POV Jacob

Eu estava em um lugar lindo, uma floresta belíssima com muitos animais, repleto de flores e árvores enormes. O cheiro de alfazema era incrivelmente acalentador. O sol estava excelente, aconchegante. A paz naquele lugar era incrível, parecia um quadro, uma pintura, e eu estava presente, assim como meu pai, meus amigos e minha irmã.

No quadro todos riam muito felizes e eu estava da mesma forma.

Aquele lugar tinha tanta paz, tranquilidade, aconchego que eu não queria sair de lá. Mas nem tudo é perfeito e eu fui acordando do meu sonho, eu sabia que era um sonho, isso só poderia ser um sonho mesmo.

Aos poucos fui tomando consciência de onde estava.

Estava em meu quarto, mais precisamente na minha cama. Como eu vim parar aqui?

Comecei a me lembrar aos poucos, minha ultima lembrança... é de quando estava na sala com a novata e...

Eu estava mais uma vez em meus pensamentos masoquistas com relação a Bella, de como minha vida está atrelada a dela e eu não vejo saída possível. Esse amor que eu sinto por ela tem me matado a cada dia e vê-la todos os dias com o sanguessuga me doí mais ainda. Como eu queria encontrar um jeito de...

– Jacob? – senti alguém me chamar docemente e só então percebi onde estava e o que estava falando.

– Oi? – foi a única coisa que eu falei

– Você está bem? – via nitidamente a preocupação em seus olhos e sinceramente não queria mais ver isso na minha frente, já não bastava meu pai e o bando?

– Estou – respondi no automático

– Não você não está. Quer falar sobre isso? – ela falava de forma sussurrada e doce. Eu nada respondi então perguntou de novo – Quer falar sobre isso? – neguei – Então o que você quer fazer? - ela perguntou e estranhamente isso soou como um comando, como se mandasse eu fazer o que tinha vontade e estranhamente eu fiz.

Comecei a chorar tudo que estava acumulado dentro de mim, tudo o que eu escondia de meus irmãos e pai, coloquei para fora naquele instante, com aquela estranha que me passava mais segurança que qualquer outra pessoa que eu já havia conhecido.

Eu escutava meu choro e meu corpo tremia, ela ao contrário do que pensei não foi embora apenas me abraçou o mais forte que ela conseguia e foi tão acolhedor e transmitia tanta paz que eu não queria sair de lá.

Aos poucos meu choro foi parando e ao perceber isso ela meu soltou e me olhou, mas não um olhar de pena, havia compaixão e carinho, apesar de não me conhecer ela parecia me entender e não me julgava. Pelo menos era isso que via em seu olhar.

Mais uma vez me surpreendendo, ela se levantou me puxando junto, fui mesmo sem entender. Ela me encaminhou para meu quarto se sentou em minha cama me puxando, pegou um travesseiro colocou no colo deu um tapinha indicando para que colocasse a cabeça. Não sei por que, mas fiz o que ela pediu silenciosamente.

Eu mal a conhecia e já estávamos agindo como se fossemos velhos amigos e que ela fazia isso a muito tempo. De certa maneira parecia natural. Era natural.

Ela ficou fazendo carinho na minha cabeça e isso lembrava-me minha mãe quando eu estava chateado com alguma coisa, isso só me fez chorar mais.

Eu estava cansado de tudo. Cansado de ser humilhado pela pessoa que eu amava, cansado dos meus amigos me cobrando uma reação, cansado do meu pai que parecia não me entender, aliás ninguém me entendia, e principalmente cansado de toda a responsabilidade que eu tinha.

Mas não era só mentalmente que eu estava cansado era também físico, não só pelas rondas, mas por não estar dormindo direito por causa dos pesadelos que me assombravam cada vez mais depois que eu descobri que Bella casaria com o sanguessuga e viraria um.

Eu estava cansado e queria que alguém cuidasse de mim sem me questionar ou me reprovar. E mais estranho de tudo era que a última pessoa que eu pensei estava fazendo exatamente isso, o que era muito estranho e de certa maneira constrangedor.

Eu já havia parado de chorar e lutava contra o sono, não queria voltar aos meus pesadelos, mas foi impossível não dormir quando a escutei cantar. Ela parecia me embalar e a onda de paz, carinho e amor que vinha de sua voz era reconfortante e logo cai na inconsciência.

Eu ainda não acreditava no que havia acontecido, tive vontade de me dar pancada. Não podia pensar nisso agora, primeiro eu tenho que me situar.

Olhei pela janela do meu quarto, pelo jeito ainda está de tarde, então eu não dormi muito, tenho que levantar e fazer o jantar do meu pai e ainda tem ronda daqui a pouco.

Sai do quarto direto para o banheiro, tomei um banho rápido e fui direto para a cozinha. Estranhamente estava me sentindo muito bem desposto, como a muito não acontecia. Esse cochilo foi realmente muito bom.

Antes de entrar na cozinha, olhei para a sala e só então percebi que todo o bando estava presente, assim como meu pai e Sue. Estavam com expressões que variavam de preocupação e alivio.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei realmente preocupado

– Graças a Deus você acordou Jacob – falou meu pai parecendo muito aliviado.

– Como assim? Só dormi por algumas horas.

– Não Jake você dormiu por quatro dias. – não estava entendendo nada

– O que? Não, isso é impossível, Sam.

– Pelo visto é bem possível, ficamos tão preocupados que chamamos o Dr. Presas.

– Um vampiro na minha casa? – praticamente gritei. Agora sim fiquei nervoso, como eles puderam?

– Jacob se acalma, nós só estávamos preocupados, mas ele nos garantiu que você estava bem. - Sam falou em tom de alfa - Ao que parece você ficou tanto tempo sem dormir que sua mente fez você ter um apagão. – eu estava sem palavras para falar alguma coisa.

– Jake o que realmente aconteceu naquela tarde que fez você dormir tanto? – perguntou Leah

Eu teria que contar para eles, de um jeito ou de outro eles saberiam e ao que parece Leona não falou nada.

Sem outra saída respirei fundo e comecei a contar tudo o que aconteceu naquela tarde. Todos ouviram com muita atenção e em nenhum momento me interromperam.

– Então foi isso ela cantou e eu acabei dormindo.

– Incrível! Temos que agradecer a ela por fazer você dormir Jake.

– Nem pensar Leah, sem alarde. Se bem que a essa hora toda a escola e Forks devem saber o que aconteceu.

– Você está enganado Jacob, ela não falou nada a ninguém. A única coisa que ela fez de diferente foi vir até mim e pedir para avisar a você que tinha terminado o trabalho e que já o entregou ao professor. Ela nem mesmo quis saber o porquê de você ter faltado. – Seth a defendeu, se bem que ele defende todo mundo.

– É Jacob, Seth está certo ela não falou nada. Nem parece o tipo de pessoa que irá falar alguma coisa, ela é diferente Jacob, dá para ver isso de longe. – falou Leah surpreendendo a todos – Que foi só estou dizendo o que eu acho. Que eu saiba isso não é crime.

Deixamos de lado, entender Leah não era o meu forte. Depois de um tempo todos foram para suas casas.

Agora era voltar a velha rotina.