Pov. da Melany

— Alice?! — Exclamei perplexa me aproximando da pessoa que estava parada no canto da sala.

— Melany! — Ela entoou num tom surpreso. Em poucos segundos senti os braços frios de Alice me rodeando.

Eu não podia acreditar. Ela estava mesmo aqui! Retribui ao seu abraço com intensidade. Ficamos assim por um bom tempo.

— O que você está fazendo aqui? Eu não vi você vindo para cá. — Ela comentou quando nos separamos.

— Estou morando aqui. Vim para cá depois que... — Não concluí a frase.

— Eu sei. O clima lá em casa está péssimo. Mamãe vive triste. Papai também, porque ele vê todos sofrendo e não pode fazer nada. Rosalie está mais mal- humorada do que nunca. Ela tenta dar uma de durona, mas no fundo sei que está sofrendo. Até o Emmett está triste. Jazz está um caco, pois além da sua própria tristeza, ele sente as emoções de todos. E depois que deixamos Forks, só falamos com o Edward duas vezes. — Contou Alice me colocando a par da situação lá em casa.

Ao que parecia, eu não era a única que estava mal. Me sentei no sofá e Alice me seguiu.

— Oh Meu Deus! —Exclamou Alice de repente.

— O que houve, Alice? — Perguntei estranhando sua súbita agitação.

— Mel, eu me distraí do motivo pelo qual eu vim aqui! Onde está Bella? —Procurou saber com certo desespero.

— Eu não sei. Ela saiu. Por quê? — Indaguei sem entender o motivo da sua preocupação.

— Eu tive uma visão da Bella se jogando de um penhasco. — Revelou fazendo meu coração se acelerar.

— O que?! Alice temos que... — Me desesperei, levantando em um pulo. Porém antes que eu pudesse prosseguir, fui interrompida pela porta da frente sendo aberta. Olhei em direção a mesma e vi Bella parada com uma expressão de choque.

— Alice?! — Ela gritou e correu para abraça-la.

— Bella! Dá para explicar como ainda está viva? — Alice questionou quando desfizeram o abraço.

— O que? — Indagou Bella confusa.

— Eu tive uma visão sua pulando de um penhasco. — Explicou Alice. — Por que tentou se matar? 

— Eu estava prestes a ter um infarto! — A censurei pondo a mão sobre o peito.

— Eu não tentei me matar. Eu pulei por diversão. Foi legal... — Bella se justificou nos deixando perplexa.

Depois dessa, me deixei cair no sofá e fui acompanhada pelas duas.

— Eu nunca conheci ninguém tão inclinado a idiotices fatais. — Criticou Alice.

— Ele... — Começou Bella, ignorando o comentário anterior.

— Não. Ele não sabe que eu vim. Ele só faz contato depois de alguns meses. —  Alice explicou. Obviamente "ele" era Edward. — Bella, que cheiro horrível de cachorro molhado é esse? — Questionou Alice após alguns instantes de silêncio. 

— Deve ser eu... Ou provavelmente o Jake. — Respondeu Bella tirando seu casaco.

— Jake? — Repetiu Alice.

— Sim. Ele é um lobisomem. —  Contou Bella.

— Bella, sabe que lobisomens não são uma boa companhia. — Reprovou Alice.

— Essa é a sua opinião. — Jacob se fez presente, nos surpreendendo.

Viramos para olha-lo. Eu não o tinha visto entrando na sala. Quando foi que ele chegou? Eita que a casa da Bella estava movimentada!

— Só vim ter certeza de que estava segura. — Prosseguiu Jake se dirigindo a Bella.

— Pensei que não pudesse me proteger aqui. — Respondeu Bella.

— Eu não me importo. — Retrucou Jacob.

— Eu nunca machucaria a Bella. — Defendeu-se Alice ofendida, se levantando.

— Sei que você é uma Cullen inofensiva. Estava falando da ruiva que quer matar a Bella por causa de vocês. — Esclareceu Jacob.

— Victória?! Eu não a vi. E não vi você sendo tirada da água. — Alegou Alice confusa se referindo a Bella. — Eu não vejo através de você e sua matilha nojenta! — Cuspiu Alice para Jake.

— Pára de me provocar... Ou a coisa vai feia pra você. — Ameaçou Jacob tremendo.

— Jake, pára. — Bella interveio ficando entre os dois.

— Eu vou te dar um minuto. — Disse Alice recuperando a calma.

Me levantei para sair junto com ela porque dava para perceber que os dois precisavam conversar.

— Você vai voltar não é? — Perguntou Bella a Alice preocupada.

— Claro! Quando puser o cão pra fora. — Alfinetou Alice antes de sair.

— Alice! — A repreendi indo atrás dela.

Ficamos esperando na frente da casa. De repente, notei Alice fitar um ponto qualquer com uma expressão vazia. Sabia que ela estava tendo uma visão. Assim que seus olhos ganharam foco, ela me olhou apavorada.

— Alice? O que foi? —Procurei saber, porém ela não me respondeu. Alice entrou correndo na casa e eu a segui.

— Quem era? — Flagramos Bella perguntando a Jacob, que se mantinha a uma certa distância.

— Bella, é o Edward! Rosalie contou porque eu vim. Ele pensa que você morreu e quer morrer também. Ele vai aos Volturi. — Explicou Alice.

Meu coração parou por um segundo. Eu me lembrava da conversa que tivemos quando eu tinha treze anos. Eles me falaram tudo sobre os Volturi. Os Volturi eram tipo a realeza dos vampiros e também eram pessoas com as quais não se deve mexer. Bella iniciou uma discussão com Jacob, porém eu não prestei atenção. A única coisa que se passava em minha cabeça era que eu tinha que salvar meu irmão. 

— Temos que ir. — A voz de Alice me tirou dos meus pensamentos.

Subi a escada correndo junto com Bella. Cada uma foi para o seu quarto. Joguei algumas roupas na mala porque, pelo o que eu lembrava, os Volturi moravam na Itália, então levaria um tempo até chegarmos lá. Fui mais rápida do que Bella. Quando já estava entrando no carro, ela ainda estava saindo da casa com Jacob logo atrás.

— Ele não quis você lembra? — Recordou Jacob tentando faze-la desistir de nos acompanhar.

— Não posso deixar que ele se mate por culpa. — Bella respondeu. 

— E o Charlie? — Jacob tentou novamente.

— Tenho dezoito. Sou legalmente livre para ir. Eu deixei um bilhete. — Rebateu Bella entrando no carro, ocupando o  assento do carona.

— Bella, estou te implorando... Não vai. Fique por Charlie. Ou por mim. — Pediu Jake se inclinando na janela do lado do motorista, o qual era ocupado por Alice.

— Adeus, Jacob. — Despediu-se Bella encerrando a conversa.

Jacob se afastou do carro e Alice arrancou com tudo. Fiquei com pena do Jake, mas era a vida do meu irmão que estava em jogo.

— Bella, o que aconteceu? —Perguntei quebrando o silêncio. Queria saber o que tinha ocorrido após eu e Alice ter a deixado sozinha com Jake.

— Depois que Jacob me tirou da água, ele me contou que Harry Clearwater sofreu um infarto e tinha falecido. Por isso que quando o Edward ligou e perguntou onde Charlie estava, Jacob respondeu em um enterro. — Ela respondeu.

— Por isso Edward pensou que estivesse morta. — Concluiu Alice.

Suspirei pesadamente. Tudo não havia passado de um mal entendido. A única coisa que me restava agora era torcer para que conseguíssemos chegar até Edward a tempo.

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Levou dois dias até chegarmos na Itália. Assim que o avião pousou, Alice sumiu e reapareceu com um Porsche amarelo. O carro era chamativo e sem sombra de dúvidas caríssimo. Como não havia tempo a perder, entramos nele e partimos.

— Duvido que tenha alugado esse carro. — Sondou Bella enquanto Alice dirigia velozmente. Já estávamos na metade do caminho.

— Pensei que não seria contra um roubo de carro. — Comentou Alice.

— Hoje não. — Retrucou Bella.

— Os Volturi o recusaram. Ele vai fazer uma cena. Vai se mostrar para os humanos ao meio-dia, quando o Sol estiver a pino. — Informou Alice após mais uma visão.

— Alice, temos que ir mais rápido. — Apressou Bella.

— Bella, respira. Vai dar tempo. — Garantiu Alice tentando acalma-la.

Depois de alguns minutos, apareceu em nosso campo de visão uma cidade em estilo renascentista.

 — Ali está Volterra. — Anunciou Alice acelerando ainda mais.

Entramos com tudo cidade. Volterra estava lotada de pessoas vestidas de vermelho.

— Por que estão de vermelho? — Inquiriu Bella nervosa.

— É a festa de São Marcus. Estão comemorando a expulsão dos vampiros da cidade. É o cenário perfeito. Não vão deixar que ele se revele. — Respondeu Alice.

Estávamos indo a toda velocidade pelas ruas da cidade, com Alice buzinando para as pessoas saírem da frente, até que um guarda nos parou. Bella abriu a porta do carro e desceu, mas parou quando viu que não a seguimos.

— Alice! — Ela chamou desesperada.

— Bella, eu e Melany não podemos ir. Você é a única que ele não detecta. Se formos, ele vai pensar que estamos mentindo e vai se apressar. — Explicou Alice.

— Para onde eu vou? — Questionou Bella com urgência.

— Embaixo da torre do relógio. — Alice informou e Bella saiu em disparada correndo.

Alice conversou brevemente com o guarda e, segundo ele, os carros não podiam circular hoje por causa da festa.

— Tá legal. Eu vou atrás deles e você fica aqui. Se não voltarmos em uma hora, você vai pegar o carro e... Droga! Você não sabe dirigir.  — Lamentou Alice vendo que seu plano não tinha como funcionar.

— Eu sei sim. Jake me ensinou. — Revelei agradecendo mentalmente por ter pedido a Jacob que me ensinasse a dirigir. Alice me encarou incrédula, mas logo recuperou o foco.

— Ótimo. Então se não voltarmos em uma hora, você vai pegar carro e ir para o aeroporto. Lá, você vai embarcar no primeiro vôo que tiver para o Canadá. Eu já deixei nossas passagens reservadas, então é só você resgatar a sua. Quando desembarcar, ligue para o banco em que o papai deposita o dinheiro que ele manda para você. Eles vão te informar o nosso endereço. Entendeu, Melany? — Questionou após terminar de explicar o que eu deveria fazer. Assenti com a cabeça. — Por favor, fique no carro e faça o que eu te pedi. Eu vou atrás do Edward e da Bella. Se eu não voltar em uma hora, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos, é para você ir embora. — Reforçou me encarando séria. Antes de sair do carro, ela se inclinou no banco e me abraçou.

— Eu te amo. — Falei depois de solta-la.

— Eu também te amo. — Ela respondeu saindo do carro e me deixando sozinha.

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Minha cabeça estava fervendo. Fazia mais de meia hora que Alice tinha saído. Passei para o banco da frente e fiquei com os joelhos encostados no peito apoiando a cabeça. E se eles não voltassem a tempo? Eu queria pensar que daria tudo certo, mas e se não desse? Eu me lembrava das instruções de Alice, porém não poderia cumpri-las. Já tinha me decidido. Caso eles não voltassem no tempo previsto, eu iria atrás deles.

Agora só faltavam cinco minutos para o prazo expirar. Estava me preparando para sair do carro quando ouço uma pancada na janela do mesmo lado em que eu me encontrava. Para o meu desespero, já havia escurecido e o movimento na rua era inexistente. A rua estava completamente deserta. Minha única opção era iluminar o interior carro para que eu pudesse vislumbrar quem estava lá fora. Acendi a luz interna do carro e olhei para a janela. Meu coração se acelerou. Eu podia sentir a pulsação em meus ouvidos quando vi quem havia batido na janela.