Lua Azul escrita por Mr Ferazza


Capítulo 1
PRÓLOGO


Notas iniciais do capítulo

Postarei um capítulo por semana, ou com maior intervalo entre eles.



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INGLATERRA

781 d.C.

Alec.

Nosso povoado ficava em algum lugar ao norte do país, às margens da floresta que circundava a grande clareira em que vivíamos.

                Onde morávamos era um dos lugares mais desertos e desconhecidos em que um ser humano pode viver. — isolado pela geografia e pelas superstições das pessoas, a pequena cidade jamais recebia visitantes. O que deixava a maioria dos habitantes de lá meio antissociais e um pouco idiotas quando de tratava da estrita realidade e do bom senso.

                Sim, muitos deles não sabiam dizer o que fazia parte da realidade, e o que era fruto de sua venerável — nesse caso, deprimente — imaginação.

                Eu não os podia julgar — tampouco os que estavam de fora e ficavam sabendo da tremenda imaginação do povo daqui (e isso não era uma coisa muito fácil de acontecer). —; Nós, habitantes desse lugar quase inóspito, não tínhamos muito que fazer, a não ser plantar e colher para nossa subsistência, então, no tempo ocioso que tínhamos — o que acontecia com frequência —, muitas pessoas inventavam histórias para nos distrairmos uns aos outros.

                E era nesse ponto que moravam os principais motivos para que nosso vilarejo fosse o lugar mais isolado do planeta. — pelo menos de gente de outras partes do que se chama de mundo, ou até de lugares bem mais próximos, como por exemplo o reino, que não ficava tão distante assim...

                A floresta que ficava em volta da enorme clareira que era nosso povoado não era tão grande assim; só o suficiente para que um rio atravessasse seu interior. No entanto, corriam histórias sobre a floresta, e estas eram tão levadas a sério, que chegava a ser um motivo para que ninguém ousasse entrar lá, ou travessá-la para chegar até aqui... A floresta em si já era totalmente inabitável — As copas das enormes sequoias eram tão altas que formavam uma espécie de segundo andar, o que impedia que a luz do Sol penetrasse na escuridão do aglomerado de árvores... E isso fazia com que ela, mesmo de longe, parecesse incomumente fria e desconvidativa.  Rio que corria no interior sombrio da floresta era outro fator que agravava e dava subsídio às lendas idiotas; como a luz solar não chegava até lá, a água era sempre de uma temperatura extremamente agradável — algo por volta de dois graus Celsius positivos.

                E como se as condições extremas da floresta não fossem o bastante, algumas pessoas de nosso povoado resolvera inventar algumas histórias sobre monstros que viviam lá — bruxas, vampiros e lobisomens que viviam lá, e que usavam sua condição sobrenatural para roubar as almas das pessoas... Tudo uma grande besteira, em minha opinião; exatamente o tipo de coisa que só gente sem nada para fazer teria a coragem de inventar. Mas o pior era que muita gente acreditava nessas histórias.

                Outro fator que fazia nosso povoado ser tão isolado do resto do Universo era a montanha que ficava entre a entrada oeste do vilarejo e o resto do reino; a história da montanha não era tão inquietante quanto a da floresta, mas era o suficiente para impedir que muita gente a contornasse e entrasse aqui. O motivo para essa história era que muitos ainda acreditavam que os deuses viviam o topo da montanha — como se existissem os mesmos deuses no topo de todas as montanhas do mundo —; histórias que perduravam por todos os cantos do planeta, ainda da época em que o Império Romeno estava de pé... Outra grande besteira. Como se os deuses — como Plutão, Júpiter, Minerva, entre outros — fossem lhe matar só porque você está contornando uma montanha para chegar a algum lugar.

                E eram esses os motivos para que nós vivêssemos tão isolados assim...

                Tudo bem. Esses não eram os únicos motivos para nosso isolamento; Como as pessoas gostavam de inventar histórias sobre bruxas, vampiros, deuses e etc... Elas podiam muito bem inventar histórias sobre pessoas... E era esse o impasse que fazia de minha vida e da de minha irmã um inferno na Terra.

                Tudo o que nós sabíamos era que essa história envolvia poderes especiais, e que também tinha algo a ver o quem nosso avô paterno era...  Ninguém sabia muito sobe ele, a não ser papai e um velhote que morava também no vilarejo; ele devia ser uma das pessoas mais velhas de nossa comunidade. Sim, ele era bem velho, e tão ignorante e supersticioso quanto.

                Quando Noah se aproximava, me fazia tremer de medo, embora minha irmã não sentisse o mesmo, eu acreditava que ele a assustava tanto quanto a mim. Noah era um desses velhos que vivem para incomodar os outro, e que, tendo ou não memória, vivia repetindo sempre as mesmas coisas para as mesmas pessoas. — Nesse caso, seu principal e preferido foco, eram sempre minha irmã e eu.

                O pior disso tudo era que ele nos contava coisas sobre nós mesmos, que sequer nós sabíamos; “Besteiras desse velhote caduco e raquítico”, dizia minha irmã sempre que eu levava a sério o que Noah dizia a nós dois.

                Eu ficava preocupado com o que ele dizia, e depois apavorado por pensar demais e por ter ouvido o que ele dissera. Minha irmã achava tudo isso muito engraçado, e só não apontava o dedo na cara do velhote e ria alto dele, ou virava as costas e o deixava falando sozinho, porque mamãe dizia que era falta de educação não dar importância ao que os mais velhos diziam... Por ela, tudo bem; mamãe não tinha de ficar ouvindo a voz débil do velhinho lhe dizendo todos os dias que seu avô era uma aberração, e, que com muitas chances, você também seria uma delas.

                O mais estranho era que Noah, depois de algum tempo, passou a afirmar que sabia que nós também éramos aberrações, que as história corriam muito rápido e não havia como esconder um acontecimento desses por muito tempo; eu não sabia do que ele falava, nem minha irmã tampouco.

                E quando perguntávamos a Noah sobre o que ele estava falando ele dizia: “Não banquem os desentendidos, moleques imundos! Sabem muito bem sobre o que eu estou falando.”, era só o que ele dizia, e depois suspirava alto, dava meia volta e voltava mancando para sua casa como um cão atropelado por uma charrete.


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Notas finais do capítulo

Por favor, comentem. Se gostarem, continuarei postando.
Obrigado!