Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 9
Lamentações


Notas iniciais do capítulo

Gente, perdão pelo atraso, juro que vou recompensar.
Bem, este é um capítulo de transição, é mais para estabelecer as coisas, no próximo as coisa começam a mudar, Jake enfim vai reagir e começar a viver.
Eu adorei essa fanart que achei em minhas navegações pelo google, acho que combina com o capítulo.
Leiam e nos vemos lá embaixo.



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Eu estava há horas naquele serviço. Já era noite quando cheguei e Leah já estava em casa. Era sinistro tê-la me esperando “em casa”; ela perguntou como havia sido e eu fiz meu melhor para respondê-la resumidamente e sem parecer grosseiro, meu humor ainda afetado pela estranha ansiedade de mais cedo.

Não havia uma mancha sequer na lataria vermelha do automóvel, brilhava como novo, porém eu continuava encerando-o sistemática e insistentemente. Mas era o tipo de trabalho que ocupa muito as mãos e nada da mente. Sentia-me frustrado. Com tudo. A tentativa irracional de hoje cedo só havia afirmado categoricamente minha fraqueza; buscando em alguém que provavelmente nem existia a solução para toda a grande merda que eu fiz da minha vida; Ou o que eu deixei de fazer da minha vida!

—Testando a resistência da tinta?_ indagou Leah da varanda. Suspirei profunda e lentamente, cansado. E a olhei. Leah estava de pijamas, um short curto e uma camiseta, a expressão impassível se desfez quando as sobrancelhas se ergueram inquisitivamente.

Suspirei novamente, mais pareceu um bufar. Ela se sentou no chão, as pernas estendidas na escada.

—Já... Se arrependeu de algo desesperadamente sem saber o que é de fato?_ demandei. Era assim que eu me sentia. Eu sabia que havia feito a coisa certa autorizando a transformação dela, mandando-os partir... Mas algo em mim dizia que não... Que foi errado... Eu me arrependia sem saber por quê.

—Não... Não sem saber..._ murmurou dubiamente, baixando a cabeça. Eu avancei sentando ao seu lado no alto da escada.

—Hoje cedo... Antes de chegar. Eu quis tanto acabar com isso_ minha voz soou intensa e Leah me encarou preocupada, aprecei-me em explicar: _Procurei num parque cheio de gente por um imprinting... Olhei em cada rosto buscando alguém que pudesse...

—Eu entendo_ sussurrou_ Pensei que não quisesse isso.

—Quero dar um basta nisso! Já perdi tanto. Sei que é estúpido, foi estúpido, pensar que ela, seja lá quem for, estaria lá simplesmente porque eu precisava..._ Leah pareceu ponderar aquilo por um segundo.

—Não é como se eu nunca tivesse olhado um cara bacana e desejado fazer isso acontecer, sabe, tipo: “Vai teia”_ Leah ergueu os pulsos dobrando o dedo do meio como o super aranha. _ Imprinting, agora!

Nós rimos sem humor.

—Só pra tudo acabar e me ver livre_ continuou ela_ Eu achava legal que você não se agarrasse a idéia de ter um imprinting, eu preferia isso...

—Não tive sua força: ficar ser dama de honra do casamento de Sam, lutar e crescer..._ demandei achando que ela era melhor exemplo que eu. Leah sorriu e afagou meu ombro:

—Somos uma bela dupla!

Houve silêncio por alguns instantes enquanto eu hesitava, até que por fim falei:

—Acha que ele existe? Seu... Prometido, quero dizer.

Ela me olhou por um segundo, o lábio franzido de um lado só, pensando...

—Uma parte de mim pensa: Porque não? Ele pode estar nas fraudas ou aprendendo a andar de bicicleta ou apaixonado pela garota mais popular do colegial; Mas outra pensa que depois de seis anos isso não vai acontecer, ou nunca foi mesmo possível. Quero dizer, o que deve há ver de tão especial em um humano comum que o faria..._ ela me olhou de soslaio e ergui as sobrancelhas incentivando-a, ela suspirou e continuou: _Com toda a história de gerar lobos mais fortes e passar os genes adiante, como alguém fertilizaria uma mulher que não tem ciclos?

—Entendi!_ demandei sem querer detalhes. Pensei sobre aquilo por um momento.

—Mas você quer ter um? Você disse que preferia isso a... _ ela interrompeu minha referencia a sua frase dita há tanto tempo:

—Não sei... Sinceramente não sei... Ainda mais agora. Acho que Ethan gosta de mim, e eu gosto de como ele gosta. Não quero fazer com ele o que me fizeram, não que eu culpe Sam...

—Mas culpava.

—Não culpava!_ a fitei ceticamente_ Não depois que vi como as coisas aconteceram._ se defendeu Leah.

—Você fazia da vida de todos nós um inferno, nos impondo sua dor desnecessariamente.

—Não quer dizer que eu gostasse ou que não me importasse. Era ainda mais doloroso para mim, além de minha dor refletida em todos vocês eu era rejeitada, ninguém ali me queria por perto. Mas não seja hipócrita, Jacob. Acha que se voltasse a ver Bella não ia querer de alguma forma mostrar a ela todo o mal que te fez?!

—Bella morreu, Leah!_ falei surpreso com o rumo que Leah deu para a conversa. Ela suspirou exasperada e se levantou falando e caminhando para dentro de casa:

—Você sabe o que quero dizer. Acho, que do jeito egoísta dela, ela se importava o bastante para se magoar que você tenha perdido anos da sua vida em luto por ela. _ ela entrou e continuou falando lá de dentro: _Acho que é algo instintivo quando se está magoado, é animal: ferir quem o feriu.

—Então era isso o que você fazia: mostrava o quanto doía, para quem fez doer porque doía demais_ a segui para a cozinha. E parei observando-a tirar algo, pelo cheiro carne e batatas, do forno. Senti minha testa franzir com a frase confusa que proferi.

—Não devia me fazer tantas perguntas, você estava na minha cabeça. Sabe como me sentia. Não que alguém se importasse com como eu me sentia é claro... _ falou ela azeda e eu vi uma sombra da Leah odiosa em seu rosto.

—Pega os pratos pra mim?_ disse suavemente e então suspirou_ O que quero dizer é que só se entende realmente a dor quando se sente por si mesmo._ ela murmurou enquanto eu me virava em direção ao armário.

—Você ainda o ama?_ perguntei hesitante colocando os dois pratos na mesa, ela não vacilou ao remexer na carne, ma sé claro que ela havia ouvido, então pensei que fosse me ignorar, não insisti. Por fim:

—Sempre vou amar. De alguma ou qualquer forma. Acho que superei, mas nunca se supera realmente uma coisa assim... Quero dizer, não houve traição ou desgaste, não é algo comum, não há parâmetros. Ele apenas teve de ir. Não tenho sequer uma razão para sentir raiva... Sam terminou tudo assim que viu Emily na minha casa, antes mesmo de explicar tudo a ela_ ela deu de ombros e eu assenti.

Depois de jantarmos e conversarmos amenidades, tomei banho e dormi, ou tentei... Adormeci pensando em Bella, é claro, uma rotina h á muito adquirida, coisa de apaixonados... Tentava expulsar o ódio e a mágoa, pensar como Leah: era a vida dela e ela teve de ir... Mas eu não conseguia. Os olhos dourados do vampiro vinham sempre a minha mente e em seguida Bella fraca, doente... Não, não tinha de ser assim, pois vampiros eram seres demoníacos que não deveriam existir. Bella tinha de ter uma vida, uma vida normal: crescer, amar, ser amada, ser mãe como toda mulher, sem precisar morrer por isso, sem trazer ao mundo um monstro e partir por conseqüência... Não devia ter sido desse jeito... E foi lamentando por um futuro morto e impossível que o sono chegou conturbado.

Havia o som ecoante e delicado de uma risada infantil em algum lugar, eu estava em forma de lobo, soube pela forma como via e ouvia, ainda que naquele lugar onírico minha visão estivesse deturpada e meus ouvidos não me parecessem confiáveis; eu estava na floresta sombria e familiar de Forks, havia uma luz semelhante a do sol ainda que nem essa claridade indistinta tirasse a sensação de obscuridade ali presente. As risadas borbulhantes continuavam e me vi procurando pela fonte, mas eu senti medo. Jacob!, chamou a voz delicada soando dualmente, com o se duas pessoas me chamassem. Avancei em minha procura até me dar de encontro com alguém pequeno que por mais que eu tentasse não enxergava, como humanos enxergam um sua visão periférica, era vago, mas eu sabia que era uma criança. Meus olhos desceram para o chão e gani de pavor ao ver os corpos pálidos e sem vida de meus familiares: Rachel, Back, Billy... A criança indistinta me olhou com olhos injetados em sangue, suas mãos gotejavam em vermelho e seu sorriso reluzia em escarlate. Um uivo rasgou meu peito dolorido enquanto a sede de vingança amargava em minha língua.

—Jake!_ segurei firme os pulsos que me cutucavam. Leah! Ela me olhava espantada. _Está tudo bem_ sussurrou enquanto a soltava me sentando. Respirei fundo algumas vezes e Leah foi até o corredor, voltando com um copo de água e saindo em seguida. Bebi sem dizer nada e levantei atordoado, minha cabeça girando em um turbilhão.

—Leah?_ a alcancei no corredor, ela me olhou como se nada tivesse acontecido_ Me desculpe.

—Está tudo bem, foi só um pesadelo...

—Não_ interrompi_ Sobre antes. Muito antes. Fomos egoístas com você, fechando os olhos para a sua mágoa. Devíamos ter nos importado mais, você também era parte da família, merecia toda a consideração.

—Eu não facilitei pra vocês, está tudo bem, sério._ ela sorriu. Concordei com a cabeça. _ Quer ver um filme comigo?_ apontou para a porta do seu quarto. Eu não sabia o que havia em meu rosto, mas Lee revirou os olhos teatral e exageradamente.

—Qual é?! Vem_ e entrou. Devagar eu a segui_ Está no começo ainda, dei pause quando você começou a gritar_ ela me olhou de esguelha por um instante e sentou na cama, escorada aos travesseiros, dando play no filme que rolava na Tv fina jazendo em sua parede, e me fazendo sinal para deitar ao seu lado na cama.

Se alguém algum dia tivesse me dito que eu estaria na cama de Leah vendo filminho, eu teria vomitado, ou não, sempre a achei linda, apesar de não nos gostarmos. Mas o fato pouco ou nada me importou... O sonho bizarro não me saía da cabeça junto de uma curiosidade mórbida e doentia; peguei-me imaginando como devia ser aquela criatura: se era um bebê, quero dizer, foi gerado como um, era ainda mais sinistro de imaginar... Uma coisinha pequena que devia ser indefesa, na verdade sendo forte e cristalizado, louco por sangue... Assombroso!

—O que foi Jacob?_ indagou Leah em certo momento. A olhei confuso. _ O filme era um comédia, ótima por sinal, e você não deu um pio._ Ela ergueu as sobrancelhas. _ Está aí, todo rígido, sentado como se fosse de pedra.

Analisei minha posição, eu estava confortável, as pernas estendidas diante de mim sobre a cama, as costas escoradas nos travesseiros; voltei a fitá-la. Ela virou-se remexendo nos controles da TV e DVD.

—Sonhou com o que?_ ela me olhou como se soubesse exatamente.

—Não tenho certeza... Uma criança de olhos vermelhos._ sua expressão foi de surpresa, e ela me fitou séria.

—Você está um lixo! Não tem dormido muito bem...

—Obrigada!_ falei irônico. Ela riu e se moveu em direção às minhas costas dizendo:

—Afaste._ e assim ela se sentou atrás de mim colocando as mãos em meus ombros. Eu simplesmente não pude protestar; inicialmente ponderei sobre o que ela ia fazer e tive dúvidas sobre haver problema com toda a proximidade; depois porque suas mãos hábeis moviam-se perfeitamente nos músculos de meus ombros. Eu gemi de dor enquanto ela murmurava algo sobre estar sobrecarregado, mas era uma dor gostosa, de alívio, como tirar um espinho do pé. Depois ela desceu e doía cada vez mais, no entanto era bom. Eu entendi porque as pessoas pagavam caro para tê-la lhes massageando... Leah pediu que eu deitasse, e não havia formas de que eu negasse...

—Jake_ ela se movia, balançando-se sem mudar de posição, tentando me acordar e conseguindo_ Dá pra virar esse troço pro outro lado?_ sua voz soava grogue. Eu estava zonzo de sono e não me lembrava de ter ido dormir; no entanto isso ficou em segundo plano quando percebi que estava de conchinha com a Leah, ainda também grogue me afastei um pouco, retirando o braço de sua cintura e percebendo o que ela estava dizendo. Ela se referia ao meu troço em plena ereção matinal. Eu não sabia se estava mais chocado de vergonha, por estar excitado naquela situação, embora não houvesse nenhuma conotação sexual naquilo tudo, ou se era pela despreocupação de Leah diante da situação. Constrangido, fui ao seu banheiro, esvaziar a bexiga para resolver o ‘problema’, aproveitei e lavei o rosto. Quando voltei ao quarto Leah se espreguiçava na cama.

—Bom dia_ disse ela.

—Desculpe_ murmurei. Ela riu um pouco.

—Não esquenta, tenho um irmão mais novo, lembra.

Assenti sem jeito e saí, dando de cara com Seth. Fazia 04 dias que eu havia voltado e ainda não o há via visto.

—Você dormiu com a Leah_ seu tom era sério e não era uma pergunta. Abri a boca para falar. Mas Leah foi mais rápida atrás de mim.

—Não seja idiota, Seth!_ sua voz soou enojada, e a olhei ofendido. _ Não leve a mal, mas... _ ela balançou a cabeça infinitesimalmente.

—Assistimos um filme e eu apaguei._ falei. Seth assentiu devagar. Então abriu o sorriso que lhe era ao característico.

—Nesse caso, é bom ter você de volta, mano!_ ele ergueu a mão e eu revirei os olhos antes de tocá-la num cumprimento e nos abraçarmos.

—Festa de alguma fraternidade?_ indagou Leah pegando os ingredientes para preparar Waffles. Seth me indicou uma cadeira e sentou-se a mesa, ele tinha mudado, crescido mais, completando sua faixa de crescimento lupino, ainda era mais baixo do que eu, e para mim ainda era um menino.

—Foi demais!_ disse ele sobre a festa. Começando um falatório desenfreado.

—Então, Jake, o que vai fazer agora?_ parei, levando um segundo
a mais do que devia para entender que a conversa na mesa agora era sobre mim.

—Arranjar um emprego_ respondi objetivamente, pensando novamente que era bom terminar os estudos, fazer um curso, sei lá...

—Não vai voltar a estudar? Cara, você ia adorar as festas da faculdade._ e dizendo isso ele se voltou para Lee falando algo mais sobre a noite anterior. Minha mente se perguntando se alguma vez na vida o garoto dera indícios de que era o tipo festeiro...
Quando me dei conta ele me encarava.

—O que?

—Não me respondeu_ disse ele colocando mais mel no sexto Waffle.

—Vou, Seth, vou._ dei uma dentada no meu pão.

—Devia falar com Emily._ continuou Seth me atazanando_ Ela leciona artes na escola da reserva, ela pode dar uma mãozinha, falar com alguém para que você faça uma prova e possa terminar o colegial.

Olhei para Leah ponderando sobre aquilo e depois me voltando para meu café da manhã.

—Seth tem razão. Não tem porque adiar e Billy ficaria orgulhoso_ disse ela. Seth, de boca cheia, balbuciou alguma coisa em concordância. Deixei meu Waffle de lado e me escorei na cadeira fiando seriamente os dois.

—Vocês vão mesmo ficar me enchendo?

—É... Vamos!_ falaram em uníssono.

Assenti devagar, dando uma garfada toda lambuzada de mel em meu
Waffle e decidi.

—Certo, amanhã é segunda e eu vou a La Push resolver isso. Vou resolver tudo.

Seth ergueu o punho fechado sobre a mesa e o toquei numa espécie de promessa, Lee sorriu para mim com condescendência. Eu estava decidido, gostando ou não, curado ou não, por mim ou por todos eles, eu estaria começando a dar um rumo a minha vida. Eu já havia lamentado demais. Faria algo produtivo com minha raiva e meu tempo livre, daria alegria aminha família, pois eles sim mereciam todo esforço de minha parte.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha havido muitos erros, como já disse eu mesma reviso, e pode ser que ao decorar as passagens não veja, e além disso meu Word adora me corrigir quando estou certa.