POV'S Queen

– Se está tão incomodado, Queen, por que não mora comigo?

As palavras do Deni ressoavam na minha cabeça sem parar, e antes que eu pudesse responder Thai me puxou pelo ombro, envolvendo o braço em meu pescoço e apoiando a cabeça sobre a minha.

– Por que eu preciso dela para lavar minhas roupas, pode sair agora.

Não pude ver a cara que ele fez, e eu realmente QUERIA ver. O que eu não entendi foi, agente lava roupa em lavanderia... Depois que o Deni foi embora ele me ligou dizendo que não ia poder me buscar no trabalho amanhã, ele disse alguma desculpa que não me lembro, mas eu sabia que era porque ele está envergonhado demais para me ver – na verdade até eu fiquei surpresa, mas foda-se, se for para o clima ficar estranho assim não era pra ter feito – mas ta, eu sou parcialmente culpada, parcialmente.

Havia falado com o Thai antes de sair que era pra ele me pegar e dei muito ênfase no meu "ME BUSQUE OU MORRA" coube a ele fazer sua decisão. E creio eu que não foi a melhor.

– HORA DA MORTE! – Falei abrindo a porta do quarto.

– Q-que você ta fazendo aqui? – Thai disse se levantando rápido – Já ouvi falar em algo chamado "bater na porta"? – Grunhiu.

– E porque eu faria isso? – Falei com a maior cara de ingenua – Eu tive que vim pra casa de transporte público, do lado de um gordo suado, repito, SUADO – Ele riu – Tsc, que foi? Ficou com medo que eu tivesse te pegado você se aliviando ou "se medindo" com uma régua?

– Se eu tivesse fazendo isso teria que usar uma fita métrica – Ele me olhou com um sorriso matreiro.

– Ah ta. Thai e seus 60cm – Revirei os olhos – Mas quem sou eu pra dizer algo né? Mas me diga, se você não tava fazendo isso por que o espanto na hora que eu entrei?

– Espanto? Só pode ter sido impressão sua – Ele disfarçou – Então, que tal eu ir fazer o jantar? – Ele falou me empurrando pra porta.

Abaixei, passando debaixo de suas pernas e fui em direção a cama – juro que pensei que não ia dar certo – antes de alcançar Thai segurou minha perna, fazendo com que faltasse um tisco para eu puxar a revista, e não havia outra opção. Virei meu corpo chutando o Thai direto no queixo fazendo com que ele me soltasse e levasse as mãos ao rosto, a culpa e a pena não chegavam perto da minha curiosidade, então na hesitei e subir na cama levantando a revista e vendo-a. E então eu finalmente entendi tudo.

– VOCÊ É GAY! – Gritei arregalando os olhos e apontando pro Thai.

– GAY O CARALHO – ele retrucou – desce dai e me devolve a revista – ele ordenou me fuzilando com os olhos.

– AI MEU DEUS, quando o Deni souber disso – Pus as mãos na cabeça.

– Esse garoto de novo? – Grunhiu – Desce agora.

– Se não é gay porque ta vendo revista de M-E-N-I-N-A? – Silabei organizando meus pensamentos, esperando por uma explicação.

– Não lhe devo satisfação alguma – Ele bufou virando o rosto.

– ATENÇÃO ATENÇÃO, THAI BUTTON LÊ REVISTAS FEMININAS E USA FITAS MÉTRICAS PARA MEDIR O – antes que eu pudesse terminar ele me puxou pelo pé fazendo com que eu caísse na cama – Endoidou? – Falei checando se todas as partes do meu corpo estavam entactas.

– Fala a garota que chutou meu queixou – Ele resmungou – Sai do meu quarto.

– Não saio até me contar o porque você é gay – Falei me sentando e cruzando os braços – Digo, porque faz coisas que gays fazem – Revirei os olhos.

– Tsc – Ele cedeu se sentando na cama e tirando algo da gaveta da escrivaninha – por isso.

– Que garranchos são esses? – Falei encarando uns rabiscos que o Thai tinha feito – Se essa sou eu já é esculhambação.

– Eu sei que ta ruim, não precisa esfregar na minha cara – ele bufou – Estou vendo essas revistas para ter uma base para os meus desenhos.

– Talvez você não teja inspirado pra desenhar, só isso.

– Ou talvez porque geralmente eu só ando desenhando você e meninos com cabelos desgrenhados – Soltei uma risada, ele me olhou e sorrio de canto.

– Seu cabelo também é desgrenhado – Falei bagunçando o mesmo soltando uma risada.

– Não, meu cabelo é desarrumadamente charmoso – Ele assentiu.

Já fazia tempo que eu não passava um tempo com o Thai. Desde a conversa sobre a Clair e a confusão com o Deni era difícil falar sobre alguma coisa. Não sabia exatamente o que era, tudo que eu fazia, no final sempre acabava em "Thai". O que ainda me incomodava era se ele tinha mesmo esquecido a Clair, ou o porque dele ter dito aquilo ao Deni, ou se ele me odiava. Somente isso ocupava toda minha mente, sem espaço pro Deni, Taylor ou qualquer outra coisa, somente ele, isso me sufocava.

– Já fazia tempo que eu não te desenhava – Ele garranchou – sozinha.

– Hm? – Me atrevi a olhar saindo dos meu devaneios.

– Isso, fique parada desse jeito – Ele disse completamente concentrado.

Eu nunca tive a oportunidade de ver o Thai desenhando. Será que ele desenhava a Clair como está fazendo agora? Ele disse "Eu só desenho uma única pessoa por vez. E depois, não desenho mais". E quando Thai encontrar outra pessoa pra desenhar, quero saber se ele simplesmente vai virar a pagina. Só não sei porque, eu tô pensando tanto a respeito do Thai.

– Que cara é essa? – Ele falou me olhando de canto, virando a folha.

– A minha – Bufei.

– Ah certo, sua cara enquanto me come com os olhos.

– N-não tô te comendo com os olhos – grunhi – Não foi você que disse "fique parada desse jeito?".

– Eu disse "fique parada desse jeito" não "bom apetite".

– Se foda Thai – Falei levantando.

– Que foi, já ta na hora da sobremesa? – Ele provocou – Perdão. Eu não faço por mal – Ele continuou zombando.

– Te juro que não ta melhorando a situação – Falei passando a mão no cabelo enquanto ele me olhava.

– Vem cá, deixa eu por em prova meus conhecimentos adquiridos nessa revista – Ele falou dando um tapinha entre suas pernas.

– Você acha mesmo que eu vou deixar você tocar no meu cabelo?

– Para de ser fresca, vem logo. – Ele disse me puxando.

Não sei se é normal. Digo, tudo isso. Só por agora, esqueci todos aqueles pensamento e os troquei por risos e por cotoveladas a cada vez que o Thai puxava meu cabelo propositalmente. Tudo que ele falava, ressoava tão próximo, que eu sentia sua respiração em minha nuca de vez em vez que ele vinha falar algo. Comecei a me perder nos pensamentos, adivinha? Clair novamente. Até que as palavras saíram.

– Você sente falta dela? – Ele soltou meu cabelo e não respondeu – Desculpa, foi uma pergunta idiota.

– Idiota fui eu, que só por ter tido carinho, pensei que fui amado – Ele sorriu meio forçado.

– Você é um conquistador – Admiti, olhando pra baixo soltando uma risada – Meu cabelo está um horror.

– Meu queixo está doendo.

– Vou pegar gelo.

– E eu um pente.

Talvez eu deva voltar aqui mais vezes.