Alvorada escrita por Katy Clearwater


Capítulo 5
Capitulo cinco: Boas Vindas.




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Capitulo cinco: Boas Vindas.

 

       Nas poucas horas que consegui dormir a noite fiquei tendo terríveis pesadelos com um vampiro feroz e um lobo gigante lutando até a morte, por fim decidi que a inconsciência não estava me fazendo bem. As 05h30min AM fui lavar roupa e por volta das 7:00AM já estava com o café pronto.Charlie quase deu um berro quando acendeu a luz da cozinha e me pegou sentada no escuro tomando uma xícara de café e parecendo um zumbi.

 

- Caiu da cama, garota? – Charlie levou a mão ao peito e riu de si mesmo por causa do susto.

 

- Não. Perdi o sono. – dei os ombros como se dormir apenas uma hora e meia fosse normal.

 

- Hum... Você parece ansiosa. É algo que eu deva saber? – meu pai tentava usar um despreocupado, mas não funcionou.

 

- Nada de grande importância! – “além do fato da minha vida ter virado de ponta cabeça em 48horas” esse pensamento eu preferi guardar só para mim.

 

- Bella se não fosse importante você não estaria sentada feito uma fantasma na cozinha a essa hora da manhã. – Charlie deu um sorriso sarcástico e começou a preparar seu café. Eu sabia que ele aguardava uma resposta então preferi ser curta e direta.

 

- Os Cullens voltaram para Forks. – a feição de Charlie que estava tranqüila de repente começará a ficar avermelhada.

 

- Todos eles? – Charlie bufava e falava entre os dentes ficando cada vez mais vermelho.

 

- Sim pai, todos eles. Carlisle, Esme. Alice, Jasper, Emmett, Rosalie... E Edward. – guardei o nome de Edward para o fim, pois a reação do meu pai foi bem previsível, ele cerrou as mãos em punho e sua cor foi do âmbar ao roxo em segundos.

 

- Isabella Swan. Não quero você perto desse garoto! – Charlie esbravejava e eu tinha certeza que até em La Push haviam escutado.

 

- Ai pai, por favor. Não precisa falar desse jeito!Já sou uma mulher adulta não preciso que me dê esse tipo de ordem. – Charlie voltará a sua cor normal e me deu as costas. Ele sabia que eu era adulta, mas acho que meu tom de voz o havia magoado.

 

- Eu entendo que você cresceu Bells, mas você não age como você mesma quando esse rapaz está por perto. Tenho medo que você fique daquele jeito de novo eu não saberia o que fazer se tivesse que te olhar todo dia e não te ver mais. Já passei por isso e não foi bom. – senti uma pontada no peito e eu sabia que era culpa. Fiz meu pai passar por muita coisa para estar com Edward, não me admira que ele esteja apreensivo agora.

 

- Pai eu sei que está preocupado, mas veja eu estou com Jake agora e Edward não tem mais efeito sobre mim. Não posso evitá-lo completamente, esqueceu que ele e Alice são irmãos. – usei o nome de Alice para amenizar as coisas. Meu pai a adorava independente de Edward.

 

- Não quero que você evite Alice. ELA é uma boa moça. Fico feliz que pense assim sobre Jake ele é um bom rapaz.

 

- Ele é perfeito. Mas agora tenho que ir. – pulei da cadeira e joguei um resto de café na pia.

 

- Você vai aonde tão cedo? – Charlie se surpreendeu com a minha pressa ao passar por ele.

 

- Vou tomar café com Alice. – respondi já subindo as escadas, pois essa pergunta iria iniciar uma nova conversa que eu não queria ter.

 

           Abri as portas do armário e estava decidida a não me arrumar, só que com o passar dos anos meu guarda roupa tinha mais que jeans e moletom velho. Eu sabia que não devia ter me desfeito das roupas velhas para dar espaço às novas. Joguei várias possibilidades de combinação básica em cima da cama só que elas não estavam ficando tão básicas quanto eu queria, fiquei me perguntando quando fiquei tão vaidosa. Acho que a convivência com Alice surtiu um efeito tardio. Peguei a calça jeans preta mais básica que eu tinha, que de básica nada tinha, e coloquei uma blusa branca, calcei um tênis que Jake havia me dado porque nos últimos seis meses eu não havia adquirido nada com menos de cinco cm de salto. Quando me olhei no espelho percebi que meu plano de ficar básica, apesar do tênis, não havia dado certo. Passei a mão na bolsa e sai sem olhar novamente para meu reflexo exageradamente convidativo para àquela hora da manhã.

 

          Desci as escadas dois degraus de cada vez e só me despedi de Charlie quando já estava na porta, mais para fora do que para dentro de casa.Entrei na picape e hesitei antes de ligá-la me questionando se eu deveria experimentar outra roupa.Depois de alguns minutos liguei o motor e o barulho me fez pensar em Jake , mas se eu fosse a La Push chegaria para ver Alice na hora do jantar e não do café.Ontem à noite fiquei tão atordoada com a presença de Edward que não tive tempo ou articulação verbal para dizer o quão ridículo era uma família de vampiros me convidar para o café sendo que eles nem mesmo comem.Isso era bem a cara da Alice e aposto que ela vai fazer uma mesa de café da manhã que serviria umas 20 pessoas só para mim.

 

        Estava quase chegando à mansão dos Cullens quando vi que tinha uma coisa brilhante, literalmente, quicando na entrada da casa. Aproximando-me um pouco mais pude identificar o gigante brilhante saltador que de gigante não tinha nada, era só Alice embaixo de uns tímidos feixes de sol. Quando meu carro se aproximou mais ela parou de quicar e num pequeno salto já estava parada na porta do meu carro. Alice não me deu tempo nem de sair do banco do motorista antes de começar a falar.

 

- Nossa!Pensei que não viesse!Por acaso não ia vir e mudou de idéia?Edward não deu o recado?Mas se ele não tivesse dado não viria aqui hoje. Por que demorou tanto? – Alice já estava fazendo sua série ininterrupta normal de perguntas e eu ainda estava fechando o carro.

 

- Alice eu não demorei. Devem ser umas nove da manhã agora. – Alice fez um biquinho e começou a se balançar como quem fica dançando sem sair do lugar.

 

- Desculpe. Edward chegou ontem com um monte de meias respostas que todas juntas não davam uma resposta inteira. Não sabia se vinha, pensei que não viesse. – Alice sabia fazer um biquinho que sempre derretia meu coração. Ela era quase tão boa nisso quanto Jake.

 

- É claro que eu viria Alice. Como poderia não vir. Acha que eu perderia a oportunidade de te ver. – Alice deu um pulinho e abriu um enorme sorriso. Era muito bom ter minha melhor amiga de volta assim tão perto.

 

- Vamos entrar!Fiz o café para você. – Alice falava animadamente e no caminho até a casa foi me contando que estava fazendo faculdade de Artes pela segunda vez e quão sua professora de Teorias da Arte era burra. Eu me contive em apenas sorrir para o que ela falava.

 

        Quando entramos na casa percebi que a decoração não mudará em nada desde a última vez que estive aqui. Eu e Alice nos dirigimos para cozinha e ao entrar parecia que haviam pintado um quadro da família Cullen. Todos estavam sentados a mesa exceto por Esme que estava de pé ao lado de Carlisle na cabeceira da mesa. Todos que estavam distraídos em conversas paralelas, mas voltaram às atenções para mim e para Alice parada sorridente ao meu lado. Esme foi a primeira a vir em minha direção me cumprimentar.

 

- Bella minha querida. Como vai? – Esme me abraçou carinhosamente e meu deu um sorriso maternal. Era estranho me sentir tão em casa com aquela família que não era minha e nem seria.

 

- Eu disse que ela vinha. – Alice fez uma careta mostrando a língua para Edward que apesar de lhe dar atenção não desviava o olhar de mim.

 

- Você disse, mas não pode prever. – Edward ironizou a alegação de Alice sem perder contato visual comigo. – Sente-se aqui. – Edward se levantou e me ofereceu a cadeira ao lado da dele.

 

- Obrigado. – fiquei sem jeito de não aceitar Esme me acompanhou até a cadeira e logo depois voltou a ficar de pé ao lado de Carlisle. Para meu alívio parcial Alice se sentou na cadeira onde Edward estava o que não o impediu de sentar na cadeira vaga do meu outro lado.

 

- Café ou chá? – Alice estava muito animada com a minha presença e se eu não estivesse tão nervosa com a proximidade de Edward poderia corresponder melhor sua animação.

 

- Café.

 

- E o que quer comer?

 

- Por enquanto nada. – Alice fez uma expressão totalmente ofendida como se eu fosse capaz de ter força para lhe dar um tapa.

 

- Como nada Bella. Passei um bom tempo na cozinha fazendo tudo isso. Você podia pelo menos provar e me dizer se está bom. – Alice estava muito sensível hoje e era só nesses dias que eu sentia falta de quando o dom dela funcionava comigo.

 

- O que seria bom tempo para você Alice?Umas duas horas? – eu sabia que não era engraçada, mas todos começaram a rir da minha pergunta até mesmo Alice.

 

- Isso mesmo. Como sabe?

 

- Eu não esqueci que você tem super velocidade Alice.

 

- Mas Bella mesmo assim... – interrompi Alice levando uma das mãos sobre sua boca. Ela fez um olhar zangado, mas se calou.

 

- Alice eu quero que me responda à pergunta que lhe fiz pelo telefone. – Alice fez um olhar confuso e destapei sua boca para que ela pudesse me responder.

 

- Que pergunta?Não me lembro de pergunta nenhuma. – revirei os olhos como representação de impaciência.

 

- Por que vocês voltaram para Forks?Eu perguntei isso quando você me ligou avisando que viriam.

 

- Ah... Essa pergunta. – o humor de Alice assim como o de todos na casa murcharam.

 

- Alice o que houve?Qual é o problema? – estava nervosa em antecipação e todos tinham assumido uma postura tensa e silenciosa.

 

       A resposta que eu queria veio de onde eu menos esperava. Após um longo silêncio Rosalie olhou para Carlisle que assentiu com a cabeça e respirou fundo pousando as mãos sobre a mesa antes de me responder.

 

- Bella sua historia com Edward trouxe mais complicações do que esperávamos. O que aconteceu em Volterra não acabou por lá mesmo. Você, Alice e Edward deixaram a cidade com a promessa de você seria uma vampira. Como você e Edward se separaram essa opção passou a ser inviável para nós e não para os Volturi. Eles nos procuraram e perguntarão por você, ainda não sabemos por que não vieram diretamente a Forks, mas Alice já pode prever que virão e se virem que não a transformamos e nem a matamos acarretará numa guerra e estamos em desvantagem. – Rosalie suspirou profundamente como se precisasse de ar.

 

- Bella eu não queria te preocupar vou dar um jeito. – Alice estava encolhida e ao falar parecia que choramingava ao meu lado.

 

- Então a única opção que eu tenho é me tornar uma vampira. – parecia que o chão havia se aberto e eu estava numa queda sem fim.

 

- Bella essa é a saída mais fácil, mas sabemos que esse não é mais seu desejo, portanto não vamos forçá-la. – Carlisle tentava me acalmar, mas eu sabia que era minha vida ou a de todos os Cullens.

 

- E qual é a outra opção? – eu percebi que tinha feito outra pergunta que não agradava. Todos fizeram uma expressão péssima exceto por Edward e Alice.

 

- Edward e Alice levantaram a hipótese de eu tentar negociar com Aro a sua condição como mortal. – nem o próprio Carlisle parecia esperançoso com esse plano.

 

- Isso só nos daria tempo e nada mais. – Rosalie tentava ser o mais direta possível.

 

- Então o fato é ou eu morro ou todos vocês morrem? – ninguém me respondeu. Alice se encolheu nos braços de Jasper procurando por apoio.

 

- Não Bella. Esse não é o fato. – Alice gemia as palavras como se doessem para sair. – O fato é que os Volturi nos deram a liberdade confiando estritamente no meu dom. Caso eles vejam que eu não “acertei” vão desconfiar das minhas habilidades e vão condenar a mim e não a todos. – todos permaneceram sem palavras, se Esme tivesse lágrimas já estaria aos prantos.

 

- Bella não vamos implorar ou exigir que se junte a nos... Só que não podemos desistir de Alice nem eu nem ninguém da família iria assistir os Volturi a matarem sem reagir. – Jasper era sempre muito quieto e até ele agora se pronunciava sobre o assunto.

 

        Passeie com os olhos pelo rosto de cada um dos Cullens e essa cena me lembrava à votação realizada para decidir sobre minha imortalidade. O veredicto tinha sido pela minha transformação e agora mais de dois anos depois algo que eu pensei estar para sempre descartado da minha vida voltava à pauta. Com a minha tentativa de entender os Cullens por suas expressões percebi que Edward e Emmett estavam tendo uma conversa mental que estava aborrecendo profundamente Rosalie.

 

- Eu sei que você já ouviu muito, mas eu e Alice temos uma idéia mais concreta do que essa. – Emmett deu um sorriso animado para Edward que foi reprimido por um olhar severo de Rosalie.

 

- E qual é o resto da idéia? – a ansiedade iria me matar com certeza.

 

- O plano que eu tive originalmente e que na época todos discordaram. – Edward deu um olhar de reprovação à família e com isso Rosalie quase rosnou para ele. – Alice pode acompanhar os passos dos Volturi e quando eles vierem fujo com você. – Edward parecia tão confiante com essa idéia quanto da primeira vez só que a idéia de sumir no mundo com ele já não me agradava tanto.

 

- Tenho de ir! – não pude pensar em nada a não ser em sair dali e estar com Jake o mais rápido possível. Levantei-me bruscamente e a cadeira teria caído se Edward não a tivesse amparado.

 

- Não pode partir assim. – me esquivei de uma das mãos de Edward que tentou me alcançar e se eu não soubesse que isso iria quebrar minha mão lhe daria um tapa.

 

- Você não pode me dizer o que fazer. Não tem mais esse direito e saia já da minha frente quero ver meu namorado. – enfatizei bem a palavra namorado e isso pareceu doer mais em Edward do que qualquer tapa. Mesmo de má vontade ele me cedeu passagem.

 

            Sai da casa dos Cullens sem olhar para trás. O dia continuava claro, mas para mim tudo era turvo. Corri para o carro e me tranquei lá dentro tentando limpar os olhos das inúmeras lágrimas que não me deixavam enxergar para poder começar a dirigir. Como minha vida podia ter virado de cabeça para baixo desse jeito como eu iria viver sem Jake. Liguei o carro e acelerei o máximo que o motor me permitiu. Precisava ver Jake e rápido.

 

         Chegando a La Push nem me dei ao trabalho de passar em sua casa, era domingo de manhã e eu sabia que ele estaria na oficina então fui direto para lá. Não dei a mínima importância para os olhares de espanto e curiosidade que Embry e Quil me deram quando passei correndo pela entrada. Eu não tinha me enganado Jake estava na garagem dos fundos embaixo de um carro gritando um monte de nomes de peça para Leah que assim que me viu me olhou de cima em baixo e torceu o nariz.

 

- Jake sua garota está aqui. E se estiver se perguntando de onde é esse fedor, sim é dela. – Leah passou por mim e foi em direção a recepção da oficina se juntar com Quil e Embry. A Leah sempre dava um jeito de sair quando eu chegava só que o fato de ela evitar minha presença nunca foi tão conveniente.

 

     Jake saiu de debaixo do carro e lançou um olhar de reprovação a Leah que o ignorou completamente nos deixando a sós. Eu não precisei dar uma palavra com Jake para ele me fazer uma pergunta direta sobre o que me aborrecia.

 

- O que houve com os Cullens? – Jake não foi severo em seu tom de voz como eu pensei que seria.

 

- Como sabe que eu estava na casa deles? Falou com Charlie? – minha voz ainda estava embargada por causa do choro.

 

- Não e nem precisava te conheço muito bem. – Jake meu deu um sorriso e afagou meu rosto e isso me fez lembrar o meu desespero. Ou abria mão do meu sol ou deixava a família, que poderia ter sido minha família, morrer. Comecei a chorar novamente e me abracei com toda força a Jake.

 

- Bells o que houve? Por favor, não chore. Estou aqui, com você. Pode me falar o que quiser. – Jake uniu nossos lábios em um beijo leve e afagou meu rosto.

 

        Mal eu estava me acalmando e tudo deu uma reviravolta novamente. Jake que estava calmo em meus braços se colocou tenso e me passou para trás de seu corpo. Ele não me deixou perguntar nada e foi cautelosamente até a entrada da oficina. Eu o segui ficando sempre dois passos atrás e, no pouco que eu tinha de visão por trás do enorme corpo de Jake, pude ver que a cena na recepção não era diferente. Todos estavam prontos a se transformar e Leah rosnava ao fim de cada palavra.

 

- Como ousam invadir nosso território?

 

- Só viemos conversar. – essa voz era familiar para mim e definitivamente era a voz de Edward.

 

- Não queremos conversa com nenhum sanguessuga. – Leah estava cada vez mais nervosa.

 

- Ok! Só que eu acho que o assunto vai ser do interesse do alfa atual. – Jake deu um passo à frente e ergueu a mão, com isso todos se acalmaram e tomaram posições mais próximas a ele como num escudo de defesa.

 

- Tudo bem vampiro. O que poderia ser do meu interesse?

 

        As surpresas não paravam e ficavam cada vez maiores e piores. Eu não sei bem o que houve só que depois de ouvir a pergunta de Jake tudo ficou escuro e parecia que para mim caia a noite bem no meio do dia.


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