Todo o processo foi mais fácil do que eu imaginei. Eu nunca havia feito esse ritual de cura, mas algo dentro de mim, talvez a minha Naarda interior sabia exatamente o que deveria fazer. A ajuda de Seth, foi algo essencial para que eu chegasse até Sophia. Ao acordar de todo o processo, algo em mim havia mudado, alguma coisa havia florescido em mim, e eu acho que tinha haver com eu me tornar mãe. Meus poderes estavam muito mais fortes e toda a sobrecarga de poder que eu achei que era pela situação de Sophia ainda permanecia em mim.

Só então eu pude constatar o que tanto minha avó falava sobre os poderes de Naarda, eu havia chegado ao último estágio e o poder era realmente grande. Eu podia sentir ele fluir por todo o meu corpo. Mesmo com tanto poder eu ainda incrivelmente conseguia controlá-lo.

Assim que voltei a mim, pude perceber uma presença diferente no quarto de Sophia, eu havia deitado ao lado dela, e automaticamente trouxe seu pequeno corpo para mais perto de mim. Porém, logo que eu reconheci a pessoa, a soltei e abri meus olhos.

— Olá – minha vó estava ao meu lado. Seus olhos estavam inchados e as lágrimas caiam uma atrás da outra. - Me perdoe – continuou sussurrando

— Não há o que perdoar vovó. Eu entendo o por que você ter feito isso.

— Eu só... - ela começou com a voz embargada, mas a parei.

— Vovó eu entendo e agora vejo que se estivesse no mesmo lugar que você teria feito a mesma coisa. - me sentei e abracei forte – Eu não a culpo e você também não deveria se culpar. - olhei em seus olhos e perguntei - Ok? - ela assentiu e limpou as lágrimas – Que bom. Pois agora temos coisas mais importantes a decidir.

— Eu sei. Acho que devemos decidir o que fazer com certo grupo que está a sua espera lá fora. – suspirei ao sentir o peso da responsabilidade que esta frase me trouxe, além é claro das lembranças do que se passou durante a cura de Sophia.

Assim que o processo de cura acontece ao final um ser, um ente querido da pessoa curada chega até a Naarda para conversa sobre o futuro daquela pessoa. No entanto, com toda a situação que está havendo dessa vez foi diferente, a visita recebida foi mais para mim do que para Sophia.

Nós estávamos em uma praia, era até bem fácil de reconhecer o lugar. Foi o primeiro lugar em que estive quando sai com Sophia sozinha a primeira vez. Naquele lugar a vendo correr foi que eu fiz a promessa de que iria me dedicar ao máximo a fazer aquela criança a ser a mais feliz e amada do mundo. Foi nesse lugar que eu voltei a ser eu mesma e não uma sombra do que era devido ao sofrimento. O mais incrível agora era perceber que tudo foi devido a minha Sophia, minha filha. Meu bebê que eu achei que havia perdido para sempre.

Senti uma presença ao meu lado, mas nem por um segundo deixei de olhar para minha filha que corria curada e saudável pela praia.

— É uma criança encantadora e linda. Será uma grande mulher um dia, você sentirá um imenso orgulho.

— Eu já sinto. – afirmei e olhei para a pessoa ao meu lado. Imediatamente a reconheci, pelas fotos que a pouco tempo havia recebido. – Você... – sussurrei e ela me deu um sorriso

— Vejo que me reconhece. – assenti. Impossível não saber quem era. Jala, a irmã de vovô, era ela linda, a pele morena um pouco mais clara que a dos Quileutes, cabelos pretos que chegavam a cintura e lindo olhos amendoados.— Essa visita não é apenas para Sophia, mas para você também – ela apontou para minha filha que conversava com um homem alto muito parecido com os Quileutes. Comecei a levantar, porém ela me parou. – Se acalme, ela está segura aqui, e não temos muito tempo antes que você volte.

— O que você tem a me dizer? – falei apressada, não queria ficar longe da minha filha.

— Seu instinto materno está mais do que aflorado – ela riu – mas não precisa ficar assim. Ele é um lobo, fez um juramento de proteger todos os Nardus, acredite, ele morreria pela sua filha. – olhei para a cena que se desenrolava a minha frente, ele parecia extremamente cuidadoso com Sophia não deixando que ela passasse da beira. Relaxei um pouco.

— Esse é o seu lobo? – ela sorriu de uma forma que alcançou até seus olhos. Os mesmos brilhavam ao olhar o lobo. Ela se virou para mim e soltou uma gargalhada

— Sim é o meu lobo, mas não me olhe assim. Acredite você também olha assim para o seu lobo.

— Meu lobo!? Acho que você está louca, só pode. – ela riu mais ainda

— Tudo bem. Você está em negação, mas quando chegar a hora você perceberá que Jacob é o seu lobo. Só com a união de ambos e de Sophia e Seth é que a aliança entre lobos e Nardus será consolidada. – comecei a tentar negar, porém ela me parou – mas tudo a seu tempo. O que eu vim fazer aqui é evitar que você faça algo que será terrível no futuro Leona.

— O que?

— Chegou a hora de todos saberem a verdade sobre você e Sophia, não pode mais esconder de todos os que vocês são.

— Mas eu só fiz isso para proteger a todos. Não queria que nada de mal acontecesse.

— Eu sei disso. E até certo momento isso foi válido, mas agora não há mais sentido em manter segredo Leona, o mal que você tanto tentou evitar está mais ao lado do que você pensa.

— Não é possível! Eu tomei tanto cuidado para que eles não soubessem de nós. Como isso aconteceu? – questionei ficando nervosa.

—Acalme-se! – falou enérgica – Sua ansiedade não te ajudará em nada. Agora não é o momento de lidar com isso. Você tem é que lidar com outra questão no momento.

— Que questão?

— Infelizmente a raça dos lupinos está mais uma vez prestes a ser dizimada e só Deus sabe quando ou se eles conseguiram se reestabelecer novamente.

— O que? Como assim? Me explica isso direito. – então ela me explicou toda a história dos Cullen, a água de arroz, Victória, Os Volturi, os recém criados e os lobos.

— Que merda! Mas isso não vai ficar assim, eu vou acabar com aque... – falei com tanto ódio na voz que a terra chegou a tremer.

— Calma! Esse lugar pode não sofrer nem uma alteração, mas o lugar que o seu corpo físico está sofre e se você continuar pode matar alguém. – me acalmei um pouco – Eu sei que você não vai gostar do que eu vou te falar, mas... – respirei fundo para receber a bomba que eu sabia pelo tom de voz estava prestes a receber. – Você vai ter que subir ao trono Leona.

— O QUE? –comecei a negar

— Sim, vou vai ter que fazê-lo e não há escolha.

— Mas o meu pai...

— Seu pai nunca foi o rei. - ela respirou fundo e começou a explicar – Ele só estava no lugar de rei, assim como meu irmão, seu avô, antes dele, porque não havia ninguém para o lugar e sem uma visão de poder, nosso equilíbrio seria totalmente desestabilizado e aqueles que nós não queremos tomariam o poder.

— Mas o meu pai está vivo. Ele pode...

— Sim, ele está. Mas no momento ele está cuidando de outros assuntos e no tempo certo se juntará a você. Porém como eu estava falando, outra pessoa deveria ter assumido, no caso eu. – olhei abismada para ela – Não me olhe com essa cara. Sim era eu que deveria assumir, no entanto, você sabe de toda a história e o que aconteceu.- ela suspirou e seu rosto pareceu triste por um momento, então ela olho para o lobo que continuava brincando com Sophia e seu rosto volto com o brilho de antes.

— Não entendo o que você quer dizer com isso? – ela voltou a olhar para mim com um olhar sério.

 - Leona a anos não nascia uma mulher para ocupar o lugar de comando de nossa raça. A rainha em nosso mundo sempre foi o principal pilar, aquela que detinha o poder sobre todos os outros.  Eu fui a primeira depois de séculos e agora você e depois Sophia. Nós mulheres detemos um poder que nenhum outro homem terá... Temos o poder da vida. E quando damos a luz a outro ser, as Naardas, elevam seu poder. Você sabe que é imensamente poderosa e agora que tem a consciência e completou a sua ligação com Sophia, você chegou no último estágio de poder e sua mãe por ser humana só eleva mais ainda o seu poder. E Leona te digo, nunca houve ser mais poderoso que você em milênios. Você está mais do que preparada para assumir seu lugar de governante. Esse é o momento. Não há mais escapatória. É chegada a sua hora, esse é o momento certo.  – Ela se levantou, fez uma reverência, olhou em meus olhos e disse. – Vida longa a Rainha Leona!