Not That Simple Maid escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 17
Capítulo Especial


Notas iniciais do capítulo

Oláá!! Só queria agradecer o carinho de todas as leitoras aqui com os comentários!! Não parem de mandá-los nao gente hahah!!

Só dizendo que eu ADOREI escrever esse capítulo sobre o Ward, e acho que muita gente vai perceber o quanto a história é diferente da do nosso amado e adorado Usui



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Fugitivos

A cidade de Londres parecia, aos olhos dos dois adolescentes, mais excitante e sedutora à noite. Luz irradiava de todos os lugares. A imensa London Eye brilhava à luz azul neon, refletindo nas águas do rio Themes; canhões de luz iluminavam as silhuetas do Palácio do Parlamento, e ao lado o imenso Big Ben, que rasgava o céu noturno em luz. Milhares de carros e táxis pretos compunham a cena noturna da megalópole, buzinando e acelerando pelas ruas britânicas. A cidade não parecia dormir nunca, com as multidões ainda cruzando ruas e pontes sem se dar conta do início da noite.

Acelerando pela Great George Street, o porsche Carrera azul-escuro se aproximava em alta velocidade do Palácio de Westminster.

– Quão incrível seria viver com a rainha? – o adolescente perguntou, com apenas uma mão no volante e a outra repousando no banco ao lado. Seus cabelos lisos eram jogados para trás com o vento, e as luzes noturnas imprimiam um brilho dourado às suas mechas louras. – Eu poderia me acostumar a ser príncipe da Inglaterra.

– Com certeza você seria um príncipe mais gato que William e Harry juntos. – a garota loira ao seu lado respondeu, sua voz quente que até mesmo abafada pelo vento que entrava pelo carro conversível era irrefutavelmente sedutora.

– E com a princesa perfeita..... – o garoto abriu um largo sorriso cheio de malícia, e virou a cabeça para olhar a garota ao seu lado. Como resposta, ela levantou-se do assento encouraçado e sentou em cima do colo do motorista, brincando com seus cabelos e distribuindo beijos em seu pescoço.

O porsche Carrera não diminuiu a velocidade ao passar pela Westminster Bridge, e as luzes da cidade refletiram nas duas sombras dirigindo pelas ruas londrinas.

Brindes

– Nome, jovem mestre?

O segurança guardando a entrada perguntou ao garoto, levantando a voz devido ao som eletrônico que pulsava de dentro do pub rua afora. Uma fila de jovens como aquele casal se estendia ao longo da calçada, silhuetas meio embriagadas com as luzes que pulsavam das veias de Londres.

– Sir Sherlock Holmes, meu caro. – a figura alta e esguia do garoto respondeu, com um sorriso maroto. Seus olhos verdes faiscantes demonstravam sua clara diversão em provocar o segurança. A garota ao seu lado gargalhou, agarrada ao seu braço. – Pode checar a lista.

O segurança, um pouco mais alto e muito mais musculoso do que o garoto em seu terno fino, sabia como tratar jovens de elite como aqueles. Herdeiros ricos se portavam orgulhosa e desleixadamente, sem nunca se importar com consequências, e o pior jeito de lidar com eles era ir contra seus caprichos. Especialmente quando álcool estava envolvido.

Respirando fundo, com a voz contida e depois de correr um olho na lista, ele disse, – Sinto muito, senhor.

– Estou brincando, Brutus.... – o garoto deu uma leve risada, sendo acompanhado pela garota ao seu lado, e voltou a dizer, um pouco mais sério que antes. – Ward. Logan Ward.

Checando a lista, o segurança deu passagem aos dois quando viu que o nome era legítimo. Passando pela porta, o interior do pub era bem maior do que parecia por fora, embora a multidão de pessoas que dançavam e conversavam animadamente ao longo do bar transformavam a atmosfera do lugar familiar aos dois adolescentes. A batida eletrônica era estimulante, o bar convidativo, e as pessoas, excitantes.

Acostumados a festas como aquela, os dois adolescentes brindavam do melhor e mais do que raramente abusavam de sua condição de elite. Idade era algo que há tempos não importava mais, por mais que a idade dos dois fosse difícil de adivinhar dado o jeito soberbo como eles se portavam.

– Logan e Geneviv! – um homem jovem, de não mais de vinte e cinco anos, vestindo um blazer de corte fino e relógio de ouro, ia de encontro aos dois com um sorriso aberto nos lábios. Seus cabelos escuros brilhavam com a luz neon, e mesmo com a fraca iluminação do lugar podia-se notar seu porte galanteador. – Meu casal favorito!

– Tom! – Ward abriu um sorriso ao apertar a mão do amigo, e Geneviv estendeu a mão para que ele a beijasse. – Que belo lugar que você tem aqui.

– Dá pro gasto, não? – o anfitrião respondeu, sorrindo e acenando para um garçom no bar. – Fico feliz que vieram! Não teve problemas na entrada, certo?

– Aparentemente minha reputação chegou aos ouvidos de Londres – Ward respondeu sorrindo bobo, ainda levemente embriagado pelo álcool. – Não posso nem mais fingir que sou Holmes!

O anfitrião riu com o garoto. Enquanto o garçom se aproximava com uma garrafa de champanhe francesa, ele repousou sua mão no ombro de Ward amigavelmente e disse:

– Estava crente que você não viria! Gerard com certeza não veio com vocês, ou veio?

– Não, - o garoto respondeu, e o garçom servia a bebida nos três copos altos na bandeja. – ele teve que ficar com o pai em casa para ver os últimos detalhes do jantar.

– Ah, o famoso Jantar Anual dos Ward! – Tom jogou a mão para cima, em um gesto de admiração. – Conhecendo Gerard posso estar certo de que ele abriria mão de metade de sua herança para estar aqui em Londres do que na velha mansão em Cambridge, ajeitando a prataria na mesa!

Os dois gargalharam, e Ward afirmou:

– Sem dúvida, sem dúvida....

Tom entregou uma taça à Geneviv primeiro, depois à Ward, e em voz alta e animada, exclamou:

– Um brinde! À maravilhosa Geneviv, à encantadora Londres, e à Gerard!

As três taças tilintaram no meio do som pulsante do ambiente cheio.

– À Londres!

E Que os Jogos Comecem

Tom logo deixou o casal para cumprimentar outras pessoas, a maioria jovens da elite londrina, artistas e celebridades, modelos, e herdeiros de grandes famílias ricas da Inglaterra. A festa de abertura de um dos pubs mais esperados do ano era o lugar perfeito para eles jogarem seu jogo favorito. Caça à presa.

Dos balcões altos do bar, Ward tinha a visão perfeita da pista de dança, e com Geneviv, ao seu lado, selecionavam a melhor vítima para dar início ao jogo.

– E aquele ali? - Ward indicou com a cabeça um rapaz de no máximo dezoito anos, de cabelos pretos bagunçados e rosto angulado, sentado sozinho em uma das mesas altas.

– Huuum.... bonitinho.... – Geneviv respondeu, com os braços apoiados atrás das costas no balcão do bar, ressaltando seu decote profundo.

Por entre pessoas que passavam por eles e pela pista de dança, os dois encaravam discretamente o jovem solitário.

– Mexendo no celular.... provavelmente esperando uma mensagem da ex... – Geneviv comentou com uma pontada de crueldade, sua voz provocante analisava-o.

– Acho que sei a cura perfeita pra esse tipo de coisa.... – Ward disse casualmente, olhando de soslaio até encontrar os olhos azuis celeste de Geneviv. Ela tinha um sorriso malicioso nos lábios vermelhos, claramente se divertindo com aquilo.

Eles não disseram absolutamente nada por alguns segundos, ficaram apenas encarando um ao outro em uma provocação silenciosa. Erguendo-se por fim do balcão, Geneviv moveu-se em direção ao rosto de Ward, como se fosse beijá-lo, mas moveu-se para longe depois de ter certeza que o havia acendido. Um sorriso convencido em seus lábios ao sair em direção a sua presa dava início ao jogo dos dois.

Álcool, Amor, Provocação, e Outras Drogas

Ainda sentado ao balcão, Ward bebericava sua bebida sem tirar os olhos de Geneviv. Ela caminhava com a elegância de uma modelo e o poder de uma tigresa em direção ao pobre rapaz, que surpreendentemente ainda não a havia notado. Ward reparou nos largos cachos que caiam como uma cascata loira-acobreada pelas costas completamente nuas da garota; prestou mais atenção ao vestido, excepcionalmente curto, de lantejoulas pretas que colavam no corpo. Suas pernas torneadas eram ressaltadas com as sandálias de saltos altíssimos pretos e de solas vermelhas-carmim. Seus braços estavam descobertos, e em um dos pulsos diversas pulseiras cintilavam com a fraca luz do ambiente. Uma entre as demais brilhava mais, uma que era familiar à Ward: a pulseira de brilhantes que ele a havia dado de presente em seu último aniversário.

Geneviv havia se aproximado do rapaz e, por mais que não podia escutar o que diziam pela batida eletrônica, Ward podia ver a expressão de surpresa e timidez do rapaz diante de uma beldade tão estonteante quanto Geneviv. E, aos custos do pobre jovem embasbacado, ele se divertia com isso. Ele pode ver Geneviv estendendo a mão para levar o rapaz até a pista de dança, e os olhares tímidos em direção ao corpo da garota. Ela, andando até a pista, lançou um olhar rápido em direção a Ward, que o captou sem se mover. Ela então pôs-se a dançar com as costas coladas ao rapaz, seduzindo-o com o único objetivo de provocar Ward. Ela sabia que o garoto tinha a visão perfeita de tudo que fazia do bar, então depois de alguns minutos dançando perigosamente colada ao rapaz, Geneviv cedeu aos desejos do seu parceiro e virou-se de frente, colando seu busto ao tórax dele e levando suas mãos à suas coxas, permitindo passagem livre.

Ward sabia que o jogo sempre se resumia a isso: o auge do autocontrole. Ver aquele rapaz passar a mão por onde quisesse no corpo de Geneviv acendeu algo dentro de si, mas ele sabia que podia aguentar muito mais. Inclinou sua cabeça levemente para trás, esboçando um largo sorriso, e bebeu mais um gole de seu drinque. Geneviv sabia o que ele queria.

A garota então virou-se novamente e, acompanhando a batida que tocava, dançou rebolando até o chão. Lentamente, ela subiu de volta e colou seu corpo ao do rapaz, enroscou suas mãos ao redor de seu pescoço e começou a acariciá-lo no cabelo, olhando intensamente dentro de seus olhos. Ward conhecia esse olhar muito bem. A chama dentro de si cresceu mais forte, e ele automaticamente foi levado a se inclinar para frente, com o copo na mão e os olhos vidrados em Geneviv.

Ela então iniciou a fase final do jogo. Começou com leves selinhos no pescoço e carícias no cabelo, até evoluir a fortes chupões na orelha e arredores. Ward sabia que ela estava fazendo tudo o mais lentamente possível para provocá-lo ao máximo, e Geneviv fazia questão em lançar olhares entre beijos apenas para excitá-lo. E Ward sabia que estava funcionando, ele só precisava mostrar para ela que era mais forte nesse jogo doentio de provocação e autocontrole.

Geneviv, entre olhares, também sabia que não aguentaria se controlar por muito mais tempo. Por isso decidiu em avançar as coisas um pouquinho, e partiu para o beijo de língua. Intensificou os toques, apertando a nuca do rapaz levemente, e fechou os olhos por alguns instantes antes de ter que olhar para Ward para ver sua reação. Quando viu que ele parecia controlado, ela sabia que era apenas uma jogada. E ela sabia como desmascará-lo.

Sua vítima respondia bem aos beijos quentes e intensos da garota, e ele agora a apertava forte na bunda e nas coxas, puxando-a para mais perto e beijando seu pescoço e decote. Aproveitando-se disso, Geneviv subitamente enroscou uma perna na cintura do homem e, quando ele a beijou no pescoço, ela fechou os olhos e abriu a boca, fingindo estar nas nuvens.

Aquilo foi a gota d’água para Ward. Já não conseguia mais se controlar.

Terminou sua bebida em um rápido gole e levantou-se do balcão, andando apressadamente em direção à Geneviv, que ainda se enroscava no homem. Ela o viu e parou imediatamente com o que estava fazendo, abrindo um enorme sorriso de vitória.

– Você foi um ótimo brinquedo hoje - Ward disse, dirigindo-se ao rapaz que, ao ser largado tão abruptamente com a chegada do garoto, parecia zonzo e completamente confuso. Ward falava ao pé do seu ouvido, com um sorriso quase cruel em seus lábios. – Pena que ela tenha dono.

Então Ward pegou Geneviv pela mão, firme, e deu-se de costas para o rapaz. Geneviv lançou um beijinho com as mãos na direção dele, atônito e ainda sem entender o que tinha acontecido, antes de dar de costas também e acompanhar o passo apressado de Ward para o banheiro do pub.

Quebrar vidros e rasgar roupas

Ward escolheu aquele canto sem pensar direito se haveria pessoas para assistir ou não, algo que em sua opinião não importava no fim das contas. Contudo, o estreito e mal-iluminado corredor dos banheiros parecia ser o único lugar vazio daquele pub cheio.

Puxou Geneviv pelo pulso e a jogou contra a parede, prendendo-a contra seus corpo. Colocou sua boca bem perto de seu ouvido, e sua voz soava rouca com a ansiedade e inquietação.

– Você foi longe demais desta vez.... – ele sussurrou, mal contendo a excitação de sua voz.

– Quem não aguenta, não brinca. – Geneviv respondeu, a língua tão afiada quanto seu olhar azul glacial.

Ao ouvir isto, Ward desinibiu-se de qualquer resto de controle sobre si e prendeu as coxas de Geneviv entre suas mãos grandes, levantando a garota na parede. A pegada foi tão forte que quase chegou a doer na garota, mas ela sabia que deixaria marcas amanhã. Ela sorriu de ponta a ponta, um sorriso de pura malícia e provocação.

– Vamos ver quem sabe brincar.

Então Ward a beijou de língua, voraz, molhado, apaixonado. E ela respondeu com a mesma intensidade, sem parar um segundo para respirar. A garota prendeu seus braços ao redor do pescoço do garoto, que ora brincavam e prendiam os cabelos loiros e lisos entre seus dedos ávidos, ora desciam pela nuca até o abdômen e costas do garoto, abrindo os botões da camiseta de linho branca.

Ward, por sua vez, apertava cada vez mais forte seus dedos contra as coxas da garota, e ela rapidamente prendeu suas pernas à sua cintura. Ele a pressionava contra a parede, passeando suas mãos livremente pela cintura até os seios da menina. Começou a beijá-la no pescoço e na orelha, distribuindo fortes chupões na pele até chegar ao busto. Geneviv mal conseguia controlar os gemidos que teimavam em sair com a pegada forte do garoto, e Ward ficava cada vez mais ávido a cada ruído seu. Beijá-la entre o decote já não era suficiente e ele, sem pensar duas vezes, abaixou a parte de cima do vestido tomara-que-caia, revelando o sutiã vermelho rendado da garota. Ele parou de beijá-la e levantou os olhos verdes faiscantes com excitação, para dizer, com a voz entrecortada pela respiração irregular:

– Quem é que não sabe brincar?

Borboleta

Ele ajeitava sua camiseta de linho branca por debaixo do paletó preto, deixando a terrível missão de ajeitar a gravata borboleta para o final. Seus cabelos lisos haviam sidos penteados para trás, mas alguns fios já escapavam do gel que os prendiam, dando a ele a expressão jovial que o fino traje havia retido. Afinal, ele não passava dos dezesseis anos.

Uma súbita batida na porta o tirou de si.

– E aí, irmãozinho, - a figura elegante de Gerard estava parada à porta, com os braços cruzados em seu paletó igualmente fino. Seus cabelos pretos como ébano estavam penteados para os lados, e seus olhos verdes faiscavam com as luzes do quarto. – Precisa de uma mão com a gravata?

Ward respirou fundo, abrindo um sorriso. – Odeio gravatas.

Gerard deu um risinho, se aproximando de Ward. Até sendo quase seis anos mais velho que o irmão, Gerard ainda era o mais baixo. Com mãos ágeis, ele deu o nó na gravata e ajeitou-a. Ward o olhava com admiração, o irmão mais velho no qual se espelhava.

– Obrigado. – Ward disse, virando-se para encarar seu reflexo no espelho. – E o papai, como está?

– Ah, você sabe... - Gerard deu de ombros, caminhando ao redor do quarto com as mãos no bolso. – Até parece que os médicos iriam ser capazes de prendê-lo no hospital com o Jantar Anual hoje à noite. Não é como se doença alguma fizesse nosso pai parar quieto.

Ward suspirou, sentando-se na beirada da cama. Ele recordou da parada cardíaca que seu pai havia sofrido no dia seguinte, deixando toda sua família morta de preocupação.

– Tem razão.

– Se ele não está melhor, pelo menos parece melhor. – Gerard continuou, pegando em suas mãos um porta-retratos com a foto de Ward e Geneviv alguns meses atrás, com a torre Eiffel atrás do casal sorridente. Colocou de volta. – Ele até já voltou com o poker, e está agora mesmo bebericando whiskey enquanto joga.

Ward suspirou novamente, passando a mão pelo cabelo. Seu rosto parecia uma pintura de preocupação e ressentimento.

Drinques Amargos

Passos pesados ecoavam pelo longo corredor de paredes douradas e recobertas por pinturas de família. Ward caminhava com a cabeça curvada, mãos nos bolsos, coração de chumbo. Ouviu risadas abafadas vindas da última sala antes da escadaria, e sabia de quem eram. Antes de prosseguir, virou-se para a mesa ao lado, onde um decantador de cristal e diversos copos para drinques repousavam numa bandeja prateada. Despejou o líquido castanho forte em um dos copos e seguiu, a cada passo as risadas ficando mais fortes.

....e então, ele sentou na minha frente e disse, ....– ouviu a voz de seu pai falando pela porta, antes de ser interrompida por alguém que parecia ter acabado de chegar. Parou na batente da porta, seu punho pronto para bater.

Senhor, temos notícias do Japão. – Ward rapidamente reconheceu a voz como a do assistente pessoal de seu pai. Seu coração pareceu parar ao ouvir a palavra Japão.

– E então? – seu pai continuou, e todos ao seu redor fizeram silêncio. – É câncer mesmo?

– Sim, câncer terminal, senhor. Os médicos disseram que ela deveria ser transferida para a UTI o mais cedo possível.

– Bah, aquela velha! Não acredito que ainda me dá trabalho até depois de divorciados! – a voz parecia zangada, e bateu a mão na mesa. – E o que foi que os advogados disseram? Dá pra transferir a conta pra família dela?

– Bom, senhor, - o assistente soava um pouco hesitante. – sim, mas ela só tem o irmão para tomar conta dela. Todos os outros parentes morreram.

Ao ouvir isso, Ward já não conseguia ficar parado na porta sem fazer nada. Apressou-se em bater na porta, e ouviu um silêncio do outro lado.

– Pode entrar. – seu pai respondeu, e Ward abriu a porta e fechou-a atrás de si com o drinque em mãos. – Logan, filho! Entre!

– Olá pai. – Ward caminhou ao redor da mesa de poker, cumprimentando com a cabeça o pequeno grupo de homens ali presentes. Parentes e amigos íntimos de seu pai, na maioria. – Trouxe um drinque para o senhor, mesmo sabendo que não deveria.

– Ora, o que é isso! – seu pai arrastou a cadeira e pegou uma muleta prateada que repousava no canto da mesa. Seu físico baixo e corpulento parecia enfraquecido e cansado, e os olhos castanho-escuros de seu pai guardavam pequenas olheiras pela noite mal dormida. – Que a terra caia sob meus pés antes de eu recusar a um drinque!

Algumas risadas ecoaram pela sala ao dizer aquilo, e ele deu um gole na bebida.

– Então, Logan, vamos ver a linda Geneviv hoje?

Ward, antes de responder, lembrou-se de ter visto o pai de Geneviv sentado a mesa com seu pai. O Sr. Scott era um dos homens mais importantes da Inglaterra, e feito melhor amigo de seu pai. Os dois ambicionavam a união das duas famílias desde sua infância.

– Com certeza, pai. – Ward disse e abriu um sorriso.

– Então vá indo, meu filho. – Seu pai voltou-se à mesa, repousando a bengala e sentando-se de volta ao jogo. – Diga à sua madrasta que já estou descendo.

Ward cruzou a sala e fechou a porta atrás de si, mas não continuou escada abaixo como deveria.

– Então prossiga com a transição. – ele ouviu seu pai dizer, pela porta. – Essa mulher já não é mais responsabilidade minha.

Ódio

O salão estava cheio. Enormes lustres de cristal iluminavam as centenas de pessoas que aglomeravam-se em roupas elegantes e sorrisos falsos ao redor da imensa mesa repleta de comida. Risadas ecoavam pelo lugar como o cheiro do rosbife e o perfume forte do vinho sendo servido sem parar. O garoto, tão acostumado a festas pomposas como aquela, se viu perdido no meio da multidão, em busca de seu único aliado. Seu único irmão, Gerard.

Finalmente o encontrou, no canto do salão, conversando com uma linda moça em meio a olhares duvidosos. Se aquelas fossem condições normais, Ward jamais o interromperia. Mas aquelas não eram.

– Gerard, - o garoto loiro o chamou por trás, sua voz um tanto rouca com a tensão dentro de seu corpo. – Preciso falar com você.

– Irmãozinho, - Gerard virou-se a encará-lo, com um sorriso irritado. – Não está vendo que estou meio ocupado?

– Gerard, agora. – Ward lançou-lhe um olhar, e seu irmão soube que o assunto era importante.

Com educação, Gerard desvencilhou-se de sua companhia e virou-se para encarar seu irmão.

– O que foi? Espero que seja algo importan...

– O papai vai parar de pagar pelo tratamento médico da mamãe. – Ward disse, olhando ao seu redor preocupado. Estavam relativamente distante do resto da multidão, o que o deixou aliviado. – Ela está com câncer terminal. Acabei de ouvir.

Ward percebeu que a feição inicialmente séria de Gerard transformou-se em uma gargalhada. Ele não entendeu como seu irmão poderia rir assim da mãe dos dois.

– Mas é claro que ela está! – Gerard disse, um pouco mais sério. – Já sabemos disso há meses!

– O que? – Ward parecia incrédulo. – Como é que ninguém me contou?

– Você ainda é muito novo para entender, Logan. – Gerard o dispensou com as mãos, voltando a dizer, - Papai parou de pagar o tratamento porque todos sabemos que ela não vai sobreviver. Para que estender o sofrimento dela?

Ward não podia acreditar no que estava ouvindo.

– Mas não foi para isso que a mandamos para o Japão? Para o melhor hospital do mundo, com os melhores médicos? Para que ela recuperasse?

– Sim, sim, no começo isso parecia a melhor ideia para o papai...

– Como assim?

Gerard parecia sem paciência.

– Eles tinham se divorciado, e a carreira do papai tinha dado uma engrenada. – ele fazia gestos irritados com a mão. – Mandar a mamãe para o lugar mais longe possível era a melhor coisa a se fazer quando ele se casou com Anne por conta dos negócios.

Ward abriu a boca para protestar, mas estava difícil de engolir tudo aquilo.

– Você era muito novo. Você ainda é muito novo, na verdade.

– Como, - os pulsos de Ward estavam cerrados em ódio. Ódio pelo egoísmo de seu pai, ódio pelo jeito desleixado com que Gerard falava de sua mãe, ódio de si mesmo por não ter percebido. – como você pode estar tão tranquilo? É sobre a mamãe que estamos falando!

Gerard suspirou fundo, dando as costas ao irmão.

– Você é muito novo para entender. Vá brincar com Geneviv para se distrair.

Jantar em Família

O tilintar de garfos e facas contra a porcelana deixava Ward nauseado. A luz dos lustres parecia dá-lo dores de cabeça. Os sorrisos falsos que sempre estavam ao seu redor, mas que pela primeira vez decidia notá-los, o deixavam enojado.

Virou o olhar para encarar seu pai, sentado ao seu lado no fundo da mesa. À sua frente, Gerard. Ward se sentia tonto ao ver que os dois agiam com extrema naturalidade e jovialidade mesmo carregando notícias tão alarmantes. Ele forçou-se aguentar o máximo que conseguia, em consideração ao evento de sua família. Mal tocava em sua comida, sem qualquer traço de apetite. Virou a cabeça em direção a mesa que se estendia à sua esquerda, infinita.

Procurou por entre rostos e risadas, mas não a achou. Perguntou-se onde ela estaria, seu lugar reservado ao seu lado estava vazio desde o início do jantar.

Voltou a atenção sem querer ao seu pai, com algo que ele discutia com seu tio Hugh.

– ....queremos expandir os negócios da empresa, e a família de Anna nos apoia totalmente. – vendo que Ward o encarava, seu pai virou-se em sua direção e repousou sua mão em seu ombro, sorridente. – E quando este aqui se casar com a belíssima Geneviv, nossa família será imbatível! Não é meu filho?

Ward encarou seu pai por um longo momento, sério. Ele tentava decifrá-lo, alguém com quem viveu 16 anos dividindo alegrias e tristezas, em família. Não conseguiu, e levantou-se da mesa sem dizer nada.

Azul Traiçoeiro

Por mais que tentasse, não conseguia colocar seus pensamentos em ordem. Sua cabeça era uma bagunça.

Caminhava de soslaio pelos corredores da mansão, sem saber para onde ir. Estava enfurecido. Queria socar as paredes, quebrar os vasos, derrubar pinturas e quadros. Desfez com raiva o nó na gravata borboleta que parecia sufocá-lo, e a jogou longe. Passou as mãos nos cabelos e desfez o penteado, virando-se para subir as escadas em direção ao terraço, quando ouviu algo.

Ruídos vindo de dentro do quarto de hóspedes.

Caminhou em direção a porta e, quando abriu, notou uma sombra perto da janela. Com mais cuidado percebeu que não era uma sombra e sim, duas silhuetas.

– Geneviv.

Os olhos azuis celeste brilhavam na escuro em sua direção, com a feição surpresa se transformando em um sorriso malicioso. Suas pernas brilhavam ao redor de um rapaz que não reconheceu. Mas não precisou. Fechou a porta, deixando os dois sozinhos na cama.

Em pedaços

Uma brisa balançava as copas das árvores do jardim e escapava pela janela do quarto, revoltando os fios loiros do garoto parado ao lado das cortinas. Ele observava a estrada de asfalto, à espera de sua carona.

Seu semblante era muito mais calmo do que o de duas noites atrás, mas não calmo o suficiente para o fazer voltar atrás em sua decisão. Uma batida na porta corta o silêncio, mas ele não se dá ao trabalho de virar-se.

– Se papai ainda estivesse aqui, - a voz de Gerard ecoou pelo quarto, e seu semblante elegante estava parado à batente. – ele não tentaria te convencer a não ir. Ele o obrigaria.

– Acho que dei sorte então, não? – os olhos verdes de Ward viraram-se para encará-lo, brilhando raiva contida.

– Como pode falar assim de seu pai?

– Da mesma forma como você falou da sua mãe.

Gerard o encarou, sem saber o que dizer. Parecia sério, arrogante demais para ceder aos caprichos do irmão e convencê-lo a desistir.

– Você tem visita. – ele disse por fim, deixando o quarto.

Depois de alguns instantes sozinho, Ward escutou o barulho de saltos altos batendo contra o mármore do piso. O ruído parou à porta de seu quarto.

– Knoc, knoc. – Geneviv parecia sorrir, levantando os óculos escuros do rosto. – Pensei que você não fosse o tipo de cabular aulas....

Ward não virou-se. Conteve qualquer traço de emoção ao som de sua voz.

– Pensei que você não fosse o tipo de brincar com fogo....

– Então você não me conhece.

Ao ver que sua resposta não o incitou como deveria, Geneviv começa a caminhar ao redor do quarto, dizendo com o mesmo tom malicioso e falso que Ward começou a detestar.

– Então você está de mudança? – ela disse, apontando a única mala parada ao lado do garoto na janela. – Aonde vai?

– Você sabe muito bem. – ele respondeu, seco. – Japão.

Geneviv abriu um sorriso, vendo que finalmente o havia feito falar. - Japão? Que excitante! Me leva junto?

– Não! – Ward virou-se, com raiva borbulhando em seus olhos verdes, como veneno. Sua resposta ecoou pelo quarto inteiro. Retomando a postura seca e fria, disse, - Acabou, Geneviv.

– Ah, não acredito que você ainda está bravinho pelo que aconteceu semana passada! Era só parte do jogo!

Aquilo era um jogo pra você? – Ward perguntou, mostrando um pouco de emoção em sua resposta. Desespero. Tristeza. Mágoa. – Nós não passávamos de um jogo para você?

Geneviv levou um minuto para responder, seu sorriso alargando-se cada segundo mais. Um sorriso cruel, como uma víbora sádica.

– Sempre foi assim.


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Notas finais do capítulo

O que voces acharam?? Me mandem comentários!!! E se quiserem uma recomendaçãozinha também né? hahah

Feliz ano novo a todos!!! Um beijao e até a próxima!!!



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