_Com certeza, devem estar se perguntando quem sou eu, e porque eu estava disfarçada.

Prazer, Primeiro-Tenente Stefanya Nikolayevna Cerenkov._disse a jovem, apertando a mão de todos. Jerome corou. Ela era bruta, mas de um jeito feminino.

_Alguém já te disse que você é muito linda?_perguntou Jerome, se ajoelhando no chão e tomando a mão da jovem, beijando-a de leve.

_Levante-se!_disse ela, rispidamente._Não sabe como se apresentar perante uma autoridade?!

_Sei muito bem, milady, mas acho que uma senhorita delicada como você não deva ser tratada de um jeito...

_Olha só, se tem uma coisa que eu detesto é quando me tratam como uma menininha indefesa! Como se eu não soubesse me defender sozinha!_bradou a moça, olhando nos olhos de Jerome. _Aliás, você parece mais mulher que eu!

_Eu? Imagine. Vou ter que te provar a minha masculinidade agora? Então, está bem._disse ele, pegando na cintura de Stefanya e segurando-a a poucos metros do chão.

_E agora, o que eu faço? Hm..._ disse ele, fingindo-se de ignorante.

_Me solte! Não tem medo de ser preso, não?

_Bem, se esse é o seu desejo, milady...

Stefanya tinha a personalidade um pouco parecida com a de Ciel antes da promessa.

Orgulhosa, bruta, fria, mas no fundo, parecia ter um bom coração.

_Ahn...querem café?

_Não obrigado, eu não gosto de café._disse Jerome.

_Como assim não gosta de café? A minha vida é café! Café é o meu combustível pra eu continuar de pé! Eu NECESSITO de café! Esses pequenos grãos marrons devem ter sido abençoados por Deus! Meus dois amores... Café.

_E o segundo?

_Bazucas.

_Eu poderia ser o terceiro?

Ela ficou vermelha e socou o ombro de Jerome.

_Mas porque você se veste como homem?

_Há um tempo, o meu pai ficou muito doente e ele trabalhava nessa organização. Ele me pediu que eu me alistasse e alcançasse a antiga patente dele. Mas quando ele melhorou, eu já tinha me alistado e já era Sargento. Se eu revelasse quem eu era, e principalmente, que o meu maior desejo era ir embora, eles com certeza me matariam. Meu pai virou Marechal depois de uma missão, e continua até hoje...

_Quem é o seu pai?

_O Marechal Lewis Armstrong Cazeneuve, ele fica na sala ao lado, se quer saber.

_Fannie... Temos uma péssima notícia pra contar._lamentou Iris.

_O que foi Iris?

_Ahmm... Eu vou deixar que vocês expliquem, pessoal.

Ally, Sebastian, Ciel, Jerome e Bundy contaram a ela todos os esquemas feitos pela Red Raven, incluindo os que seu pai tinha feito.

_N-Não pode ser... Meu pai está envolvido nessa sujeira toda? V-Vocês estão mentindo...

_Nos acompanhe até a antiga sede do Instituto de Demonologia que você verá que estamos falando a verdade.

Na verdade, o Instituto se localizava num lote gigantesco, maior até que o que Ciel morava. O lote inteiro estava destruído. Nesse lote, havia três prédios, segundo o professor Bundy: a Universidade, a Enfermaria e o Instituto. No último, inclusive, só ficavam alojados os melhores alunos da Universidade.

Chegando ao Instituto, eles começaram a reparar na construção. O piso estava empoeirado, havia vários tubos de teste quebrados no chão, as mesas das salas de aula estavam queimadas e as paredes estavam descascadas e sujas de sangue. Eles encontraram uns sete ou oito cadáveres entre os escombros do que havia restado da antiga universidade.

_Há quanto tempo alguém não limpa isso aqui?_perguntou Ciel quando pisou em uma gosma preta. Ele fez uma cara de profunda repulsa.

_Ah Ciel, já faz 20 anos, né? O que você queria, um jardim como o que tem na sua casa?_perguntou Iris.

_Espera... Você nunca foi na minha casa!

_Eu vejo tudo, Ciel.

_Ah, não vá me dizer que você me viu tomar banho?!

_Eu vejo tudo Ciel. E quando eu digo tudo, é tudo mesmo._ disse Iris, fazendo ar de mistério. Depois dizendo de jeito alegre:_ A propósito, uma graça aquele seu jardineiro, o Finnian! Super simpático!

_Você repara em tudo, hein?

_Reparo mesmo, humpf! Faz quase cinco séculos que eu não piso numa casa tão bonita e bem-habitada quanto a sua!

_Obrigado pelo elogio, mas dá próxima vez... não me espione!

_O Chibi está irritadinho, é? Beijos pra você, que não gosta de mim!

_N-Não foi bem isso que eu quis dizer... Eu gosto de você, sim._disse ele, corado.

_Ei! Eu podia ser sua mãe, sabia?!

_Não desse jeito, loira estúpida!

_Aaah... Quase dez anos de pesquisas destruídos por uma experiência..._disse Gerard, vendo todos aqueles documentos e fitas de áudio destruídos.

_Ei, vocês! Foco. Entenderam? Foco._disse Stefanya, a quem Iris chamava de Fannie.

_Calma, Fannie! É certo que vamos encontrar em algum...AAAH!!_Iris disse quando tropeçou em uma caixa preta trancada._Olhe, achei alguma coisa!

_Sebastian, abra a c...

_Não será preciso, meu jovem._ disse o professor Bundy, interrompendo Ciel._Tenho guardado a chave dessa caixa há vinte anos, eu sabia que iria precisar dela...

Ele abriu a caixa. Lá, estavam todos os dados do experimento M-254, ou seja, Miranda.

Nome: Miranda Valentine Ellis

Idade: 24 anos

Altura: 1, 68

Sexo: Feminino

Experiência: M-254

Descrição: Classificação 39 de 100 no quesito força, classificação 70 de 100 no quesito inteligência e classificação 90 de 100 no quesito resistência.

Pesquisa requisitada por: Organização Red Raven.

Abaixo do relatório, havia uma foto da jovem.

Ela estava claramente abatida, cheia de olheiras, cabelos secos e com marcas de injeções no tórax e no braço.

_Chega a dar pena dela..._disse Iris, sendo fuzilada pelos olhos de Allison.

_Tem uma carta... da Rainha aqui._apontou Ally.

‘’Caros Senhor E Senhora Bundy.

Como prometido, aqui está o pagamento como o prometido. Mas vocês ainda não descobriram as propriedades do sangue dos demônios? Francamente.

Se esta experiência não servir, mandem-na para o quartel mesmo assim, ela pode ser útil.

Vocês dois tem um prazo. Até o dia 30 de maio. Caso contrário, as consequências serão terríveis.

Com gratidão,

Rainha Mary Victoria. ’’

_Isso me parece uma ameaça bem clara, bocchan..._disse Sebastian.

_Olhem, tem um gravador aqui também..._disse Iris, apontando para um gravador de áudio.

_Bem, vamos ver os últimos registros..._disse o professor.

A voz de Samantha começou a falar.

‘’ Dia 23 de abril de 1868.

A experiência está comendo pouco. Ela apresenta sintomas como depressão, alta resistência a contato físico e raiva, com certeza decorrente da última injeção de ácido sulfúrico, hidrocarboneto clorado e monóxido de carbono. ’’

_Samantha!_disse o professor, com saudades.

_Shhhh! Não fale agora, isso é importante!_disse Stefanya.

‘’Dia 24 de abril de 1868.

M-254 apresenta vermelhidão no tornozelo esquerdo, fala línguas estranhas e não come nada. Isso está ficando preocupante. ’’

‘’Dia 25 de abril de 1868.

M-254 está se debatendo na cama, espuma pela boca e continua falando línguas estranhas. Ela apresenta um... pentagrama no tornozelo esquerdo? Ah, não. Não pode ser! Pessoal, venham rápi...

PETER, ABAIXE-SE! LIZA, VÁ PARA A SALA AO LADO! JACQUES, FUJA!

EMMILY, TRANQUE A PORTA! NÃO FIQUEM AQUI! FUJAM!FUJAM!

LEVEM TODAS AS PESQUISAS QUE PUDEREM!

GERARD! GERARD, QUERIDO!ME AJUDE!MATE-A!

GERARD, ME AJ...........................................................................’’

Silêncio desconfortável.

Passando-se algum tempo da fita, dava para ouvir uma voz que não era comum.

‘’_Lewis, você por acaso sabe o que aconteceu aqui?

_Sim. Um massacre.

_Que pena... Perdi o meu informante. Jacques era tão inteligente!

_Agora ele está morto. E eu sinceramente acho que nunca precisamos dele.

_Não diga bobagens. Ele me dizia tudo que eu precisava saber.

_Se é assim, tudo bem, Majestade. Para tirar um peso tão grande das suas costas, irei matar qualquer um, inocente... Ou não. ’’

A gravação parou. Stefanya ainda estava em estado de choque.

_Todos esses anos... Ele fingiu ser honesto... Eu vou... Eu vou derrubar esta organização! Custe o que custar!