Eu mal havia chegado e as meninas do Mary Ann já cochichavam e davam pequenos ataques, até porque na minha frente estava a “Elite” do Saint Paul IV, um grupo de cinco rapazes (até porque meu colégio é só para homens) eles eram descritos como os mais gatos, ajeitei o colarinho da blusa branca que estava por baixo do maldito blazer que era uniforme da escola e murmurei algo que deveria sair como “merda”, aquele emblema ridículo eu o odiava, a “elite” vinha conversando alegremente eles eram liderados por Leonardo Rodriguez um mala sem alça do conselho estudantil, ele ajeitava o óculos com a ponta dos dedos e sorria como um príncipe para a meninas que ainda estavam ali, e elas respondia com suspiros apaixonados. Revirei os olhos enojava aqueles caras, eu não gosto do tipo de cara que fica fingindo ser príncipe, mas não vale nem para ser sapo, o que era exatamente o que eles eram uns imbecis que só pensam em transar com as meninas. Podem até achar que sou assim, sempre tive a má fama de pegar geral e ser rebelde, e na verdade é culpa minha se tenho essa fama, porém eu claramente preferiria passar o dia todo jogando Resident Evil ou Fatal Frame que não me importaria, mas isso é agora antes eu não pensava assim...

Já na sala de aula sentei-me no fundo como de costume, infelizmente Arthur Andrade e Lucas Souza que são da “elite” também são da minha sala, e vieram atrás de mim provavelmente para me irritar... Isso já se tornou tão normal que eu não ligo mais, eu deveria ser da “elite” com eles, já fui convocado umas sete vezes e neguei todas não gosto daqueles caras e por isso não vou andar com eles.

– Ora ora, Dan como foi o fim de semana? – Falou Arthur sentado em minha frente, ergui a sobrancelha e esperei ele continuar a falar.

– Ficamos sabendo sobre sua artimanha – Dessa vez quem falava era Lucas – Você se superou ein! – Completou sorrindo maliciosamente.

– Essa é uma que ninguém havia pegado ainda – Completou Arthur lançando olhares maliciosos – Se bem que a amiguinha dela é bem rodada por aqui... – Continuou a falar.

– Do que estão falando? – Disse tentando encontrar sentido na conversa.

– Oras todos sabemos Dan que você passou o fim de semana em uma casa de praia com a tal Nakamura – Rebateu Arthur.

– Não sei do que estão falando – Respondi tentando inutilmente encerrar o assunto.

– Ora! Não seja tão mal assim, o mínimo que se deve fazer quando se pega carne nova é dizer se é boa ou não, assim poderemos investir – Disse Arthur, eu não me contive com eles tinha a audácia de vir falar da Nana perto de mim, e daquela forma? Eu levantei e mirei meu punho no nariz dele que o fez tombar para o outro lado ele se levantou rápido limpou o sangue e me pegou pela cintura me derrubando, ele estava por cima tentando me socar a qualquer custo o mínimo que conseguiu foi cortar minha sobrancelha eu desferi outro soco o fazendo perder o equilibro me dando a chance de levantar quando o Arthur fez o mesmo eu dei um tremendo chute em seu peitoral fazendo o mesmo voar longe eu andei até sua direção que me encarava assustado sentado no chão e peguei pelo seu colarinho quase o levantando.

– Nunca mais ouse falar dela dessa forma – Disse sério logo em seguia o soltei e ele se levantou com a ajuda de Lucas enquanto limpava o sangue de seu nariz e boca. Não deu outra depois do show de luta livre fomos os dois para diretoria, quer dizer, eu fui ele ficou na enfermaria para cuidar dos “ferimentos” e duvido que vá aparecer graças ao seu amiguinho do Conselho Estudantil ele vai se safar como sempre.

Fiquei parado no meio da diretoria esperando o diretor chegar enquanto tentava esfriar a cabeça, eu nunca havia o perdido o controle daquela forma, mas o que eles falaram da Nana foi a gota d’água.

– Mais uma vez por aqui Kazegawa – Disse o diretor sentando em sua mesa – O que foi dessa vez? – Completou me encarando, não é a primeira vez que eu me envolvo em brigas no colégio então sou bastante conhecido pelo diretor.

– Pois é, eu quebrei a cara de um idiota e vim parar aqui – Respondi sorrindo.

– Isso é coisa que se deva rir Kazegawa? – Respondeu o diretor já nervoso esse cara se estressa fácil...

– Não mesmo diretor! – Falei irônico.

– Você não vai mudar mesmo – Murmurou o Diretor respirando fundo – Bom vai ficar de detenção como sempre, afinal não tem outra coisa que eu possa fazer você mesmo se envolvendo em confusão é um bom aluno – Completou arrumando a papelada para a detenção que aqui na verdade é ficar com o Takahiro na biblioteca... Ah sim, o Takahiro é o irmão mais velho da Haruka, ou irmão de criação dela ele trabalha na biblioteca por que era para ele estagiar com o diretor, mas estávamos precisando de um bibliotecário e no meu colégio não pode ter mulheres, além da secretária do diretor é claro. Então como já devem ter notado eu acabo ficando sempre por lá, é raro eu não ficar de detenção, então eu e o Takahiro podemos dizer que somos amigos, pelo menos dentro da biblioteca...

O diretor me entregou o papel e enquanto eu estava indo embora esbarrei na última pessoa que eu gostaria. Aquele tal Ethan o idiota convencido que eu e a Nana encontramos na praia, o que ele está fazendo aqui?

– Você? – Murmurei surpreso – Está fazendo o que aqui? – Completei.

– Vim ver meu pai... Dan não é? – Respondeu o mesmo dando um ligeiro sorriso de vitória, o que por sinal era estranho.

– Sim, mas quem é seu pai? – Perguntei, talvez por curiosidade, mas aposto que ele esperava por isso já que seu sorriso aumentou significadamente.

– É o diretor – Respondeu orgulhoso o que me fez olhar com cara de poucos amigos.

– Ah, explica-se... – Murmurei – Bom eu tenho que ir, estou em horário de aula, então com licença – Termine saindo, ele deve ter me encarado até que eu saísse totalmente da diretoria pois sentir seu olhar me fuzilar, eu não entendo o motivo mas nós dois não nos gostamos isso já está bem claro, eu voltei para a sala e tudo ficou calmo mesmo com Lucas e Arthur me encarando até que o sinal para a saída tocou, todos saíram rapidamente enquanto eu ia despreocupado até a biblioteca.

– Takahiro! – Gritei na porta assim que havia chegado, aquele lugar era enorme dava para se perder, despejei a mochila em uma das cadeiras – Takahiro! – Gritei novamente e então ele saiu da sala do bibliotecário me fazendo sinal da ficar quieto. Eu sorri e sentei-me esperando ele terminar o que estava fazendo.

– Detenção outra vez? – Falou Takahiro organizando alguns livros que estavam na devolução.

– Pois é você tem que assinar o papel da detenção – Comentei entregando o papel ele riu e pegou o papel da minha mão.

– E qual foi sua artimanha de hoje? – Perguntou enquanto se diria a mesa para assinar o papel da detenção.

– Esmurrei um viadinho – Respondi fazendo pouco caso.

– Certo, mas porque esmurraria alguém da elite... Pelo que sei eles te enchem o saco e você os ignora – Rebateu Takahiro, encarei o mesmo esperando que ele não me olhasse com a cara de “você terá de falar não adianta” mas foi em vão ele fez a cara e esperou pacientemente até que eu explicasse o motivo de eu ter batido no Arthur.

– Certo, eu vou falar – Murmurei – Eu bati nele por que aquele imbecil estava falando da Nana como se ela fosse um tipo de carne a ser consumida por todos – Respondi virando para o rosto para o outro lado, pude ouvir que Takahiro havia tapado o riso com a mão.

– Você foi defender a sua amada, entendo... – Alfinetou o mesmo ainda segurando o riso.

– Ah não enche! – Rebati nervoso.

– Ah faça um favor Dan, você gosta dela só não admite! – Rebateu Takahiro.

– Olha quem fala, o cara que quer sair de casa pois é apaixonado pela irmã de criação – Alfinetei, ele pareceu não se importar como fazia antes, na verdade ele ficava bem nervoso quando eu tocava nesse assunto.

– Se você vivesse com a Nana e a visse acordar todo santo dia com um pijama provocativo, andado de toalha pela casa ou de calcinha e sutiã entenderia – Respondeu sério – Não posso mais ficar tomando banho gelado para acalmar o corpo – Completou o mesmo.

– Sei como é... – Falei pensativo, lembro-me bem de quase não conseguir me controlar quando vi as curvas da Nana naquela camisola linda.

– Sabe? – Perguntou curioso.

– Quase perdi o controle quando estávamos na casa de praia – Respondi torcendo para que o mesmo não adentrasse no assunto. Eu só não sei se foi bom ou ruim, mas na mesma hora Ethan apareceu na biblioteca.

– Podemos conversar Dan? – Sussurrou o mesmo, eu me levantei e fui com ele até o portão da escola.

– O que quer? – Falei grosseiramente não vou com a cara dele moleque.

– Eu sou vim aqui deixar claro algumas coisas – Respondeu o mesmo totalmente orgulhoso.

– O que seria? – Perguntei, não porque estou curioso sim porque quero acabar logo com isso.

– Nós dois não nos gostamos, e temos um bom motivo para isso – Falou curto, ele deu um ligeiro sorriso como se estivéssemos em uma disputa – Nós dois gostamos da Nana, só que eu tenho mais chances que você é claro – Completou o mesmo explicando o motivo do sorriso idiota.

– E porque pensa isso?

– Isso é obvio, posso não ser amigo dela, ou conhecê-la tão bem quanto você – Disse enquanto limpava os óculos – Mas eu duvido que uma garota como ela vá querer ficar com um cara como você... – Continuou o mesmo ainda com aquele sorriso ridículo no rosto – Quero dizer, você não a merece, ao contrário de mim é claro – Completou o mesmo. Depois disse Ethan saiu andando, eu fiquei encarando ele do portão do meu colégio quando pude olhar o rosto de vitorioso do mesmo quando esbarrou com a Nana no portão do colégio dela, ela parecia estar nervosa, eu queria ir até lá, mas não podia... Eu queria que fosse eu a estar abraçando ela e não aquele Ethan...

– Isso é o que você diz - Murmurei para mim mesmo enquanto voltava para a Biblioteca.