Era domingo. E, como em todo bom domingo, a família toda estava reunida n’a Toca. As esposas estavam na cozinha, preparando o enorme almoço que seria servido na mesa lá de fora, afinal era verão. Fico imaginando como era essa casa antes dos meus tios ajudarem e darem dinheiro pra reforma. Eles moravam aqui, devia ser um cortiço! Mas agora ela é grande, tem espaço, tem o nosso campo de quadribol e uma mesa que caibam as esposas, os maridos, os irmãos, os primos e quem mais se juntar. Você aprende a conviver com muitas pessoas se tem Weasley no sobrenome.

Obviamente, nada é perfeito nessa vida. Enquanto a cozinha estava lotada e a sala estava cheia dos meus tios conversando sobre problemas políticos e sobre como o Chuddley Cannons está no campeonato (e o tio Rony gritava como estavam bem), nós estávamos jogando quadribol lá fora. São muitos primos, o que resulta em bons times. Em um, estavam Fred, Ted, eu, Alvo e Rose. No outro, estavam James, Roxanne, Scorpius (que agora é parte da família, já que namora a Rose), Hugo e Lily Luna. Era um goleiro, dois artilheiros, um batedor e o apanhador. E as minhas irmãs frescas, assim como Molly e Lucy, não queriam jogar.

Acabamos a terceira partida, e o nosso time ganhou. Era melhor de três, mas James continuava reclamando que foi porque o time dele tinha muitas meninas. Nós todos resolver nos juntar com as meninas e ficar debaixo da árvore enorme que tinha no quintal. Estávamos pingando, e Ted, Fred e James foram correndo abraçar as namoradas, só pra ouvir as reclamações.

Eu me deitei na grama ao lado de Lucy, e nós ficamos em silêncio enquanto eles conversavam sobre qualquer coisa, até que perceberam a paz que ela estava e vieram encher.

-E você, Lucy? – Molly perguntou, levantando a sobrancelha, como quem sabe do que a irmã esconde.

-Eu o que?

-Quando vai nos apresentar seu namorado secreto? – dessa vez foi Rose, que sorria enquanto Scorpius estava deitado em seu colo.

-Vocês falam demais – e ela voltou pro livro, ao mesmo tempo em que Ted falava que “dava pra perceber de quem é filha”.

-Vamos, Lu! Fala dele, por favor! – Lily Luna disse e ela fechou o livro e pôs na grama, encarando a cara da ruiva.

-Eu até gostaria de falar pra vocês quem é ele e como nós estamos. Mas a gente decidiu que não. Sabe por quê? Porque aí a escola toda vai estar falando no dia seguinte, inclusive meus primos e a minha irmã. Então, chega. De vocês me torturando, ok? – então ela pegou o livro e fez que ia sair, mas Fred a chamou de volta, pediu pra se acalmar e ela só se distanciou, indo pra uma árvore com sombra menor e ficando lá.

-A Lucy é muito chatinha, por Merlin! – Roxanne falou – Ela é muito mimada, né Molly?

-Mimada sou eu! A Lucy é um outro estágio!

-Não duvido nada que esse namorado nem exista – dessa vez foi Alvo que falou, e aquilo me deixou muito bravo. Eu ainda não tinha dito nada, e tinha voltado a deitar na grama. E, talvez, isso só tivesse piorado a situação.

-Não sei se ela seria capaz disso.

-Por favor, Domi! Tenho certeza que ela seria, só pra gente parar de encher porque todo mundo aqui já namorou e ela não.

Chega. Eu me levantei e alguns me olharam, a maioria, mas eu nem dei bola. Fui até ela, que estava perto o suficiente pra ter ouvido o escandaloso do Alvo. Sentei ao seu lado e percebi que o livro tinha manchas de lágrimas. Como eu odeio isso! Nós estamos guardando segredo há mais de um ano, e graças à Molly e o “Jogo da Bebida”, a Lucy solta que tem um namorado. Agora todos os primos estão caindo dela, e eu não fiz nada.

-Lu... Tudo bem? – ela me olhou, mordendo o lábio inferior e com os olhos marejados.

-O que você acha?

-Lu, não fica assim – ela havia abaixado a cabeça de novo, mas eu a levantei – Eu nunca vou deixar você chorar de novo. Nunca. Vai dar tudo certo, eu farei dar certo. – ela deu um risinho abafado.

-Então, super-herói, como você vai lidar com todos aqueles pares de olhos curiosos nos encarando ali, e já especulando sobre você ser o meu “Namorado secreto” – eu olhei pra trás e vi todos os nossos primos olhando, o que me fez dar o mesmo riso que ela.

-Não sou o seu namorado secreto, Lu. Eu sou o seu namorado. – ela sorriu e eu a beijei.

Ali mesmo, pra que todos eles vissem que ela nunca mentiu, que ela nunca foi inferior a ninguém, que o “novo galã de Hogwarts” tinha dona há muito tempo e que a amava mais do que jamais pensou que podia amar alguém. Ela pode ser a filhinha do papai, a mimada, mas ela sempre foi a minha amiga. E sempre foi o meu amor. Isso não vai mudar agora.

Ela parou o beijo e colou as nossas testas, respirando fundo e segurando a lágrima que eu sabia que queria escorrer pelo seu rosto.

-E agora? – ela perguntou – Nós dois sabemos que eles não são nada perto do Sr.Percy Weasley.

-A ira do Sr.Percy não é nada perto do meu amor, Lucy Weasley – eu disse, sorrindo e ela me abraçou, rindo.

-Você está muito poeta hoje, Lou! – eu a abracei de volta e depois voltei a olhá-la, agora com um sorriso no rosto e um peso fora dos ombros, assim como eu.

-Eu te amo, Lucy. Acredita em mim, a gente vê o que faz depois. Desde que você, por favor, diga “chupa” pros nossos primos enxeridos, por mim tá tudo bem!

Ela riu e eu me levantei, ajudando-a. Enrolei minha mão na minha e ela sorriu, levantando a sobrancelha, e nós caminhamos de volta para a árvore, onde todos os nossos primos nos olhavam de maneiras diferentes. Ted, James, Fred e os meninos sorriam e faziam sinal de positivo, menos Alvo, que tinha uma cara de surpresa quase tão grande quanto à de Molly. Vic estava fazendo positivo, como Ted, mas Nique estava brava, talvez por eu não ter contado. A maioria estava espantado e sem palavras;

Eu me sentei onde estava antes, puxei Lucy e ela se deitou no meu colo, onde eu comecei a enrolar seu cabelo. Depois de alguns instantes, olhei pra eles e falei, quase rindo.

-Nós estávamos falando sobre a Lily