Capítulo VII - Muggle couple

Tivemos uma bela péssima aula de Estudo dos Trouxas. A parte bela era o Sr. McKinnon. E a parte péssima foi o trabalho horroroso e bom que ele passou.

“Casal trouxa” é o mais novo trabalho do ano. Um trabalho que muitos vão achar fantásticos e uma parte muito importante na nossa vida de bruxo estudante. Eu particularmente achei uma bosta de hipogrifo cheirosa.

– Então, alunos. O trabalho se chama “Casal trouxa”, onde terão que conviver como um casal em minhas aulas e apresentar relatórios com suas vidas cotidianas. Vamos ter de tirar nossos pares... – parou e começou a procurar alguma coisa. Tirou uma cartola. – Aqui. Vou escrever seus nomes.

Após alguns minutos, ele se pronunciou de novo.

– Oh, acho que temos um número ímpar de estudantes. Há mais garotas... Façamos assim, a que sobrar fará par comigo.

Algazarra geral. Eu quase – quase - rezei para que fosse John. Seria bem mais proveitoso. Com um gesto pedindo silêncio, se iniciou o sorteio.

Algumas pessoas ficaram felizes. Eu não fui uma delas. Sirius, Remus e Frank foram, eles tiraram suas “garotas”. Para disfarçar, Marlene deu uma grunhida indignada e saiu do meu lado, indo parar na mesa de Six.

James se encaminhou para frente da classe. Só sobrou a ruiva fake e eu para sermos tiradas. Eu tinha quase absoluta certeza que eu ficaria com John.

– Lily Evans.

Wait... WHAT? Quase proferi algumas maldições. Não fiquei exatamente satisfeita. Eu não gostaria ter de fingir ser um casal com James. Fingir é ruim. O melhor seria se fôssemos realmente um casal.

– Então, senhorita Alison Evans, você será minha esposa – brincou McKinnon. Acho que muitas meninas imaginaram-se no lugar dela. Até eu me imaginei.

James veio até meu lado, com as mãos no bolso, de seu jeito displicente de ser. Tão... Sexy.

– Oi, querida.

Rolei os olhos. Estava até que internamente feliz: o meu homem (só meu) me chamando de querida. Mesmo que fosse apenas por obrigação.

– Oi, amor – entrei na brincadeira. – Como foi o trabalho hoje?

– Cansativo. Acredita que fiz hora extra e eles tiveram a cara de pau de não me pagar?

Fiquei meio surpreendida, afinal, ele até conhecia alguns termos trouxas de trabalho. Continuamos com aquela encenação, como os outros casais. Seria bem interessante e um ótimo jeito para mostrar que eu era, sem a menor sombra de dúvida, melhor esposa que Alison Evans.

Mas eu ainda queria ter feito par com John. Minha vida seria bem menos complicada.

***

Eu e James nos encontrávamos em uma campina. Dentes-de-leão voavam por toda a extensão do lugar. Estávamos deitados de barriga para cima, falando sobre o formato das nuvens do céu.

– Nunca fui mais feliz do que agora, Lil’s.

– Nem eu.

Ele foi chegando mais perto, uma mão na minha nuca e outra na minha cintura. Sua boca estava tão perto que eu podia até sentir o cheiro de seu hálito...

– Acorda, Lírio.

Como é?

– Huh?

– Acorda!

Com a respiração ofegante, dei um pulo na minha cama. Tudo foi uma droga de um sonho de adolescente apaixonada? Passei as mãos pelos meus fios ruivos. Ainda meio entorpecida pelo sono, dei uma vasculhada pelo quarto.

James sorria divertido para minha pessoa. Estava escorado em minha escrivaninha, de braços cruzados no peito nu. Opa. PEITO NU? Foi quando percebi que o indivíduo vestia apenas uma cueca box vermelha.

Cobri meus olhos. Merlin me abane!

– C-coloca uma roupa, James!

Ouvi sua risada marota. E tenho certeza que ele bagunçou os cabelos. Pensamentos pervertidos saiam desse corpo que não lhes pertence! Chuta que é macumba!

– Somos um casal agora, Lírio. Você vai ter que se acostumar em me ver assim.

Rolei os olhos, cobertos pela minha mão. Não pude deixar de pensar que eu sempre quis que essas palavras fossem ditas.

– Só por causa do trabalho! Não somos um casal – mas eu gostaria que fôssemos, completei internamente.

– Relaxa, ruiva. Pode abrir os olhos e concentrá-los na minha cara.

Com um pouco de relutância, fui retirando um dedo por vez. Ele ainda continuava seminu. Ô lá em casa! Redirecionei meu olhar para seu rosto de tentei mantê-los lá.

– Só por curiosidade, com o que estava sonhando?

Não faça essa pergunta! Comecei a ruborizar.

– Com nada em especial.

– Então, por que está corando?

Droga de natureza branca! Por que eu não nasci morena ou sei lá, azul? Ninguém perceberia a minha vergonha.

– Por nada, já disse.

– Ok.

– Ok.

Talvez esse seja nosso “Sempre”? Ou o nosso “Te amo”? *

– Ok – continuou.

– O...

– Não se atreva a dizer “Ok” de novo, Lily! Vamos começar o trabalho com esse questionário.

Peguei uma pena e dei uma olhada no pergaminho que James segurava.

***

– Não, pera, pera. Olha essa pergunta: o que você acha mais atraente em seu companheiro para a vida toda? – li, rindo.

Eu estava deitada de barriga para baixo, com as pernas entrelaçadas, naquela típica posição de “adolescente lendo alguma coisa na cama”. Os olhos de James brilharam com malícia, e sua boca se curvou em seu habitual sorriso maroto. Muito sexy.

– Bem, Lírio. O que acha mais atraente em mim?

Fingi pensar. Olhei-o da cabeça aos pés. Franzi as sobrancelhas.

– Vish, James. Difícil. Acho que você não tem nada de atraente.

Ele tacou sua varinha em mim. Eita, podia ter me machucado! Mostrei a língua para ele e ele respondeu mostrando o dedo do meio. Peguei a varinha... Cara, essa frase vai ficar estranha. Anyway. Peguei a varinha dele e saí correndo. Ele veio em meu encalço.

Pulei os degraus da escada, chegando a Sala Comunal dos monitores-chefes. James é bem mais rápido que eu e logo me encurralou em um canto.

Eu juro que não passou pela minha cabeça o quão perto ele estava. Juro que não passou pela minha cabeça que a respiração dele se misturava com a minha. Juro que não passou pela minha cabeça que ele segurava minha cintura e que a outra mão dele estava apoiada na parede, ao lado da minha cabeça. Juro que não passava pela minha cabeça que o amiguinho dele estava bem feliz perto da minha perna.

Mas sabe, eu não sou muito boa com juramentos.

– Devolve a minha varinha. E depois fale como eu sou lindo e maravilhoso, e que tudo em mim é atraente.

Engulo em seco. Qualquer garota daria tudo para estar no meu lugar. Eu daria tudo para estar na minha pele. Decido que o melhor a fazer é brincar.

– Você já está com sua varinha, e devo acrescentar que ela está bem pronunciada.

Minha deixa de sair correndo foi quando ele olhou para baixo. Ainda bem que tive coragem para correr. A porta se abriu subitamente e Alison chegava com Sirius.

Quase suspirei de alívio. Graças a Merlin que alguém tinha chegado, porque eu não sabia se podia resistir a muito tempo àquele deus grego de cueca. E isso daria muita merda depois.

Sirius sorriu malicioso. Ele já tinha entendido tudo? Não pense coisas, Six, não pense coisas. Alison cobria alguma coisa no pescoço, e em minha opinião, parecia muito um chupão.

Olhei para cima, pedindo ajuda a uma força superior. Deixei a varinha de James (essa frase é MUITO errada) encima da mesa.

– E aí, pulguento? – perguntei.

– Hm, o que os safadinhos estav...

Tampei a boca dele e o levei para fora do dormitório. Ele não precisava esfregar mais a realidade na minha cara. Já tinha sido humilhada o suficiente.

– Shh! A gente não tava fazendo nada!

– Finjo que acredito. Você vestindo essa miniatura que você chama de short e ele sem roupa – falou meio ciumento.

Rolei os olhos.

– Não se faça de ciumento, Six. Eu não sou a Lene.

Com a menção ao nome da minha amiga, os olhos de Sirius brilharam. Ai tinha coisa. A minha expressão pedia informações.

– Conta o que aconteceu, cachorro.

Fazendo um ar de mistério, ele sorriu. Comecei a bater nele.

– Falaaaaa!

– Tá! Tá! Eu consegui roubar um beijo da McKinnon.

Um minuto para que eu pudesse engolir a notícia. Arregalei os olhos.

– Ela não te bateu? Não te azarou?

Ele negou com a cabeça. Sorria muito, aquele sorriso do tipo “tenho-trinta-e-dois-dentes” ou “colgate”.

– OH, MEU MERLINZINHO! É ASSIM QUE SE FAZ, SIX!

Dei um abraço de urso. Eu fiquei absurdamente feliz. Tudo bem, não era a declaração que eu esperava. Porém, o fato de Marlene não ter feito nada para impedir era ótimo. Minha amiga estava cedendo!

– O que ela fez depois?

– Eu não sei, eu fugi. Por isso tô aqui agora.

Olhei-o, incrédula. Recomecei a estapear ele.

– Para, ruiva! Ruiva! GENGIBRE!

– Não. Era. Pra. Sair. Correndo. Porra. Sirius – proferi ameaçadoramente. – Ela vai achar que você não a quer direito!

A pouca cor do branquelo se esvaiu.

– Eu não tinha pensado nisso...

Suspirei e dei batidinhas de leve em seu ombro.

– Relaxe. Eu falo com ela.

– Você faria isso?

– E quantas vezes eu não fiz?

Ele me abraçou, me retirando do chão. E como eu sempre gosto de frisar, alguma coisa sempre acontece e eu me sinto muito envergonhada: James e Alison saíram do nosso lugar de monitores e nos encararam. Oops.

– Sempre soube que ela era puta – sibilou Alison.

EU?! Tive certeza que a cor vermelha voltava ao meu rosto. E não era por vergonha e sim por raiva. Raiva daquela vadia que roubou meu cara, que tenta ser melhor que eu e que acabara de pensar que eu trairia Marlene e ficaria com Sirius.

– Olha aqui, sua vaca – sussurrei mortalmente, apontando a minha varinha em seu pescoço de morsa. – Eu nunca, nunca ficaria com Sirius. Ele é apaixonado pela minha melhor amiga, e minha melhor amiga é apaixonada por ele. E ele é meu melhor amigo. Eu não sou que nem você que deve dar até para a bruxa de um olho só do terceiro andar. Eu não ficaria com um garoto que tem dona – essa foi uma indireta. Recalque bate que volta. – Se eu fosse você engoliria suas palavras, que serão bem menos amargas do que meu punho na sua cara. E parece que você vem fazendo coisa errada. Pensa que eu não notei o chupão?

Andei para longe de lá, tempestuosamente. Acho que estava na hora de eu visitar um velho amigo.

***

– Opa! Ela te chamou disso?

Concordei com um aceno de cabeça. Hagrid tentava me fazer tomar seu chá e comer um bolo que parecia um tijolo com cobertura extra de cimento.

– Eu nunca gostei dela – afirmou o meio-gigante, desgostoso. – Sabia que ela cuspiu na minha comida? Não sei o que James viu nela! Sinceramente, pensei que vocês ficariam juntos esse ano. Chamar a minha pequena Lily de puta? Onde já se viu?

Apenas me permiti suspirar. Ela achava que eu estava dando encima de James, naquela hora que eles adentraram nossa Sala Comunal. E depois me vira abraçada a Sirius. Que absurdo! Ela não sabia diferenciar um abraço FRATERNAL de um abraço APAIXONADO?

Aquela “mordidinha de amor” dela ainda me intrigava. Mas deixei de lado.

– Ah, e Hagrid, Sirius conseguiu beijar a Lene! Finalmente, né?

Ele bateu palmas.

– Gárgulas galopantes! Que ótimo. E eu só direi “finalmente” quando você e o jovem Potter ficarem juntos.

Rolei os olhos, porém sorri.

– Espero para ver. Você não desistiu completamente, certo?

– Não, Hagrid, eu não desisti. E me permito dizer que não vou me dar por vencida.

– Um brinde a isso!

Acho que tudo deu nessa bosta toda por causa do trabalho “Casal trouxa”. Só acho.

* Isso é uma dedicatória à The Fault in Our Stars, meu livro preferido. Hazel and Augustus ♥ Eles tem um amigo chamado Isaac que tem uma namorada, e e o casal tem uma promessa: Sempre. E numa conversa telefônica, Hazel e Augustus combinam que "Ok" é o "Sempre" deles.