Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 7
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Achei esse capítulo bem grande, desculpem os erros possíveis, mas é que se eu fosse revisá-lo atrasaria a postagem. :D

Quero agradecer a linda e primeira recomendação da Bibih Vrb!! Obrigada, linda!

É o seguinte: eu tenho 16 leitoras e 12 favoritaram, muito obrigada mesmo, mas apenas 10 comentam! Gente, poxa!

Chato isso!!

Mas continuo a agradecer imensamente a quem me acompanha.

Espero que gostem desse capítulo.

Bjos e até a próxima



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/294941/chapter/7

—E seu avô, não ganha um beijo?_ a voz de Carlisle soou muito divertida ao falar ainda à porta.

Soltei Nahuel dando-lhe mais um sorriso e voei para onde meu avô estava ainda, segurando a porta aberta para meus pais entrarem com as malas.

—E sua tia?_ rogou Rosalie, sua voz penetrante soando ofendida.

—E sua avó?_ disse Esme risonha enquanto eu distribuía mil beijos pelo rosto marmóreo de Carlisle.

Rose foi a próxima a me abraçar, afagando meus cabelos e falando de como eu estava ainda mais bonita, em seguida Esme falando que eu parecia cansada e perguntando sobre a última vez que eu havia caçado. Depois fui a Alice, e segui de abraço em abraço até ter cumprimentado todos e todos terem se cumprimentado entre si.

E você Nahuel, por onde tem andando, porque sumiu tanto tempo?_ perguntei. Todos sentavam a mesa, os híbridos para o lanche que Esme preparou e os outros para conversarem. Nahuel sorriu um sorriso sem dentes...

 

—Viajando, como sempre, Huilen e eu. Visitei minhas irmãs, passei um tempo com a mais nova_ algo pareceu incomodá-lo, uma mudança sutil na disposição dos olhos.


—Jennifer_ comentei tentando não mostrar que notei sua mudança. Eu sabia que Jennifer era a única que tinha nascido neste século, bem... Não exatamente, uma vez que ela era de 1991, mas não era de 1800 e alguma coisa como ele e as outras...


—Sim_ ele sorriu. _ E você o que andou fazendo?

 

E então eu contei, fingindo-me de ofendida, de minha solidão quando ele se foi em sua última visita e dos anos que seguiram, das viagens que fizemos. Nahuel é meu único e, portanto, melhor amigo; ele brincava comigo quando eu era criança, lia comigo, contava histórias sobre outros tempos, sobre o que já havia visto pelo mundo, mas apesar de saber que, como ele, eu nunca fui de fato infantil, tendo uma mente agraciada de inteligência sobrenatural, nunca me contou sobre fatos de sua vida. Sobre sua relação com seu pai, com suas irmãs... Tudo o que eu sabia me era contado por Edward, e meu pai não fazia de seu dom um instrumento para fofocas, então eu não sabia muito. Agora, que eu era adulta, talvez conversasse mais honesta e abertamente comigo.

Eu adorava Nahuel, e com isso ainda me perguntava por que deixara de nos visitar, eu parecia estar em volta dos 13 anos em sua última visita, e agora era adulta, esperando os últimos seis meses em minha faixa de crescimento, e só agora ele retornou. Ele entendia o que era ser duas coisas ao mesmo tempo, não se encaixar em parte alguma... Não se importava tanto quanto eu, ou talvez apenas tivesse vivido o bastante, conhecido o bastante, afinal ele era dono de si desde sempre, um selvagem há muito... Eu o invejava de certa forma, Nahuel era livre, desapegado e forte, apesar de termos a mesma natureza, ao seu lado eu parecia “a pobre menina rica”, e aí eu enxergava com mais clareza a distinção entre os humanos.

Parecia ingratidão demais que, mesmo por momentos tão breves, eu lamentasse minha vida. Beliscando um bolo floresta negra (cereja e chocolate), olhei os rostos dos membros de minha família, sorridentes, lindos e eternos. Pessoas maravilhosas que eu tinha a sorte de ter perto, eles não lamentavam nada, exceto, talvez, Rosalie, mas eles eram felizes. E tinham mais que eu poderia algum dia ter: Meus avós, por exemplo, se conheceram antes mesmo que Esme fosse adulta; Alice e Jazz, ela esperou, sabendo que se pertenciam, até que ele estivesse pronto; Emmett e Rose, ela havia lutado contra si mesma ao levá-lo ensangüentado e a beira da morte até Carlisle, ele simplesmente a venerava desde então. E meus pais... Quantas vezes ele não me contou de passar noite após noite observando-a dormir, e Bella lhe dera sua vida inteira. Suspirei resignada com a perspectiva de jamais ter nada disso. Entristecia-me, mas não era estranho que eu nunca tenha sequer chorado, quero dizer, por mim mesma. Já derramei lágrimas vendo filmes e peças teatrais, até mesmo lendo! Mas nunca por algo que viesse de mim mesma. Eu não lamentava de fato minha vida, talvez eu fosse feliz demais, apenas isso, ou quem sabe não tinha experiência o bastante. Minha vida era muito monótona apesar de comparativamente incomum, por fazer parte de uma família de vampiros. Quem sabe isso tudo mudaria agora que eu crescera e freqüentaria uma escola?

— O bolo não está bom, querida?_ indagou Esme, de pé ao meu lado, entre mim e Alice que mostrava a Bella umas fotos.

—Está sim, mas acho que tinha razão, vovó, preciso caçar_ falei, olhando o bolo remexido ainda no prato.

—Quer companhia?_ demandou Nahuel, do meu outro lado. Ignorei, mas Edward de repente estava muito atento a mim. Sorri para Nahuel e levantei.

—Há um bosque levando a floresta no quintal, certo?_inquiri. Todas as casas dos Cullen tinham de ser assim, para quando não pudéssemos sair em viagens de caça, mas quem sabe, não é?

—Sim_ responderam risonhos em uníssono. Eu sorri e saí em direção à cozinha. Nahuel me seguindo de perto e eu corri.

Corri apenas por correr, para sentir os músculos se retesando e relaxando harmoniosamente, enquanto eu tocava cada vez menos o solo, Nahuel me alcançou por alguns instantes, eu sorri e me impulsionei ainda mais me embrenhando cada vez mais fundo na floresta e subindo no terreno íngreme. Deixei Nahuel para trás, só parando quando cruzei com um rastro. Um urso pardo e o rastro era recente.

—Você ficou rápida!_ Nahuel sorria, um expressão admirada e curiosa. Eu ri.

—Sou filha do vampiro mais rápido que conheço_ falei e franzi o nariz, eu não conhecia muitos vampiros, mas sabia que como Emmett era super forte, Edward era super rápido. O hibrido riu. E só então me dei conta.

—Caça animais agora?

Ele meneou a cabeça, dúbio.

—Há algum tempo estou tentando mudar a dieta._ respondeu sincero. Eu sorri.

—Sente?_ergui o queixo, inspirando o ar. Nahuel assentiu. _Um urso pardo, são comuns nessa região, é o que li_ dei de ombros.

—Fique a vontade_ disse ele, curvando-se um pouco sobre o próprio tronco, cedendo a caça para mim, eu ri de sua disposição em caçar animais e corri.

Não demorou muito a te encontrá-lo seguindo seu rastro enquanto a as árvores se fechavam ainda mais o cheiro de terra e lama se intensificando assim como o do urso, e então eu irrompi entre dois pinheiros novos dando de cara com o animal que urrou para mim e deu tapas no ar, agora eu era apenas instinto: meus lábios repuxaram-se sobre os dentes sem comando consciente, os músculos retesando enquanto me agachava em posição de ataque. O urso ergueu-se nas patas traseiras ganindo de forma ameaçadora e então voltou à posição original com um baque furioso que fez o chão vibrar minimamente. Ele atacou e eu o joguei de lado querendo provocá-lo, mas sua pata prendeu em meu casaco, me levando junto dele ao chão, então eu decidi que estava com sede o bastante para deixá-lo morrer em paz e quebrei sei pescoço antes de mordê-lo. O sabor dos pêlos e da gordura era desprezível, mas o sangue jorrou quente e não exatamente adocicado, mas o era o bastante para alimentar. Ergui-me ajeitando a jaqueta rasgada e resolvi que tirá-la era melhor, havia sujado de sangue e o capuz e o zíper estava em frangalhos. Houve um riso curto e baixo, à minha direita em cima das árvores e então Nahuel se deixou cair com um baque leve na terra úmida caindo agachado aos meus pés. Um sorriso contido e insondável nos lábios.

—Uma experiência interessante_ disse-me.

—Interessante?

Sensual, se me permitir tamanha honestidade_ disse ele soando como um galanteador do século passado, e talvez fosse mesmo o caso. Eu ri empurrando-o com a lateral de meu corpo e balancei a cabeça.

—Vem_ falei indo em direção aonde a floresta sombreada e fechada parecia mais clara, corri pouco mais de um quilômetro e saí em um espaço aberto e rochoso, como uma espécie de escarpa, eu ofeguei com a paisagem, dava para ver o centro comercial de Vancouver ao longe e o mar, e logo abaixo de nossos pés os pinheiros altos pereciam um enorme tapete felpudo, o céu alaranjado e púrpura com o crepúsculo por trás das nuvens esparsas e muito carregadas, fazia um contraste muito interessante de cores quando se unia ao mar na linha do horizonte. Entre o mar e a floresta havia as luzes da cidade que se preparava para o cair da noite...

—Lindo!_murmurei fascinada. O “sim” de Nahuel soou melancólico.

—Algum problema?_ perguntei enquanto descíamos de volta a minha casa, caminhando pouco mais rápido que humanos em uma descida poderiam. Nahuel me olhou profundamente por um instante.

—Porque a pergunta?

—Algo parece incomodá-lo.

—Não... Não incomoda apenas surpreende_ disse enigmaticamente. Ergui as sobrancelhas de modo inquisitivo e ele continuou: _Eu sabia que você seria adulta agora, mas ainda me surpreendo com isso_ ele gesticulou vagamente para mim.

 

—Não tenho certeza se entendo ou se estamos falando da mesma coisa_ falei.

— Eu tampouco.

—Vamos lá, pensei que fossemos amigos. Sou adulta agora e você pode me dizer qualquer coisa._ falei sustentando seu olhar quase no mesmo nível que o meu. Nahuel não era um homem alto, tinha 1,70 m.

—Acho que é algo que eu devia falar aos seus pais e a sua família, e o farei, mas estou realmente preocupado com algo que minha irmã do meio, Maysun, me disse._ continuei fitando-o_ Não é algo certo, mas conhecendo o que conheço de Johan..._ sua boca se retorceu minimamente em desgosto ao proferir o nome do pai_ Parece que ele anda tentando descobrir sobre a capacidade de reprodução de nossa raça, mas seria inválido, uma vez que os híbridos de que se tem conhecimento são irmãos.

—No entanto, há eu._ falei analisando o que ele me dizia. Eu não conhecia de Johan mais que o nome e sua fama de cientista maluco, lidando com a vida de humanas como elemento básico para matar sua curiosidade. Sabia que Nahuel não gostava dele pelo que fez a sua mãe, ou o que deixou de fazer, olhando de outro ângulo.

—E estou preocupado em ser um meio de aproximação entre ele a você, Renesmee. Não sei se ele teria coragem de tentar, mas não quero expor você assim, criança— Sorri ao ouvi-lo me chamar como chamava antes. Nahuel pegou minha mão e a afagou. Sorri tocando seu rosto com a mão que ele segurava.

—Não se preocupe, ele não fará nada a mim, minha família é grande e ninguém permitirá que me usem em testes de laboratório_ e então eu ri_ Não mais do que já sou!_ falei me referindo à constante curiosidade de Carlisle.

A noite foi bastante agradável jogando conversa a fora com Nahuel e minha família, mas tinha que me preparar para outra viajem... Bella e íamos a Seattle, tínhamos uma casa lá, era onde ficamos com Charlie às vezes. Ouvi Nahuel pedindo para conversar com Edward enquanto tomava banho para dormir, mas não ouvi a conversa.

Eu nunca parei para pensar realmente nisso nem em nada que não fosse essencialmente necessário em minha natureza, realmente não me importava poder ter filhos, eu nunca tive relação alguma com crianças (nem com nenhum ser humano), não era que eu fosse insensível, mas não me importava mesmo com todas as questões genéticas que me envolviam, pois ser uma hibrida já era complicado o bastante cotidianamente, porque procurar mais complicações? Mas eu tampouco era uma tola, estudei o bastante de genética para ter uma idéia das possibilidades e implicações de ser uma raça completa: com possibilidade de reproduzir-se entre si naturalmente. Isso mudaria o conceito de humanidade e de não humanidade também... Era assustadoramente fantástico. E eu era a única semi-imortal que não era irmã de Nahuel.

Balancei a cabeça e tornei a ligar o chuveiro espantando os pensamentos...

Levei toda a viagem fazendo pesquisas sobre a escola que eu teria de enfrentar a partir da próxima segunda, olhando no site oficial, buscando em blogs dos alunos sobre a escola. Seria mais fácil já conhecer o ambiente onde estava me metendo, aprendi com Jasper que conhecer o campo de batalha é sempre um favorecimento.

A casa em Seattle ficava no fim de uma rua, era a última, não era grande, mas era a cara dos Cullen. Tinha apenas dois quartos, sala uma pequena sala de jantar, cozinha e um jardim que levava a um bosque. Bella e eu limpamos tudo, trocamos as roupas de cama e abastecemos a geladeira com as coisas que trouxemos, talvez precisássemos ir ao supermercado... Era o que eu pensava quando ouvi o carro se aproximando, só podia ser Charlie já que éramos os últimos da rua e os únicos num raio de meio quilômetro. Corri para frente da casa a espera da viatura. Alguns segundos e ele surgiu em meu campo de visão.

—Vovô!_ falei descendo a escada da varanda e descendo para o pátio onde ele estacionava. Ele sorriu ao descer do carro e me abraçar. Havia pouco mais de oito meses que não nos víamos. Apertei-o delicadamente entre meus braços.

—Como está grande! Mas isso não é novidade, não é?_ ele riu em meu ouvido. Afastei-me para olhá-lo melhor e sorri para sua expressão admirada. Era sempre assim, admirado que ele me olhava. Charlie tinha a lateral da cabeça apinhada de cabelos brancos, pareciam prateados em contraste com o resto de fios negros e ondulados pelo corte baixo. E pés de galinha marcavam os olhos ainda mais pelo sorriso que ele tinha.

 

—Ei, Bells!_ disse ele para minha mãe, escorada no sustento da varanda, as mãos nos bolsos. Ela desceu vindo de encontro a nós, já que Charlie me tinha embaixo de seu braço esquerdo.

—Oi pai_ ela sorriu e lhe abraçou._ Vamos entrar_ falou ela olhando para cima, Charlie ainda não podia ver, mas pingos começavam a cair, longe para que algum humano pudesse ver ao olhar para cima. Tivemos tempo apenas de chegar à varanda. Vovô olhou para a chuva e para Bella depois me olhou confuso, eu apenas dei de ombros lançando a ele um olhar cúmplice e acolhedor.

Entramos, minha mãe perguntando de Sue, mulher de meu avô, só a conhecia das fotos do casamento dele, cujo Bella não pôde ir por razões óbvias. Foi uma cerimônia no cartório de Forks com uma festinha na praia, há uns três anos. Eu teria adorado ir. Charlie perguntou sobre a viagem e eu lhe falei sobre tudo.

—O que querem jantar?_ olhei para meu avô e eu sabia o que ele diria.

—Pizza!_ falamos ambos e rimos, eu sentada no chão e ele na poltrona da sala. Pizza não era uma de minhas comidas humanas favoritas, mas eu fazia um esforço por Charlie.

—Sabe que não deve comer essas bobagens, Charlie_ bronqueou Bella no batente da porta que levava a cozinha.

—Ah, garota, você também..._ ele reclamou.

—Sue tem razão, você não é mais nenhum garotão_ disse Bella preocupada.

—Eu ainda estou em forma_ ele disse arqueando os ombros, eu ri_ O que acha Renesmee?

—Que você é um gato, Sue deve morrer de ciúmes_ ele fez careta e se inclinou me fazendo cócegas. É claro que eu poderia escapar dele facilmente, mas eu era sua netinha humana para todos os efeitos e defeitos (porque nesse história era o que mais tinha, minha semelhança com mais pais e até com Charlie era inegável e cada vez mais latente).

—Amanhã vão os dois comer muita salada e feijão branco_ disse minha mãe indo para a cozinha com o celular, provavelmente discando para a pizzaria. Charlie e eu gememos em reprovação ao cardápio do dia seguinte.

Eu sempre ia dormir mais cedo para deixar Charlie e Bella conversarem, ao menos na primeira noite. Eles sempre falavam sobre Renée, minha avó, que achava que minha mãe estava em algum lugar se especializando em alguma coisa. Dei boa noite e fui para meu quarto.

Eu não sabia onde estava, mas estava confortavelmente aquecida e havia um som que eu amava, ele era constante e ecoava a minha volta, tudo o que eu sabia é que significava alguma coisa boa, estava ali desde sempre. Havia outros sons que eu gostava, e um aparte de minha mente reconheceu o sentimento como amor genuíno, a outra parte, a parte mais imersa no sonho, estava intrigada com outro som, um que não estava ali sempre. A parte distante de minha mente soube que eram vozes. E então eu me vi tentando decodificar o que instintivamente eu sabia que era uma lembrança. Minha mente vasculhou e mergulhou em si mesma até encontrar a saída e eu acordei.


Era sempre assim, eu sempre sonhava com isso, fosse o que fosse. Era um sonho recorrente, às vezes eu semi-esquecia dele, e então o tinha novamente. Não havia nada demais nele, não era o sonho em si que incomodava, mas a sensação depois dele. A voz que ficava em minha mente, a voz indistinta, sem significado e sem rosto. Sentia-me melancólica, como se houvesse perdido algo, magoado alguém, como se houvesse algo que eu precisasse lembrar, como a sensação de que esqueceu algo e não sabe o que é. Naquela noite havia algo mais, senti-me sufocada, cogitei a idéia de ir correr, mas eu não conhecia nada aqui, não que fosse um grande problema, é difícil se perder quando se tem um olfato que pode seguir qualquer rastro e diferenciar qualquer coisa, porém Bella não me deixaria sair, além disso, Charlie estava acordado, ouvia sua respiração vinda do andar de baixo, onde Bella respirava superficialmente.


Desci até lá querendo um copo de água.

 

—Algum problema, meu bem?_ minha mãe.

—Água_ falei indo em direção a pia. Bebi, dei um beijo nela e em Charlie e voltei para o quarto estranhando os dois estarem acordados.

Deitei muito confortável em minha cama, minhas respiração tornando-se muito regular e profunda pela imobilidade, notei o silêncio que prosseguiu na cozinha, mas não me importei, perdida nas sensações vazias causadas por meu sonho recorrente. Era frustrante que minha mente sendo tão poderosa não pudesse decodificar isso.

—É, garota! _ disse Charlie após alguns minutos parecendo cansado. O tom resoluto.

—Ele está bem? Precisam de alguma coisa, quero dizer..._ estranhamente Bella parecia... Não nervosa exatamente, hesitante talvez fosse a palavra certa.

—Billy disse que, sendo honesto, Bella, ele não é mais o mesmo. Disse que não é nem a sombra daquele menino simples se sorriso fácil.

—Jacob vai ficar bem pai._ uma cadeira foi arrastada suavemente no assoalho, então foi Bella quem levantou e alguma louça foi remexida na pia_ Mais cedo ou mais tarde vai encontrar algo que dê sentido a tudo isso_ minha mãe soou esperançosa.

—Espero que sim, Bells_ houve silêncio e achei que não diriam mais nada, entretanto:_ Olhe, menina, sei que abri mão de saber sobre isso tudo, mas não deixo de pensar, me desculpe o que vou dizer, mas toda sua estranheza e a dos Cullen tem algo com a estranheza daqueles garotos_ ele afirmou e Bella riu baixinho, Charlie não se abalou_ Não sei... Com a intensidade com que as coisas aconteceram.

—Pai_ a voz de minha mãe soando como um aviso.

—Não, não. Não estou perguntando nada. Encare como um comentário, ok. É que vocês eram só crianças com aquelas paixonites adolescentes e de repente você casa com, pelo que sei, o primeiro namorado e o garoto que eu vi crescer age como se tivesse perdido o mundo. Ele sempre foi tão forte, tão doce, apegado ao pai, e então..._ Charlie pareceu triste.

—Está tentando me fazer sentir culpada, Charlie?

—Não... É só muito estranho, garota. Estranho é o que eu digo_ e então o ouvi bocejar.

—Está tarde, pai_ comentou Bella.

—Está sim... Boa noite, Bells_ mais uma cadeira foi arrastada, mais grosseiramente dessa vez, e os passos de Charlie vieram em direção ao quarto em frente ao meu.

Em poucos minutos minha mãe abriu a porta colocando a cabeça para dentro.

—Ainda acordada?_ indagou.

—Sim.

—Ouvindo conversas?_ a voz soou divertida, mas a pergunta era sincera.

—Não exatamente, mas sim..._ falei sentando enquanto ela avançava e sentava ao meu lado.

—Sem sono?

—Um sonho.

—Pesadelos ou... O de sempre?_ a luz diáfana da lua entrava pela janela e fazia os olhos dourados de Bella parecerem duas jóias. Eu sorri tristonha, ela afagou minha bochecha.

—O de sempre_ suspirei.

Bella já ouvira muitas vezes sobre esse sonho eu já a mostrara também. Ela sabia como me sentia.

—Vem_ ela me abraçou me aninhando em seu peito vítreo_ Vou ler para você, quer? Como quando era bebê._ nós rimos.

—Do que falavam você e vovô?_ perguntei curiosa.

—De como estão as coisas com os velhos amigos de Forks_ afastei-me para olhá-la, seus olhos estavam vagos, distantes.

—Jacob é aquele amigo, um dos lobos, que lutaram contra os recém-criados, não é?

Eu sabia sobre os homens-lobo, transfiguradores que se auto-intitulam erroneamente: lobisomens; habitantes da reserva indígena de Forks.

—Sim..._ respondeu Bella.

—O amigo que os avisou que a matilha viria me matar... E que, segundo Rose, também me odiava.

—Não deviam falar essas coisas a você_ os lábios perfeitos de minha mãe se franziram em desgosto.

—Como se alguém me dissesse alguma coisa_ revirei os olhos.

Eu sabia apenas que meus pais se conheceram na escola; que um vampiro sádico torturou e mordeu minha mãe, e meu pai conseguiu salvá-la; sei que a parceira desse vampiro esperou para se vingar de meu pai e criou um exército de recém-criados e que os lobos gigantes de La Push, para proteger a cidade e a minha mãe, já que queriam matá-la, se uniram ao Cullen dando um trégua quanto ao pacto de quase um século atrás. Sabia que um desses lobos era filho de melhor amigo de Charlie e, portanto, amigo de Bella, e que este amigo avisara aos Cullen que os outros estavam dispostos a matar Bella para me impedir de nascer. Por isso não me deixavam visitar Charlie, o que era bobagem já que eu sou uma Cullen e o tratado me protege.

Mas minha mente espaçosa é capaz de pensar muitas coisas ao mesmo tempo.

—Porque você sentiria culpa mãe?_ seus olhos vacilaram, revelando ser um assunto delicado._ Vocês nunca me contam nada! Quase tudo o que sei são por comentários como esse de Rose...

—Não há muito o que saber, filha. Jacob era um amigo, mas queria que eu permanecesse humana, sabe que não lembro muito, sequer seu rosto ou o tom exato de sua voz... Sei apenas que ele saiu da cidade e voltou há pouco, Billy, seu pai, está aliviado, era o que do que falávamos.

—Está mais que na hora de dormir, vou buscar o livro, é de um poeta brasileiro chamado Drummond.

Eu sorri e ela se foi, em cinco segundos ela estava de volta com o livro em mãos. E no resto daquela noite lobos maiores que eu correram comigo em meus sonhos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam do Nahuel?

Alguém se tocou que o sonho recorrente da Renesmee é uma lembrança uterina?

kkk

Contem-me nos comentários.

Bjo