Like A Shooting Star escrita por Li_VA


Capítulo 3
Dose de Idiotice do Dia


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo reescrito - acho que tô me divertindo muito com isso.
Lembrete um: sempre que lerem Um, Dois e Três, lembrem-se que é o apelido da Rose pros guardiões do pai dela. É só pegar o contexto da frase.
Lembrete dois: o que está sublinhado é turco. Já sabem, é só ler as informações adicionais. Resolvi destacar, porque vai ser constante o uso de palavras soltas, e às vezes sei lá, vocês podem demorar para perceber que aquilo é uma palavra e não algo que eu escrevi errado.
Não que isso tenha acontecido comigo. Quatro vezes.
Espero que gostem.



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Segurei o revirar de olhos, transformei meu suspiro de frustração em um sorriso perfeitamente composto, e me virei para ele.

– Olá, Dimitri.

Ele continuou me encarando sem dizer nada, sem se mover. Estava tão imóvel quanto uma estátua, e parecia muito chocado com minha presença – justificável. Ergui uma sombrancelha e fingi estar intrigada.

- Que foi, Belikov? O gato comeu sua língua?

Essa fez efeito. Ele piscou várias vezes e fechou a boca.

- Roza. – murmurou baixinho.

- Rosemarie, Belikov. – corrigi acidamente. Ele pareceu acordar e piscou, voltando seus olhos para os meus. Ele me encarou tào intensamente que me senti meio desconfortável, e foquei meus olhos nos de Adrian.

- Bem... – comecei, não sabendo se devia rir da tensão estampada na cara deles - Eu ia tomar um café mesmo, o que acham de sentarmos juntos? Sabe, contar as novidades?

- Eu acho uma ótima idéia! – falou Adrian, entrelaçando nossos braços e me puxando para uma mesa. Eu peguei meu copo no caminho, e olhei para trás, como que pedindo para que nos seguissem.

Depois que estávamos todos sentados – e eu não pude deixar de notar que Dimitri me seguia como um falcão, e eu resolvi me aproveitar disso – Liss fez a primeira do que eu sabia que seriam muitas perguntas.

- Pergunta número um: onde você esteve durante esse tempo todo? – ela me lançou um olhar acusatório.

- Turquia. – passei os dedos pelo cabelo.

Christian ergueu uma sombrancelha: - Porque diabos você foi pra Turquia, Rose?

- Eu, hm... Trabalho lá. – falei. O que não era totalmente mentira, eu realmente trabalhava lá. Só não do jeito que eles provavelmente imaginavam.

- E você trabalha com quem? – perguntou Adrian. Eu entendi o que ele realmente quis dizer: ''você é guardiã de quem?''

Eu hesitei. Isso seria complicado de explicar, pensei. Bem quando eu ia começar a gaguejar, a porta da frente se abriu, e meu pai entrou.

- Sükür. – murmurei baixinho, para que ninguém ouvisse. Depois mais alto – Desculpe, gente, já volto.

Andei até meu pai, consciente de que todos estava me olhando. Ele sorriu quando me viu, e Dois me deu um aceno de reconhecimento.

- Bom dia, pai.

- Bom dia. – beijou o topo de minha cabeça – Dormiu bem?

- Maravilhosamente bem. – sorri – Ah, e me desculpe pelo surto de ontem, o quarto é... Divino. Eu devia ter adivinhado que você não iria me decepcionar.

Ele esticou o sorriso: - Quando foi que eu já te decepcionei?

Revirei os olhos: - Tenho certeza de que consigo pensar em alguma coisa. Você precisa de ajuda com algo? Algum problema? – perguntei

- Não, considere-se de férias. Não quero você preocupada com trabalho aqui.

Sorri de novo. Estava muito sorridente hoje. – Obrigada. – o abracei e comecei a voltar para a mesa, mas Abe me chamou.

- Rose!

- Hm? – me virei pra ele. Ele franziu o cenho e ergueu uma sobrancelha.

- Olmadınız mı soğuk?

Segui o olhar dele para meu short e de volta pra ele, dei um sorriso que dizia ''pego no flagra'': - Baba. Lütfen. Aşırı koruyucu olmayın, o sana yakışmıyor. Gördün mü Alex?

- Hayır. Düşündüm seni vardı.

Trocamos um olhar em sintonia, já imaginava que meu irmão tinha se metido em problemas. Mas também, eu não era babá pra tomar conta dele vinte e quatro horas por dia. Dei um meio sorriso a meu pai, que ia se sentar numa mesa mais distante. Voltei para a minha, aonde todos me olhavam chocados.

- Que foi? – perguntei, fingindo indiferença.

- Rose... – começou Tasha – Quem era aquele?

O tom de voz dela implicava que ela já tinha a resposta, mas respondi mesmo assim.

- Abe Mazur. – falei lentamente. Dimitri se levantou na mesma hora, saindo de seu estado catatônico.

- Abe Mazur! Rose, voce sabe quem aquele homem é?! – gritou, ficando vermelho até as orelhas.

Eu ergui as sombrancelhas e dei um sorriso singelo pra ele: - Abe Mazur...?

- Estou falando sério! Aquele homem não é seguro! Por favor, não me diga que voce mantém relações com ele!

Eu sabia exatamente de que tipo de ''relações'' ele estava falando, e enquanto a idéia me enojou, tambem fiquei com raiva. Será mesmo que ele pensava tão pouco assim de mim? Mantendo uma fachada calma, olhei pra minhas unhas e me mantive em silêncio.

- ROSE! Voce não devia andar com esse tipo de gente! Você sabe o que ele faz pra viver?

Adrian estava obviamente se divertindo com o fato de eu estar ignorando Dimitri, mas também parecia preocupado com o fato de eu conhecer Abe. Meu sangue ferveu. Dimitri não tinha o direito de falar mal do meu pai. Ele nem o conhecia pra começo de conversa. Quando eu ia dar uma resposta ácida, uma voz atrás de mim falou:

- Ilumine minha filha, Belikov. O que eu faço pra viver??

As palavras ''minha filha'' tiveram um efeito enorme na mesa. Dimitri finalmente calou a boca, e me encarou de queixo caído. Adrian – que tinha acendido outro cigarro - engasgou com a fumaça, e o choque vindo de Liss pelo laço foi suficiente pra me sobressaltar.

- Eu... Eu.. Me desculpe, senhor Mazur. – balbuciou Dimitri. Eu nunca o vira tão próximo do medo quanto agora.

- Quando eu estou perto é ''Senhor Mazur'', não é? Vamos esclarecer uma coisa, Belikov. Eu nunca gostei de ver voce perto da minha filha. Nunca. E agora gosto menos ainda. – e falou de olhos semicerrados alguma coisa em uma língua desconhecida que fez Dimitri ficar muito pálido. Virou-se para mim, parencendo menos ameaçador. – Bana ihtiyacın var mı?

- Hayır, sorun değil. Halledebilirim. – falei. Ele acenou e se virou para ir embora.

- Zmey! – ele se virou pra mim – Ne dedin sen ona?

Ele deu aquele sorriso maligno dele e foi embora.

- Você é filha de Abe Mazur?! – gritou Tasha, quando achou que Abe estava longe o suficiente para não ouvir. Mas eu tive a impressão de que ele sorriu, de costas pra mim.

- Bem... Sim. – falei meio envergonhada.

- Agora eu sei de onde você puxou esse lado assustador! – falou Christian.

- E os olhares malignos – acrescentou Eddie. Fiquei feliz de vê-lo mais relaxado comigo na mesa, então não respondi nada, apenas bufei.

- Voces dois são muito parecidos, não sei como ninguém não reparou antes. – comentou Tasha.

Liss concordou: - Os traços do seu rosto tem muito dele.

Eu ri: - Sabe, é possível que uma pessoa simplesmente seja parecida com outra, sem ter nenhum grau de parentesco. – Lissa revirou os olhos. – Tá, tá, eu entendi. Somos muito parecidos, eu sei. Vocês não são os primeiros a dizer isso, e ainda nem viram-

Eu me interrompi antes que terminasse de falar ''Alex''. Ele era ainda mais parecido com meu pai do que eu, mas por algum motivo, falar dele enquanto ele não estava presente, me pareceu estranho. Eddie notou minha pausa, mas não disse nada.

Adrian ainda parecia um pouco chocado, mas perguntou: - E o que você fazia lá, Rose?

- Eu ajudo meu pai com os negócios – falei, e a expressão de Dimitri caiu um pouco mais. Acho que ele ainda não confiava em Abe.

- Que tipo de negócios? – perguntou desconfiado.

Semicerrei os olhos: - Não posso contar – não que seja da sua conta, Belikov.

- Pare de me chamar assim, use meu nome. – pediu, num tom de voz que sugeria mágoa.

- Claro, Belikov. – revirei os olhos. Adrian reprimiu um sorriso.

- E essas roupas? Voce parece ter saído direto de um desfile de moda, Rose! – exclamou Lissa.

- Quando você se muda por três anos, seu guarda-roupas também muda.

- E seu trabalho como guardiã? – perguntou Dimitri.

- Já tínhamos passado do tópico ''Trabalho'', Belikov.

Ele continuou me encarando com aqueles olhos marrons dele, que eu costumava amar. Não sei se alguma parte do que eu sentia por ele ainda estava ali, mas algo no olhar dele me fez sucumbir.

Suspirei: - Eu dispensei minha licença. Agora trabalho só com meu pai.

- O quê!? Voce desistiu de todo o estudo, todo o trabalho que teve, pra se tornar uma negociante? – ele explodiu, se levantando da cadeira e me fuzilando com os olhos.

- Mais ou menos isso, é.

- Pelo amor de Deus, Roza...

- Rosemarie. – corrigi.

- Pare com isso! – berrou – Pelo amor de Deus, Rose, eu me sinto inútil, como se todo o trabalho que eu tive não valesse de nada!

Bufei: - Obrigada pelo elogio – cuspi com sarcasmo. Todo o trabalho? Sério mesmo? - mas ninguém perguntou como você se sente. – dei um sorriso meigo para ele.

Adrian e Christian não conseguiram segurar uma risada. Lissa bateu em Christian, mas eu sentia pelo laço que ela também estava dividida entre rir e me repreender.

- Dimka, – falou Tasha com humor – Ela escolheu mudar de profissão. Nem todos os Dhampir tem que ser guardiões.

- Obrigada, Tasha. – falei.

- De nada. – ela falou sinceramente, puxando Dimitri de volta para a cadeira dele. Ele olhou pra mim e parecia realmente magoado; sua expressão me lembrou um filhotinho de cachorro que queria alguma coisa.

Mas e daí?

- Bem, já sabemos o básico então. – falou Christian, indicando os fatos com os dedos. –Voce se mudou para Turquia com seu pai assustador...

- Ele não é assustador! – interrompi.

- ... Dispensou a licença de guardiã, usa roupas na moda, e trabalha como negocioante.

Assenti: - Acho que é hora de eu saber um pouco sobre a vida de vocês agora, não?

- Bem, Lissa fica muito tempo com Daniela e Tatiana, se preparando para a coroação infeliz... – começou Christian, mas resmungou quando Liss chutou ele por baixo da mesa.

- Eu... Você devia ter me deixado contar. – ela quase rosnou. Eu ri; ela provavelmente pensava que eu não sabia da nova posição dela na realeza.

- Tudo bem, Liss. Eu já sabia.

Ela gaguejou: - Ah. Jura?

- Sim, meu pai me contou um dia depois que você foi escolhida. Só pra constar, eu acho que você vai ser uma ótima rainha.

Ela corou: - Bem, Tatiana acha que eu tenho todas as qualidades necessárias, e todos concordam, mas...

- Tatiana acha que você é uma boa escolha? Talvez devessemos reavaliar as outras candidatas... – brinquei.

- Ha ha.

- Eu só queria saber uma coisa: porque você quis se candidatar?

Era a única coisa que eu não tinha conseguido descobrir, embora tivesse passado horas pensando sobre o assunto. Lissa nunca gostou da obrigação que sentia de se manter em contato com a realeza, ela sempre havia achado tudo aquilo muito fútil. A expressão dela escureceu à minha pergunta, e me perguntei se eu precisava mesmo saber.

- Bem... – começou Liss, mas meu celular tocou nessa hora.

- Eu tenho que atender. – disse me levantando e olhando o identificador de chamadas. Era meu irmão.

- Alex?

- Rose! Graças a Deus! Olha, eu não tenho muito tempo...

Me afastei ainda mais da mesa, todos me olhando confusos. Abaixei meu tom de voz e começei a falar em turco: - Ne? Ben odamızda görmedik, ve sen asla onbir daha önce.

- Eu... Bem...

- Devam et.

- Eu... Bem, lembra de quando nosso pai disse para não sairmos do quarto?

Semicerrei os olhos: - Sim...

- Bem... Eu meio que... Saí.

- Típico – falei. – E?

- E daí que... Bem, eu...

- Fale logo, Alex. Não pode ser tão ruim assim.

- Eu dormi... Com uma Moroi.

Fiz uma careta de nojo: - Retiro o que disse.

-Mas... Não era uma Moroi comum... Era a rainha.

Meu cérebro sofreu um mini curto circuito, e eu quase esqueci de trocar para turco antes de gritar com ele.

- Você Sen yattın vezir?!? – gritei chocada.

- É. – ele falou envergonhado

Respirei fundo: - Tá. E o quê, exatamente, fez você me ligar para me contar essa ótima notícia?

- Eu meio que... Perdi as minhas roupas. E ela disse que não quer que ninguém fique sabendo disso, e não vai mandar ninguém pra trazer roupas minhas aqui...

Minha careta de nojo se intensificou quando entendi o que ele queria dizer: - Ah, pelo amor de Deus, Alex. Eu não podia só te buscar na cadeia depois de uma noite de bebedeira?

- Você vem? – ele perguntou.

- Alex. Eu não vou levar... – eu reconstruí a frase, me lembrando que estava em um lugar público. - Eu não vou fazer isso, pra você, muito menos depois de voce me dizer algo desse tipo. Por favor. Eu sou sua irmã, não sua empregada.

- Rose! – ele gemeu – Eu preciso mesmo que você venha! Por favor, por favor, maninha...

Hesitei, pensando mesmo se seria tão difícil assim. Depois, pisquei com um sobressalto. Ele estava usando compulsão em mim. O idiota, achou mesmo que eu não fosse perceber. Eu podia ter resisitido, mas apesar de tudo, ele era meu irmão.

- Ok, Alex. Eu vou. Daqui a pouco apareço aí – se eu conseguir entrar, claro.

- Ok! Obrigada, Rose, voce não sabe o quanto vai me ajudar. Fico te devendo uma.

- Duas.

- Uma e meia.

- Duas. Daqui a pouco apareço aí. Ah, e mais uma coisa: Nunca mais use compulsão em mim. – e desliguei na cara dele.

Balançei a cabeça em sinal de negação e voltei para a mesa.

- Me desculpa, pessoal, mas eu tenho que ir.

- O que? Por que?? – perguntou Lissa, parecendo meio desesperada.

- Problemas. – falei simplesmente. Nem morta eu ia explicar que meu irmão dormiucomtatianaeeuprecisavalevarroupaspraele.

- Já, pequena Dhampir? – perguntou Adrian.

- Já. Mas olha, nós podemos sair hoje à noite! – eu sugeri. O rosto dele se iluminou.

- Claro, Rose, espero você no saguão principal às oito. Podemos fazer um piquenique a luz de velas, e...

- Adrian. Eu quis dizer todos nós? – falei, reprimindo um sorriso.

Ele sorriu um sorriso de dentes brancos e perfeitos, e não pude aguentar, sorri de volta.

- Claro, claro, isso funciona também. Vamos ligar para você. – ele se levantou e me abraçou apertado. Acho que ele realmente sentiu minha falta. Olhei de relance para Dimitri, e ele estava com os punhos cerrados, olhando para nós como se quisesse matar alguém. Mais especificamente Adrian.

Soltei ele e falei: - Com certeza. Me liguem, e eu vou até onde vocês estiverem. Parece que ainda temos muita coisa pra conversar. – dei meu sorriso comedor de homens pra ele, e juro, juro, que vi ele babar.

Ouvi um barulho na mesa, e vi que Dimitri estava com o punho fechado em cima da mesa, como se tivesse socado ela. Me deu vontade de rir. Primeiro ele diz que não me ama, e depois fica com ciúmes. Por essas e outras eu não queria mais nada com ele. Tinha coisas mais importantes pra fazer do que ficar tentando jogar os joguinhos dele.

- Bem, então... Acho que nos vemos mais tarde. – dei tchau para todos, e dei um abraço em Lissa. Pela expressão dela, eu temia que ela começasse a chorar a qualquer momento.

- Tudo bem, eu vou ligar pra voce. Ou Adrian vai. Enfim, nos vemos de noite. E a senhorita nem pense em fugir, viu? Nem pense. – falou, de olhos semicerrados.

- Eu nunca faria isso, Liss. – falei séria. O ''de novo'' não foi dito, mas pesou na frase. Ela sorriu.

- Até mais tarde, pessoal.

Respirei fundo, fechei os olhos por um segundo, e fui fazer uma das coisas mais ridículas que já fiz na vida.



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