Pouco depois de Riley ter se levantado, Ward começou a se espreguiçar os braços ainda deitado no sofá, e levanta a tempo de ver a garota adentrando em seu quarto. Sorriu. Sua cabeça doía um pouco pela noite de ontem, mas nada que o importasse. Refletiu por um instante se devia contar a ela que ela é a primeira pessoa que traz para seu apartamento em muito tempo. “Não,” ele pensou, levantando-se do sofá em direção a cozinha. “ia apenas cortar toda a graça.”

Abriu a porta da geladeira para pegar um galão de leite, e estava tomando um gole diretamente do bico quando o telefone tocou. Nem se incomodou em atender e, como esperado, a chamada vai para a secretaria eletrônica.

“Você ligou para Logan Ward, não vou atender agora e também não vou tentar te ligar de volta. Click.”

– Logan, eu sei que você está em casa e só não vai atender porque está bancando o revoltadinho. Mas não interessa. Só estou te ligando porque achei que deveria saber. Escute, o papai saiu do hospital. E ele planeja ir te visitar.

O garoto tinha congelado quando ouviu a primeira palavra, seu próprio nome, sendo pronunciado por aquela voz mais que familiar. Gerard. Seu irmão mais velho. A pessoa de cujo sotaque britânico mais odiava. Largou a porta da geladeira aberta e tirou o telefone do gancho num pulo.

– Ah, tinha certeza de que estava aí, Logan. – Ward ouviu seu irmão pela linha, mas por algum motivo as palavras o tinham fugido. A mão que não segurava o telefone estava cerrada em ódio. – Como estão as coisas, buddy?

– Você disse que o papai saiu do hospital. Quando foi? – Ward quase sibilou as palavras, extremamente frio. A voz na outra linha, por sua vez, parecia estar se divertindo com a situação.

– Acho que ficar isolado da família não funcionou bem para você, não foi Logan?

– Gerard. Quando foi.

– Duas semanas atrás, e quando soube que você ainda estava no Japão brincando, ficou puto. Mandou os médicos pro inferno e voltou para o escritório, com uns negócios ainda maiores.

Ward passou a mão na cabeça, de repente zonzo.

– E os outros?

– Tio Hugh está ajudando com os negócios do papai, e Emma comprou uma casa de praia em Bourmouth. Lilian se casou com Henry em fevereiro, mas já estão se separando. Você ainda quer saber da esposa do papai?

Ward suspirou. A vida no outro lado do mundo parecia a mesma de quando ele a deixou.

– Não. Quando vocês chegam?

– Bom, já que o jato da família foi vendido uns meses atrás, papai está na Alemanha comprando um novo. Provavelmente no fim do mês.

“Tudo bem, ainda tenho algumas semanas,” acalmou-se. A voz de Gerard continuava no outro lado da linha.

– Olha, irmão, sei que não nos falamos por um bom tempo... – “É, tipo, por uns dois anos,” Ward rolou os olhos. - ....mas sério, o papai acordou mil vezes mais exigente. Eu conheço ele, e também conheço a esposa dele. Eles vão querer o apartamento da mamãe de volta, e vão mudar tudo. – pausa – Você ainda está morando no apartamento antigo da mamãe, não está?

– Sim.

– Conselho meu: arrume a casa, e sei lá, arranje uma empregada japonesa gostosa pra te ajudar. Qualquer coisa vai ser melhor do que nada.

Click. Ward escutou o fim da ligação, mas ficou segurando o telefone por mais alguns segundos, mal acreditando na conversa que tinha tido.