Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 8
Lar... Nem tão doce, Lar


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a linda Lilian Oliveira pela recomendação que me deixou com lágrimas nos olhos e um sorriso imenso... Bjos, Lilian.

Agora quero pedir desculpas pelo atraso, é que sofri um acidente doméstico: queimei com água fervente toda a mão direita, o pulso esquerdo e o seio esquerdo... Gente é uma dor medonha! Cuidado em casa, hein! Agora que a queimadura secou é que posso mover a mão... =/

Vou fazer de tudo pra compensar e postar outro capítulo essa semana ainda, ok.

"Otra Como Tú"

Eros Ramazzotti

Essa música aí em cima tem uma letra bem bacana, que é mais ou menos algo como o que o Jake sente, creio eu.

Queria ter feito um capítulo melhor, mas diante da situação, é isso.

Sinto falta de gente heih? dan e amando não comentaram o capítulo anterior. Não gostaram? =/



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Poderia protelar muito tempo ainda, mas não haveria nada que pudesse me preparar plenamente para isso, portanto, adiar era inútil. Não era que eu não quisesse ver meu pai e meus amigos, ou não estivesse até um tanto curioso por saber deles, mas eu sabia que lá as lembranças seriam piores... Sem falar do falatório de Rachel, Sam, Embry, Quil, Paul, e Billy, embora esse último fosse de fato o único que tivesse direito de dizer algo.

 

Tentando me incentivar a ao menos passar o dia com meu pai Leah até me disponibilizou seu carro, se impondo o grande sacrifício de ir de táxi para o trabalho por hoje... Havia três dias eu estava na casa dela, ela era uma boa companhia, esteve me atualizando sobre a situação atual no país, sobre os aparelhos modernos... Eu me sentia um ogro, como podia em cinco anos tudo ter mudado tanto?

 

O carro de Leah era um sedã médio-grande, o Camry, vermelho escarlate. Era uma manhã cinzenta e a luz pálida do sol ainda não era visível para olhos humanos, o vento soprava frio enquanto eu fitava hesitante o automóvel. Entrei ainda relutando e afaguei o volante cinza escuro,, em seguida liguei o motor ganhar vida, pisei no acelerador só para sentir o ronco do motor; um arrepiou leve de satisfação varreu minha pele, há quanto eu não dirigia? Pisei no acelerador e o motor rugiu mais alto, mas Lee não ia gostar de ser acordada por causa de minha brincadeira de criança deslumbrada, portanto, soltei a embreagem, dando partida.

Eu tinha de confessar que estava curtindo muito mais a viagem, que a idéia de chegar lá. Leah havia me contado algo de como as coisas caminhavam em La Push: o filho de Sam e Emily estava para completar 04 anos; Jared e Kim estavam casados há cinco anos e moravam numa casinha simples em La Push, ele trabalha no banco em Forks e, como Sam também pretende deixar as transformações e envelhecer com seu objeto de imprinting; Embry ainda morava com a mãe e acabara de ingressar no departamento de polícia de Forks, ao que tudo indicava seria ele a substituir Charlie na chefia de cidade, era seu objetivo, disse Leah; Paul e Rachel tinham uma casa em La Push, mas moravam com meu pai desde que casaram numa cerimônia simples no cartório com uma festa na praia depois. Leah contara que Seth havia dito que eles reformaram meu quarto a fim de que fosse adequado para um casal, mas que era provisório, que quando eu voltasse o espaço ainda seria meu e eles iriam para sua casa...

Baixei o vidro do carro sentindo o ar ficar mais úmido conforme a estrada me aproximava mais de Forks, o som do carro tocando uma música qualquer que eu não conhecia. Era estranho percorrer o caminho familiar. Era como se duas dimensões em tempos distintos se chocassem, como se não fosse parte de minha casa, como se não me pertencesse. Por um momento longo demais eu revivi a noite em que dirigi meu rabbit por aquela mesma estrada sentindo-me feliz por estar indo ao cinema com a garota que era minha melhor amiga e também minha futura namorada... a mesma noite em que me sentia quente e confiante o bastante para dizer tudo o que eu sentia a ela, a noite em que prometi jamais magoá-la, e também a noite em que me transformei pela primeira vez, descobrindo que muito antes de mim, Bella já fazia parte do mundo sobrenatural. Suspirei resignado, inspirando profundamente o ar frio com cheiro de terra molhada, afrouxando os dedos do volante, o plástico embaixo do couro estalava reclamando à pressão.

Só então percebi já estar tão perto: as primeiras casas da reserva começavam a surgir, a percepção de que dali eu senti falta também surgia. Inspirei profundamente mais uma vez sentindo o cheiro de musgo, resina, terra molhada e maresia... Não era um dia de sol, porém estava abafado e claro demais para outubro, embora o céu fosse opressoramente cinza. Reergui os vidros, fechando as janelas, para não chamar atenção e dirigi pelas ruas conhecidas da reserva observando e notando as diferenças: as casas que ganharam uma nova pintura, que ganharam um ou dois cômodos a mais, árvores grandes que já não existiam, outras que estavam maiores, precisavam ser podadas... Eu fui tão covarde, lamentei me dando conta da dimensão do que eu havia feito, me abstendo do mundo real.

Entrei na rua de terra e seixos que levava a minha casa e diminuí a velocidade até estar na frente da casa que agora parecia muito distante de como eu me sentia, deixei o carro morrer enquanto ia para o acostamento. Meus olhos arderam desconfortavelmente, minha garganta sofria com uma dor aguda e apertada. A casa ainda parecia um celeiro, mas a tinta vermelha não estava mais desbotada como antes, também não era exatamente nova. Podia ver pouco daquele ângulo, mas era perceptível o acréscimo no tamanho dos cômodos de trás, olhei em direção as árvores na lateral dos fundos da casa, elas escondiam minha garagem e oficina. Era estranho, apesar de ter crescido naquela casa, pensar em tudo ali como meu; sentia que ao deixar minha família e meu povo eu não tinha direito nenhum, não merecia sequer ser bem recebido.

Vozes que eu conhecia e um rangido na madeira, que ouvidos humanos nunca notariam, me fizeram lançar um olhar apreensivo para as duas figuras que saiam da casa. Distraídos conversando, Sue e Billy não notaram o carro parado. As rugas de meu pai eram mais profundas e os cabelos presos na nuca estavam começando a ficar brancos, via-se os fios pratas na lateral da cabeça, acima de suas orelhas, sorri para mim mesmo por isso, enquanto desejei bater minha cara no painel. Entretanto isso provavelmente faria apenas uma bela sujeira que eu mesmo teria de limpar, Leah não ia gostar de ter seu painel moderno quebrado ou seus bancos claros sujos de sangue.

Sue então percebeu o carro, sua expressão era de reconhecimento, Billy seguiu seu olhar, e eu, sem seguir comando ciente, abri a porta e desci do carro mesmo relutando em encarar meu pai. Primeiro me olharam com surpresa, por um segundo muito longo, depois Sue sorriu ternamente, Billy não sorriu, mas havia algo em seu rosto que denunciava a alegria, talvez o brilho nos olhos ou a disposição do queixo enquanto ele tinha a boca entre aberta. Precisei me lembrar de como me mover e obriguei meus membros a funcionarem, fechando o carro e dando a volta em direção a casa.

—Jake_ disse Billy quando o alcancei, sua voz insondável.

—Como vai, Jake?_ disse Sue, se inclinando por sobre a cadeira de rodas e me dando um rápido abraço. Então se dirigiu a Billy:_ Eu aviso ao Charlie._ sorriu e passou por mim, saindo.

Eu estava atordoado.

—E aí, velho? Cabelos brancos, hein!_ tentei sorrir, mas meu rosto se contorceu estranhamente.

—Você também teria se tivesse a minha idade._ ele soltou um riso rouco e descontraído_ Venha, garoto, me ajude a entrar_ falou virando a cadeira em direção a entrada. Posicionei-me atrás, empurrando.

—Precisa de ajuda agora?_ falei debochando enquanto entrava em casa. Por alguns instantes me distraí observando as mudanças: um balcão separava a cozinha, que tinha ganhado uns poucos metros a mais, da sala; a porta do quarto de Billy ainda estava ali, era a primeira antes do corredor, que agora era pouco mais longo e tinha uma janela no fim. Na sala, que estava cerca dois metros maior, tinha um jogo de sofás e onde antes ficava uma mesa com telefone, havia uma mesa com um computador e papéis que devia ser de Rachel, já que ela era formada em engenharia de computação. Quando eu parti, ela havia recebido uma proposta de emprego, onde poderia trabalhar em casa.

—Meus braços estão cansados, não há ninguém para me ajudar_ Billy me alfinetou, pondo as mãos na roda e virando-se para a geladeira. Senti-me deslocado e por fim sentei no sofá mais próximo.

—Onde está Rachel, ou Paul?_ eu não queria dar espaço para silêncios.

—Foi às compras e Paul está no trabalho_ falou ele colocando uma garrafa de chá gelado entre sua perna e a cadeira.

—O que Sue fazia aqui?_ perguntei preocupado.

—Controle de rotina, você sabe_ falou se referindo ao diabetes.

—Você está bem?

—Estou, Jacob. E você, está?_ ele me fitou nos olhos por alguns segundos. Eu não respondi, ainda me sentindo deslocado, fora do lugar.

—Onde esteve?

—Nenhum lugar específico. Por todo o continente, na direção Sul, eu acho.

—Valeu a pena, Jacob?_ sua voz não era ríspida ou ressentida, ou nada do que esperei. Era carinhosa, apesar das palavras. Eu não sabia o que ele queria dizer exatamente, apenas nos encaramos. _Se sente melhor agora?

Hesitei por um momento:

— Talvez nem tanto_ engoli em seco_ Perdi mais indo do que teria se tivesse ficado_ ouvi-me dizer num murmúrio_ Mas não imagino como teria conseguido ficar.

—Eu entendo... Eu poderia, e talvez deveria, mas não vou lhe dar um sermão sobre responsabilidade, orgulho tribal e porque você é quem é, você tem boa memória, sabe de tudo isso, garoto, mas não vou ciscar em suas feridas_ agradeci internamente por isso. Billy não era homem de dar chiliques desnecessários, vivemos só os dois por muito tempo, éramos objetivos em nossa relação, ele não fez rodeios como faria se fosse com uma de minhas irmãs, ele sempre foi muito claro comigo. Houve um instante de silêncio. _ E agora? Vai voltar para casa?

—Não sei se... Sinto-me em casa, pai_ minha voz falhando miseravelmente.

—Ora, filho! Essa sempre será sua casa, garoto_ eu não havia percebido ter fechado os olhos e baixado a cabeça até ouvir o ranger do assoalho com a aproximação de sua cadeira, ele tocou meu ombro._ Vamos, Jake, dê um abraço em seu velho_ E me puxou em sua direção. Ajoelhei-me e o abracei.

Senti-me apenas um menino, frágil e precisando do pai, da fortaleza que ele parecia ser, ainda que humano e limitado por sua cadeira de rodas, ele afagou minhas costas e correu a mão pelo rabo de cavalo que era meus cabelos compridos.

—Não faça isso de novo, Jacob, eu juro que lhe dou uma surra, tem muito gente forte disposta a me ajudar por aqui_ ele riu estrondosamente. Ainda que a beira do choro eu tive que rir também, e bufei me separando dele.

—Dez pratas que não consegue!_ demandei.

Logo o antigo padrão se estabeleceu entre nós, ele me mandou ir até a cozinha para tomar café, remexi por lá e encontrei um bolo de Rachel. Tudo na casa tinha a cara dela, um toque feminino... Parecia mais aconchegante. Andei pela casa como se não conhecesse nada, dei uma olhada no meu antigo quarto, o cheiro de Paul e Rachel era nítido ali, assim fechei logo a porta, sem querer me meter com as coisas deles, e fui para a outra porta no corredor o quarto estaria vazio, se não fosse pela cama de casal que me pertencia e pela cômoda com meus pertences, no outro quarto, quando ele era menor quase não havia espaço para os dois móveis. Havia uma grande janela com vidraças, o quarto parecia limpo e a cama tinha lençóis como se houvesse alguém morando ali. Virei inquisitivamente para Billy, para do à soleira da porta.

—Rachel queria que você tivesse seu lugar nessa casa, como sempre teve_ ele respondeu simplesmente. Lhe dei as costas indo até a janela, sentindo minha garganta se apertar. Ouvi a cadeira de rodas se afastar pelo corredor e a porta da frente se abrir. Não demorou até que passos leves se apressaram em minha direção.

—Jacob!_ o rosto de minha irmã era um leque de emoções, e algumas delas me deram medo, mas por fim ela se jogou contra mim. A envolvi pela cintura e a ergui contra mim, num abraço apertado_ Fico tão feliz que tenha voltado!_ disse ela em pranto.

Porém sua alegria não me impediu de levar uns tapas, o que provavelmente doeu mais nela que em mim, mas eu entendi o recado. O dia foi cheio disso: abraços e tapas, socos, claro que os demais doeram mais que os de Rachel. Ela fez um almoço especial, chamou toda a matilha, apenas a “minha matilha”, Leah e Seth, não estavam. Botamos as cadeiras para fora na hora do almoço, para aproveitar o tempo seco e comemos ao ar livre, tentei aproveitar o momento, mas não deu pra impedir os pensamentos de retrocederam alguns anos, tempos mais simples: Harry ainda era vivo, ele e sua família vieram jantar conosco, junto de Charlie e... Sua família. Todos pareciam invariavelmente felizes com minha volta. Entretanto surpreendentemente foi afeição que o pequeno Samuel, filho de Sam e Emily pareceu ter por mim. Falando e perguntando coisas, era muito esperto o garoto.

—Reconhecendo seu alfa_ disse Sam, sorrindo, ao pegar o garoto a fim de levá-lo para sentar e almoçar, Emily pareceu não gostar muito... Que mãe quer que o filho deixe sua vida para trás a fim de correr perigo constante?! Eu não gostei dessa história muito mais que ela, mas não comentei a frase de Sam. Claire tinha nove anos, e nos divertimos Embry e eu ao ver Quil ser seu escravo, era uma boa garota, mas tinha um gênio... O engraçado era ver que Quil apesar de fazer suas vontades não era um babão, embora seu olhar fosse constantemente admirado em relação à menina de pele avelã- rosado, ele parecia na mesma freqüência que ela, se ela era sarcástica ele respondia a altura sem magoá-la e, de uma forma estranha, eles pareciam se mover ao redor um do outro, se completando. Senti uma pontada de inveja, a sensação era familiar e mais uma vez minha mente voou anos atrás... Estávamos na praia, Quil, Claire ainda bebê e eu... Instantes antes que a bomba explodisse. Despedi-me de Billy com um “até mais, velho”, e ele me respondeu: “Que seja logo, garoto”

Quil tentou disfarçar, mas eu sabia que ele queria falar algo em especial pra mim. Ele e Embry me acompanharam até o carro, ainda não era nem metade de tarde, mas eu tinha uma longa viagem de volta.

—Desembucha_ demandei escorando-me no carro e cruzando os braços.
Quil coçou a parte de trás da cabeça, desconcertado.

—Não é o momento, mas é que como não sabia que voltaria logo não nos preparamos_ falou ele devagar, indeciso. Ergui as sobrancelhas incentivando-o. Embry tomou a palavra.

—É sobre a matilha. Teremos que fazer uma reunião com o conselho, mas acho desnecessário... A outra parte da alcatéia está se aposentando mesmo..._ deu de ombros.

Suspirei, eu não queria mesmo falar sobre aquilo, mas pensei por um minuto e concluí que não fazia sentido adiar isso também.

—O que quer dizer?

—Sam, Jared, Paul... Eles têm suas famílias, querem deixar seus lobos apagarem, entende? Só restando nós_ ele gesticulou vagamente entre nós_ Seth e Leah.

—E...?_ inquiri.

Você é o alfa_ falou Quil como se fosse óbvio_ As coisas estão tranqüilas, não é muito trabalho, mas eu não tenho talento algum para isso. Você é o melhor de nós, está no seu sangue... O que melhor se controla, o que luta melhor em forma de lobo, o mais forte...

—O segundo mais rápido, porque Leah é a primeira_ interveio Embry.

—Gente..._ tentei.

—A gente sabe... _Embry disse_ Não íamos dizer nada agora, mas Quil estava ansioso pra se livrar disso_ e ao falar deu um soco de leve em Quil._ A gente tem tempo_ me olhou com complacência erguendo um punho fechado em cumprimento, eu o toquei, Quil, tocando os nossos punhos com o seu em seguida, como nos velhos tempos.

 

Eu dirigi evitando pensar nas minhas últimas palavras com Embry e Quil. Uma parte de mim sabia que eles estavam certos, como no dia em que quebrei o elo inferior que me prendia a Sam, meu corpo reagia ao dever. Outra realmente não queria pensar naquilo. Prendi-me a satisfação de ter começado a resolver as coisas... Ter o perdão de meu pai, a cordialidade de Sam, a amizade de meus amigos de infância, o amor de minha irmã e a compreensão de todos eles.



A volta foi mais rápida que a chegada, e menos preocupante, agora eu tinha meu s documentos comigo e principalmente minha carta de motorista. Continuei pensando nos momentos com minha família, as palavras de Sam sobre o filho, as de Embry e Quil sobre eu ser alfa... Claire e Quil... Por alguns instantes eu desejei insanamente desfazer tudo, voltar atrás... E uma lembrança que na verdade não era minha se fez presente em meus pensamentos, de duas formas diferentes: com amor e desejos genuínos, e com pureza e cuidado inquestionáveis; a lembrança em minha cabeça era de ter tudo dentro de si desfeitos, um novo ser tomando lugar... Eu havia visto isso mais de uma vez, em situações diferentes... Eu quis fazer isso funcionar comigo, ativar!



Eu já estava na cidade de Seattle e o sol começava a se pôr quando eu passei por um parque, o dia havia sido mais quente que os últimos três que eu passara na cidade, o céu ainda estava azul. Havia famílias, crianças, as pessoas começavam a desfazer os piqueniques, casais namoravam na grama despreocupadamente, ciclistas iam e vinham, adolescentes e seus skates... Estacionei sentindo-me um tanto desesperado, eu queria voltar a ser quem eu era, ou ser outra pessoa que fosse, só para me livrar daquela dor, daquela ânsia.

 

Saí, caminhei por entre o parque cheio, havia sido um sábado bonito por ali, mesmo com o sol começando a amarelar ainda não estava frio, era agradável mesmo para um humano comum. Olhei no rosto de cada menina, ou mulher jovem que passava perto de mim, obrigando-me a olhar realmente para cada uma, tentando descobrir como aquilo funcionava. Como eu poderia saber que tipo de mulher seria perfeita para mim, poderia ser qualquer uma, poderia ser aquela com um skate e um cigarro entre os lábios bonitos, ou aquela de olhos azuis de mãos dadas com um garoto; podia ser até mesmo a garotinha loira aprendendo a andar de bicicleta. Parei no lugar mais movimentado ainda preso a minha busca por uma saída e eu subitamente me senti irremediavelmente sozinho, um impulso paralizante. Eu havia olhado os rostos de todas ou quase todas as garotas do parque, e mesmo quando, inclusive a mais gata dentre todas as que eu pude ver, algumas delas me olharam com o que pereceu interesse, eu não senti nada. E então eu desisti; era estupidez demais pensar que eu seguiria exatamente para o lugar e na hora exatos em que a garota ou mulher da minha vida estariam. Fiquei ali até o sol estar quase sumindo e o fluxo de pessoas ter diminuído bastante. Levante em um rompante sentindo que devia sair dali, meu movimento foi tão brusco que assustei uma senhora que passava pelo banco onde eu estava sentado empurrando um carrinho de criança, murmurei um me desculpe, e passei por ela, ansioso para sair dali. Eu devi a estar ficando louco. Busquei a saída mais próxima a mim e então estava na rua. Enquanto entrava no carro observei um reluzir que chamaria atenção de qualquer um, entendesse ou não daquilo, sendo homem ou mulher. Era uma Ferrari F430 vermelha; era o auge da engenharia automotiva, ele superava quase todos os da linha se falando de ser exótico e caro, era incrível, estava a uns vinte carros a frente do meu e fazia uma manobra a fim de sair, por um momento pensei em alguém naquele parque que parecesse ser o dono de um carro daqueles, mas provavelmente era um homem, e eu só catalogara as mulheres... Levei dois segundos fazendo essa analise e então a ansiedade me dominou novamente, pus a chave a fim de ligar o carro de Leah e quando tentei dar uma última olhada na Ferrari, afinal, não é todo dia que se vê um desses, ele já tinha desaparecido.

A última coisa que concluí antes de dar partida, é que, fosse lá o que tornava Bella tão especial, afinal quem pode explicar o amor?, eu não encontraria isso em ninguém mais. Ninguém mais seria louco e lidaria com o sobrenatural tão bem quanto ela, ninguém lidaria comigo tão bem quanto ela. Não haveria ninguém como ela. Isso era um alento e ao mesmo tempo desesperador.







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Notas finais do capítulo

Espero que esse tenha dado pro gasto!

Nos vemos nos review's?