesmente - Sinto muito Hermione, acho que não tem muitos livros sobre demônios aqui.

Hermione suspirou derrotada.

- É, não tem - disse desanimada - Acho que vou ter que ver com algum professor, talvez até mesmo Minerva.

- Pode não ter aqui, mas na sessão reservada tem - Luna cantarolou - Podemos entrar lá escondidas. Só preciso achar meu óculos especial...

Hermione olhou a loira surpresa. Luna não era do tipo que quebrava as regras, mas era muito inteligente. Olhou para trás e viu que a bibliotecária estava dormindo e não havia mais ninguém na biblioteca a não ser elas.

- Ok, vamos - respondeu.

*~~~~*~~~~~*~~~~~*

Os óculos de Luna eram de rosa e de várias cores. Hermione ficava meio tonta só de olhar para eles. Era muito estranho mas elas não estavam ali para isso. Hermione foi a que abriu a porta com um simples "Alohomora" e Luna já foi atrás de uns livros. Hermione foi logo atrás, pegando um livro velho e pesado.

- Onde está Draco, Hermione? - Luna sussurrou.

- Oh, ele está treinando Quadribol, nós combinamos de se encontrar de noite na sala comunal - Hermione sussurrou de volta.

As duas ficaram em um silêncio confortável, as vezes Luna tirava os óculos para limpar e murmurava algo sobre naguléses. Foi então, que Hermione sentiu a sensação de estar sendo vigiada. Ela odiava isso, pois parecia que alguém estava atrás de você, a respiração batendo no seu pescoço e então, uma mão gelada tocaria seu ombro.

- Hermione, achei alguma coisa - Luna sussurrou e Hermione correu até ela.

"Existe mais uma regra na hora da negociação com um demônio: Precisa esperar um determinado tempo para fazer outro contrato. Um tempo que pode variar de acordo com a negociação feita"

Hermione sorriu.

- Luna, muito obrigada, ajudou muito - Hermione agradeceu a amiga, sempre sussurrando  - Você não tem aula agora? Talvez trabalhos para fazer? Já me ajudou bastante, acho que pode ir agora.

Luna disse um 'de nada' sonhador e saiu saltitando. Hermione leu o resto do livro, nada que já não sabia. Foi quando a biblioteca ficou escura por um momento e depois a luz voltou, mostrando Penélope ali parada, sorridente. Hermione pulou da cadeira, caindo no chão, respirando ofegante por causa do susto.

- Hey, não se assuste - Penélope pediu - Eu sei que é muito estranho eu estar por aqui, mas é que vim falar com o meu marido e...

- Você não deveria estar aqui, é uma aréa só para os alunos - Hermione disse normalmente, tentando esconder o seu medo.

- Eu sei, mas como eu disse, eu vim atrás de Hudson porque ele ainda não me mandou o dinheiro das contas e o Ministério já está cobrando - Penélope fez uma careta divertida - E Minerva me deu a permissão e tudo mais, mas ainda não achei meu marido e pensei que ele estivesse aqui. Mas achei você! Sabe onde ele está?

Hermione negou com a cabeça frenéticamente.

- Eu não o vi, acho que você deve procurar na sala dele - Hermione respondeu.

Penélope bufou.

- Já fui lá, e ele não está lá também... - Penélope então suspirou - Olha, vou dar uma volta pelo colégio, relembrar algumas memórias boas que passei aqui, quem sabe lhe vejo depois?

E Penélope saiu, deixando Hermione para trás. A castanha ficou no canto da biblioteca, congelada e respirando ofegante. Era estranho ficar sozinha com alguém que pode ter vendido sua alma. Ainda bem que passou.

Ou não.

Erick puxou Hermione para entre duas prateleiras, as luzes haviam se desligado de novo. Hermione olhou na cara do garoto que parecia... preocupado?

- Você tem que sair aqui - Ele disse frenéticamente - Agora!

- Por que eu faria isso? - Hermione perguntou nervosa, tentando o empurrar - Sai! Me deixa ir!

- Não! Você, não entendem, querem lhe matar...

Hermione revirou os olhos.

- Eu acho que eu entendi isso muito bem! - ela gritou e ele tentou tampar a sua boca, mas ela mordeu - Me deixa ir! Eu não vou a lugar algum com você!

- Não.. N-Não... você não entendem... estão aqui, no castelo... a criatura... a chamaram.... - Erick falava apressadamente.

- Como você sabe? - Hermione perguntou calmamente e viu um flash de culpa passar pelos olhos de Erick - Foi você não foi? Foi você que vendeu minha alma!

- Não fui eu, eu juro por Merlim! - Erick gritou - Eu não queria ter nada a ver com isso! Não foi minha escolha! O que você faria para a pessoa que você ama?!

Hermione então parou. Ela sentia a verdade dançando em cada palavra que Erick dizia. Não havia sido ele. O silêncio ficou parado e então, ela confiava no Corvinal a sua frente. Quando foi para dizer alguma coisa um grito horrível, de arrepiar, foi escutado. Ali. Na biblioteca.

- Droga, estão aqui - Erick murmurou para si mesmo.

- Quem? Quem está aqui? - Hermione perguntou sussurrando.

Erick fez um sinal para ela ficar quieta. Um rosnado foi ouvido mais outro grito. Hermione tremeu. Gritos e mais gritos, rosnados e mais gritos. Foi então que tudo parou e uma voz que fez o coração de Hermione voltar ao normal foi ouvida.

- Hermione? - era a voz de Draco.

- Draco? - Hermione sussurrou para si mesma.

- Não, é um truque, ele não lhe chama de Hermione se lembra? - Erick murmurou pra ela, freneticamente, segurando seu braço para ela não ir lá.

- Hermione, venha cá, nós combinamos de se encontrar - A voz de Draco ecoou pela biblioteca.

- É Draco sim, ele está procurando por mim... - Hermione tentou se livrar do aperto de Erick.

- Não, me escute... é uma armadilha... - Erick tentava fazer a razão voltar para a cabeça de Hermione.

Mas a garota não ouviu, hipnotizada pela voz, saiu da sessão restrita e foi para a parte sem prateleiras da biblioteca. Mas Draco não estava ali. Ela apenas viu o corpo sem vida, cheio de mordidas e despedaçado a bibliotecária. Parecia que o toda a região da barriga havia sido devorada. Os registros de alunos estavam todos pelo chão. A face da mulher ela de olhos assustados e boca aberta, como se tivesse congelado durante um grito.

- Hermione? Hermione Granger? - Era Penélope a chamando.

Droga.

Erick havia saído da biblioteca. Como? Ela não sabia. Penélope a encontrou e olhou para o corpo da mulher no chão. Fez uma cara de horror.

- Não... de novo não... - sussurrou com medo para si mesma.

Medo? Espere, então, não era Penélope que havia vendido sua alma. Como alguém ia ter medo daquilo que ela mesma havia criado?

Hermione então sentiu a respiração atrás de sua nuca, quando se virou, lá estava a criatura. A olhando com olhos vermelhos que pareciam uma piscina de sangue grosso. Ao lado dela, a pequena Ellie, amendrontada, chorando histéricamente, murmurando coisas como "Por favor... não.. não...".

- Corre! - Hermione gritou para Penélope.

As duas correram para a aréa restrita da biblioteca, que parecia uma espécie de labirinto de estantes de livros. A criatura rosnava e soltava gritos, que parecia milhões de gritos de vitimas. Penélope tentava lançar feitiços, mas nada adiantava. A mulher então puxou Hermione para o fim de um corredor, que ficava na divisa de uma parede com outra.

- Silêncio - murmurou para Hermione, que assentiu.

Penélope parecia saber tanto, que Hermione se perguntou se ela estava presente quando Ellie morreu. Se tinha sido uma situação parecida com essa. Não, ela não ia pensar que ia morrer ali naquele minuto. Draco iria atrás dela. Estava quase anoitecendo... Droga, quem ela queria enganar? Draco estava longe agora, não poderia salva-lá como das vezes que havia feito antes. Talvez ela devia ter tido a ele... que... que... o amava. É. Está ai, uma ótima razão para voltar. Ela não poderia morrer agora. Se ela morresse, como ela iria dizer a ele que o amava.?

Eu te amo.

Parecia tão fácil dizer. Tão verdadeiro. Oh, droga, ela o amava mesmo.

Pela primeira vez, diferente de todas as outras, ela iria dizer "Sim" para o cara certo.

Isso, se o demônio não a matasse primeiro.

A criatura apareceu em cima de uma estante e pulou na frente das garotas, em começo, ela foi diretamente atacar Hermione para matar. Foi o que a castanha pensou. Mas se enganou. Penélope foi atingida pelas garras negras como carvão e afiadas como uma lâmina da criatura, pegando diretamente nos pulmões. Penélope gritou de dor.

- Não! - Ellie gritava chorando, não muito longe, ela parecia querer fazer de tudo para ajudar... mas não podia - Não! Ela é minha amiga! A deixe em paz! Não....!

Mas a criatura não ouviu. Hermione gritou quando viu o demônio abrir a boca como se fosse um dementador e sugar a alma de Penélope. Ellie chorava como nunca antes. Hermione fechou os olhos, chorando em silêncio, perdendo de ver o Darkness abrir a boca e com os dentes arrancar a cabeça de Penélope fora.

Os olhos da mulher ainda estavam abertos.

Mas sem vida.

Porém, o sangue que corria dela não era vermelho. Era preto. Como aquele que o Darkness sangrou no memorial, quando Rony o atingiu. O demônio murmurou alguma coisa e então, o corpo e a cabeça de Penélope entraram em chamas. Que estralavam. Hermione olhou em volta, estava sem saída. 

- Não... Não... - Ellie chorava vendo as chamas pegarem o corpo de quem antes foi sua melhor amiga.

A criatura então se virou para Hermione, que ficou esperando que fosse atacada, mas nada aconteceu.

Foi então que ela entendeu o recado.

Todo mundo iria morrer, para que ela possa viver.

Matthew Garfield tinha sido o primeiro aviso.

Louise Pretch tinha sido o segundo.

Depois o ataque de Gina.

E agora Penélope.

Talvez Draco seria o próximo que a criatura fosse atacar, ou quem sabe Luna, Neville, Harry, Rony, Daphne ou Gina de novo. Não, isso não iria acontecer.

- Eu não quero que mais ninguém morra por mim - Hermione disse alto, chorando silênciosamente.

A criatura fez um som estranho e abriu as asas. Ellie pulou para trás. Com as patas, o Darkness pegou Hermione e voou pela janela, quebrando o vidro que fez pequenos cortes na pele da castanha. Já estava de noite, por isso, ninguém notaria a criatura voando no céu escuro. Foi então que Hermione percebeu que estavam indo para o buraco que ela e Draco uma vez haviam caido. Hudson havia planejado tudo. Era ele quem vendeu sua alma.

A criatura deu um bafo com um cheiro horrivel pelas pedras que tampavam o caminho, e como mágica sumiram. Hermione mergulhou no escuro.

Lá dentro, os corpos.

Fedendo, cheiro de moscas, seus restos mortais todos ali.

Chegaram em uma parte que Hermione não vira antes. Era uma sala redonda, quase luxuosa. No meio, uma espécie de mesa de pedra com escritos antigos. Seria grego antigo ou latim? Ela não saberia dizer. Hermione viu Erick que cabeça baixa, no canto, ele estaria chorando?

- Ora ora, finalmente Granger veio para a festa - Uma voz disse.

Hermione se virou lentamente, pela voz. Não era Sr.Hudson, Penélope ou Erick que havia vendido sua alma.

Ali na sua frente, sorridente, estava Michelle Goldman, a  nova professora de Runas Antigas.