Alvorada escrita por Katy Clearwater


Capítulo 9
Capitulo nove: Visões




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Capitulo nove: Visões

 

     Charlie já estava decidido a me internar e ele tinha todo apoio de Ângela. Faltei à faculdade uma semana inteira e com certeza ficaria reprovada em várias matérias quando voltasse. Dane-se a bolsa de estudos pensei comigo mesma. Com certeza Charlie se magoaria por eu ter de parar a faculdade, mas eu já estava chateando todo mundo mesmo então não faria diferença.

     Fui procurar Jake durante toda semana e ele não me atendeu uma vez sequer. Eu sentia o prazer que a Leah tinha em me dizer que ele não queria falar comigo e isso me irritava mais ainda. Eu não queria comer e nem levantar da cama para mais nada. Mesmo com tudo isso Charlie não nutriu nenhuma raiva de Jake como fez com Edward.

- Bells coma alguma coisa. – meu pai estava na milésima tentativa de me fazer comer.

- Não estou com fome pai. – respondi já cansada de dizer a mesma coisa mil vezes.

- Vou levá-la a um hospital e eles vão obrigá-la a comer. – Charlie estava tão preocupado que queria tomar medidas desesperadas.

- Ninguém vai me obrigar a nada! Quero ficar sozinha! – agora eu gritar com meu pai era freqüente ainda mais quando ele tentava me forçar a fazer algo.

           Charlie grunhiu umas palavras que eu não entendi e saiu do meu quarto batendo a porta com força. Ângela estava lá em casa em pleno sábado de manhã em vez de estar com Ben e isso estava me chateando mais ainda, além de arruinar minha própria felicidade estava atrapalhando a dos outros também. Alice me ligava todos os dias e sempre que ela se oferecia para vir me ver eu recusava. Provavelmente ela deve estar pensando que estou com raiva dela, mas só quero evitar tudo que me lembre Edward justamente para não ficar raiva.

        Edward havia me deixado em casa sábado passado e me posto para dormir. Quando eu acordei ele já havia partido e desde então não me procurou, melhor assim, não quero vê-lo mesmo ou quero? Droga! Pensei sozinha novamente e resolvi levantar e ir pela milésima vez essa semana atrás de Jake.

      Minha picape tinha aparecido do nada na porta da minha casa na manhã seguinte a minha briga com Jake. Deve ter sido um dos rapazes que trouxe se tivesse sido o Jake eu saberia. Passei por Ângela e Charlie sem dizer aonde ia e eles nem perguntaram por que provavelmente já sabiam. Entrei na picape e dirigi até La Push, todos os moradores da reserva já me olhavam com olhos de pena quando eu passava porque eu sempre chegava ansiosa e voltava chorando. Todos os dias dessa semana foram assim.

       Jake não ficava mais em casa passava o tempo todo na oficina então fui direto para lá. A cena já era habitual também, assim que via meu carro Jake entrava e Leah me recebia com um enorme sorriso de satisfação dizendo que ele não iria falar comigo, mas hoje eu não iria receber não como resposta. Estacionei e fui caminhando até a entrada da oficina e Jake, como sempre, me deu as costas e entrou. Leah veio com o sorriso de sempre em minha direção.

-Já sabe o que eu vou dizer por que não volta para seu carro daqui mesmo. – ela tinha uma satisfação imensa na voz.

- Não vou sair daqui até o Jake falar comigo. – dei mais um passo e ela bloqueou meu caminho.

- Você deve estar muito feliz com tudo isso! – afirmei e não perguntei, pois a felicidade estava estampada nos olhos dela.

- Sabe como é ordens são ordens e ele é o alfa, mas sim tenho minha satisfação pessoal com isso. – ela me respondeu com um sorriso largo.

- Saia da minha frente Leah. Vou falar com Jake agora quer ele queira ou não falar comigo. – dei mais um passo e ela se colocou no meu caminho mais uma vez agora me forçando a dar um passo para trás.

- Melhor ir embora. Adoraria eu mesma te botar para fora, mas não posso. – Leah agora me encarava irritada com a minha atitude.

- Já que não pode me pôr para fora que pena para você mesma. Vou ver o Jake e se quiser me impedir... – não completei a frase de propósito e contornei seu corpo a ignorando completamente. Leah segurou meu braço e estávamos nos encarando ferozmente.

- Leah tudo bem. Pode deixar. – Jake apareceu na porta da oficina e veio caminhando em nossa direção. – Tudo bem! Vou falar com ela. – Jake disse olhando diretamente para Leah que me olhou com uma expressão amarga, deu as costas e caminhou até a oficina.

- Jake eu... – tentei começar a falar, mas ele me deixou sem palavras só com o olhar.

- Você quer me torturar ou algo assim? Tem mais alguma coisa que não tenha me contado? – Jake ainda estava com raiva de mim isso era claro.

- Não quero te torturar. – falei baixinho me sentido oprimida pelo tom de voz que Jake usava.

- Então porque fica vindo aqui todo dia? – Jake agora não tinha ódio nos olhos e sim uma profunda magoa não sei realmente o que era pior.

- Porque quero que você me perdoe. – as lágrimas idiotas já rolavam por meus olhos e Jake virou de lado para não me encarar.

- Bella não posso te perdoar, sinto muito. – Jake falava com uma voz arrastada como quem já havia ensaiado isso várias vezes. Cruzei os braços sobre o peito como se isso fosse impedir meu coração de se partir lá dentro.

- Nunca? – eu não queria a resposta, mas não pude pensar em mais nada para perguntar.

- Sim. – Jake respondeu friamente e me deu as costas caminhando de volta à oficina.

- Jake... Por favor. – eu sabia que já tinha tentado implorar antes, mas eu tinha que tentar.

- Bella... – Jake parou sua caminhada e se virou para me olhar diretamente olhos. – Foi só um beijo? – MINTA foi o que eu automaticamente disse ao meu cérebro.

- Sim. – respondi encarando o chão e me sentindo mais estressada do que nunca essa semana.

- Você mente muito mal Bella. Adeus. – Jake andou rápido até a oficina e fechou a porta ao passar sem batê-la na minha cara dessa vez.

           Como assim ADEUS, essa palavra é muito definitiva e foi mesmo só um beijo, bem... Foram uns beijos, mas isso não muda a intenção de sua pergunta. Eu não menti só omiti fatos. Nem quando a minha felicidade depende de eu guardar algo para mim eu consigo mentir, ou melhor, omitir as coisas? Bem, pela cena, parecia que não.

         Voltei para Forks aos prantos novamente e Charlie nem fez questão de me chamar para perguntar o que houve. Chegando ao meu quarto eu abri a porta do meu armário jogando tudo para fora, era impressionante como eu tinha roupa agora. Eu ia jogar tudo fora e me vestir só de jeans e moletom velho de novo, nunca mais ia sair de casa e com sorte definharia de tristeza e morreria. Sentei na porta do armário aberto e fiquei olhando as roupas na cama me decidindo se chorava sem parar ou se jogava tudo fora. Deitei e acabei dormindo no chão mesmo, já era à noite quando acordei com as batidas na porta do meu quarto.

- Bella abra já essa porta! Sei que está aí dentro. – Alice gritava do outro lado da porta e eu não tive a mínima vontade de levantar do chão para abrir a porta para ela. Na verdade não tinha vontade de levantar para nada.

- Entra. – respondi sem vontade e Alice em um segundo já estava parada ao meu lado, porém encarava as roupas na cama e não a mim.

- Bella eu sei que você não está nada bem e também sei que não quer falar comigo, mas precisamos partir agora. – Alice não me olhou por nenhum segundo enquanto falava e foi separando umas peças de roupa das que estavam em cima da cama.

 - Alice eu não vou à parte alguma! – quase gritei quando percebi que sua movimentação era para arrumar minha mala. Alice me olhou assustada largando as roupas que havia separado na poltrona.

- Como assim não vai? Temos que ir. – Alice falou nervosa e pelo desespero em sua voz pude perceber que se tratava dos Volturi.

- Não há mais razão para eu ir à parte alguma. – respondi me deitando no chão novamente e as lágrimas, irritantes e insistentes, voltaram a rolar.

- Bella não fale desse jeito. – Alice se sentou ao meu lado e me ofereceu o ombro como colo.

- Alice me transforme. Eu me torno vampira e resolvemos tudo. Por favor, me transforme agora. – Alice ficou imóvel ao meu lado, mais do que o normal.

      Ergui um pouco a cabeça para encarar Alice e pude ver que ela estava com uma expressão perplexa e com os olhos vazios como se vagasse por um mundo particular só dela. Sabia que ela estava tendo uma visão mesmo depois de anos sem presenciar essa cena, isso era algo que não dava para esquecer. Alice voltou a si repentinamente e me encarou assustada. Sem dar uma palavra e na velocidade de um jato ela arrumou minha mala. Quando estava com a mala na mão ela me puxou pelo braço e saiu me puxando.

- Bella, vamos!  Ou perderemos o avião. – Alice me puxava pelo braço escada abaixo.

- Alice o que viu? – perguntei enquanto ela me arrastava pela porta da frente até seu carro.

- Vamos Bella! – ela apontava o banco do carona para eu me sentar. Eu entrei e sentei e ela já começou dirigindo a 120 km/h.

- Alice! O que viu? – insisti na pergunta agora um pouco mais irritada.

- Não vi nada! – ela respondeu friamente e também um pouco irritada.

- Alice eu não vou entrar em avião nenhum! Se você não quer me transformar tudo bem. Eu vou pedir ao Edward. – eu e Alice estávamos discutindo aos berros e quando eu citei o nome de Edward os olhos de Alice pegaram fogo e eu pude ver a verdadeira caçadora perigosa que existia dentro dela.

- Não ouse pedir isso a Edward! Ouviu bem? – Alice estava totalmente descontrolada e agora dirigia a 160 km/h.

- Eu não me lembrava de você se chamar Renné e agora ser minha mãe. Ah, claro! Porque você não é e não manda em mim também. – eu estava com muito da raiva dela. Primeiro não me conta nada e depois quer mandar em mim como se eu fosse criança.

- Bella não seja estúpida! Você não quer ser vampira! – Alice riu na última parte. Ela sempre disse que me via como vampira.

- Nas suas primeiras visões você me viu como vampira! Se você não me quer na sua família é só falar. – Alice freou o carro bruscamente na porta do aeroporto de Port Angeles e me encarou com olhos ferozes.

- Não quero você na minha família. Não desse jeito. Você não quer ser vampira e eu não quero que você seja algo que não quer ser. Agora vamos! – Alice saiu do carro e eu a segui. Entramos correndo no aeroporto, pelo para mim era correndo.

- Alice eu realmente não te entendo. – eu ainda estava irritada com Alice, mas agora estava mesmo era confusa.

- Que ótimo que não me entende. Adoro ser não compreendida! - Alice deu um sorrisinho no fim da frase e eu revirei os olhos, mas acabei mudando de assunto.

- Alice não posso mesmo viajar! E o Charlie? A faculdade? A Ângela? – também tinha o Jake, mas esse não queria saber de mim.

- Está tudo resolvido. Você não está indo a faculdade por que esta com estafa. Carlisle já deu o laudo médico à Ângela e ela vai entregar na faculdade. E quanto a Charlie esta pensando que nós duas vamos viajar para a casa da família em Miami para você relaxar e a Ângela pensa isso também. – Alice parecia bem tranqüila agora e seus olhos haviam voltado à cor normal.

- Vejo que não sou necessária para nada. – respondi enfadonhamente.

- Não seja boba. Você vai se divertir na viagem e nós iremos resolver tudo por aqui. – Alice me abraçou e sorriu.

- Como assim “nós”? Você não vem comigo? – olhei com para Alice com um olhar severo e ela desviou o olhar.

- Não Bella, não vou. Vou ficar para acompanhar a chegada dos Volturi. Até agora só sei que eles estão enviando uma pequena comitiva para nos visitar hoje, mas ainda não sei quando o resto deles vem. – Alice ironizou a visita deles por que nós sabíamos que não era pura cordialidade.

- Hoje! – exclamei assustada. Finalmente prestando atenção nas coisas.

- Calma Bella. São só uns quatro ou cinco que vem e só para nos ver mesmo. Se acalme. – Alice me apertou mais próxima a si tentando me acalmar, mas agora eu já estava uma pilha de nervos.

- Alice quem vai comigo? – eu já sabia a resposta, mas não custava perguntar. Alice cerrou os lábios em forma de linha, depois fez um biquinho e sinalizou com a cabeça para eu olhar para frente.

      Lá estava Edward com as passagens na mão nos esperando no guichê de embarque. Eu sabia que a viagem seria provavelmente com ele, mas eu ainda tinha esperança de que não fossemos sozinhos. Muito ao contrario do que eu esperava Alice não relaxou quando nos aproximamos de Edward e me apertou mais ao lado dela.

- Vamos! – Edward me estendeu a mão e sorriu. Alice ainda me tinha contida num abraço de ferro.

- Cuidado Edward! É só para tomar conta dela. Só! – o tom de Alice com irmão foi mais ameaçador do que devia ser. Eu nunca vi os dois brigando na verdade se davam muito bem.

- Pode deixar Alice. Jamais faria com a Bella nada que ela não quisesse. – Edward deu um sorriso torto e eu pude ver Alice se controlando para não rosnar para ele.

- Bella não se preocupe vamos ficar bem. E eu vou tomar conta do Charlie para você. Não se preocupe. – Alice me deu um beijo no topo da cabeça e encarou Edward uma última vez antes de me deixar ir até ele.

- Vamos perder o vôo se não nos apressarmos. – Edward envolveu minha cintura e foi me puxando para embarcarmos.

        Alice ficou parada encarando nossa caminhada até que os portões de embarque se fecharam. Edward estava muito relaxado como se estivéssemos numa viagem de férias. Mas agora o que me preocupava era o que Alice tinha visto no meu quarto e o que a fez ter essa atitude com Edward.


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