O que é verdadeiro sempre reina escrita por Lodv


Capítulo 128
A carta part - 1




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Para Lia

Bom se você está lendo isso é porque me enganei ao pensar que rasgaria a carta assim que te entregasse.

Eu não acho certo ter que escrever para explicar as coisas, mas este é o único meio que encontrei para que me escutasse.

Sei um pouco da sua história e sei que não foi e nem está sendo fácil para você, mas para mim também não.

Eu não sei onde nasci, nem de quem. Ao menos você tem a sorte de saber quem são seus pais.

Nunca reclamei disto, ao menos era assim quando tinha meus 4 anos. Só que isso mudou assim que entrei na escola. Tudo ficou mais difícil, trabalhinhos, presentinhos de Dia das Mães, Dia dos Pais não ter para quem entregar, eu ainda era uma criança, mas estava ficando difícil.

Com 8 anos de idade eu um dia sem querer quando chegava dá escola, peguei minha vó falando com alguém.

Era minha mãe e eu tinha certeza disto. Sem pensar arranquei o telefone de suas mãos e comecei a gritar “Mãe, Mãe”, mas foi só ela ouvir o som da minha voz que desligou rapidamente. Na mesma hora comecei a chorar, minha vó insistia em dizer que a ligação tinha caído, que no país onde ela estava a conexão era muito ruim. Só que eu já não acreditava mais. Consegui ver o sofrimento nos olhos dela e foi então que fugi pela primeira vez.

Sai correndo pela rua, as vezes andando em círculos e por fim lembro que fui parar em uma praça onde tinha um balanço. Sentei, fechei os olhos, comecei a balançar e a imaginar (ainda me lembro como se fosse ontem).

O meu pai alto, magro e moreno era quem me balançava, minha mãe estava sentada na minha frente e tirava fotos e mais fotos. E a vovó sentada em um banquinho rindo, todos se divertindo. Foi só abrir os olhos para que o sonho acabasse. Hoje eu ficaria horas e mais horas aproveitando essa sensação, mas naquela época eu era apenas uma criança e a fome falou mais alto. Voltei para casa e percebi que fugir foi um erro. Cheguei em casa e me deparei com médicos cercando a vó, o susto por eu ter desaparecido foi tão grande que ela passou muito mal.

Talvez se não tivesse fugido ela não teria passado mal, talvez ela estivesse aqui hoje me ajudando, mostrando o melhor caminho para seguir.

Depois que isso aconteceu, minha vó que trabalhava para nos sustentar teve que sair e então assim que completei 14 anos comecei a procurar um emprego. Consegui por duas vezes, mas em ambas fui demitida por mal comportamento.Comecei a ir mal na escola e disseram que tinha DDA, me deram um remédio que usei algumas vezes, mas hoje só utilizo para me manter acordada.

Ainda com 14 anos, comecei a sair todas as noites, ficava com minha vó até que ela adormecesse e foi nas ruas que conheci o grafite. Vi um bando de pessoas grafitar portas e janelas, faziam isso e se divertiam bastante. Era disto que precisava, ser feliz nem que fosse por pouco tempo.

Passei a acompanhar todas as noites esse grupo, um dia um deles me ofereceu uma latinha. Peguei sem pensar duas vezes e fui logo riscando a porta de uma casa, que sensação boa como aquilo me fez bem. Meu primeiro grafite e minha primeira encrenca com a policia, por sorte a casa era de um amigo da minha vó e ele me defendeu dizendo que liberou. Ainda bem, ela não suportaria isso.

Depois fui parar mais uma vez nas mãos da policia e fui salva pelo Rômulo em seguida brigamos.

Desta segunda vez foi porque acreditava fielmente que tinha um amigo, mas fui traída por ele e ele claramente me disse que não era meu amigo, mas disse que ia me ajudar a não entrar mais em enrascadas.

Ele me apresentou o Lupe, na época ele só mexia com identidade falsa e drogas, não era nada disto que ele é hoje.

Foi o único amigo que tive e graças ao seu trabalho pude utilizar o meu grafite para conseguir dinheiro.

Cresci ouvindo que tinha que estudar no Quadrante e que quando viesse pra cá muitas das minhas perguntas seriam respondidas, até hoje nada disto aconteceu.

E neste ano veio tudo, como você já sabe a minha vó morreu e finalmente realizei seu sonho. Vim estudar no quadrante.

Não sei se o Gil também te contou, mas quando cheguei aqui passei por um perrengue daqueles, fui assaltada e tive que dormir por dois dias na rua. Quando cheguei ao colégio descobri que minha vó já tinha adiantado as coisas e já tinha feito a minha matricula com antecedência. Era como se ela soubesse o que iria acontecer.

Foi então que conheci o Gil, não sou acostumada a ter amigos e quando vi ele se aproximando de mim e tentando fazer amizade, eu fiquei tão feliz. O Orelha me deixou doida, mas tratei logo de descontar ao saber que tudo que ele filma vai para a internet. Estou cansada de ser sempre zombada e comecei a agir, fiz com que o Álvaro se coçasse todo em pleno pátio. O Gil me defendeu, mas a vingança era inevitável. Foi ai que nasceu a minha amizade com o Gil, não gostei de vê-lo sofrendo por gostar de você, tomei as dores e quando você tentou se aproximar lá no banheiro eu fui extremamente grossa.

Depois no mesmo dia conheci o Dinho, ficamos amigos. Eu amei aquilo, 16 anos e os primeiros amigos que arrumava. Estou tão cega, com raiva porque você não gosta do Gil que qualquer coisinha que você fazia ou faz eu ... desconto. Foi isso que aconteceu quando sem querer esbarrou e mim me fazendo sujar a blusa.

Eu me vinguei pintando a cadeira da Vânia e colocando a culpa em você, deixaria tudo como estava, mas tinha ficado próxima do seu namorado e ele ficou tão furioso, chateado e acabei inventando um jeito de provar que você era inocente.


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