Sete anos depois...

Pov da Melany

Fazia um raro dia ensolarado em La Push. Eu estava no escritório de casa estudando os casos de alguns pacientes quando ouvi a mesma discussão de todos os dias.

— Aonde pensa que vai vestida com esse pedaço de pano, Katherine Cullen Clearwater? Indagou Seth.

— Encontrar a Nessie e a Claire. E isso é um short, pai. Respondeu Kath.

— Não é o que parece. Rebateu Seth.

Suspirei e revirei os olhos. Desde que Katherine tinha completado seu desenvolvimento, Seth estava mais ciumento e super protetor do que nunca. E o resultado era esse, discussões como a de agora.

Levantei da cadeira e fui em direção a porta. Eu me metia para tentar contornar a situação, mas quase sempre a própria Kath fazia isso por si mesma. Cheguei bem a tempo de ver uma cena que me fez prender a risada.

— Ah paizinho... É só uma roupa! Sem falar que nunca faz sol aqui. O senhor não vai brigar comigo só por eu querer aproveitar não é? Dizia Kath enquanto olhava Seth com os imensos olhos azuis suplicantes.

O vi se derreter. Era sempre assim. Ela sabia direitinho como dobrá-lo. Seth suspirou.

— Você é igualzinha a sua mãe! Até nisso tinha que puxar a ela. Afirmou balançando a cabeça.

Katherine deu um meio sorriso.

— Isso quer dizer que eu já posso ir? Questionou em expectativa.

Seth demorou um pouco a responder.

— Pode, mas a quero cedo em casa. E diga ao cachorro do Embry que quero vê-lo mais tarde. Tenho certeza de que ele irá nesse passeio, então...

— AH! Eu te amo, papai! O senhor é o melhor pai do mundo! Exclamou Katherine se jogando nele e o abraçando.

Depois de um tempo Kath se afastou.

— Já vou indo. Disse caminhando para a porta.

— Comporte-se e tenha cuidado. Mande lembranças as meninas por mim. Gritou Seth enquanto nossa garotinha saía de casa.

Terminei de descer a escada.

— Ela ainda vai me deixar de cabelo branco. Falou.

Não aguentei e ri.

— O que? Acha engraçado? Isso é culpa sua! Disse emburrado.

Me aproximei dele e enlacei meus braços em seu pescoço.

— Minha culpa? Indaguei arqueando as sobrancelhas.

— Sim. Katherine tem a sua personalidade e consequentemente a mesma capacidade de me enlouquecer. Respondeu.

— Meu amor, você que é muito ciumento. Falei lhe dando um selinho.

— Não sou não. Rebateu.

— É sim. E ao invés de ficarmos discutindo deveríamos aproveitar que nossa filha saiu e nos divertir um pouco. Provoquei.

— E o que você tem em mente? Perguntou descendo a boca para meu pescoço.

— Muitas coisas. Disse enquanto ele me guiava escada a cima.

***

Depois de uma tarde maravilhosa com Seth pensei no quanto as coisas tinha mudado durantes esses anos.

Katherine e Renesmee atingiram o completo desenvolvimento e agora tinham a aparência de garotas de 17 anos. Esse simples fato deixava Seth e Edward malucos. Claire também tinha feito 17 anos e Sam também se via rodado os problemas que essa fase trazia. Embry, Jacob e Quil viviam sob constante vigilância.

A mais ou menos dois anos atrás minha família resolveu voltar para Forks. Além de parecer ser seguro o suficiente, ainda tinha a tremenda saudade que estar longe da reserva e dos demais quileutes causava, então voltamos todos. Os filhos dos meninos já estava crescidos e aprontavam poucas e boas por La Push.

Por falar no lobos... Sam, Paul e Jared tinham parado de se transformar. Eles queriam envelhecer ao lado de seus imprintings então deixaram a alcáteia sob os cuidados de Jacob, que como o alfa de direito, assumiu a liderança. Mesmo sem três lobos a matilha ainda continuava grande com Jacob, Quil, Embry, Seth, Collin, Brady, Leah e os lobisomens que tinha surgido durante o encontro com os Volturi. De modo geral a reserva continuava a mesma.

Quando nos mudamos de volta para cá, Seth e eu reformamos a casa. Ela agora tinha um segundo andar, onde agora eram os quartos, e alguns cômodos a mais, como o escritório. Eu continuava a trabalhar como médica.

A história era a mesma. Eu fingia ser irmã de meu pai e nós dois trabalhávamos juntos no hospital. A única coisa que tinha mudado era que eu não podia dizer que Katherine era minha filha. Para os humanos ela era uma parente comum entre mim e Seth. Nossa prima, filha de um tio meu e uma tia de Seth, que tinha vindo de Nova York passar umas temporadas conosco. Foi a explicação que encontramos para justificar suas semelhanças com ambos. Era uma desculpa esfarrapada, mas funcionava.

Quanto a Seth, ele, Jacob e Embry deixaram a filial da oficina em Tacoma na mão de alguns funcionários de confiança que trabalhavam lá. Agora os três estavam de volta a matriz, que já estava mais do que ampliada. Era muito bom ter todos por perto novamente.

Sue e Charlie ainda moravam em Forks, mas viviam por aqui corujando as netas. Charlie até hoje estranhava a velocidade com as meninas cresceram, mas mantinha sua política de só saber o necessário. Já Billy andava radiante. Seu filho estava de volta e ainda tinha Thomas, o filhinho de Rachel, como companheiro de aventuras. As quais mesmo com a idade, era capaz de viver.

E mesmo se passando tantos anos eu ainda me comunicava com Marcus. Agora não só eu, como Katherine. Ela tinha ficado louca pelo bisavô e também sempre escrevia para ele, mandando fotos e mais fotos suas. Eu não tive mais notícias de Alec. Parei de perguntar sobre ele e Marcus também não comentava nada. Apesar de ainda me preocupar com isso, preferia encarar o silencio de meu avô como um sinal positivo de que Alec já tinha superado.

A felicidade era como uma bolha que cobria desde a pequena e chuvosa Forks até a reserva indígena Quileute.

— No que está pensando? Perguntou Seth interrompendo meus devaneios.

— Na vida. Respondi lhe dando um selinho.

— E sabe no que eu estou pensando? Indagou com um sorriso malicioso.

— O que?

— Em como queria ficar nessa cama com você para sempre. Respondeu abraçando minha cintura.

— Infelizmente não podemos, Kath já deve estar voltando. Falei.

— Tem razão. Concordou suspirando.

— Sendo assim, é melhor ir vestir uma roupa meu lobinho... Apesar de que eu prefiro sem. Continuei em seu ouvido.

— Mel... Você nunca ajuda. Reclamou respirando fundo.

Ri e levantei indo em direção ao banheiro. Precisava de um banho.

Assim que sai, Seth entrou. Enquanto ouvia o som do chuveiro, segui para o closet e vesti uma roupa.

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Escolhi algo mais sério, pois ainda pretendia dar uma rápida passadinha no hospital. Precisava acertar minha agenda com Vanessa, minha mais nova secretária.

Depois de pronta, desci e fui para a cozinha. De repente estava com uma vontade louca de tomar chocolate quente. Enquanto preparava a bebida ouvi a porta da frente ser aberta.

— Tem alguém em casa? Perguntou o palhaço do Embry.

Revirei os olhos. E pensar que ele seria meu genro...

— Na cozinha. Informei, mesmo sendo desnecessário.

Não demorou muito e ele surgiu em meu campo de visão acompanhado por Renesmee, Katherine e Claire.

— Boa noite, Barbie. Cumprimentou.

— Boa noite. Fico feliz com a visita. Disse o fazendo sorrir.

— Vim trazer as senhoritas e buscar Seth. É nossa noite de ronda hoje. Explicou.

— Ah mamãe, eu convidei as meninas para dormir aqui e a tia Bella e a tia Emily deixaram. A senhora não se importa, não é? Indagou Kath.

— É claro que não! Vou adorar tê-las aqui! Respondi.

— Você é a melhor, tia Mel! Exclamou Nessie vindo me abraçar.

— Concordo plenamente! Concordou Claire se juntando a ela.

Sorri para as duas e as abracei.

— Já vi que vai rolar fofoca a noite inteira. Comentou Embry.

— Ei! Repreendeu Kath lhe dando um tapa no braço, nos fazendo rir.

No momento, os imprintings das meninas estavam na fase de melhores amigos. Até ai tudo bem, mas o que deixava Edward, Seth e Sam desesperados era a próxima etapa, o namoro.

— Ai! Você tem a mão muito pesada, Kath! Reclamou Embry.

— Ainda bem que sabe. Rebateu minha filha.

Rimos mais ainda.

— Essa é a minha garota! Exclamou Seth cheio de orgulho entrando na cozinha.

— Engraçadinho. Resmungou Embry enquanto esfregava o braço.

— Tio Seth! Cumprimentaram as meninas.

— Nessie, Claire! Que prazer vê-las! Respondeu meu marido.

— Vamos passar a noite aqui. Disse Claire.

— É uma pena que eu tenha ronda hoje, mas pelo menos vão poder fazer uma noite de garotas.

— Vai ser muito legal! Exclamou Renesmee.

— Pode apostar! Concordou Katherine.

— Bom, é melhor irmos Seth. Quil e Brady só estão nos esperando. Disse Embry.

— Tudo bem. Respondeu Seth.

Ele beijou a testa das meninas e me deu um rápido selinho antes de sair. Quando os dois foram embora virei para as meninas.

— Meus amores, preciso ir no hospital acertar algumas coisas. Volto logo, a casa é de vocês. Tem chocolate quente, que eu acabei de fazer, e podem se divertir a vontade.

— É por isso que nós te amamos, tia Barbie. Falou.

— Também amo vocês. Disse soprando um beijo para elas e saindo.

Ri comigo mesma. Estava com tanta vontade de beber o bendito chocolate quente e no final acabei nem tomando nada. Peguei o carro e dirigi para o hospital.

No ambiente de trabalho minha situação continuava a mesma. Era assediada pela ala masculina e hostilizada pela ala feminina, e como sempre, a única colega verdadeira que eu tinha era minha secretária. Mas eu não dava a mínima para isso. Depois de resolver as coisas com Vanessa, fui para casa. Antes passei para dar um beijo em meu pai, mas ele já tinha ido embora.

Quando cheguei, encontrei as meninas de pijama na sala com uma panela de brigadeiro. Elas assistiam á um filme que eu adorava: As Crônicas de Nárnia. Príncipe Caspian. Subi, tomei um banho rápido, vesti um pijama e me juntei a elas. Passamos o resto da noite comendo besteiras, assistindo filmes e rindo. Mesmo sendo casada e mãe, tecnicamente eu tinha 17 anos e adorava muito tudo isso.

***

Algumas semanas depois da noite de garotas lá em casa, os lobos tiveram a ideia de fazer uma festa na fogueira. Convidaram todos, até mesmo os Cullen. Sem dúvidas seria maravilhoso.

Terminei de me arrumar e me juntei a Seth e Katherine, para sairmos.

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Assim que chegamos, avistei o pessoal todo reunido. Os casais estavam sentados juntos nos troncos, Jason, Susan, Thomas e Jennifer brincavam correndo uns atrás dos outros. Billy conversava com Charlie e Sue. Não demorou muito para perceberem nossa presença.

— Quem é vivo sempre aparece! Abusou Jared.

— É, chegou quem estava faltando! Emendou Paul.

— Já estava mais do que na hora, monstrinha. Concordou Emmett.

— Boa noite, pessoas. Falei ignorando os comentários deles.

— Boa noite! Responderam.

— Boa noite, gente. Disse Katherine enquanto se aproximava mais.

— Kath, venha aqui abraçar o seu tio preferido. Falou John.

— Ei! Protestarem Edward, Jasper e Emmett juntos.

— Não briguem, eu amo todos vocês. Respondeu minha filha indo abraçar os tios.

Seth segurou minha mão e me guiou para o lugar vago ao lado de Leah.

— Agora que está todo mundo aqui a festa pode realmente começar! Gritou Sam.

A noite não poderia ser mais divertida. Eu um certo momento as crianças inventaram de brincar de desafios e as equipes eram divididas em meninas e meninas, ou seja, Sam, Jared, Paul, Jacob, Seth, Embry, Quil, Charlie, Billy, Jason, Thomas, Brady, Collin, John, Edward, Jasper, meu pai e Emmett de um lado e eu, minha mãe, Sue, Rose, Alice, Bella, Emily, Rachel, Kim, Susan, Jennifer, Leah, Renesmee, Katherine e Claire de outro. Não preciso nem comentar que isso deu uma confusão danada, sem falar nas brigas.

Teve casal jogando bebida uns nos outros e no final o que rolou mesmo foi uma guerra de comida épica. Confesso que adorei, afinal a última que eu tinha participado Kath não era nem nascida e já fazia muito tempo.

Depois de tudo quando estávamos arrumando a bagunça, Seth me puxou para um canto. Ele estava coberto de molho de cachorro quente, sem falar na batata palha.

— Sabe amor, nunca tive tanto desejo de comer um hot dog quanto agora. Brinquei o fazendo rir.

— E sabe do que eu me lembrei agora? Indagou.

— Não. Respondi curiosa.

— Foi em uma festa dessas que nos conhecemos. Esclareceu.

Nesse momento passou um filme pela minha cabeça.

— É exatamente por isso que eu vou ser eternamente grata a Bella e Jacob por terem me trazido. Disse o abraçando.

— Eu te amo, Melany Cullen. Hoje e Sempre. Declarou olhando em meus olhos.

— Eu também te amo, Seth. Para sempre. Falei o beijando.

Não tinha como minha felicidade ser maior. Estava nos braços do amor da minha vida, tinha uma filha linda e uma família e amigos que não trocaria por nada no mundo.

Nesse momento eu tinha certeza de que havia ganhado um pequeno pedaço do paraíso.