– Mandou muito bem – Falei batendo palmas Ethan me encarou por alguns segundos – Provas quase que irrefutáveis sobre uma aposta insistente que o Dan fez – Completei.

– Não sei do que está falando – Falou fugindo da conversa, eu ri já estava esperando que fosse essa a resposta dele.

– Não se preocupe Ethan Kyle Williams Bittencurt – Debochei sorrindo sinicamente – Seu segredo está guardado comigo – Completei saindo do local, meu estomago revirava e eu estava enojada, mas a Haruka havia me implorado ajuda, e depois da cena ridícula que a Nana fez perto da escola a Haruka quase teve um ataque enquanto a Bianca e Aline seguravam a Nanda que queria partir pra cima da Nana, tudo isso porque ela desconfiou do Dan. Apesar de a Haruka jurar de pé junto que ele não fez nada de errado, que a errada da história a “louca varrida de TPM fatal” da Nana, como ela mesma disse.

– Espera – Gritou Ethan me fazendo parar e encara-lo – Qual é mesmo o seu nome? – Perguntou.

– E isso é mesmo importante? Quando for a hora você saberá – Respondi saindo logo em seguida, na verdade eu estava era seguindo o script da operação “dando o rosto ao vilão” como a Haruka e Nanda começaram a chamar a tal operação. A propósito, essa operação nada mais é do que um bando de meninas unidas em prol de ajudar o Dan e a Nana mostrando a mesma que o vilão da história é o Ethan. Resumidamente é isso, mas é bem mais complicado quando o assunto é ter de ficar fingido ser “vilã” para que o verdadeiro “vilão” cofie em você.

Encontrei com a Haruka e as meninas no local marcado, Haruka era de longe a mais preocupada, e não tiro os motivos delas afinal a confusão que a Nana deixou para ela resolver é imensa.

– E então – Disse Haruka assim que seus olhos me avistaram suspirei cansada – Ah ande e diga logo, ele acreditou? – Perguntou ansiosa.

– Creio que sim Haruka, fiz do jeito que você falou, fui sínica e prepotente – Respondi.

– Ah por Kami! Que dê tudo certo Amaya, precisamos convencê-lo que você está do lado dele – Comentou deixando-se desabar no banquinho da praça.

– Vou me esforçar pra que dê tudo certo – Falei sorrindo tentando anima-la.

– Ah vai dar tudo certo – Cortou Nanda – Vamos juntar aquele casal idiota vocês vão ver – Completou confiante fazendo todas se sentirem um pouco mais confiante do que o habitual.

Nana

Sai do chuveiro empenhada em apenas uma única coisa, talvez a coisa mais importante para uma mulher em depressão. Fazer brigadeiro de panela! Vesti um moletom e fui para a cozinha, eu ansiava por aquele brigadeiro, peguei os ingredientes necessários e fui para o fogão, pouco tempo depois estava tudo pronto, fui para a sala e deixei em um filme qualquer que estava passando.

A propósito vocês já perceberam que toda mulher que tá deprimida faz exatamente duas coisas? A primeira delas é comer porcaria que nesse caso é o meu brigadeiro, a segunda delas é a de ver aqueles filmes super mega ultra melosos com finais super mega ultra triste que faz qualquer mulher chorar o oceano pacifico inteiro. E era um desses filmes que eu assistia no momento o nome era até bonitinho, Amor e Inocência*. Anne Hathaway me fez chorar litros durante o filme.

– Porque o desgraçado burro não foi atrás dela quando ela partiu?! – Resmungava enquanto limpava as lágrimas e via as letrinhas subir – Aquele idiota, nunca faz nada certo e ela coitada vivou solteira e infeliz no amor – Continuava a resmungar – Ah céus! Eu vou ser uma solteirona sozinha e infeliz como a Jane Austen, que crueldade! – Comecei a falar entre um soluço e outro e também entre uma colherada e outra do brigadeiro, eu mais parecia estar de TPM, a propósito não queria saber como eu sou na TPM a Samara é boazinha perto de mim.

[...]

Depois que o brigadeiro acabou e as minhas lágrimas também tentei passar o resto da tarde até a minha mãe chegar ocupada com alguma coisa, fiz as minhas tarefas escolares mesmo sem cabeça para isso, e para não ficar pensando no Dan e nem em ninguém comecei a arrumar o meu guarda roupa, o que é sim um milagre como minha mãe diz. Falando nela quando a mesma chegou me obrigou a ficar com ela na sala vendo filme de terror.

– Você já notou que esses filmes de terror sempre tem uma idiota que faz a burrada de entrar sozinha na casa que todos dizem ser mal assombrada, e acaba forçando o galã voltar para resgata-lá – Comentou minha mãe observando mais uma chacina do fantasma maligno do casarão do século sei lá do que.

– Você já pensou que a tal garota não pediu pro idiota defende-la, e muito menos queria se envolver com ele, ainda mais agora que o idiota fez uma das burradas típicas deles e por mais que ela o ame não quer mais ficar com o coração partido e prefere enfrentar um ser maligno invisível a ter de ouvir ele dar aquelas desculpas esfarrapadas outra vez? – Respondi irritada, eu não sei por que, mas tenho quase certeza de que isso foi um desabafo.

– Hmm... Certo, a protagonista pensa assim... Não é você não né? – Alfinetou minha mãe, eu bufei irritada e me levantei.

– Estou com sono, vou dormir, tchau mãe – Falei me dirigindo ao quarto batendo o pé e bufando irritada, sim eu estou visivelmente incomodada com tudo que aconteceu e não era pra ficar?

Subi para o meu quarto e comecei a ouvir um som de rock vindo do quarto do Dan, estava tão alto que chegava ao meu quarto, ele estava tocando guitarra. Porém não estava se saindo tão bem como deveria, a toda hora a nota saia desafinada e ele socava alguma parte do seu quarto. Aproximei-me da janela e agachei bem abaixo dela e fiquei ouvindo durante um tempo a reação nem um pouco comum do Dan, a última vez que eu o vi irritado assim, a ponto de chutar tudo foi quando ele brigou muito feio com a mãe dele.

– Merda! – Gritou após errar mais uma vez o começo da música Sweet Child O’Mine*, deu um tempo e voltou a toca lá novamente.

Apesar de eu odiar admitir eu amava o lado mais sincero do Dan, esse lado que ele não mostra para ninguém, o lado culto e diferente, que não teme o mundo, que dá a cara a tapa que faz acontecer, eu o amava assim, mas por mais lindo que fosse esse lado dele ele mostrava tão pouco e sempre era seguido de uma brincadeira incrivelmente estúpida. Respirei desanimada após escutar outro erro dele vindo de outro palavrão e alguns pontapés em algo de madeira que tenho certeza que é o guarda-roupa dele. Levantei disposta a fechar a janela, quando ele subitamente virou e me encarou, meu coração só faltou pular para fora da boca, minhas pernas ficam bambas que eu não consegui me mover, e a vontade de chorar tomou todo o meu ser, ele me encarava um pouco surpreso e com o semblante triste, o que partiu meu coração em mil pedaços. Fechei a janela assim que meu corpo reagiu à surpresa, corri para a cama e afundei a cabeça no travesseiro de tanta vergonha. Eu sentia as minhas bochechas queimarem de vergonha, tentei ignorar várias vezes, mas algumas lágrimas escaparam, até que o sono bateu mais forte do que qualquer coisa e eu apaguei.

[...]

Acordei no dia seguinte em cima da hora de ir para a escola, me arrumei apressadamente e fui praticamente voando, cheguei alguns minutos antes do professor adentrar na sala, e notei um bilhete na minha mesa.

“Baka! Precisamos conversar, baka baka baka! Depois da escola na cafeteria do seu pai! Ah! BAAAAAAAAAAKA! – Haru”

Olhei desconfiada para Haruka, mas ela estava prestando atenção na aula, achei que fosse qualquer tipo de brincadeira dela, e então ignorei, falaria com ela na cafeteria. E assim eu voltei a prestar atenção na aula... Durante o intervalo Haruka sumiu com a Amaya e então eu fiquei o intervalo todo com as meninas no pátio, Nanda falava sobre a ideia de trocar a cor do cabelo, enquanto Aline tentava convencê-la do contrário, nenhuma delas comentou o barraco que eu fiz com o Dan, apesar de todas terem visto, o que era suspeito, elas amam fofocar, e isso era a fofoca do momento, Nakamura esculacha com Kazegawa era assim que era a noticia do momento.

As três ultimas aulas passaram um pouco mais rápido do que o habitual, e então Haruka depois de quase dois dias veio falar comigo.

– Podemos ir? – Falou secamente, o que me deixou incomodada, arrumei minha mochila e andei junto com elas e com as meninas até a cafeteria do meu pai, o caminho todo em um absurdo e incomodo silêncio. A única que não estava conosco era a Amaya, ela saiu em disparada minutos antes da gente sair da sala.

Sentamos-nos à mesa de costume e todas pediram um cappuccino e uma bandeja de cupcakes sortidos, enquanto todas me encaravam com o semblante sério imaginei que eu iria apanhar.

– E-e-u – Comecei gaguejando incomodada com os olhares – Vocês pretendem me bater por algum acaso? – Completei tentando controlar o nervosismo.

– Apesar de você merecer – Começou Nanda – Não, só viemos conversar – Completou, Haruka olhou para ela e deu um sorriso ligeiro, acho que concordava que eu merecia uma surra.

– Ah – Murmurei, elas ficaram lá sem falar nada durante algum tempo, acho que estavam esperando alguém... Eu só não imaginaria que fosse aquele alguém...