Porto Seguro - 1ª Temporada escrita por Allie Próvier


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

ESSE CAPÍTULO VEIO RECHEADO, HEIN! 18 PÁGINAS!
Bora ler! :D



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Capítulo 05

   O dia seguinte amanheceu ensolarado, o céu completamente azul. Estava lindo.

   Quero dizer, estava lindo até eu dar de cara com Edward sentado no sofá me olhando.

- O que foi? – perguntei, escondendo metade do meu rosto debaixo dos cobertores novamente.

   Eu odiava, o-d-i-a-v-a, ODIAVA quando ele ficava me encarando. Sério mesmo. Me faz ter vontade de arrancar os olhos dele fora e...

- Nada. Arrume-se, iremos tomar café fora. – ele disse grosso como sempre.

   Ele parecia já ter tomado banho, mas ainda vestia a calça de seu pijama. Aproveitei sua distração em pegar suas roupas em sua mala e corri até a minha, no outro lado do quarto, e peguei o que precisaria. Ele ainda estava agachado em frente a sua mala, parecendo procurar algo, então corri para o banheiro para que ele não me visse de pijama novamente.

   Vai que ele consegue olhar melhor à luz do dia e fica louco ao ver meu corpo.

   Ok, vamos voltar para o mundo real onde eu sou tipo uma minhoquinha ao lado da cascavel lá fora.

   Tranquei a porta do banheiro, coloquei minhas roupas e meu shampoo sobre um banco de couro que havia numa parede do banheiro (isso aqui é luxo, bem) e me virei para a pia e...

   Bom, eu acho que eu sei por que Edward estava me olhando. E porque eu sou gata, sexy e irresistível é que não era! Corri para a pia e lavei meu rosto. Tentei desesperadamente dar um jeito naquele ninho que havia se formado na minha cabeça, mas era impossível.

   OBRIGADA, MUNDO! VALEU MESMO. PROMETO TE RECOMPENSAR, TÁ?

   Vou ficar meio hora debaixo do chuveiro também, para você ver quem é que manda.

   A água fria caindo em meu corpo era como uma massagem. Eu poderia me acostumar a passar o resto da minha vida aqui, poderia mesmo. Logo me veio à mente Nessie e Alice, e lembrei ter que ligar para elas. Ontem chegamos aqui tão tarde, e eu estava tão cansada, que acabei esquecendo.

   Saí do banho e me enxuguei, colocando meu vestido em seguida. Penteei meus cabelos rapidamente e os deixei caírem úmidos em minhas costas. SE BATESSE UM VENTO, ACABOU. BELLA-ESPANTALHO.

   Eu passei uma maquiagem leve no rosto e logo saí do banheiro. Entrei no quarto e... Espera aí, o que é isso? O que... AI MEU DEUS. NÃO ACREDITO NO QUE EU ESTOU VENDO! EDWARD CULLEN DE ROUPA CASUAL? É ISSO MESMO? EU ESTOU MESMO VIVENDO O DIA EM QUE VERIA EDWARD SEM TERNO E GRAVATA?

- O que foi Isabella? – Edward perguntou, arqueando uma sobrancelha para mim.

   Eu podia imaginar a minha cara de retardada nesse momento, enquanto o olhava. E eu vou te dizer, vale a pena ficar olhando. Se eu ao menos pudesse tocar também e...

   Opa, opa, opa. Parem por aí, pensamentos lascivos!

- N-Nada. – gaguejei pateticamente. – Já estou pronta, podemos ir?

- Claro.

   Edward pegou sua carteira e seu maço de cigarros, - sim, ele fumava – que estavam em cima da cama e os guardou em seu bolso da calça jeans. Pegou seu óculos e o colocou no rosto, e aquela visão fez minhas pernas tremerem.

   O homem é um ignorante, grosso, prepotente, irritante e mesmo assim consegue ser gostoso pra cacete. Por que isso? Por que o mundo é tão injusto? Por que Ben, o meu porteiro educado, engraçado e cuidadoso não podia ser bonito assim? Talvez eu aceitasse sair com ele na próxima vez que ele pedisse.

   Não me levem a mal, mas é que eu nem sei qual é a cor dos olhos dele porque nada chama mais atenção do que aqueles vulcões entrando em erupção, - vulgo espinhas – em seu rosto. Realmente, não dá.

   Peguei minha bolsa, verificando se estava tudo certinho dentro dela, e finalmente saímos daquele quarto. Ficar muito tempo trancada em um lugar fechado com Edward Cullen nunca foi uma coisa muito agradável, por mais “calminho” que ele esteja. Sempre tem uma tensão no ar.

   Fomos para o elevador em silêncio, cada um com seus pensamentos. Rapidamente peguei meu celular em minha bolsa e disquei o número de Alice. Edward me olhava de rabo de olho, uma das sobrancelhas arqueadas.

   O que é agora, caramba. Não posso mais fazer uma ligação?

   Esperei Alice atender, até que caiu na caixa postal. Suspirei, discando-o de novo. Dessa vez deu que o celular estava desligado.

   A implicante desligou o celular para não me atender, eu mereço... Disquei o número de Rosalie, quando o elevador chegou e entrei naquele cubículo com Edward. Esperei ansiosamente que aquele “tu... tu... tu” acabasse e Rose atendesse.

   E não demorou muito.

- Está viva, mulher?! – Rose gritou no telefone, rindo consigo mesma.

- Claro que sim, por que não estaria? – perguntei feliz em ouvir sua voz.

   Pude ver Edward me encarar fixamente através do espelho do elevador, seu semblante sério. O que esse homem tem?

- E aí? Já pegou o bonitão? Aproveitou a suíte de luxo e tirou o atraso?

   Fechei os olhos diante das perguntas de Rose, respirando fundo. Estávamos apenas eu e Edward dentro daquele elevador, e Rose gritava no telefone. Eu realmente espero que Edward não tenha ouvido nada.

- Não posso falar muito agora, amiga. – falei, rezando para que ela entendesse. - Como as meninas estão?

- Ih, tá perto do deus grego? As meninas estão ótimas! Nessie foi tomar um banho e se arrumar agora, porque irei levá-la para passear no parque. E Alice está no quarto ouvindo música.  – Rose disse, e eu me senti um pouco mais tranquila em saber que minhas meninas estavam em segurança.

- Que bom, eu estava preocupada com elas. Diga que mandei um beijo para cada uma, e que amanhã à noite eu estarei de volta! – falei, sorrindo levemente.

- Se quiser ficar mais um tempinho por aí... Você sabe, aproveitando Chicago, a suíte de luxo, a companhia... – Rose disse insinuante – Você sabe que eu amo ficar com as meninas.

    Comecei a rir igual a uma idiota. Meu deus, só Rose mesmo para falar uma coisa dessas!

- Rose, eu tenho que desligar ok? Beijos, e se cuida! – falei, desligando o celular em seguida.

   O guardei de volta em minha bolsa e olhei para Edward, que tinha um sorriso torto em seus lábios. Desviei meu olhar dele rapidamente. E esse elevador que não chega nunca? Qual é o problema dos elevadores comigo? Por que tão lerdos quando preciso que desçam no modo turbo?

- Nessie e Alice estão bem? – Edward perguntou de repente.

   Esse é o nosso “assunto de elevador”, não é possível.

- Sim. Rose irá levar Nessie para passear. – respondi educada.

   Por que tanta preocupação com minha Nessie? Que fixação é essa? Seria Edward Cullen um stalker? Um sequestrador? Um pedófilo disfarçado de empresário? Estou questionadora hoje.

   Finalmente o elevador chegou ao hall do hotel e eu pude respirar com calma. Muitas pessoas bem vestidas passavam por nós, mulheres com saltos enormes cães em miniatura em suas bolsas. Eu pensava que só existisse isso em Nova York.

   Quando saímos do hotel e chegamos à calçada, do lado de fora, pude sentir a brisa fresquinha passar por nós. Realmente o dia estava ótimo. O que estragava era coisinha ao meu lado.

- O dia está muito bonito, não acha? – perguntei, tentando ser agradável.

   Edward fez sinal para um táxi e olhou para mim.

- Discordo. – ele disse.

   Dane-se se você discorda, seu desagradável.

- Por quê? – perguntei toda fofinha. – Não gosta de dias assim, azuis?

- Não.

   Meu sorriso forçado desmanchou ao mesmo tempo em que o táxi parava ao nosso lado. Edward abriu a porta para mim e eu entrei de má vontade no carro.

   MAS ELE NÃO IRIA ACABAR COM O MEU DIA!

.

.

- Já veio aqui antes, Sr. Cullen? – perguntei, formal, enquanto esperava nossos pedidos chegarem.

   Estávamos em um café, muito bonitinho por sinal, em uma rua tranquila de uma dos bairros nobres de Chicago. Apesar de haver apenas pessoas de classe alta ali, as pessoas que passavam por nós não pareciam ligar para isso. Levavam seus cães para passear, caminhavam escutando música e tomavam um café nas mesas ao nosso lado...

   E eu aqui aturando essa tralha.

- Não. – ele respondeu simplesmente.

   Seu olhar estava na rua, observando as casas e as pessoas. Me remexi na cadeira, incomodada.

   Logo nossos pedidos chegaram e eu bebi meu cappuccino de olhos fechados, esperando que aquilo ajudasse a me acalmar. Por que para aturar Edward Cullen tem que ter muita, MUITA paciência. Edward não falou mais nada, e eu também não. Se esse idiota queria ficar sozinho no mundinho dele, que ficasse. Eu, Isabella Swan, não ficaria incomodando-o. Hunf!

   Eu já estava quase terminando de comer meu cupcake quando um rapaz levantou de uma mesa quase ao lado da nossa e veio em nossa direção.

- Bella? – ele perguntou, retirando o óculos escuro que usava.

   Meu deus olha a hora que o cidadão vem falar comigo! Na hora que eu estou com a cara cheia de chantilly!

- Olá. – eu disse, limpando meus lábios com um guardanapo.

   Ele me conhecia, já que sabia meu nome, mas eu não fazia ideia de quem ele era.

- Não se lembra de mim, não é? Sou Jacob Black, eu fazia Medicina em Harvard e nos conhecemos no campus!

   OMG! JACOB!

   Levantei-me da cadeira na hora e o abracei, sorrindo. Ele riu e me abraçou de volta, com aqueles braços fortes.

- Você está tão mudado! Lembro que você tinha o cabelo longo e não era tão fortão assim! – falei, me separando dele.

   Jacob mantinha aquele sorriso de matar no rosto, enquanto ainda me segurava pela cintura.

- Estava na hora de mudar, né! – ele falou, me fazendo rir. – E você continua linda! Como estão as meninas?

   Lembro que Jacob chegou a conhecer Alice e Nessie. Ele também conheceu meus pais, mas depois que eles faleceram e eu me formei nós nunca mais nos vemos.

- Elas estão bem! Estão com uma amiga minha em Nova York. Aliás, este é meu chefe, Edward Cullen. – os apresentei só agora me lembrando da existência daquele ser carrancudo. - Edward, este é Jacob Black, um grande amigo meu.

- Muito prazer, Edward. – Jacob disse sorridente e estendendo a mão para o Cullen.

   Edward sorriu levemente e apertou sua mão, olhando para mim friamente em seguida. Cruzes.

   O ignorei e voltei minha atenção para Jacob. Só ele mesmo para me fazer sorrir nessa manhã desastrosa!

- Quer se sentar conosco, Jacob? – perguntei, torcendo para que ele aceitasse.

- Não quero incomodá-los, Bella.

   Tive vontade de gargalhar do que ele disse. Incomodar? Ele ia é me salvar!

- Fique com ela, Jacob. Eu tenho que voltar ao hotel para resolver algumas coisas do trabalho. Isabella, você sabe o caminho de volta, não é? – Edward disse, levantando-se e jogando uma nota de 50 dólares em cima da mesa.

   Tive vontade de dar pulos de alegria.

- Sei sim, Edward. Qualquer coisa me ligue, se precisar. – falei toda fofinha.

   Edward me olhou estranho, e assentiu. Logo se despediu de Jacob e se foi, pegando um táxi que passava a alguns metros dali. Jacob se sentou no lugar que antes era de Edward e ficamos olhando o Cullen ir embora, em silêncio. Quando Edward entrou no táxi, Jacob se virou para mim com as sobrancelhas arqueadas.

- Ele é... Bem sério. – Jake disse, rindo assim como eu.

- Sempre foi assim. Depois de um tempo eu acabei de acostumando, mas ainda assim é irritante. – falei, dando de ombros.

- Vocês dois... – Jacob começou, parecendo estar sem-graça. – Você sabe, estão juntos?

    Quase cuspi meu cappuccino na cara dele.

- Claro que não! Edward é meu chefe! – falei, fazendo careta.

   Jacob sorriu levemente.

   Logo comecei a contar o por quê de estarmos em Chicago, e que voltaríamos para casa na noite seguinte. Contei a confusão que teve por causa do quarto e Jacob ria, enquanto bebia o café que havia pedido ao garçom.

- Ele realmente parece ser uma pessoa difícil, mas não ruim. – Jacob disse, defendendo Edward.

   Revirei os olhos.

- Não o defenda, Jake! Edward é terrível. Tem horas em que ele está... Calmo, digamos assim. Aí passam cinco minutos e ele volta a infernizar. Mas e você? O que faz em Chicago? – perguntei, querendo saber mais sobre ele.

   Depois de tanto tempo, poder voltar a conversar assim com Jacob era quase um tranquilizante.

- Vim apenas visitar meu pai e minha irmã. Ele mora a duas quadras daqui, é vizinho da minha irmã e ela acabou de ganhar neném. – Jake disse sorridente.

- Você ganhou um sobrinho? Parabéns! – falei, contagiada com aquele sorriso dele.

- Sim! Voltarei para Nova York daqui a duas semanas, apenas.

   Logo começamos a conversar sobre outras coisas. Contei como andava minha vida com as meninas, e sobre meu trabalho. Jake me contou sobre seu trabalho em um grande hospital de NY e como andava sua vida... Sozinho. Segundo ele, havia tido uma namorada, mas o namoro não foi para frente porque ela o havia traído.

   Agora me digam: o que levaria uma retardada a trair Jacob? Eu não trocaria aquele sorriso dele por nada.

   Passou-se quase uma hora quando decidi voltar para o hotel. Eu tinha que organizar algumas coisas de Edward para a reunião com o Sr. Campbell que haveria no dia seguinte.

   Jacob, com muita insistência, pagou a minha parte da conta. Ele me deu um abraço apertado e trocamos nossos números de telefone, para quando ele estivesse em NY novamente pudéssemos nos encontrar.

   Me acompanhou até o táxi e fechou minha porta, acenando para mim.

   E eu não sei por quê, fui suspirando até chegar ao hotel. Meu dia já havia melhorado consideravelmente após minha conversa com Jake, e eu realmente esperava que Edward não acabasse com isso.

   Assim que abri a porta do quarto, estranhei o silêncio. Passeei com os olhos pelo cômodo, fechando a porta atrás de mim vagarosamente.

   Onde aquela coisa estava?

- Edward? – chamei, deixando minha bolsa sobre a cama.

   Retirei meus sapatos e fui até a varanda. No banheiro eu sabia que ele não estava, porque a porta estava escancarada. Abri a porta da varanda e na mesma hora senti um vento entrar no quarto. Sorri comigo mesma... Se tinha uma coisa que eu amava, era sentir o vento.

- Pensei que fosse demorar mais com o seu amigo.

   Me assustei ao ouvir a voz de Edward. Pude vê-lo sentado à mesinha branca que havia na varanda, mexendo em seu MacBook. Seus olhos não se desviaram da tela para mim, e algo no modo como ele disse “amigo” não me agradou.

- Eu tenho que organizar alguns documentos para a sua reunião de amanhã, por isso vim. – falei já me preparando para voltar para o quarto.

- Espera. – Edward chamou, parecendo estar irritado.

   Ele não vai estragar meu dia... Ele não vai estragar meu dia... – repeti mentalmente.

- Diga, Sr. Cullen. – falei, forçando um sorrisinho.

   Edward arqueou uma sobrancelha para mim, com uma expressão de deboche.

- Quero que saiba que estamos aqui a trabalho, e não a passeio. Cumpra seu trabalho como deve, entendeu? – ele disse.

   Eu já disse o quanto eu amo esse humor debochado, sarcástico e irritante dele? Acho que já deixei bem claro, né...

   Sem nada lhe responder voltei ao quarto. Senti vontade de voltar à varanda e jogar Edward daqui de cima, juro.

   Mas fiz de acordo com o que ele mandou, cumpri meu trabalho direito. Separei os documentos que ele usaria amanhã na reunião e, três horas depois, já estava tudo pronto para o dia seguinte. Quando deu meio-dia Edward pediu nosso almoço pelo serviço de quarto. Almoçamos na mesa da varanda, em completo silêncio. Após o almoço Edward disse que precisava sair para ir ao banco fazer não sei o quê, porque eu parei de prestar atenção quando ele disse que precisaria sair. Meu peito inflou de felicidade quando ele saiu do quarto. Sorri abertamente e pulei da cama, indo até minha mala. Peguei minha toalha, roupas e meus produtos de beleza e fui para o banheiro. Sem Edward aqui eu poderia me cuidar um pouco mais, sem ficar tensa com ele do outro lado da porta. Conectei meu Ipod na TV de plasma que havia em uma das paredes do quarto e deixei as músicas tocando. Fiz tudo o que uma mulher tem o direito de fazer para ficar apresentável e por fim, fiz meu cabelo. Assim que terminei de secar e passar a prancha, olhei o relógio e vi que já ia dar quatro horas da tarde... O banco estava aonde, afinal? Edward foi para outro país?

   Conferi novamente as coisas para a reunião do dia seguinte, - e não, eu não sou enjoada com essas coisas nem perfeccionista, ok? Edward é que é assim. Se UMA coisinha estivesse errada, eu daria adeus ao meu emprego.

   Edward era mesmo um porre.

   Deitei na cama, já de pijama e liguei a TV. Aproveitei e peguei meu celular para botar o despertador do dia seguinte, já que teríamos que estar na reunião às 09:00hrs da manhã.

   Voltei assistir TV quando, no meio do programa, acabei caindo no sono.

   Quando abri meus olhos novamente, o quarto estava todo escuro. A TV estava desligada e, mesmo meio zonza, pude ver Edward se remexendo no sofá do outro lado do quarto. Ele ainda estava acordado, tentando achar uma posição confortável.

   Me senti mal por ele ter que dormir ali mais uma noite e tomei a decisão errada:

- Edward? Se quiser deitar aqui na cama, tudo bem. – falei, e mesmo que minha voz tivesse saído fraca, ele ouviu.

   Pude ouvi-lo suspirar e levantar, e o vi vindo até a cama. Ele levantou os cobertores e se enfiou debaixo deles, tomando cuidado para não chegar muito perto de mim.

   Acho bom mesmo.  

- Obrigada. – pude ouvi-lo dizer baixinho.

   Sorri levemente e, sem perceber quando, me entreguei ao sono novamente.

   Só acordei novamente no dia seguinte com o despertador berrando em meus ouvidos. Gemi de raiva, pegando meu celular e o jogando longe. O barulho cessou por alguns segundos, até que voltou a berrar novamente. Bufei.

- Filho da puta. – xinguei o celular, afundando meu rosto no travesseiro fofo de penas de ganso.

- Nossa, que humor ótimo logo pela manhã. – pude ouvir o ser mais irritante que o celular dizer.

   Não falei com ele. Apenas o olhei com minha provável cara de noiva-cadáver e levantei da cama. Edward já estava quase pronto, faltando apenas dar o nó em sua gravata. Pude vê-lo sorrir levemente para mim quando desviei o olhar dele e caminhei até o banheiro. Me tranquei lá dentro e escovei meus dentes. Eu estava com vontade de matar alguém essa manhã, e Edward já havia percebido isso.

   Sempre tinha um dia na semana que eu acordava de mau humor sem motivo algum, - e não, não era apenas por causa do despertador. Edward já havia percebido isso e, incrivelmente, escolhia esses dias em que eu estava de bom humor para ser um doce.

   Era SEMPRE assim. Eu chegava na empresa irritada e séria e ele já percebia só de me olhar. Aí me lançava um sorrisinho e durante o resto do dia era todo calminho comigo. Não, não pensem que era porque ele queria fazer para o meu bem. Era para me irritar ainda mais mesmo.

   Era como se trocássemos de humor/corpo/personalidade por um dia. E isso me deixava com ainda mais raiva.

- Isabella, arrume-se rápido! – ele disse do outro lado da porta.

   Bufei, colocando quase o tubo inteiro de pasta de dente na minha escova de dente de tanto que eu apertei. Lavei meu rosto e saí do banheiro, vendo Edward pronto e conferindo alguns papéis de sua maleta. Fui até minha mala, separei a roupa que eu usaria para acompanha-lo à reunião e voltei ao banheiro para tomar um banho e me arrumar. Como eu havia feito meu cabelo na tarde anterior, não precisei lavá-lo.

   Eu dei uma bagunçada nos cabelos, já pronta, e saí do banheiro. Edward estava sentado numa poltrona e fixou seus olhos em mim, me olhando estranho.

- Dá para parar de me olhar? – perguntei, jogando meu veneno sobre ele.

   Foda-se se era meu chefe, tomara que me demita logo também! Se não eu mesma faço isso, com prazer!

    Edward riu, realmente achando graça. Semicerrei meus olhos, respirando fundo e me controlando para não voar nele. Peguei minha bolsa já arrumada que estava em cima da cama e minha agenda vermelha do trabalho e cruzei os braços olhando para ele.

- Podemos ir? – perguntei.

   Edward suspirou, ainda sorrindo, enquanto me observava. Eu já estava perdendo ainda mais minha paciência quando ele se levantou com aquela bosta de sorriso no rosto, pegou sua maleta, pôs seus óculos e abriu a porta do quarto, esperando eu sair primeiro.

   Saí daquele quarto a passos duros, e Edward riu.

   Vamos ver se ele vai achar engraçado quando eu jogar ele no poço do elevador, rs.

      O carro que Edward alugara para nos levar até a empresa do Sr. Campbell, onde ocorreria a reunião, já nos esperava na porta do hotel. Entramos no carro rapidamente e eu e Edward ficamos em silêncio, cada um olhando por uma janela. Percebi que o carro não nos levava para o centro, onde estava a empresa, e sim para um dos bairros nobres onde apenas haviam casas.

- Edward, acho que estamos indo pelo caminho errado. – falei.

   Edward negou, e sem nem olhar em minha direção disse:

- O Sr. Campbell não acordou muito bem hoje e não foi trabalhar. Para não desmarcar a reunião, ele a transferiu para a sua casa. – Edward disse.

   Assenti, voltando a observar o lugar pela janela. Alguns minutos se passaram até que o carro parou em frente a um casarão de dois andares com um jardim imenso.

   O motorista abriu a porta para mim e eu lhe agradeci com um leve sorriso. Sair daquele quarto de hotel me fez ficar com o humor mais leve, mas eu ainda sentia algo se contorcendo em meu peito, sinal de que qualquer coisa poderia me fazer explodir a qualquer momento. Era uma agonia.

   Logo adentramos o local. Observei com interesse o jardim e a parte da piscina, estava lotado de pessoas. Do jeito que o local estava sendo enfeitado, imaginei que haveria uma festa. O Sr. Campbell nos recebeu na porta de sua casa, e vou te dizer... Eu já havia visto algumas fotos dele em revistas e jornais, mas não imaginei que ele fosse tão boa pinta assim. Ele sorriu abertamente ao nos ver, e seu olhar caiu sobre mim. Senti meu rosto esquentar e olhei para o chão, tomando cuidado para não pagar o mico de ficar estatelada na grama enquanto aquele homem... Bonitinho, me olhava.

- Edward Cullen! É sempre um prazer vê-lo, rapaz. – Sr. Campbell disse, cumprimentando Edward com um abraço.

   Até onde eu sabia, Sr. Campbell era um grande amigo da família Cullen, desde a época de faculdade, em que ele estudou com Carlisle, pai de Edward.

- O mesmo para você, John. – Edward falou, parecendo animado em ver o Sr. Campbell.

- E eu vejo que trouxe uma bela moça. – Sr. Campbell disse, sorrindo para mim.

   Ai, que vergonha.

- Essa é Isabella Swan, minha secretária. – Edward me apresentou sério.

   Sr. Campbell estendeu a mão para mim e eu a apertei. Sua mão era grande e quente, e eu me senti ainda mais envergonhada, não sei por quê.

- Bom, vamos entrar para tratar dos negócios. – Sr. Campbell disse nos dando passagem para dentro de sua casa.

   Por dentro tudo parecia ainda maior, sofisticado e luxuoso. Sr. Campbell nos levou até seu escritório, no segundo andar da casa. Eu e Edward nos sentamos em frente à sua mesa e logo uma empregada apareceu, perguntando se gostaríamos de beber ou comer algo. Eu e Edward pedimos um café e ela se foi. Minutos depois ela voltou com nosso café e Edward começou a tratar de negócios com o Sr. Campbell, já que os dois iriam trabalhar em um projeto juntos. Fui atualizando Edward sobre detalhes do projeto e mostrando ao Sr. Campbell, que parecia estar gostando muito de ficar me encarando fixamente.

   Vou te dizer, estou cansada de gente me olhando fixamente. Quero ser invisível, Mundo. Providencia isso aí para mim, por favor.

   Mais ou menos uma hora depois, tudo estava resolvido. Sr. Campbell nos disse que à noite seria o aniversário de 18 anos de sua filha mais velha, Naya Campbell. Pelo o que eu sabia, ele tinha duas filhas: Naya, que faria 18 anos essa noite e Sophia, que tinha 8 anos. Aí vocês me perguntam: E a mulher desse pedaço de mal caminho? Cadê?

   Tá debaixo da terra. Digo... Ela faleceu. Mas ela era uma sem-vergonha, pois traía o coitado do Sr. Campbell até dizer chega. Na frente dos paparazzi e tudo, se pegava com uns caras por aí. Aí há cinco anos ela morreu por overdose de drogas. Sim, é triste.

   Mas acho que o Sr. Campbell já deixou de ficar triste faz tempo, pois a cada evento que vai está com uma mulher diferente. Aí vocês me perguntam novamente: Como você sabe disso tudo, linda Bella?

    Aí eu digo: Eu sei das coisas, querida.

   Aí vocês perguntam: Mas e...

- Isabella, acorde para a vida! – Edward disse, balançando a mão na frente do meu rosto.

   Acordei de meus devaneios e percebi que Edward e o Sr. Campbell me observavam, curiosos. E já estávamos no jardim. Como eu cheguei aqui?

- John está nos convidando para a festa de Naya, hoje à noite. Quer vir? – Edward perguntou.

- Mas não iríamos voltar à Nova York hoje a noite? – perguntei.

   Pelo amor de deus, eu estava morrendo de saudades das minhas irmãs.

- Podemos vir na festa e ficar um pouco, e mais tarde voltamos à Nova York no meu jatinho. – Edward falou, dando de ombros.

   Isso, esfrega na minha cara: “EU SOU RICO, EU TENHO UM JATINHO A MINHA DISPOSIÇÃO NA HORA QUE EU QUISER E VOCÊ TEM QUE SE CONTENTAR COM A CLASSE ECONOMICA”.

- Eu realmente gostaria muito que vocês viessem. – Sr. Campbell disse, olhando dentro dos meus olhos.

   E eu juro que podia sentir que ele estava vendo minha alma. Senti um arrepio em minha nuca e assenti minimamente. Sr. Campbell sorriu abertamente, apertando a mão de Edward, que também sorria.

   Suspirei, olhando o local ao meu redor. Seria uma festança, pelo visto.

   Nos despedimos do Sr. Campbell e Edward pediu para que nosso motorista no levasse ao centro. Edward queria comprar algo para a aniversariante da noite. Paramos em frente à uma joalheria e Edward foi comprar o presente da menina, enquanto eu esperava no carro. Edward até perguntou à mim se eu não gostaria de ir com ele para dar uma ajuda, mas eu neguei. Aleguei que estava cansada, e realmente estava, mas também não queria ficar escolhendo presente nenhum com ele.

   Estou nojenta hoje mesmo, taquem pedras em mim. Me julguem mas não estou mesmo com saco para Edward, ainda mais porque ele fica me olhando com aquele sorrisinho cínico dele, que quer dizer “Sei que você está irritada, por isso quero te perturbar com minha felicidade”.

   Não demorou muito e Edward voltou com a sacolinha da joalheria em mãos. Nem me disse o que havia comprado, apenas mandou o motorista nos levar de volta ao hotel.

- Aliás, você tem alguma roupa para ir à festa? – ele perguntou de repente.

- Tenho sim. Sempre coloco um vestido para o caso de algum imprevisto assim. – falei, observando as pessoas passando pela janela.

   Pronto, acabou o assunto. Logo chegamos ao hotel e fomos almoçar no restaurante do hotel mesmo. Lá para as três da tarde voltamos para o quarto e eu logo me arrumar. Como eu iria demorar mais, “aluguei” o banheiro. Tomei meu banho, fiz meu cabelo novamente, fiz minhas unhas com um esmalte que havia na minha nécessaire, me maquiei... E finalmente saí do banheiro quando já eram cinco da tarde já vestida. Edward me olhou com um sorrisinho torto e pegou sua roupa, indo para o banheiro para se arrumar também. Na próxima vez que ocorresse o terrível fato de que eu terei que acompanhar Edward em alguma viagem, vou providenciar de deixar bem claro na hora de fazer a reserva de que “QUEREMOS DOIS QUARTOS, DIFERENTES”. Porque ninguém merece dividir o quarto com alguém com quem você não tem nenhum tipo de intimidade!

   E eu estou chata pra caramba hoje, nem eu estou me aguentando hoje. Quer sabe? Tomara que tenha álcool nessa festa. Vou encher a cara pra ver se eu me animo. Isso se Edward deixar, claro. Porque segundo ele: “ESTAMOS AQUI A TRABALHO, BLA, BLA BLA”. Mas ele quem inventou de ir em festa, então que aguente também.

   Eu terminei de ajeitar minha maquiagem e meu penteado em um grande espelho que havia em cima da lareira. Coloquei minhas sandálias e arrumei minha mala, já que da festa iríamos direto para o aeroporto pegar o jatinho de Edward.

   Edward logo saiu do banheiro arrumado e terminou de arrumar sua mala também. Peguei minha bolsa de mão e conferi se estava tudo o que eu precisaria dentro dela, enquanto Edward levava nossas malas para o carro. O motorista que ele havia contratado as levaria direto para o jatinho, após nos deixar na festa, onde havia alguns funcionários de Edward. Logo estávamos a caminho da festa, e não demorou muito para chegarmos.

   O local estava lotado de gente, e o estacionamento abarrotado de carros. Assim que chegamos, Edward já foi bombardeado de cumprimentos. Parecia que além de conhecer Nova York inteira, ele também conhecia Chicago inteira. Incrível, sabe. A todos ele me apresentava como sua secretária, mas a maioria perguntou se eu era sua namorada. Não mereço uma coisa dessas, Mundo. Me tira daqui. Abre um buraco aí no chão e me engole, por favor.

    Um garçom passou com uma bandeja de taças com algo transparente dentro. Na borda da taça tinha um limãozinho e havia um guarda-chuvinha colorido. Cara, eu sempre quis um desses...

   Me agarrei numa das taças e botei metade do conteúdo garganta abaixo. Senti tudo queimar dentro de mim, mas respirei fundo.

- Isabella, isso é vodka. Vai com calma. – Edward disse, rindo da minha cara.

- Como oferecem vodka pura em um aniversário? – perguntei com os olhos cheios de lágrimas devido a queimação em meu estômago.

   Isso só serviu para Edward rir ainda mais da minha cara. Bufei, bebendo o restante da bebida de uma vez só. Eu estava na frente de Edward, enquanto ele cumprimentava um senhor sorridente. Olhei ao redor e, vindo em nossa direção, estava John. Ele olhava para mim com um sorriso nos lábios. Sorri de volta, me preparando para cumprimenta-lo quando ele chegasse até nós, quando um ser apareceu vindo atrás dele...

   Quase cuspi a vodka. OMG! É uma berinjela gigante! Salve-se quem puder!


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Notas finais do capítulo

Aí vocês perguntam: Que raio de "berinjela gigante" é essa, Aline?
Aí eu respondo: VEREMOS NO PRÓXIMO CAPÍTULO! TANANANANNNN...
Ok, esse foi gigante. Ainda ia ter mais, só que ia ficar longo demais :(
Bom, meninas, cheguei à conclusão de que para escrever nessa fic levarei uns três dias. Então de três em três dias, terá atualização, ok? Então fiquem de olho! :D
Próximo capítulo sairá dia 3/11 (Segunda-feira)! Provavelmente de noite!
Enfim, e aí? Gostaram? Merecem reviews? Digam o que acharam! Um OBRIGADAAAAAAAA às meninas que estão acompanhando e comentando! Leitor novo? Deixa um review e me diz o que está achando! :3
Beeeeeijos, e até o próximo!