Qual O Seu Café? escrita por Ella


Capítulo 1
Capítulo unico: Qual o seu café?


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira one short (é assim que se escreve?) espero que goste.
Boa leitura.



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O sino da porta da cafeteria tilintou.Quem entrava era uma garota com um casaco cor-de-rosa volumoso. Ela nunca tinha entrado naquele lugar, mas sendo quase meia-noite poucos lugares estavam abertos. O local estava bem iluminado e as cadeiras estavam organizada em cima das mesas.

-Olha, mais um sem rumo pra nossa coleção.- comentou uma voz que vinha de um dos poucos cantos onde as cadeiras ainda estavam nos lugares.

–Não seja grosso com ela!- falou uma mulher vestida como uma cozinheira.Ela imediatamente se levantou.- Venha querida, sente-se.- falou a mulher fazendo um gesto para que ela se aproxima-se.A garota hesitou e depois obedeceu.

Na mesa haviam seis pessoas. Um garoto loiro de olhos verdes com uniforme escolar que se apoiava na moldura da grande janela. Outro, bem mais velho, estava vestido como um garçom e fumava olhando para o teto. Uma garota loira que parecia saída de uma versão renovada da Alice de “Alice no país das maravilhas” olhava a garota ruiva que estava entrando. Uma moça de cabelos castanhos que acabava de sair do trabalho, via-se isso por suas roupas, fitava o café no seu copo. Um garoto de cabelos castanhos e gorro, aparentemente o que foi o primeiro a notar a chegada da menina, estava sentado de mau jeito na cadeira com uma cara amarrada. E pra finalizar uma garota oriental usando macacão jeans tomando seu café tranquilamente. A ruiva puxou uma cadeira ao lado da menina oriental.

–Qual seu nome, querida?- perguntou a moça com um sorriso gentil.

–Clarry.-respondeu a ruiva.

–Bem vinda Clarry.Sou a Mary.- falou a mulher aparentava uns trinta anos de idade.-Como vai querer seu café?

–Com uma colher de açúcar, por favor.- a atendente fez que sim com a cabeça e se retirou.Depois disso fez-se um silencio inacreditável, considerado que estamos falando de uma megalópole que se esqueceu do significado da palavra dormir.

–Então o que aconteceu com você?- quebrou o silencio a loira.

–O que?- disse confusa Clarry.-O que você quer dizer com isso?

–Oras, ninguém que esteja com uma vida nas perfeitas condições estaria numa cafeteria com um bando de desconhecidos a essa hora da noite.- falou o garoto do gorro.

–Essa é a função desse lugar.- respondeu o garçom de voz um pouco roca ainda olhando o teto.-Ser o cesto de lixo dos problemas.- nessa hora apareceu Mary com o café da garota.

–Aqui esta querida.-Falou colocando o café no mesa e se apoiando nela.

–Meu problema, não é?- falou depois de beber um gole do café.

–Sou um fracasso.-Disse repentinamente o garoto loiro.

–Pode ser um pouco mais explicito que ninguém se importa, viu?-falou em tom de brincadeira o garçom.

–Deixe o garoto em paz Jonothan.-Falou Mary.-Por que acha isso querido?- perguntou ao loiro.

–Vim de uma família de gênios.Tanto que meus pais que moravam no interior conseguiram muito dinheiro com suas invenções e hoje moram num apartamento de luxo com sua família perfeita.Meu irmão mais velho é um nerd almofadinha que tem a empresa na internet mais bem sucedida da atualidade.A mais nova só tem cinco anos e já fala três línguas alem de já estudar conteúdo de quinta serie. E eu...-O menino fez uma pausa pra beber café.- Eu tenho déficit de atenção e dislexia.Repeti duas vezes a 6° serie.Há e meu nome é Felipe Morgie.

–Morgie?- se espantou a ruiva.-Tipo Gabriel Morgie o cara que inventou o sistema de transporte mais rápido do mundo?

–É esse cara que eu chamo de pai.- respondeu bebendo mais café.

–Como é seu café?-perguntou a asiática como se isso fosse tão importante como todo o resto.

–Café com limão.- falou o garoto.-Odeio limão.

–Então por que pediu com limão?- perguntou a loira.

– Porque eu sou parecido com um limão nascido numa família de morangos.-falou.-Todo mundo prefere morango.

–Sou alérgica a morangos.- rebateu.

–Isso é uma tentativa de consolo?

–É por ai.- respondeu com um sorriso.

–Sério que esse é todo seu problema?- falou Jonathan.-Você não viu nada garoto.

–E você, qual é seu café?- perguntou a asiática.

–Quando eu tava no colegial eu e meu melhor amigo éramos carne e unha.Onde ele estava eu estava também. Mais um dia ele fez algo terrível. Por segurança de seus estômagos é melhor não dar detalhes.-ele bebeu um gole do café.-E eu vi tudo que aconteceu, e quando a policia chegou ele se declarou inocente e botou a culpa em mim. Não tive como me defender. Enquanto a policia me levava eu olhei pra ele pedindo ajuda e percebi que o tempo inteiro o amigo era só eu.- todos estavam chocados e boquiabertos com a historia.- Não cheguei a pegar cadeia. Minha família me julgou culpado e não me aceitou de volta. Morrei com um porco que eu chamava de tio que me odiava.Depois já maior de idade, arranjei dois empregos que me pagam uma merda e me fazem de escravo. Moro num apartamento com um cara fedido chamado Lery. E o filho da puta que eu chamava de amigo nunca apareceu.-Ele bebeu mais um gole.-Café puro.Amargo de mais.

Depois disso de fez um silencio descomunal.Alguns segundos depois o silencio foi quebrado por Mary.

–Não são problemas maiores ou menores.Só diferentes.-comentou.

–Como se chamava o cara da historia?- perguntou o moreno.

–Eduardo Amanto.- respondeu, a mulher morena engasgou com o café nesse momento.

–Se tá bem?- perguntou a loira que acudia a morena.A mulher começou a gargalha depois disso e quando terminou fez uma cara seria.

–Concordo, ele realmente é um filho da puta desgraçado.- falou a mulher.

–Conhece?Também teve essa sorte?Qual é o seu café?- questionou Jonathan.

–E se conheço.Eduardo Amanto foi meu marido.-respondeu tranquilamente.-Só que diferente do seu caso dividimos o erro.- O garçom deu uma risada apesar de estar claro que não via graça.

–Você é a Jennifer,não é?- perguntou.

–Achei que não ia se lembrar de mim.- falou a moça.

–Oi? Da pra explicar direito?- falou Felipe.

–Conheci Eduardo e Jonathan no começo do ano em que houve essa confusão. Eduardo parecia ser um cara legal, agia como um cara legal. Logo me apaixonei por ele e acreditei que ele por mim. Grande erro meu, ele era mulherengo afinal.Depois de alguns anos, quando Jon já havia sumido a muito tempo, nos casamos. Eu me dediquei muito tempo ao meu trabalho. E, bem, certo dia vi meu marido com outra e me dei conta de que ele já devia ter muitos filhos pelo mundo, nenhum meu. Depois de uma boa confusão ele me deixou. E a propósito perdi meu emprego. E o final dessa historia deve fazer...-ela olhou pro relógio de pulso.- Umas 3 horas que aconteceu.-algumas lagrimas escorriam pelo rosto de Jennifer- Café com muito açúcar. Meio enjoativo e faz mau a saúde mas quem se importa?

–Eu não conheci meu pai.-Falou repentinamente a asiática.- Minha mãe dizia que ele morreu a muito tempo atrás e se chamava Paulo.

–Qual o seu café?- perguntou Clary, que já estava se habituando a essa frase.

–Minha mãe tem uma floricultura.Floricultura da Lena,é bem famosa.Eu passo a maior parte do tempo lá cuidando junto com ela. Eu gosto disso, mas hoje aconteceram 2 coisas que mudaram tudo.- ela respirou fundo e bebeu um gole do café- eu estava vendo TV na floricultura quando passou a noticia que um ator que era muito famoso nos anos 50 havia morrido hoje.

–O que isso tem haver com seus problemas?- interrompeu o moreno.

–Cala a boca e deixa a menina falar!- protestou Clarry.-A propósito qual seu nome?- perguntou a garota.

–Larissa.-respondeu.-E bem, apareceu uma foto de quando jovem do ator era idêntica a do meu pai. Com os nomes diferentes e historias diferentes deduzi que tudo que minha mãe tinha me dito era mentira.- finas lagrimas escorriam pelo rosto dela.-E depois teve a correspondência.Minha mãe nunca deixou eu olhar a correspondência. Mas hoje ela não estava em casa então eu resolvi pega-lá.Afetada pela raiva não consegui ler tudo direito.-o tom de Larissa era melancólico e cortado pelos soluços.-Mas notei uma carta destinada a minha mãe que falava sobre “a pensão da nossa filha”, “algum problema ligue para meu secretario” e “não incomode a minha família”.Dentro do envelope havia uma grade quantia de dinheiro, provavelmente a pensão.Nesse momento chegou Tery, o cara que trabalhava junto conosco na floricultura e disse que minha mãe já não estava entra nos.Ela morreu num acidente- ela bebeu um gole do café.- Depois disso eu fugi e vim parar aqui.Café com creme.Eu nunca tinha experimentado antes.-Ela enxugou as lagrimas.

–Qual o nome do cara da carta?-perguntou a loira.

–Gabriel Morgie.- falou, e sim, todos chocados principalmente Felipe.-Acho que você não é o único limão da família Felipe.-ela sorriu entre as lagrimas.O garoto não sabia o que fazer então ele simplesmente abraçou a menina.

–Bem vinda a família.-Ele falou, a garota chorou mais ainda, mas agora ela sorria.

–A cara...-falou a loira.-É muito safado no mundo, não é mesmo?

–Qual é o seu café, Elena?- perguntou Jennifer.

–Sabe eu era líder de torcida.- ela deu um sorrisinho.-Eu tinha um namorado, jogava no time de futebol da escola.Era tudo lindo e perfeito, éramos o casal perfeito.Mas sabe descobri que a perfeição não existe.Ele me traia com uma garota de outra escola.Eu a vi de longe. Ela chorava muito.Nos brigamos feio e terminamos depois disso.-Ela respirou fundo.- Quando cheguei em casa minha mãe estava com um cara e disse que ele moraria conosco por um tempo.Não era a primeira vez que algo como isso acontecia, mas decidi que seria a ultima.E depois eu vim parar aqui.-ela bebeu um gole do café, finas lagrimas escorriam pelo rosto dela. -Café com marshmallow.Quase perfeito, mas muito doce.

–Qual o nome do cara e do teu namorado?-perguntou o moreno.

–Eduardo e Alphonse.-Falou.Todos chocados nesse momento, com exceção de Clary que ria e chorava ao mesmo tempo.

–Ridículo eu sei.Pode rir.- falou Elena.

–A outra garota.-ela disse parando de rir e agora estava apenas chorando.-Era eu.-Como um reflexo involuntário bateu na cara de Clary.

–Desculpe.- falou Elena percebendo o que fez.-Qual seu café ?

–Tudo bem.- ela falou.-Eu não sabia que ele tinha outra.Nem se eu era a outra.Mas sabe ele me largou hoje pra ficar com você.Mas sua escolha foi boa porque...-ela bebeu um gole do café.-Eu to grávida.- uma exclamação passou pela mesa.-Ele se recusou a assumir a paternidade e minha família me botou pra fora de casa.- ela bebeu outro gole do café.-Café com só um pouco de açúcar.Odeio café.-depois disso de fez silencio.

–E você moleque?- falou Jon se dirigindo ao garoto da touca.-O que tem no teu café?

–Não é o que tem nele, mas o que falta nele.-falou o garoto.-Me meti numa briga por causa da garota que gosto e fui expulso da escola. Ela nem sabe que eu existo.- ele deu uma risada triste.- Ela só pensava no namorado, mas hoje o namorado a deixou e de algum modo todos sabiam que ela estava grávida.Vadia, puta e coisas do gênero, estavam se referindo a ela assim. Não aguentei e a defendi.E deu no que deu- ele tirou a touca.- O nome dela é Clary.Café com leite. Falta açúcar.-Ele olhou para Clary ela chorava, ele chorava.-Eu ainda gosto dela.-ela correu para abraça-lo.

–Obrigada Henrique.

[...]

–Está feliz, Mary?-perguntou o homem atrás do balcão.

–Por que não estaria chefe?-respondeu a moça.Todos já tinham ido embora e eles já estavam fechando.- Jon e Jennifer resolveram ajeitar a vida deles juntos, afinal o mesmo cara destruiu as duas.Além disso Jennifer ofereceu um lugar para Clary e disse que ela, o bebê e Jon poderiam ser uma família. Eles adoraram a ideia. Clary e Henrique começaram a namorar mesmo com toda aquela historia da rejeição e o bebê.Felipe levou Larissa para a casa da família para resolver essa historia, e agora o garoto também se sente melhor com a nova irmã. Elena resolveu voltar pra casa e se resolver com a mãe, e ,bem, digamos que ela e Felipe se deram bem e ela virou amiga de Clary.

–Me refiro a você.Por que uma psicóloga resolveu trabalhar numa cafeteria?-perguntou Many.

–Simplesmente porque descobri que tudo se resume a café.- ela deu de ombros. Os dois iam saindo do local.-Além disso agora sei que meu irmão ficara bem.

– Jonathan, não?Você não deixou de se preocupar com ele.

“Hoje e pra sempre vou poder resolver o problema das pessoas.” Pensou a mulher “Café é mesmo mágico, maninho” ela apagou a luz.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?Odiaram?É linda? Tá uma merda? Porfavor comentem, ok?