Pov. da Melany

Passaram se algumas semanas. Eu e Seth estávamos muito próximos. Ele tinha se tornado meu melhor amigo. Em Seattle, estava acontecendo muitas mortes e desaparecimentos. Minha família estava preocupada com isso, pois, para eles, parecia ser obra de um vampiro recém criado. Segundo meu pai, os vampiros eram considerados recém criados durante os primeiros meses após a transformação. Período no qual eles eram mais fortes e descontrolados. Jasper achava que se tratava de um exército, já que para ele um só vampiro não causaria tanto estrago. De qualquer modo, se as coisas continuassem assim, minha família teria que ir até Seattle dar um jeito nesses vampiros, antes que os Volturi se envolvessem. Bella acreditava que esse exército era coisa de Victória. A teoria de Edward era que o tal exército se tratava de uma obra dos Volturi, uma vez que eles queriam ele e Alice se juntassem ao seu clã. Já eu só tinha uma certeza. Independentemente de quem fosse o responsável, eu não queria minha família brigando com um bando de recém criados violentos. 

Em três dias seria a formatura da turma do terceiro ano. Alice queria dar uma festa aqui em casa, entretanto nosso pai ainda estava ponderando se deixava ou não. Eu me encontrava na sala jogando Mortal Kombat com Emmett. Rose estava no sofá pintando as unhas. Já Jasper estava lendo um livro enquanto Alice e Edward jogavam xadrez. Não sei como eles conseguiam, já que ele lia a mente dela e ela previa as jogadas dele. Coisa de doido. Vai entender. Meu pai ainda estava no hospital. E minha mãe se encontrava na cozinha testando receitas. Eu estava prestes a dar um golpe fatal em Emmett quando meu celular tocou, me distraindo. Ele aproveitou para acabar comigo.

— Não vale! Eu estava distraída! — Protestei inconformada com a derrota.

— Nem vem! Eu ganhei. — Contestou Emmett sorrindo.

— Eu ia te vencer, só que o celular tocou... —  Argumentei emburrada.

— Não importa. Eu ganhei. — Emmett insistiu sem se abalar.

— Tudo bem. Mas depois eu quero revanche. — Me dei por vencida.

— Como quiser, monstrinha. — Ele deu de ombros convencido. Estreitei meus olhos em sua direção, deixando o console de lado.

Peguei meu celular e subi para o meu quarto. A chamada perdida havia sido de Seth. Sorri ao ver seu nome na tela e retornei a ligação. Ele atendeu no segundo toque.

— Alô? — A voz de Seth soou do outro lado da linha.

— É bom que você tenha um excelente motivo para ter feito eu perder para o Emmett. — Ameacei fingindo raiva, porém ele me conhecia o bastante para saber que eu estava brincando.

— Nossa! É assim que você trata o seu melhor amigo? — Ele entrou na brincadeira, se fazendo de ofendido. Foi impossível não sorrir.

— O que meu amado best friend deseja para ter me ligado? — Pronunciei num tom falsamente açucarado. — Melhorou? — Questionei em seguida com sarcasmo.

— Agora sim! Gostei principalmente da parte do "meu amado". — Ele aprovou satisfeito me arrancando uma risada. — Mas falando sério... Teria como vim aqui? — Perguntou ansioso.

— Acho que sim. Aconteceu alguma coisa? — Indaguei preocupada.

— Nada. Só queria conversar. — Respondeu simplesmente.

— Tudo bem. Daqui a pouco estou aí. — Informei me dirigindo ao closet.

— Beleza! Venha com cuidado. — Pediu antes de encerrar a chamada. 

Balancei a cabeça em negação. Seth era muito protetor. As vezes eu o achava mais paranoico com a minha segurança do que minha própria família. Deixei o celular de lado e troquei de roupa. Quando terminei, desci e fui para a cozinha falar com minha mãe.

— Mãe, posso ir a reserva? — Inquiri cruzando os dedos para ela deixar.

— Claro, querida. — Ela consentiu me olhando brevemente.

— Eu te amo, mamãe! Você é a melhor mãe do mundo! — Exclamei dando um beijo em sua bochecha.

— Obrigada, filha. E eu também te amo. — Ela respondeu sorrindo. — Quero você em casa para o jantar. — Avisou quando eu já estava na porta da cozinha.

— Certo! — Assenti soprando um beijo para ela antes de sair.

Quando passei pela sala, todos continuavam com suas atividades. Menos Emmett, que agora assistia TV.

— Já vai se enfiar na reserva de novo. — Reclamou Rosalie desviando sua atenção para mim.

— Pois é. Como se não bastasse a Bella. — Completou Edward.

— Tchauzinho! — Acenei para eles, ignorando os seus comentários.

Como sempre, tive que pegar um táxi. Já estava mais do que na hora de eu pedir um carro ao meu pai. Quando cheguei à reserva, fui direto para a casa de Seth. Sempre que eu ia lá, rezava para Leah não estar. Eu não tinha nada contra ela, muito pelo contrário. Entretanto Leah parecia me odiar. Por essa razão, eu preferia evitar encontra-la. Curiosamente, diferente de sua filha, Sue me tratava super bem. Encontrei Seth sentado nos degraus da varanda me esperando. Assim que ele me viu, seu rosto se iluminou. Eu não entendia porquê ele sempre reagia desta maneira. Ele me olhava como se eu fosse a coisa mais importante do mundo.

— Mel! — Exultou vindo me abraçar. Ele havia adotado o apelido usado pela minha família.

— Isso tudo é saudades? — Brinquei quando desfizemos o abraço.

— Você não imagina o quanto. — Ele respondeu sério.

— Que melhor amigo carente eu tenho. — O provoquei apertando suas bochechas.

— Eu não seria assim se você passasse mais tempo comigo. — Ele retrucou fazendo cara de cachorrinho que caiu da mudança.

— Se eu passar mais tempo com você, vou morar em La Push. — Zombei lhe dando um beijo no rosto. — E então, meu lobinho? Onde vamos? — Perguntei curiosa.

— Que tal uma volta na praia? — Ele sugeriu.

— Acho ótimo. — Concordei enlaçando meu braço ao dele.

Seth sorriu e começou a nos guiar em direção a praia. Este era um dos nossos programas favoritos. Caminhar pela praia, ouvindo o som do mar, enquanto aproveitávamos a companhia um do outro, sem ninguém para atrapalhar.

(~~~)

 Seth e eu ficamos horas e horas conversando. Assunto era o que não faltava entre a gente. E isso era uma das coisas que eu mais gostava na nossa amizade. Me espantei quando eu olhei o relógio e me dei conta de que já era cinco e meia da tarde.

— Eu tenho que ir. — Anunciei desanimada. Era sempre assim. Quando estávamos juntos, o tempo passava voando.

— Já? — Ele perguntou triste.

— Sim. Minha mãe me quer em casa para o jantar. — Respondi com um bico arrancando um suspiro dele.

— Vamos, eu te levo até o ponto. — Falou se levantando do tronco de árvore em que havíamos sentado. Seth me estendeu a mão e eu a peguei, levantando também.

— Alice quer dar uma festa lá em casa por causa da formatura. Se você quiser ir, eu iria adorar. — O convidei com um sorriso que eu sabia que ele não podia resistir. — Se você puder, é claro. — Completei ao ver sua expressão.

— Eu não sei... É complicado. Além disso, depende de Sam. — Explicou coçando a nuca. — Quando é? — Acrescentou me olhando de soslaio.

— Daqui a três dias. Acho que Bella convidou o Jake, mas não acredito que ele vá. — Comentei cabisbaixa.

— E você acha que não teria problema? Digo... Com a sua família. — Procurou saber curioso.

— Claro que não! E outra, a casa estará cheia. Praticamente todos da nossa escola foram convidados. — Respondi de imediato.

— Vou ver o que posso fazer. — Seth declarou após alguns minutos em silêncio.

— É por isso que eu te amo! — Exclamei alegre, me jogando em cima dele e o abraçando. 

— Eu também te amo, Mel. Muito mais do que você pode imaginar. — Sussurrou Seth com o rosto escondido em meu cabelo.

Achei estranho o modo como ele disse isso, porém não me importei. Uma parte de mim estava mais do que feliz por saber disso. Depois que nos afastamos, continuamos o caminho até o ponto falando sobre bobagens. Seth ficou esperando o táxi comigo. Quando finalmente apareceu um, fomos obrigados a dizer adeus.

— Você volta amanhã? — Ele perguntou abrindo a porta do carro para mim.

— Não sei. Se der... — Encolhi os ombros incerta.

— Tudo bem. Se cuida. — Ele pronunciou com aquele ar triste que ele sempre ficava quando nos despedíamos.

— Pode deixar. E manda um beijo para o pessoal. — Falei lhe dando um último abraço.

Entrei no carro e segui para minha casa. Não demorou muito para que eu chegasse. Assim que adentrei a sala, fui recebida por minha mãe.

— Bem na hora. — Observou enquanto checava o relógio. — Vá tomar banho e desça. O jantar já está na mesa. —  Ordenou com um sorriso.

Fiz o que ela mandou e depois desci para jantar. Quando terminei de comer, voltei para a sala. Comecei a assistir TV com Emmett e Jasper. Estávamos assistindo N.C.I.S quando Alice entrou na sala gritando e batendo palminhas.

— O que houve, Alice? — Perguntou Jasper.

— Vai ter festa! Eu vi! O papai vai deixar! — Ela respondeu saltitando.

— Quando ele chega? — Indagou minha mãe.

— Agora. — Ela informou. Nesse mesmo instante, meu pai abre a porta e é recebido por Alice, que o abraça. — Obrigada, papai! Eu te amo! — Ela exclama alegre, o soltando.

— Nossa! Qual o motivo de tanta animação? — Ele questionou surpreso.

— A festa! Vai ter. Eu vi. O senhor deixou. — Ela explicou sorridente.

— Então é por isso? Deixei sim. Espero que eu não me arrependa. — Ele pronunciou com uma expressão preocupada.

Alice o abraçou novamente antes de começar a elaborar seus planos. Eu estava feliz por nosso pai ter concordado com a festa. Eu tinha certeza de que seria muito legal. Já estava até imaginando qual seria a reação dos nossos colegas ao serem convidados para uma festa na nossa casa.

###

Durante os três dias seguintes, Alice não nos deu sossego. Era coisa de festa para lá, coisa de festa para cá... Nem deu para eu ir à Reserva. Estava falando com Seth pelo celular, quando dava. Porém o sacrifício valeu a pena. Finalmente chegou o dia da formatura e foi muito lindo. Jessica foi a oradora da turma e seu discurso foi simplesmente incrível. Charlie estava cheio de orgulho de Bella. Me emocionei ao vê-lo emocionado com o sucesso da filha. Entretanto, me diverti muito também graças a Mike. Ele teve a cara de pau de me dizer que a única coisa ruim de ele ter se formado era o fato de que não estudaríamos mais juntos. Veja se eu posso com isso? Simplesmente fiquei sem reação. Edward quase o atacou na frente de todos. Jasper usou seu dom para deixar Mike com um certo desconforto. Não consegui conter a risada quando ele começou a chorar abraçado a Eric.

No momento, eu me encontrava no meu quarto. A festa já havia começado a alguns minutos. Terminei de me arrumar e desci. A decoração estava perfeita, como sempre. Alice nunca errava. Enquanto descia a escada, reparei que a casa já estava bem cheia. Quando cheguei a sala, fui cumprimentando as pessoas até que avistei Bella entrando. Andei em sua direção.

— Alice. — Acusou Bella olhando ao redor assim que eu parei diante dela.

— Pois é. Sempre a Alice. — Concordei rindo.

— Todo mundo está aqui. — Observou Bella impressionada. De fato, todos da escola estavam presentes.

— Queriam conhecer a misteriosa residência dos Cullen. — Afirmei com um sorriso debochado olhando brevemente para a pista de dança que Alice tinha improvisado.

A música estava muito alta e as pessoas estavam distraídas dançando.

— Você está linda. — Bella me elogiou, atraindo minha atenção novamente.

— Você também. E meus parabéns pela formatura! — Desejei a abraçando.

— Obrigada. — Ela agradeceu tímida.

— Você convidou o Jake? — Procurei saber curiosa depois que nos separamos.

— Sim, mas acho que ele não vem. Não depois do soco que eu dei na cara dele. — Ela respondeu meio constrangida.

— Você fez o que?! — Praticamente gritei devido o choque.

— Ele me beijou a força. Você lembra que um dia desses eu cheguei aqui com o pulso fraturado? Então. Foi por isso. — Bella explicou.

— O Edward deve ter pirado. — Comentei ainda sem conseguir digerir totalmente essa informação.

— E como! Mas o meu pai acalmou a situação. — Ela esclareceu.

— Ponto para o chefe Swan. Evitou uma tragédia. — Brinquei arrancando um sorriso encabulado dela. 

— Onde eles estão? — Ela perguntou mudando de assunto, se referindo a minha família.

— Devem estar por aí. Vem, vamos procurar. — Falei segurando sua mão, nos guiando em meio às pessoas.

— Bella! Você veio! — Exclamou Jessica nos parando. Ela estava acompanhada por Ângela.

— A festa está incrível! — Declarou  Ângela tão animada quanto a amiga.

— E o meu discurso? O que acharam? — Perguntou Jessica nos encarando com expectativa.

— Foi perfeito. — Garantiu Bella.

— Você arrebentou! — Completei sorrindo sincera. O rosto de Jessica se iluminou devido aos elogios.

— Vamos! Essa é a minha música favorita! — Ela disse empolgada puxando Ângela.

— A gente se vê por aí, meninas. — Despediu-se Ângela, saindo com Jessica para a pista de dança.

Estávamos no meio das pessoas e nada dos meus irmãos aparecerem. Por algum motivo, olhei em direção a entrada e Bella fez o mesmo. Quase não acreditei no que vi. Jake, Quil, Embry e Seth tinha acabado de chegar. Eles pareciam procurar alguém. Ainda sem acreditar que eles estavam mesmo aqui, peguei a mão de Bella novamente e nos levei até eles.

— Boa noite. — Cumprimentei chamando a atenção deles. Os quatro se viraram em sintonia na nossa direção.

— Nossa! — Exclamou Embry.

— Você está muito gata! — Falou Quil enquanto me analisava.

— Caprichou hein, Barbie? — Elogiou-me Jake com seu sorriso brincalhão.

— O que você está fazendo aqui? — Bella questionou para ele. 

Percebi que os dois iriam iniciar uma conversa, entretanto não prestei atenção. Estava mais preocupada com Seth, que me encarava de boca aberta.

— Oi... Terra chamando! — Pronunciei estalando os dedos diante do seu rosto. Seth piscou algumas vezes. Ele parecia ter saído de um transe.

— Você está linda. — Balbuciou me olhando da cabeça aos pés.

— Obrigada. Estou tão feliz por você ter vindo! — Comemorei o abraçando.

Estranhamente Seth não retribuiu ao abraço. Era como se ele estivesse com medo de me tocar. Fiquei um pouco triste com isso, mas resolvi ignorar.

— Você sumiu. — Ele acusou quando me afastei.

— Culpa de Alice. Esses três dias ela tirou nosso couro por causa da festa. — Respondi bem humorada.

— Bom, pelo visto funcionou. A festa está ótima. — Ele aprovou olhando ao redor.

— É. Alice é uma força irrefreável da natureza. — Afirmei rindo.

— Onde estão seus irmãos? — Ele indagou aparentemente ansioso.

— Bella e eu estávamos procurando por eles quando vocês chegaram. — Comentei olhando em volta.

Franzi o cenho ao avistar Alice paralisada no último degrau da escada. Ao que parecia, ela estava tendo uma visão.  Bella deve ter percebido também, pois ignorou completamente os lobos e foi até Alice, me levando com ela. Notei que os meninos nos seguiram.

— Alice, o que você viu? — Bella perguntou sem rodeios.

— A decisão foi tomada. — Minha irmã respondeu com a expressão alarmada.

— Não vão para Seattle? — Chutou Bella certamente se referindo ao plano da minha família de ir até lá para lidar com o tal exército de recém criados.

— Não. Eles estão vindo para cá. — Alice noticiou. 

Levei um algum tempo para processar aquilo. Então o tal exército tinha resolvido vim para Forks. Eu não sabia qual das opções era pior. Precisávamos contar  essa informação aos outros com urgência. Nos reunimos no escritório do meu pai. Além de mim, Edward, meu pai, Jasper, Alice, Bella e os lobos se encontravam no cômodo. Os demais membros da minha família estavam circulando pela festa.

— Chegarão em quatro dias. — Anunciou Alice.

— Isso pode se tornar um banho de sangue. — Disse meu pai preocupado.

— Quem está por trás disso? — Edward quis saber.

— Eu não reconheci ninguém. Talvez um. — Respondeu Alice olhando para ele.

— Conheço esse rosto. É daqui. Riley Biers. — Reconheceu Edward. — Ele não começou isso. — Completou cético.

— Quem começou isso está longe da ação. —  Alice concordou.

— Devem estar jogando com os pontos cegos da sua visão. — Supôs meu pai pensativo.

— É, mas o exército está vindo e não temos gente o suficiente para proteger a cidade. — Manifestou-se Jasper.

— O que? Espera. Que exército é esse? — Questionou Jacob confuso.

— Recém criados. Da nossa raça. — Explicou meu pai.

— Estão atrás do que? — Procurou saber Embry.

— Estavam passando o cheiro da Bella entre si. Uma blusa vermelha. — Informou Alice.

— Estão atrás da Bella? O que isso significa? — Jake voltou a questionar.

— Uma briga muito feia. Com muitas mortes. — Meu pai declarou sério.

Jacob, Seth, Quil e Embry se entreolharam por um momento. Após assentirem um para o outro, Jacob se pronunciou.

— Estamos nessa. — Assegurou com convicção.

— Não. Vão acabar morrendo. Nem pensar. — Negou Bella.

— Vocês não podem fazer isso. — Emendei me desesperando.

Já não bastava minha família em perigo, agora eles também? E se Seth se machucasse? Eu não conseguia nem pensar nisso.

— Eu não estava pedindo permissão. — Jacob reiterou. 

— Edward. — Apelou Bella na esperança de ele tentar fazer os lobos desistirem daquela ideia. Fitei meu irmão esperando o mesmo.

— Isso significa mais proteção para você. E para você também, Melany. Não sabemos quem está por trás disso e nem até que ponto sabe sobre nós. — Argumentou Edward.

— Jacob, acha que Sam aceitaria um acordo? — Perguntou meu pai cruzando os braços.

— Com tanto que a gente possa matar alguns vampiros. — Jacob deu de ombros.

— Jasper? — Inquiriu meu pai.

— Vão aumentar nossa força e os recém criados nem vão saber deles. Nos dará uma vantagem. — Ele expôs sua opinião.

— Vamos coordenar isso. —  Demandou meu pai, aceitando a proposta de Jacob.

— Carlisle, eles vão se ferir. — Bella tentou uma última vez.

— Papai... — Implorei suplicante. Ele me lançou um olhar de desculpas.

— Teremos que treinar. Jasper sabe como lutar com recém criados. Você é bem vindo, Jacob. — Meu pai instruiu ignorando meus apelos e os de Bella.

— Beleza. Diga a hora e o lugar. — Pediu Jacob.

— Jake, você não sabe no que está se metendo. — Alertou Bella preocupada.

— Bella, esse é o nosso dever. Deveria estar feliz. Olha para a gente. Trabalhando juntos. Era você que queria que nos déssemos bem, lembra? — Rebateu Jacob.

— Vocês não podem estar falando sério! Pai, não pode deixar eles se envolverem. Eles vão morrer! — Protestei indignada.

— Sinto muito, filha. Mas é necessário. — Alegou ele com uma expressão culpada.

Dei meia volta e saí do escritório revoltada. Fui direto para o meu quarto. Eu não podia acreditar que minha família inteira estava correndo perigo e agora os lobos também. E eu, a inútil, sem poder fazer nada. E se algum deles morresse? Não! Eu não suportava nem pensar nisso. Era doloroso demais. E ainda tinha Seth. E se ele se machucasse? Meu Deus! Isso só podia ser um pesadelo. Eu estava sentada em minha cama com a cabeça entre as mãos quando me surpreendi ao reparar Seth parado a soleira da porta.

— Posso entrar? — Perguntou num tom calmo. Assenti e ele adentrou o cômodo, sentando ao meu lado.

— Como soube onde era meu quarto? — Indaguei com curiosidade. Afinal era a primeira vez que ele vinha até minha casa e eu não o tinha mostrado nada.

— Fácil. Pelo cheiro. — Ele respondeu sorrindo. Acabei sorrindo um pouco também. Eu gostava muito do modo como ele parecia amar o meu cheiro.

— Seth, não podem fazer isso. Vocês podem se machucar. Ou algo pior. — Falei depois de alguns minutos, tentando abrir os olhos dele.

— Mel, vai ficar tudo bem. Eu prometo. Nós nos curamos rápido e a sua família é muito forte. Vamos acabar com eles em um piscar de olhos. — Assegurou olhando em meus olhos, tentando me passar confiança.

— Se acontecer alguma coisa com qualquer um de vocês, eu nem sei o que eu faço. — Murmurei o abraçando.

— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. — Repetiu em meu ouvido. Diferente do aconteceu mais cedo,  desta vez ele me abraçou como se sua vida dependesse disso. Ficamos assim por um bom tempo. — Eu tenho que ir. — Ele disse me soltando relutante. — Amanhã nos vemos no treinamento. — Completou se levantando.

— Seth... — Chamei segurando sua mão. Ele se virou para me olhar. — Eu te amo. — Declarei o vendo abrir um sorriso.

— Eu também te amo. Boa noite, minha loirinha. — Ele despediu beijando o topo da minha cabeça.

Depois que ele saiu do quarto, fui me preparar para deitar. A festa durou mais algumas horas, entretanto eu preferi me isolar. Não tinha mais o menor clima para eu continuar lá embaixo fingindo que nada estava acontecendo. Além disso, minha cabeça parecia que ia explodir. Como se não bastasse, eu tinha a sensação de que coisas muito piores estavam por vim.