Agora eu realmente entendi o ditado "quem anda com peixe, peixinho é". Além do Thai herdar suas habilidades de senhor peladão com o Jack – Bar do tio Jack lembram? – ele aprendeu a ser "ele" com uma pequena ajuda dos amigos dele – ou os amigos aprenderam com ele, que seja – em menos de 20 minutos com a gangue do Thai, acho que os policias a partir de hoje já me reconhecerão – se é que me entendem.

– O que vamos ver? – Perguntei olhando as molduras com os filmes em cartaz no grande corredor.

– Esse têm cara que é bem ruim olha – Random apontou para um deles, me aproximei para olhar – Têm um casal novo e depois velho, deve mostrar a grande mentira do "pra sempre" nele.

– Esse é o nome do filme bocó – Ele fez cara de surpresa quando viu o nome enorme "PRA SEMPRE" na imagem – Vai ser esse então? – Perguntei olhando para todos, ou quase todos – Cadê a Adson e o Chad?

– No banheiro talvez, ou em alguma planta – Ele disse indiferente ainda olhando os cartazes, ao perceber meu silêncio continuou – Eles gostam de... Sabe – Ele fez um gesto com a mão – Em lugares exóticos.

– Numa planta? – Ele deu de um ombros – NUMA PLANTA? – Repeti fazendo ele soltar um riso.

Então fomos na bilheteria. Sabe o que está me irritando muito? – O suficiente pra me fazer pegar um cara e ir numa planta? – É o fato do Thai e eu estarmos no mesmo grupo, e não trocar nenhuma palavra.

Eu e o Random íamos conversando na frente, enquanto o Thai e o Stevie ficavam mais pra trás dando uma olhada no local para ver se encontravam o Chad e a Adson. E estava me assustando o fato deles olharem em cada planta que passassem. Depois que compramos os ingressos, fomos comprar as pipocas e os refrigerantes. Adson e Chad apareceram pouco depois de comprar o deles também. Entramos e fomos em direção as cadeiras, a ordem estava: Stevie, Random, Thai, eu, Adson e Chad.

– Onde você estava? – Sussurrei para Adson que virou discretamente para me responder – Não vai me dizer numa planta né?

– Não – Soltei um suspiro aliviada – Num arbusto pra ser exata – A encarei fazendo-a rir.

Antes que eu pudesse prolongar a conversar Thai me cutucou, virei minha cabeça para ouvi-lo.

– Se você insistir mais ela vai te dar uma lista dos lugares exóticos que ela "visitou" com o Chad – Ele sussurrou no meu ombro, senti seus lábios tocarem minha pele.

– O-obrigada pelo conselho – Balbuciei. Calma Queen, foi um contato casual, calma.

Ultimamente – desde que o Deni foi embora, e fato de ter que conviver com o Taylor e seu amor perfeito com a Clair – minha carência aumentou consideravelmente, e mesmo o filme sendo uma merda com uma história monótona e dramática só o fato de que eu sei que no final eles vão ficar juntos me batia aquela linda "inveja". Cada minuto lá me fazia querer vomitar. Principalmente nas cenas do "Ai eu te amo mas não sou bom o suficiente pra você" – sim, aquela cena clichê em todos os filmes que faz querer mandar todos tomar no cú mil vezes – me fazia não sabia o que fazer. Olhar pra merda a frente, a merda ao lado – vulgo Chad e Adson fazendo o cinema de seu novo lugar exótico –ou pro outro lado, e ver o Thai.

Sim, minha escolha foi o Thai.

E olhar ele, sabe, com aquela luz refletindo em seu rosto fazendo suas claras orbes azuis ficarem ainda mais claras, deixando seus cabelos bagunçadamente bagunçado – tenho certeza que ele acorda, joga aquele fuckin cabelo pra cima, meche a cabeça e pronto – ficar ainda mais perfeito, além de fazer com que sua pele ficasse ainda mais pálida – mencionei que desde que ele tirou os piercings ficou com uma aparência "angelical demoníaca" tipo: Oi Queen, resolvi ficar mais lindo só pra você se foder mais? – mas sim, não ajudou nada. Na verdade piorou quando ele percebeu que eu estava secando ele descaradamente. Se eu tivesse escolhido a merda a frente com certeza eu teria vomitado na merda ao lado e o Thai ia rir comigo, mas não, sou a Queen pessoal. Claro que tinha escolher ser uma pervertida, por favor.

E pra completar, o beijo desentupidor de latrina na tela enorme em minha frente.

– Ei pirralha, melhor fechar a boca antes que sua baba afogue todos nós – Thai zombou ao me ver boquiaberta.

– Me deixa ta? – O ignorei me encolhendo na poltrona – É um beijo de oi, outro de tchau, mais um de faz 5 minutos que te vi e eu sem nem um beijinho de "durma bem Queen" e não, você não têm o direito de caçoar do que eu disse agora – Ele riu abafado sugando mais de seu refrigerante – Só esqueça e coma logo sua pipoca para que eu possa vomitar depois de tudo isso.

– Não é a única, põe esse projetil de boca pra funcionar – Ele disse enchendo minha poca de pipoca.

Fiz o mesmo. Até que nossa pequena disputa "Quem entala o outro primeiro" acabou numa enorme disputa, e olá lanterninha, tchau cinema.

– Arg – Bufei me encostando na parede – 30 minutos aqui fora até essa merda acabar – Disse tirando alguns grãos de milho do meu cabelo – culpa sua – Resmunguei.

– A culpa foi sua – Ele retrucou se encostando ao meu lado – Eu vi – Ele pausou – Como você estava "me olhando" e não pude ficar quieto – Ele disse quase inaudível.

– Ah, aquilo foi – Pensei um pouco – Um momento inconveniente – Tentei achar as palavras – Digamos que eu não sabia para onde olhar então só me restou – Suspirei – Você.

– Reformule – Ele disse mexendo no cabelo.

– Hum. Eu preferi não ver a cena estupida na minha frente, nem observar a Adson e o Chad fazendo suas poltronas de "planta", preferi olhar você sendo estupidamente atraente – Admiti.

– Certo – Ele riu – Eu sei que eu sou atraente – Ele disse jogando o cabelo pro lado e soltando um beijo pra mim.

Ri tando que me estomago doeu.

– Ei, não esqueça que você acabou de me chamar de atraente – Ele regardiu.

– Bem, isso foi antes disso. Agora você é um completo estupido – Falei ainda rindo – E que merda de apelido é esse? "Tetê" – Ri mais.

– Ok, agora você vai zombar de tudo?

– Sim, eu não tive a oportunidade ainda – Falei procurando ar – Terminei.

– Bem, se não vai passar esses 30 minutos rindo, que tal, raspadinha?

– De melão – Ele assentiu com a cabeça – Estou atrás de você.

Quando o filme acabou, o resto da gangue se encontrou conosco na loja que por sorte não fomos expulsos dela. Por que? Ai, nada demais, só que o Thai acidentalmente enfiou o copinho em formato de casquinha no meu rosto, e por muita sorte, ele não recebeu múltiplos socos. Muita sorte.

– Vocês tiveram sorte que foram expulsos da sala – Random disse sentando na cadeira ao lado da minha – o final não podia ser pior.

– Eles morreram? – Thai perguntou.

– Se fosse o caso eu não diria que foi ruim – Random revirou os olhos – Eles viveram felizes para sempre – Ele disse pegando um pedaço da minha raspadinha.

– Nossa, nada esperado né? – Disse irônica – Ei, compre a sua ô play boy – Disse afastando meu projetil de casquinha dele.

Depois de mais algumas horas criticando o filme e procurando o Chad e a Adson, finalmente chegamos em casa. E dessa vez – FINALMENTE – eu ganhei a disputa pelo banheiro, depois de um banho demorado – parcialmente demorado para irritar o Thai – sai me sentindo revigorada. Coloquei meu moletom, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e sai para tomar algo antes de dormir. Quando estava voltando para o quarto, vi o caderno do Thai não estava na mesinha. Me aproximei sentando no chão ao lado do sofá pegando o mesmo para ver o desenho, e percebi que não fui a única que estava observando demais hoje.

– Estou começando a achar que preciso de mais privacidade – Thai disse em pé um pouco atrás de mim.

– Estou começando a achar que é a sua vez de me chamar de atraente – Falei arqueando as sobrancelhas o olhando de baixo. Ele desviou o olhar meio que me ignorando – Isso é muito injusto, você têm que dizer também.

– Você falou de livre e espontânea vontade, no meu caso estou sendo obrigado.

– Sim, está. Fala – Ele riu – Vou te socar.

E antes que eu pudesse escolher entre xinga-lo ou esmurra-lo naquele momento ele agachou e segurou minha mão pra que eu levantasse também. Descruzei as pernas e as posicionei no chão para ser puxada mas antes que eu levantasse por completo Thai puxou meu braço levando meu corpo em direção ao dele. Arregalei os olhos e ao ver um sorriso em seu rosto se forma, logo seus olhos se fecharam e seus lábios foram pressionados aos meus. Eu não formulei muito bem as coisa desde então.

Só processei duas coisas na verdade.

Como mantive meus olhos abertos, pude ver como seus cílios eram longos. E como seus lábios eram macios. Não era um beijo de verdade. Durou apenas 5 segundos. CINCO SEGUNDOS QUEEN.

– Só um beijo de boa noite – Ele sussurrou contra meus lábios antes de voltar para o seu quarto. Quando ouvi o barulho da porta fechar, sai daquele meio transe e merda.

Cinco segundos não são o suficiente Thai.